-- Alguém viu o Lije?
A pergunta partira de Seth Douglas. A sua cama ficava ao lado da de Murdock e fora ele o primeiro a dar pela sua falta, quando se levantara, de manhã.
Ao que parecia, ninguém o tinha visto.
— Rapaziada! — berrou Ben Libby entrando como um vendaval no dormitório comum. — Já viram o que está lá fora?
Seis polegadas de neve! Muitos dos texanos nunca tinham visto neve durante toda a sua vida e precipitaram-se para fora a fim de contemplarem o inesperado espetáculo. Aquilo fez esquecer Lije durante uns minutos, mas alguém voltou a recordá-lo.
— Temos de falar com Jeff — propôs Douglas. — Talvez saiba onde ele está.
Tal como eles, não sabia. Um rápido interrogatório permitiu concluir que Lije não regressara após a visita de inspeção ao gado que Jeff lhe mandara fazer na tarde anterior.
— Bem deve ter assoprado as mãos esta noite — afirmou um. — De certeza que lhe gelaram as orelhas.
Jeff deu imediatamente as suas ordens. Cinco homens foram destacados para irem procurar Lije ao local onde tinha sido enviado pelo chefe. Os outros deveriam percorrer as diversas pastagens, verificando como se encontrava o gado proveniente do Texas, bem como as ovelhas.
Lá fora, o frio era terrível. Toda a gente se precipitou a ir buscar os agasalhos.
— Eh! Reparem no que está ali! — gritou de repente uma voz.
— É o cavalo do Lije! — exclamou outro, que o identificara imediatamente. — E está aparelhado!
O animal regressara sozinho ao rancho durante a noite, refugiando-se junto de um muro para se proteger da ventania. Por isso, ainda ninguém havia dado por ele.;
— Aconteceu alguma coisa àquele rapaz!
Encontraram-no com relativa facilidade. Jeff, que' fazia parte do grupo, apeou-se de um salto, ajoelhando junto da figura coberta de neve. Com duas sacudidelas fez desaparecer o branco sudário que o cobria. Em seguida, com os punhos crispados, voltou-se para os seus companheiros.
— Mataram-no sem sequer lhe darem oportunidade de se defender! Reparem no seu revólver!
Estava metido no coldre, sem o menor indício de que tivesse procurado servir-se dele.
— Coloquem-no em cima de um cavalo e voltemos para casa.
O regresso fez-se num silêncio fúnebre. Os homens fumavam ou olhavam com maus modos para o solo coberto de neve, sem se preocuparem com o gado que mugia lastimosamente em seu redor, ao ver que a erva tinha desaparecido inexplicavelmente sob as suas patas, sendo substituída por aquela capa branca que tanto os incomodava.
Dan, fiel ao princípio estabelecido entre os dois irmãos de que um deles permaneceria sempre em casa, juntamente com alguns homens, a fim de defender o rancho em casos de ataque, aguardava-os impaciente. Ao ver chegar o grupo, dirigiu-se ao seu encontro.
Contaram-lhe em poucas palavras o que se passara. Jeff concluiu:
— Estava junto da linha que divide o nosso rancho do de Johnson. Garanto-te que vão pagar isto cara! Da outra vez, conformei-me em ficar calado, apesar de ter perdido quase um milhar de ovelhas, além de dois dos rapazes. Mas, desta vez, passaram das marcas!
— Amos não foi. Podes ter a certeza, Jeff.
— Então, que queres que façamos? Achas que devemos continuar de braços cruzados à espera que deem cabo de nós e nos arruínem, só porque não vimos com os nossos próprios olhos quem foram os autores da façanha?
Sammy Eden estava suficientemente próximo para poder ouvir a indignada voz do seu chefe. Sorriu, satisfeito consigo mesmo. A sua ação não só lhe garantira a impunidade, como ainda ia trazer benefícios para Lynn Weser.
A guerra entre os Withers e os pequenos criadores do vale ameaçava desencadear-se de um momento para o outro.
Dan compreendeu que, daquela vez, não poderia deter seu irmão. Rapidamente, dirigiu-se à cavalariça e aparelhou um cavalo.
— Uma vez que insistes em ir, Jeff, irei contigo. Quero impedir urna tragédia desnecessária, se isso ainda estiver na minha mão.
O bandido verificou, tal como seu irmão antes a seu respeito, que nada impediria Dan de ir, exceto a força concordou:
— Está bem. Eu também não estou interessado em complicações com quem não me provocar. Podes vir mas não te aconselho a impedires que incendiemos o rancho do pai da tua noiva se chegarmos à conclusão que ele tem algo a ver com o que se passou!
À sua roda havia doze homens, entre eles o ruivo Eden. Pela primeira vez iam deixar as casas do rancho sem proteção. Completamente equipados, como se fossem travar uma batalha, puseram-se em marcha, traçando um profundo sulco na neve.
O sol voltara a brilhar, como querendo mostrar que aquilo não passara de uma amostra... e que o Inverno ainda estava a armazenar forças para se tornar numa verdadeira catástrofe, a qual seria recordada em todo o Oeste como a pior desde que começara a colonização
Estava-se no dia dezassete de Novembro de 1886.
A pergunta partira de Seth Douglas. A sua cama ficava ao lado da de Murdock e fora ele o primeiro a dar pela sua falta, quando se levantara, de manhã.
Ao que parecia, ninguém o tinha visto.
— Rapaziada! — berrou Ben Libby entrando como um vendaval no dormitório comum. — Já viram o que está lá fora?
Seis polegadas de neve! Muitos dos texanos nunca tinham visto neve durante toda a sua vida e precipitaram-se para fora a fim de contemplarem o inesperado espetáculo. Aquilo fez esquecer Lije durante uns minutos, mas alguém voltou a recordá-lo.
— Temos de falar com Jeff — propôs Douglas. — Talvez saiba onde ele está.
Tal como eles, não sabia. Um rápido interrogatório permitiu concluir que Lije não regressara após a visita de inspeção ao gado que Jeff lhe mandara fazer na tarde anterior.
— Bem deve ter assoprado as mãos esta noite — afirmou um. — De certeza que lhe gelaram as orelhas.
Jeff deu imediatamente as suas ordens. Cinco homens foram destacados para irem procurar Lije ao local onde tinha sido enviado pelo chefe. Os outros deveriam percorrer as diversas pastagens, verificando como se encontrava o gado proveniente do Texas, bem como as ovelhas.
Lá fora, o frio era terrível. Toda a gente se precipitou a ir buscar os agasalhos.
— Eh! Reparem no que está ali! — gritou de repente uma voz.
— É o cavalo do Lije! — exclamou outro, que o identificara imediatamente. — E está aparelhado!
O animal regressara sozinho ao rancho durante a noite, refugiando-se junto de um muro para se proteger da ventania. Por isso, ainda ninguém havia dado por ele.;
— Aconteceu alguma coisa àquele rapaz!
Encontraram-no com relativa facilidade. Jeff, que' fazia parte do grupo, apeou-se de um salto, ajoelhando junto da figura coberta de neve. Com duas sacudidelas fez desaparecer o branco sudário que o cobria. Em seguida, com os punhos crispados, voltou-se para os seus companheiros.
— Mataram-no sem sequer lhe darem oportunidade de se defender! Reparem no seu revólver!
Estava metido no coldre, sem o menor indício de que tivesse procurado servir-se dele.
— Coloquem-no em cima de um cavalo e voltemos para casa.
O regresso fez-se num silêncio fúnebre. Os homens fumavam ou olhavam com maus modos para o solo coberto de neve, sem se preocuparem com o gado que mugia lastimosamente em seu redor, ao ver que a erva tinha desaparecido inexplicavelmente sob as suas patas, sendo substituída por aquela capa branca que tanto os incomodava.
Dan, fiel ao princípio estabelecido entre os dois irmãos de que um deles permaneceria sempre em casa, juntamente com alguns homens, a fim de defender o rancho em casos de ataque, aguardava-os impaciente. Ao ver chegar o grupo, dirigiu-se ao seu encontro.
Contaram-lhe em poucas palavras o que se passara. Jeff concluiu:
— Estava junto da linha que divide o nosso rancho do de Johnson. Garanto-te que vão pagar isto cara! Da outra vez, conformei-me em ficar calado, apesar de ter perdido quase um milhar de ovelhas, além de dois dos rapazes. Mas, desta vez, passaram das marcas!
— Amos não foi. Podes ter a certeza, Jeff.
— Então, que queres que façamos? Achas que devemos continuar de braços cruzados à espera que deem cabo de nós e nos arruínem, só porque não vimos com os nossos próprios olhos quem foram os autores da façanha?
Sammy Eden estava suficientemente próximo para poder ouvir a indignada voz do seu chefe. Sorriu, satisfeito consigo mesmo. A sua ação não só lhe garantira a impunidade, como ainda ia trazer benefícios para Lynn Weser.
A guerra entre os Withers e os pequenos criadores do vale ameaçava desencadear-se de um momento para o outro.
Dan compreendeu que, daquela vez, não poderia deter seu irmão. Rapidamente, dirigiu-se à cavalariça e aparelhou um cavalo.
— Uma vez que insistes em ir, Jeff, irei contigo. Quero impedir urna tragédia desnecessária, se isso ainda estiver na minha mão.
O bandido verificou, tal como seu irmão antes a seu respeito, que nada impediria Dan de ir, exceto a força concordou:
— Está bem. Eu também não estou interessado em complicações com quem não me provocar. Podes vir mas não te aconselho a impedires que incendiemos o rancho do pai da tua noiva se chegarmos à conclusão que ele tem algo a ver com o que se passou!
À sua roda havia doze homens, entre eles o ruivo Eden. Pela primeira vez iam deixar as casas do rancho sem proteção. Completamente equipados, como se fossem travar uma batalha, puseram-se em marcha, traçando um profundo sulco na neve.
O sol voltara a brilhar, como querendo mostrar que aquilo não passara de uma amostra... e que o Inverno ainda estava a armazenar forças para se tornar numa verdadeira catástrofe, a qual seria recordada em todo o Oeste como a pior desde que começara a colonização
Estava-se no dia dezassete de Novembro de 1886.
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