Belinda entrou no seu quarto, impressionada pelo que acabava de contemplar. Palmer referiu-lhe o sucedido, e embora ela não visse os cadáveres, compreendia muito bem a onda de terror que se ia estender sobre a povoação.
Era quase impossível viver tranquilo quando se sabia que seres tão desapiedados e violentos imperavam em Virgínia City. A cidade não tinha autoridades, e qualquer dia, que poderia ser a manhã seguinte, os que assaltaram aquela mina poderiam entrar na povoação semeando a morte, o saque e a desolação. Palmer não podia evitar que isso acontecesse, apesar de que todos, como haviam demonstrado, tivessem confiança nele.
Ao abrir uma das portas viu dois homens e uma mulher sentados num sofá, esperando pacientemente. Belinda sorriu ao descobri-los.
— Até que enfim; até que enfim que chegaste — exclamou.
Os três puseram-se em pé e a mulher respondeu em tom de recriminação:
—Tenho a certeza de que não notaste a nossa falta. Durante todo este tempo só pensaste nesse jogador.
Belinda largou uma gargalhada e apertou nos braços a mulher:
—Tia Agatha, não sejas rabugenta. Sabes muito bem que desejava ter-te a meu lado. —Depois dirigiu-se em direção aos dois homens, e disse afetuosamente àquele que usava barba: -- Tu, Reinhardt, és o único que podes acompanhar-me bem ao piano. Tu ensinas-me a minha arte e sabes aquilo que deves corrigir-me. —Depois contemplou o homem de cabelos brancos. —E tu, Blier, és o único que sabe encontrar bons contratos para mim. Porém, além disso, os três são meus amigos. E isto é o mais importante. Estiveram a meu lado sempre e prometeram defender-me. Não tenho outra família além de vocês.
Os três abraçaram-na, ao mesmo tempo que diziam:
—Por isso viemos até aqui.
—É a razão pela qual te seguimos até Nevada.
Tia Agatha continuou:
—E não nos importa suportar incómodos.
Belinda respondeu:
— E eu fico-lhes muito grata por terem vindo. Trouxeram a minha bagagem.
Blier, representante e administrador da artista, assentiu.
—Exato e seguro. Aqui tens tudo disposto para qualquer das tuas atuações.
—Eu trouxe as partituras e podemos ensaiar quando quiseres.
— Sim, fá-lo-emos amanhã mesmo e passaremos revista às roupas e ao dinheiro. Agora — continuou a rapariga com um sorriso —, deixem-me a sós com a tia Agatha. Há coisas que só a outra mulher se podem dizer.
Os dois homens partiram deixando-as sós. Tia Agatha contemplou-a em silêncio. De repente exclamou:
— Que é que te aconteceu, Belinda?
A rapariga sorriu com picardia, mas simulou não ter percebido.
— Que queres dizer, tia?
— Está bem claro. Que é que aconteceu? Tens os olhos brilhantes como jamais os tinhas mostrado e pareces mais feliz que nunca. Isto, e a mim não me enganas tu, só pode conseguir-se à custa dum homem.
Belinda, enquanto as suas faces se tornavam encarnadas, respondeu:
— Parece-me que exageras, tia.
— Menina, minha menina — respondeu a outra, — embora eu seja velha e tenha já cabelos brancos, também eu tive a tua idade e senti o entusiasmo de olhar para o homem querido. Teu tio era um vadio, mas fez-me muito feliz. E sei que esse olhar e essa expressão ditosa somente se têm quando alguém nos faz o amor e nos vai interessando muito.
Belinda passou-lhe o braço pela cintura e acompanhou-a até ao sofá.
—Vem, tia, contar-te-ei tudo que me aconteceu.
— De modo que há um homem — comentou a outra.
Belinda, concordou, ocultando um sorriso.
— Bem, no fundo não deixa de me alegrar, embora me preocupe pensar se terás acertado na escolha. Porém é verdade que ainda me preocupava mais ver que ninguém parecia interessar-te.
—Tia — disse a rapariga. — Lembras-te de que quando cheguei a tua casa, há uns anos, contei-te que um homem me tinha pago a viagem, um jogador do rio?
Agatha olhou-a, contendo por sua vez um sorriso.
— Não será Palmer Leroy?
—Sim, tia; era ele. Mas ele não se recorda de mim.
— Então esse é o motivo pelo qual abandonaste tantos contratos importantes para vir para este lugar?
— Sim, tia Agatha.
—Bom; pelo menos já mo explicaste. Mas a verdade resultava difícil. Não te reconheceu ele?
— Não, tia Agatha. Diz que tem a certeza de ter-me visto noutra ocasião, mas que não se lembra.
— Isso dizem-no todos. Não faças caso.
—Não; Palmer não mente.
— Isso acreditamos sempre nós com aquele que nos interessa, mas enganamo-nos. —Fez uma pausa e perguntou: —Vejamos, é que durante todos estes anos só pensaste nesse homem?
— Sim, tia.
— Queres-me fazer acreditar que desprezaste todos os pretendentes que só pensavam em casar-se contigo, que te seguiam por todos os lados e que se tornavam loucos por ti, unicamente porque te apaixonaste por um jogador do rio aos catorze anos de idade, quando te ajudou?
— Sim, tia. Mas se o visses, compreender-me-ias bem.
—É tão belo?
—Sim! mas além disso tem uma grande personalidade que domina toda a gente. Uma mulher ao seu lado sente-se sempre segura, defendida e protegida de todo o perigo.
—Provavelmente deve ter um ar desenvolto, atitudes elegantes e olhar fogoso.
Belinda olhou-a surpreendida.
— Como o sabes? Já o viste alguma vez?
Tia Agatha negou com a cabeça. –
— Não; não o vi nem tão-pouco preciso vê-lo. Conheço esse género. Todos os jogadores de rio são iguais. E todos eles são capazes de tornar maluca uma mulher e depois esquecê-la.
Belinda protestou.
—Palmer é diferente, tia. Todos confiam nele. Além disso, é de Nova Orleãs. Conhecia a cantina que vocês tinham. De Nova Orleãs? Palmer Leroy? Não me lembro. Mas enfim, minha filha; tudo aquilo que te digo é para teu bem. O que eu desejo é que encontres um homem bom que te faça feliz, embora seja um malandro, como me aconteceu com teu tio.
Era quase impossível viver tranquilo quando se sabia que seres tão desapiedados e violentos imperavam em Virgínia City. A cidade não tinha autoridades, e qualquer dia, que poderia ser a manhã seguinte, os que assaltaram aquela mina poderiam entrar na povoação semeando a morte, o saque e a desolação. Palmer não podia evitar que isso acontecesse, apesar de que todos, como haviam demonstrado, tivessem confiança nele.
Ao abrir uma das portas viu dois homens e uma mulher sentados num sofá, esperando pacientemente. Belinda sorriu ao descobri-los.
— Até que enfim; até que enfim que chegaste — exclamou.
Os três puseram-se em pé e a mulher respondeu em tom de recriminação:
—Tenho a certeza de que não notaste a nossa falta. Durante todo este tempo só pensaste nesse jogador.
Belinda largou uma gargalhada e apertou nos braços a mulher:
—Tia Agatha, não sejas rabugenta. Sabes muito bem que desejava ter-te a meu lado. —Depois dirigiu-se em direção aos dois homens, e disse afetuosamente àquele que usava barba: -- Tu, Reinhardt, és o único que podes acompanhar-me bem ao piano. Tu ensinas-me a minha arte e sabes aquilo que deves corrigir-me. —Depois contemplou o homem de cabelos brancos. —E tu, Blier, és o único que sabe encontrar bons contratos para mim. Porém, além disso, os três são meus amigos. E isto é o mais importante. Estiveram a meu lado sempre e prometeram defender-me. Não tenho outra família além de vocês.
Os três abraçaram-na, ao mesmo tempo que diziam:
—Por isso viemos até aqui.
—É a razão pela qual te seguimos até Nevada.
Tia Agatha continuou:
—E não nos importa suportar incómodos.
Belinda respondeu:
— E eu fico-lhes muito grata por terem vindo. Trouxeram a minha bagagem.
Blier, representante e administrador da artista, assentiu.
—Exato e seguro. Aqui tens tudo disposto para qualquer das tuas atuações.
—Eu trouxe as partituras e podemos ensaiar quando quiseres.
— Sim, fá-lo-emos amanhã mesmo e passaremos revista às roupas e ao dinheiro. Agora — continuou a rapariga com um sorriso —, deixem-me a sós com a tia Agatha. Há coisas que só a outra mulher se podem dizer.
Os dois homens partiram deixando-as sós. Tia Agatha contemplou-a em silêncio. De repente exclamou:
— Que é que te aconteceu, Belinda?
A rapariga sorriu com picardia, mas simulou não ter percebido.
— Que queres dizer, tia?
— Está bem claro. Que é que aconteceu? Tens os olhos brilhantes como jamais os tinhas mostrado e pareces mais feliz que nunca. Isto, e a mim não me enganas tu, só pode conseguir-se à custa dum homem.
Belinda, enquanto as suas faces se tornavam encarnadas, respondeu:
— Parece-me que exageras, tia.
— Menina, minha menina — respondeu a outra, — embora eu seja velha e tenha já cabelos brancos, também eu tive a tua idade e senti o entusiasmo de olhar para o homem querido. Teu tio era um vadio, mas fez-me muito feliz. E sei que esse olhar e essa expressão ditosa somente se têm quando alguém nos faz o amor e nos vai interessando muito.
Belinda passou-lhe o braço pela cintura e acompanhou-a até ao sofá.
—Vem, tia, contar-te-ei tudo que me aconteceu.
— De modo que há um homem — comentou a outra.
Belinda, concordou, ocultando um sorriso.
— Bem, no fundo não deixa de me alegrar, embora me preocupe pensar se terás acertado na escolha. Porém é verdade que ainda me preocupava mais ver que ninguém parecia interessar-te.
—Tia — disse a rapariga. — Lembras-te de que quando cheguei a tua casa, há uns anos, contei-te que um homem me tinha pago a viagem, um jogador do rio?
Agatha olhou-a, contendo por sua vez um sorriso.
— Não será Palmer Leroy?
—Sim, tia; era ele. Mas ele não se recorda de mim.
— Então esse é o motivo pelo qual abandonaste tantos contratos importantes para vir para este lugar?
— Sim, tia Agatha.
—Bom; pelo menos já mo explicaste. Mas a verdade resultava difícil. Não te reconheceu ele?
— Não, tia Agatha. Diz que tem a certeza de ter-me visto noutra ocasião, mas que não se lembra.
— Isso dizem-no todos. Não faças caso.
—Não; Palmer não mente.
— Isso acreditamos sempre nós com aquele que nos interessa, mas enganamo-nos. —Fez uma pausa e perguntou: —Vejamos, é que durante todos estes anos só pensaste nesse homem?
— Sim, tia.
— Queres-me fazer acreditar que desprezaste todos os pretendentes que só pensavam em casar-se contigo, que te seguiam por todos os lados e que se tornavam loucos por ti, unicamente porque te apaixonaste por um jogador do rio aos catorze anos de idade, quando te ajudou?
— Sim, tia. Mas se o visses, compreender-me-ias bem.
—É tão belo?
—Sim! mas além disso tem uma grande personalidade que domina toda a gente. Uma mulher ao seu lado sente-se sempre segura, defendida e protegida de todo o perigo.
—Provavelmente deve ter um ar desenvolto, atitudes elegantes e olhar fogoso.
Belinda olhou-a surpreendida.
— Como o sabes? Já o viste alguma vez?
Tia Agatha negou com a cabeça. –
— Não; não o vi nem tão-pouco preciso vê-lo. Conheço esse género. Todos os jogadores de rio são iguais. E todos eles são capazes de tornar maluca uma mulher e depois esquecê-la.
Belinda protestou.
—Palmer é diferente, tia. Todos confiam nele. Além disso, é de Nova Orleãs. Conhecia a cantina que vocês tinham. De Nova Orleãs? Palmer Leroy? Não me lembro. Mas enfim, minha filha; tudo aquilo que te digo é para teu bem. O que eu desejo é que encontres um homem bom que te faça feliz, embora seja um malandro, como me aconteceu com teu tio.
*
Baldwin passeava pelo seu escritório, preocupado, a refletir. Não restava a menor dúvida de que as coisas iam tomando um aspeto que lhe poderia interessar, como se aqueles desconhecidos que iniciaram o ataque à mina tivessem conhecido os seus propósitos. O ataque chegava no momento mais oportuno para que todos aprovassem os seus projetos. Leroy devia pôr-se a seu lado, e era inegável que durante aquele ano tinha adquirido uma grande popularidade dirigindo o saloon e que muita gente lhe devia favores. Porém ignorava se aquele estaria disposto a caminhar ao seu lado como um auxiliar ou se queria ser ele quem dirigisse o negócio. Tinha a sensação de que não ia ser fácil governar Leroy e de que não podia prescindir dele.
De repente bateram à porta. A uma voz sua, entrou um dos seus guarda-costas.
— Há um homem que deseja vê-lo; diz que se chama Brett Darnell.
— Como?
—Sim. Brett Darnell. Não é o tipo que tinha dantes o saloon de Leroy?
— Fá-lo entrar.
Enquanto aguardava, perguntou-se o mineiro que procuraria ali Darnell. Em poucos segundos, Brett, vestido com roupas de campo, entrou no escritório, mantendo uma atitude reservada, mas ao mesmo tempo segura.
— Bem, Darnell, em que posso ser-lhe útil?
Brett retorceu o bigode.
— Baldwin, desejaria pedir-lhe a sua palavra de que não vai repetir a ninguém o que lhe vou dizer. Por outro lado, acho que lhe interessa tanto como a mim aquilo que lhe tenho a dizer.
Kain não era homem que falasse demais nem que se comprometesse com qualquer coisa que depois pudesse prejudicá-lo.
— Bom, fale.
Darnell sorriu.
— Confio no senhor, porque sei que não me vai atraiçoar. No fim de contas, os dois pretendemos a mesma coisa.
— A mesma coisa? —perguntou Kain. — Sim, apoderarmo-nos daquilo que é nosso, o senhor das minas, e eu de Virgínia City. Juntos, poderíamos chegar a governar este Estado. Já reparou nisso?
Baldwin não quis reconhecer que o outro tinha acertado. Darnell continuou:
— Para que veja a minha sinceridade, ser-lhe-ei completamente franco. Fui eu quem assaltou a mina. Agora não tem donos, e você pode adquiri-la com facilidade. Mas com a prata que ali juntei consegui uns vinte homens dispostos a tudo.
— Que entende o senhor por dispostos a tudo?
—Semear o terror no condado para que nos obedeçam. O senhor pode organizar o que lhe pareça que deve unir-nos. Fala-se em Virgínia City de formar um Conselho. Suponho que lhe será fácil ficar com a direção desse Conselho. Então poderíamos sem dificuldades abrirmos caminho. Mas eu exijo antes do que nada Leroy.
Baldwin olhou-o surpreendido.
—Leroy?
— Sim. E se não quer que o aniquilemos, tenho um motivo muito simples para eliminá-lo. Durante a guerra comandou os guerrilheiros. Escapou às autoridades, mas será fácil julgá-lo e condená-lo.
Baldwin conteve um sorriso. Aquela revelação parecia-lhe muito mais interessante do que tudo o que tinha imaginado. Acreditava poder ter nas mãos Leroy com aquela ameaça, mas não julgava conveniente pô-la em jogo até ao último momento. No fim de contas, Palmer não era o homem que se pudesse amedrontar facilmente.
Contemplou então o seu interlocutor. Era uma ocasião que não devia perder, mas queria reservá-la igualmente para outra ocasião. Darnell contava com vinte homens que no dado momento podiam constituir uma força considerável, mas também um grave perigo. Se Leroy viesse a jogar ao seu lado, perseguiria Darnell. No caso contrário, contaria com este.
— Bem, Darnell —disse: --estimo aquilo que acaba de me dizer, mas preciso pensar. Interessa-me, e acho que vale a pena estudar este projeto.
— Eu atacarei novas minas — disse. — Preciso que saibam que existo e que posso vencê-los.
—Bem, parece-me bem. Se precisar de dinheiro, diga-mo.
—De momento não preciso de nada.
O bandido foi-se embora deixando novamente sozinho o mineiro, que esfregou as mãos satisfeito. Estava no caminho do sucesso.
De repente bateram à porta. A uma voz sua, entrou um dos seus guarda-costas.
— Há um homem que deseja vê-lo; diz que se chama Brett Darnell.
— Como?
—Sim. Brett Darnell. Não é o tipo que tinha dantes o saloon de Leroy?
— Fá-lo entrar.
Enquanto aguardava, perguntou-se o mineiro que procuraria ali Darnell. Em poucos segundos, Brett, vestido com roupas de campo, entrou no escritório, mantendo uma atitude reservada, mas ao mesmo tempo segura.
— Bem, Darnell, em que posso ser-lhe útil?
Brett retorceu o bigode.
— Baldwin, desejaria pedir-lhe a sua palavra de que não vai repetir a ninguém o que lhe vou dizer. Por outro lado, acho que lhe interessa tanto como a mim aquilo que lhe tenho a dizer.
Kain não era homem que falasse demais nem que se comprometesse com qualquer coisa que depois pudesse prejudicá-lo.
— Bom, fale.
Darnell sorriu.
— Confio no senhor, porque sei que não me vai atraiçoar. No fim de contas, os dois pretendemos a mesma coisa.
— A mesma coisa? —perguntou Kain. — Sim, apoderarmo-nos daquilo que é nosso, o senhor das minas, e eu de Virgínia City. Juntos, poderíamos chegar a governar este Estado. Já reparou nisso?
Baldwin não quis reconhecer que o outro tinha acertado. Darnell continuou:
— Para que veja a minha sinceridade, ser-lhe-ei completamente franco. Fui eu quem assaltou a mina. Agora não tem donos, e você pode adquiri-la com facilidade. Mas com a prata que ali juntei consegui uns vinte homens dispostos a tudo.
— Que entende o senhor por dispostos a tudo?
—Semear o terror no condado para que nos obedeçam. O senhor pode organizar o que lhe pareça que deve unir-nos. Fala-se em Virgínia City de formar um Conselho. Suponho que lhe será fácil ficar com a direção desse Conselho. Então poderíamos sem dificuldades abrirmos caminho. Mas eu exijo antes do que nada Leroy.
Baldwin olhou-o surpreendido.
—Leroy?
— Sim. E se não quer que o aniquilemos, tenho um motivo muito simples para eliminá-lo. Durante a guerra comandou os guerrilheiros. Escapou às autoridades, mas será fácil julgá-lo e condená-lo.
Baldwin conteve um sorriso. Aquela revelação parecia-lhe muito mais interessante do que tudo o que tinha imaginado. Acreditava poder ter nas mãos Leroy com aquela ameaça, mas não julgava conveniente pô-la em jogo até ao último momento. No fim de contas, Palmer não era o homem que se pudesse amedrontar facilmente.
Contemplou então o seu interlocutor. Era uma ocasião que não devia perder, mas queria reservá-la igualmente para outra ocasião. Darnell contava com vinte homens que no dado momento podiam constituir uma força considerável, mas também um grave perigo. Se Leroy viesse a jogar ao seu lado, perseguiria Darnell. No caso contrário, contaria com este.
— Bem, Darnell —disse: --estimo aquilo que acaba de me dizer, mas preciso pensar. Interessa-me, e acho que vale a pena estudar este projeto.
— Eu atacarei novas minas — disse. — Preciso que saibam que existo e que posso vencê-los.
—Bem, parece-me bem. Se precisar de dinheiro, diga-mo.
—De momento não preciso de nada.
O bandido foi-se embora deixando novamente sozinho o mineiro, que esfregou as mãos satisfeito. Estava no caminho do sucesso.
Sem comentários:
Enviar um comentário