Belinda contemplou o enorme local. O saloon era muito mais amplo do que aquilo que tinha imaginado quando lhe ofereceram atuar lá. E muito mais luxuoso e de melhor gosto do que aquilo que costumavam ser os outros locais do Oeste.
Um público numeroso, alegre, disposto a divertir-se, enchia o local. E não se advertia a ânsia de violência que reinava inclusive em alguns sectores de São Francisco. Não era frequente tão-pouco o entusiasmo que por Leroy sentiam os seus subordinados, e que ela advertiu no músico durante os ensaios. Era um sentimento natural e espontâneo. Pelos vistos, a Leroy tinha-se aberto caminho. E ela alegrava-se com o triunfo dele. De repente ouviu junto dela a voz de Palmer.
— Olá, Streean. Desejava falar comigo?
Leroy não podia vê-la donde se achava, porém, ela via-o muito bem falando com um mineiro de largas costas e semblante curtido pelo sol.
—Sim, Leroy; preciso de pedir-lhe um favor.
—Está bem, o senhor dirá o que é.
O mineiro deu duas voltas ao chapéu e depois, coibido, disse:
— Não é fácil explicá-lo, Leroy; mas estou num momento de aperto, precisamente quando estou prestes a encontrar a veia principal do meu jazigo.
— Deve ter jogado, não, Streean?
— Não, desta vez falo a sério. Conheço o meu ofício e sei que estou prestes a encontrar a veia mais importante. A minha mina é rica, mas investi nos trabalhos tudo quanto tinha.
— Compreendo. Quanto precisa?
— Mil dólares. Devolvê-los-ei muito cedo.
—Não se preocupe, Streean. Tenho confiança no senhor. Sei que apesar do seu vício e do seu azar no jogo, tem palavra e cumpre sempre.
Afastaram-se ambos, enquanto o mineiro continuava:
— Obrigado Leroy. Não é fácil a um homem como eu pedir ajuda. Mas com o senhor não me importo. Embora faça algum negócio, nunca tira partido do azar dos outros.
Belinda ficou pensativa. Ela tinha motivos para saber quão certa era aquela afirmação e a atitude sempre correta do jovem. Mas agradava-lhe verificar que com o tempo não tinha mudado. Um dos empregados acercou-se para lhe advertir:
—É a sua vez, Miss Belinda.
Enquanto se aproximava o cenário, ouviu como o diretor da orquestra anunciava:
— E agora, meus amigos, vai atuar perante os senhores uma das maiores artistas da América, uma artista à qual aplaudiram todos os públicos deste país de costa a costa. Nós não seremos menos que eles e acolhê-la-emos com uma magnífica ovação.
Iniciou o aplauso, e quando Belinda apareceu em cena, vestida com um elegante vestido cor-de-rosa, a multidão explodiu em aclamações, gritos índios, vozes de caça, e incluso alguns disparos de revólver. Belinda inclinou-se para cumprimentar o público e fez um sinal para a orquestra. Em seguida começou a cantar:
Um público numeroso, alegre, disposto a divertir-se, enchia o local. E não se advertia a ânsia de violência que reinava inclusive em alguns sectores de São Francisco. Não era frequente tão-pouco o entusiasmo que por Leroy sentiam os seus subordinados, e que ela advertiu no músico durante os ensaios. Era um sentimento natural e espontâneo. Pelos vistos, a Leroy tinha-se aberto caminho. E ela alegrava-se com o triunfo dele. De repente ouviu junto dela a voz de Palmer.
— Olá, Streean. Desejava falar comigo?
Leroy não podia vê-la donde se achava, porém, ela via-o muito bem falando com um mineiro de largas costas e semblante curtido pelo sol.
—Sim, Leroy; preciso de pedir-lhe um favor.
—Está bem, o senhor dirá o que é.
O mineiro deu duas voltas ao chapéu e depois, coibido, disse:
— Não é fácil explicá-lo, Leroy; mas estou num momento de aperto, precisamente quando estou prestes a encontrar a veia principal do meu jazigo.
— Deve ter jogado, não, Streean?
— Não, desta vez falo a sério. Conheço o meu ofício e sei que estou prestes a encontrar a veia mais importante. A minha mina é rica, mas investi nos trabalhos tudo quanto tinha.
— Compreendo. Quanto precisa?
— Mil dólares. Devolvê-los-ei muito cedo.
—Não se preocupe, Streean. Tenho confiança no senhor. Sei que apesar do seu vício e do seu azar no jogo, tem palavra e cumpre sempre.
Afastaram-se ambos, enquanto o mineiro continuava:
— Obrigado Leroy. Não é fácil a um homem como eu pedir ajuda. Mas com o senhor não me importo. Embora faça algum negócio, nunca tira partido do azar dos outros.
Belinda ficou pensativa. Ela tinha motivos para saber quão certa era aquela afirmação e a atitude sempre correta do jovem. Mas agradava-lhe verificar que com o tempo não tinha mudado. Um dos empregados acercou-se para lhe advertir:
—É a sua vez, Miss Belinda.
Enquanto se aproximava o cenário, ouviu como o diretor da orquestra anunciava:
— E agora, meus amigos, vai atuar perante os senhores uma das maiores artistas da América, uma artista à qual aplaudiram todos os públicos deste país de costa a costa. Nós não seremos menos que eles e acolhê-la-emos com uma magnífica ovação.
Iniciou o aplauso, e quando Belinda apareceu em cena, vestida com um elegante vestido cor-de-rosa, a multidão explodiu em aclamações, gritos índios, vozes de caça, e incluso alguns disparos de revólver. Belinda inclinou-se para cumprimentar o público e fez um sinal para a orquestra. Em seguida começou a cantar:
«Yest're'en there were four Marys
This night there'll be but three
There was Mary Seaton, and Mary Beaton
Andy Mary Carmichael ande me». (1)
O público ouvia entusiasmado a balada das quatro Marys, que ela cantava com uma voz profunda, melodiosa e acariciadora, ao compasso da música. Ao acabar, uma ovação extraordinária coroou a canção, e o público soltou gritos de entusiasmo.
Belinda, sorrindo, anunciou:
— Obrigado, muito obrigado. Vou agora interpretar outra canção, aquela que os senhores desejem.
Todos gritaram à vez, mas ao fim a maioria insistiu repetindo um nome:
— «Lorena»! «Lorena»!
Belinda sorriu.
— Muito bem, como os senhores desejam. — Voltou-se para o diretor da orquestra e pediu: — Maestro: «Lorena», por favor.
A velha e nostálgica canção deixou-se logo vir entre aqueles rudes homens da fronteira, lembrando-lhes a uns o seu antigo lar destruído pela guerra; a outros as esperanças juvenis esquecidas e perdidas; a outros algum amor contrariado, e ao resto a dita perdida.
It matters little now, Lorena
The past is the eternal past,
Our heads will soon lie down, Lorena». (2)
The past is the eternal past,
Our heads will soon lie down, Lorena». (2)
Um silêncio pesado estendia-se pelo local, enquanto todos ouviam atentamente a voz da rapariga, que repetia a canção sentindo uma profunda nostalgia que não teria podido explicar.
— É uma grande artista — disse McPherson. — Nunca acreditei que quisesse vir atuar no nosso saloon.
— Sim, é uma mulher extraordinária — reconheceu Palmer; —e há qualquer coisa nela que me preocupa muito. — Ainda bem. Os mineiros vão ficar malucos, e todos os indesejáveis que até agora não vieram cá acudirão para tentarem apanhá-la. Convém que estejas preparado.
— Sim; é capaz de fazer perder a cabeça ao homem mais equilibrado da fronteira, mas eu não me referia a isso. Tenho a certeza de que já a vi noutro lugar.
McPherson respondeu:
— Não acho que eu fosse capaz de esquecer uma mulher como esta.
— Eu sou da mesma opinião, e, porém, tenho a certeza de tê-la visto antes. Mas não posso lembrar-me onde nem quando. E sabes muito bem que nunca esqueço uma cara.
Quando a artista acabou, uma nova ovação levantou-se entre o público. Belinda cumprimentou, inclinando-se enquanto sorria. E dispôs-se a abandonar o palco, porém como os aplausos do público continuassem, reclamou silêncio e disse com voz doce:
—Fico-lhes muito grata por estes aplausos e desejaria interpretar mais canções, mas hoje sinto-me muito fatigada pela viagem. Amanhã, recuperando as forças, prometo satisfazê-los em tudo.
O público concordou. Um mineiro jovem disse:
—Descansa, beleza, e volta amanhã para que possamos admirar-te.
Belinda inclinou-se em direção a ele, sorrindo-lhe. Mas de repente uma voz dura na qual se notava o efeito do álcool, gritou:
—Um momento. Pagamos para que nos divirtas. E tens de ficar cá porque o exigimos todos.
McPherson disse então para Palmer:
— Não te tinha dito?
Leroy procurou aquele que tinha falado. Tratava-se de um homem alto e corpulento, de semblante tosco, com um sorriso parecido ao dum tigre. Era Burr Dwain. Mau assunto. Um tipo perigoso e cruel. O pistoleiro voltou a gritar:
— Que cante para mim. Estou aqui só e não tolero que se vá embora.
McPherson ia em seu caminho, mas Palmer deteve-o.
— Eu trato deste assunto.
Como ninguém respondesse, Dwain abriu caminho entre os outros clientes e dirigiu-se para o cenário, saltando para o palco e agarrando a rapariga por um braço.
— Fica comigo, querida.
Belinda lutou por libertar-se, enquanto dizia:
— Largue-me.
— Olha, minha joia, eu sou bom até o momento em que alguém me irrita. É preferível que não tentes fazê-lo.
— E se for eu que intentar?
Dwain virou-se surpreendido. Encontrou-se frente a frente com Palmer, dominado por uma fúria que até então não lhe tinham conhecido. Burr soltou a rapariga, contemplando sorridente o seu adversário.
— Ora vejam, nem mais nem menos que Palmer Leroy, o galante sudista, o cavalheiro do Sul. — Fez uma pausa e continuou: —Tu não me dás medo. Não és mais do que um fanfarrão.
— Dwain, vai-te embora daqui. Mas antes vais pedir desculpas a esta menina.
Burr largou uma gargalhada.
— Menina? Esta não é mais do que uma artista qualquer que se exibe...
—Dwain!
A voz de Leroy ao interrompê-lo era bastante significativa. Ninguém duvidou de que a luta era inevitável. Até a própria Belinda reparou na expressão do jovem, que lhe lembrava muito bem a atitude que adotara noutra ocasião, havia já muitos anos. Alguém lhe disse ao ouvido:
— Afaste-se, menina. Podem feri-la. Obrigaram-na a afastar-se dali.
Mas continuou vendo os dois homens imóveis, um frente ao outro, como dois galos de luta.
—Bem, Leroy; tu o quiseste e eu não tenho pena. Sempre desejei mostrar a todos que não eras mais que vulgar fanfarrão, um tipo cobarde que só sabia matar pelas costas.
Leroy deixou-o falar sem interrompê-lo, mas o olhar dos seus olhos era temível. Quando Dwain acabou, o jovem disse:
— Maestro, conte até cinco. Então faremos fogo.
Ninguém se atrevia a falar e todos procuravam afastar-se para não serem atingidos por uma bala perdida. Belinda reparara que iam bater-se e que um dos dois podia matar o seu rival; que daqueles dois homens um não voltaria a rir nem a beber. E esse homem podia ser Palmer.
O diretor da orquestra, a que chamavam maestro, começou a contar:
—Um, dois, três...
As palavras soavam roucas e profundas naquele silêncio da sala. Todos se achavam pendentes dos dois adversários, que se dispunham a fazer fogo quando soasse a fatídica cifra.
De repente, Dwain, com um sorriso selvagem, puxou o revólver apontando para o jovem. Tinha-se adiantado em consciência para poder matar o seu rival impunemente. Belinda não pôde evitar um grito de terror, visto que aquela atitude do seu inimigo colocava Palmer em franca inferioridade.
Mas, perante a surpresa geral, Leroy esgrimiu o revólver, com uma celeridade que a retina humana não podia seguir, e disparou antes que o seu adversário pudesse fazê-lo.
Ressoou a detonação no interior do saloon e Burr cambaleou, atingido no peito. O braço pendeu para o chão, perdidas as forças, embora ainda tentasse apertar o gatilho. Então caiu corno uma árvore abatida pelo machado do lenhador. Palmer contemplava-o imóvel, com o revólver ainda na mão, porém sem decidir-se a disparar outra vez. Depois enfiou a arma no coldre e disse friamente:
—Ponham-no na rua.
Enquanto acudiam os empregados a obedecer-lhe, Leroy foi ao encontro da rapariga. Belinda, incapaz de se conter, estendeu-lhe ambas as mãos e exclamou, quase sem reparar naquilo que dizia:
—Palmer, tive tanto medo.
O próprio Leroy ficou surpreendido ante o tratamento que ela lhe dava. Depois sorriu.
— Na realidade não havia perigo. Burr Dwain não era mais do que um lutador cobarde.
McPherson, que se encontrava entre o público, ouviu os comentários que se levantaram entre a multidão.
— A não ser por essa garota, talvez que Palmer não tivesse morto Dwain.
—Mas fez-nos um favor suprimindo-o.
— Já nos fez outros favores — reconheceu um terceiro —, mas esta garota merece que um homem se arrisque por causa dela.
— É uma grande artista — disse McPherson. — Nunca acreditei que quisesse vir atuar no nosso saloon.
— Sim, é uma mulher extraordinária — reconheceu Palmer; —e há qualquer coisa nela que me preocupa muito. — Ainda bem. Os mineiros vão ficar malucos, e todos os indesejáveis que até agora não vieram cá acudirão para tentarem apanhá-la. Convém que estejas preparado.
— Sim; é capaz de fazer perder a cabeça ao homem mais equilibrado da fronteira, mas eu não me referia a isso. Tenho a certeza de que já a vi noutro lugar.
McPherson respondeu:
— Não acho que eu fosse capaz de esquecer uma mulher como esta.
— Eu sou da mesma opinião, e, porém, tenho a certeza de tê-la visto antes. Mas não posso lembrar-me onde nem quando. E sabes muito bem que nunca esqueço uma cara.
Quando a artista acabou, uma nova ovação levantou-se entre o público. Belinda cumprimentou, inclinando-se enquanto sorria. E dispôs-se a abandonar o palco, porém como os aplausos do público continuassem, reclamou silêncio e disse com voz doce:
—Fico-lhes muito grata por estes aplausos e desejaria interpretar mais canções, mas hoje sinto-me muito fatigada pela viagem. Amanhã, recuperando as forças, prometo satisfazê-los em tudo.
O público concordou. Um mineiro jovem disse:
—Descansa, beleza, e volta amanhã para que possamos admirar-te.
Belinda inclinou-se em direção a ele, sorrindo-lhe. Mas de repente uma voz dura na qual se notava o efeito do álcool, gritou:
—Um momento. Pagamos para que nos divirtas. E tens de ficar cá porque o exigimos todos.
McPherson disse então para Palmer:
— Não te tinha dito?
Leroy procurou aquele que tinha falado. Tratava-se de um homem alto e corpulento, de semblante tosco, com um sorriso parecido ao dum tigre. Era Burr Dwain. Mau assunto. Um tipo perigoso e cruel. O pistoleiro voltou a gritar:
— Que cante para mim. Estou aqui só e não tolero que se vá embora.
McPherson ia em seu caminho, mas Palmer deteve-o.
— Eu trato deste assunto.
Como ninguém respondesse, Dwain abriu caminho entre os outros clientes e dirigiu-se para o cenário, saltando para o palco e agarrando a rapariga por um braço.
— Fica comigo, querida.
Belinda lutou por libertar-se, enquanto dizia:
— Largue-me.
— Olha, minha joia, eu sou bom até o momento em que alguém me irrita. É preferível que não tentes fazê-lo.
— E se for eu que intentar?
Dwain virou-se surpreendido. Encontrou-se frente a frente com Palmer, dominado por uma fúria que até então não lhe tinham conhecido. Burr soltou a rapariga, contemplando sorridente o seu adversário.
— Ora vejam, nem mais nem menos que Palmer Leroy, o galante sudista, o cavalheiro do Sul. — Fez uma pausa e continuou: —Tu não me dás medo. Não és mais do que um fanfarrão.
— Dwain, vai-te embora daqui. Mas antes vais pedir desculpas a esta menina.
Burr largou uma gargalhada.
— Menina? Esta não é mais do que uma artista qualquer que se exibe...
—Dwain!
A voz de Leroy ao interrompê-lo era bastante significativa. Ninguém duvidou de que a luta era inevitável. Até a própria Belinda reparou na expressão do jovem, que lhe lembrava muito bem a atitude que adotara noutra ocasião, havia já muitos anos. Alguém lhe disse ao ouvido:
— Afaste-se, menina. Podem feri-la. Obrigaram-na a afastar-se dali.
Mas continuou vendo os dois homens imóveis, um frente ao outro, como dois galos de luta.
—Bem, Leroy; tu o quiseste e eu não tenho pena. Sempre desejei mostrar a todos que não eras mais que vulgar fanfarrão, um tipo cobarde que só sabia matar pelas costas.
Leroy deixou-o falar sem interrompê-lo, mas o olhar dos seus olhos era temível. Quando Dwain acabou, o jovem disse:
— Maestro, conte até cinco. Então faremos fogo.
Ninguém se atrevia a falar e todos procuravam afastar-se para não serem atingidos por uma bala perdida. Belinda reparara que iam bater-se e que um dos dois podia matar o seu rival; que daqueles dois homens um não voltaria a rir nem a beber. E esse homem podia ser Palmer.
O diretor da orquestra, a que chamavam maestro, começou a contar:
—Um, dois, três...
As palavras soavam roucas e profundas naquele silêncio da sala. Todos se achavam pendentes dos dois adversários, que se dispunham a fazer fogo quando soasse a fatídica cifra.
De repente, Dwain, com um sorriso selvagem, puxou o revólver apontando para o jovem. Tinha-se adiantado em consciência para poder matar o seu rival impunemente. Belinda não pôde evitar um grito de terror, visto que aquela atitude do seu inimigo colocava Palmer em franca inferioridade.
Mas, perante a surpresa geral, Leroy esgrimiu o revólver, com uma celeridade que a retina humana não podia seguir, e disparou antes que o seu adversário pudesse fazê-lo.
Ressoou a detonação no interior do saloon e Burr cambaleou, atingido no peito. O braço pendeu para o chão, perdidas as forças, embora ainda tentasse apertar o gatilho. Então caiu corno uma árvore abatida pelo machado do lenhador. Palmer contemplava-o imóvel, com o revólver ainda na mão, porém sem decidir-se a disparar outra vez. Depois enfiou a arma no coldre e disse friamente:
—Ponham-no na rua.
Enquanto acudiam os empregados a obedecer-lhe, Leroy foi ao encontro da rapariga. Belinda, incapaz de se conter, estendeu-lhe ambas as mãos e exclamou, quase sem reparar naquilo que dizia:
—Palmer, tive tanto medo.
O próprio Leroy ficou surpreendido ante o tratamento que ela lhe dava. Depois sorriu.
— Na realidade não havia perigo. Burr Dwain não era mais do que um lutador cobarde.
McPherson, que se encontrava entre o público, ouviu os comentários que se levantaram entre a multidão.
— A não ser por essa garota, talvez que Palmer não tivesse morto Dwain.
—Mas fez-nos um favor suprimindo-o.
— Já nos fez outros favores — reconheceu um terceiro —, mas esta garota merece que um homem se arrisque por causa dela.
1 Antiga canção popular escocesa, em dialeto. «Balada das quatro Marias». «Ontem éramos quatro Marys, esta noite não ficamos mais do que três. Estávamos lá Mary Seaton, Mary Beaton e Mary Carmichael e eu■. Tradução livre.
2 «Já tudo importa pouco, Lorena; o passado é qualquer coisa morta e cedo as nossas cabeças descansarão para sempre, Lorena». Tradução livre.
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