sexta-feira, 25 de março de 2016

PAS605. Requiem pelos cachorros dos criminosos

Uma hora depois de escurecer entraram em Fresno. Passaram duas ou três ruas solitárias que os conduziram à praça. Subitamente detiveram os cavalos. Os raios prateados da lua cheia apresentaram ente os seus atónitos olhos um espetáculo surpreendente e incrível. De um velho carvalho pendia um despojo humano, sujeito pelo pescoço por uma corda de cânhamo.
Aproximaram-se lentamente. Aqueles despojos pertenciam ao inocente Paul. Alguma mão criminosa havia-se saciado sadicamente, enforcando o inocente. O tumefacto rosto do menino apresentava um ar de terror e súplica. Sem dúvida percebera a sorte que ia correr e os seus gritos de inocência não serviram para a brandar os secos corações dos seus verdugos. À altura do peito haviam-lhe posto um cartaz com a seguinte inscrição:

«Assim morrem os cachorros dos criminosos».

Harry Aldon cerrou os dentes com desespero. Debaixo do cadáver havia um corpo estendido no solo tratava-se de uma mulher.
— É Joyce, a minha cunhada — rouquejou Luter O jovem saltou para o chão, examinando- a mãe de Paul. Harry disse:
— Está desmaiada. Aonde poderemos levá-la?
— A minha casa. Não é longe daqui. Entretanto eu descerei o meu sobrinho.
Harry recolheu a inconsciente Joyce e, poucos minutos mais tarde, encontrava-se em frente da casa de Luter. Empurrou a porta com o pé e da mesma forma fechou-a nas suas costas. Tentava segurar com o ombro a mulher desmaiada para ter as mãos livres e acender um fósforo, quando uma voz já conhecida lhe gritou:
— Mãos ao ar!
Pela segunda vez viu-se envolvido em singular peleja com um elemento feminino. Mas desta vez a ira pela morte de Paul fez-lhe abreviar a luta.
Meio minuto mais tarde Peggy, com as mãos atadas atrás das costas, estava estendida no solo. Acendeu o candeeiro de petróleo que acercou da mãe de Paul que começava a dar sinais de vida.
— Assassinaram o seu cunhado e enforcaram o seu sobrinho, senhora Robinson — disse Harry à sua derrotada inimiga.
— Que vão para o diabo!
— Encontrei a sua cunhada em-...
— Tire-a daqui ou estripá-la-ei quando tiver as mãos livres.
— Estou perguntando a mim mesmo se você será mulher ou fera. Onde perdeu os sentimentos, senhora?
 — E você a galanteria? Solte-me e verá em que o deixo feito.
— O seu marido está no povoado. Acaba de chegar comigo. Há dois dias jurou matar ia mulher que tantas vezes o meteu a ridículo. Procurarei recordar-lhe o juramento.
— Você não fará isso. Não posso defender-me nas condições em que me deixou.
— Agora poderá defender-se menos — disse Harry pegando num rolo de cordas e atando-a conscienciosamente.
— Você é um canalha!
— E você é uma pessoa sem sentimentos. Ficará assim até que emagreça e alarguem as cordas, se antes não a comerem as ratazanas.
Ajudou Joyce a levantar-se, saiu e fechou a porta.
— Aonde a levo, senhora? — perguntou.
— Junto de meu filho. Assassinaram--no, meu Deus.
— Prometo que o vingarei. Seu marido diz que trabalha no hotel. É verdade?
— Sim, senhor.
— Levá-la-ei lá. Quanto ao resto não se preocupe. Luter e eu nos encarregaremos de enterrar o menino e matar os seus assassinos.
Assim que a deixou na hotel, Harry regressou praça. Aí esperava-o Luter com o rapaz nos braços, sentado junto ao carvalho que servira para tirar-lhe a vida.
— Vamos! — ordenou o jovem.
— Aonde?
— Ao escritório do xerife. A porta estava fechada. Chamaram repetidas veze sem obter resposta.
 — Temo que o pássaro tenha voado, ao pressentir a nossa visita.
— Voltará, estou certo. Que te faz supô-lo?
— Orson Kerley, o xerife, é homem que não teme nenhum pistoleiro. Tive ocasião de observá-lo duas vezes e não; se enerva.
— Que sugeres?
— Esperá-lo.
— Onde?
-- Aí em frente. Ocultar-nos-emos à sombra do carvalho.
— E o menino?
— Como nada podemos fazer por ele, deixá-lo-emos aqui, por agora. Quando abrir a porta, tropeçará no seu cadáver. Veremos como reage.
No mesmo cartaz que os assassinos prenderam no peito do rapaz, Harry escreveu a lápis:
 
«O sangue deste menino inocente alagará os campos de Fresno, se não nos entregarem os selvagens que o mataram.»
 
Depois assinou, fazenda Luter outro tanto. O veterano «cow-boy» pareceu recobrar a tranquilidade, quando por sua conta acrescentou:
«Se às dez da manhã não se tiverem cumprido as nossas ordens, dispararemos contra qualquer pessoa, seja velha, mulher ou criança. Nota: Darei o exemplo matando, em primeiro lugar a minha mulher.»
 

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