Jack recolheu o revólver e examinou-o. Um homem a seu lado, explicou:
— Estava desarmado. Obrigaram-no a bater-se a força. Só se decidiu quando se recusaram a deixá-lo avistar--se com a sua pessoa. Foi então que um homem que fazia parte do grupo lhe atirou esse revólver para que se defendesse. Apanhou-o no ar mas nem sequer lhe deram tempo para disparar. Os outros foram mais rápidos. •
Jack Dean fez girar o tambor do «Colt» que apanhara do solo. Murmurou qualquer coisa entre dentes e exibindo o revólver que tinha entre mãos, esclareceu o homem que lhe dera a informação:
— Deram-lhe uma arma para se defender mas nunca poderia tê-lo feito. O tambor estava vazio.
Meteu o revólver entre a camisa e o cinto e percorreu com o olhar os quatro homens que o rodeavam.
-- Para onde se dirigiram esses três tipos?
Depois de olharem uns para os outros, disse um deles:
— Para o «saloon» lá de cima. Foram tomar umas bebidas.
Outro dos presentes, apontando para o lugar indicado, exclamou:
— Aí os tem. São aqueles três que acabam de sair do «saloon».
Jack Dean acariciou a coronha do seu revólver que sobressaía do coldre e avançou para eles em passo moderado pelo meio da calçada deserta.
Os três homens dirigiam-se para os cavalos quando se aperceberam da presença de Jack; pararam e dirigiram-se também, sem pressas,-na sua direção. Foi Nandy Leick quem, sem retardar o passo, perguntou, com a certeza antecipada da resposta que ia receber:
— Quem és tu e que é que tu pretendes?
Parou um instante e respondeu:
— Chamo-me Jack Dean e venho cobrar o preço da morte de meu pai, com a vida de cada um de vós.
Puxou pelo revólver, segurando-o pelo cano e perguntou:
— Qual de vós foi o canalha e o cobarde que entregou este «Colt» vazio a meu pai?
Nandy Leick sorriu-se levemente, olhando para Sharto, o tipo atarracado. Os três homens cobriam totalmente a rua. Sharto no meio dos outros dois e à sua esquerda, Kirsey Logan, o silencioso, cuspindo para o lado com desprezo. Eram três pistoleiros rápidos e temidos pela ligeireza com que empunhavam 'as armas, contra um jovem desconhecido, cego de fúria, segundo parecia, para vingar a morte de seu pai. Sharto, pelo menos, assim o pensou, quado, semicerrando as pálpebras, estendeu o beiço inferior, respondendo:
— Fui eu mesmo. Porquê? Há alguma novidade?
O revólver sem balas deu duas voltas no ar e foi cair a um palmo de umas das botas de Sharto. O filho de Charles Dean vaticinou:
— Pega nessa arma que vais morrer com ela na mão, miserável.
A mão de Sharto, rápida como uma flecha, sacou a arma do coldre com uma fúria demoníaca e apertou o gatilho. A detonação, porém, não se produziu. Só então, tanto ele como os seus companheiros, se aperceberam de que o filho de Charles Dean era ainda mais temível que seu próprio pai nos seus heroicos tempos.
Soaram três detonações e todas elas produzidas pelo revólver de Jack.
O revólver de Sharto saltou-lhe da mão, empurrado pelo chumbo da bala. Kirsey Logan, à sua esquerda, soltou uma espécie de gemido muito parecido com o grito das aves noturnas, assim como que o rugido de um coiote que morre com o sangue a sufocar-lhe a garganta. Rodou sobre si mesmo, ficando estirado numa postura grotesca e trágica. A sua direita, Nandy Leick, soltando uma exclamação de dor, deixou pender o braço já sem arma, enquanto com a mão livre procurava amparar o braço ferido. Louco de terror e fazendo um alarido espantoso conseguiu, após voltas e reviravoltas, enfiar-se numa porta aberta de uma casa próxima. Enquanto procurava fugir, o revólver de Jack voltou a disparar, no instante preciso em que Nandy Leyck desaparecia no interior, indo a bala cravar-se na ombreira da porta. Tudo se passou com a mesma rapidez com que se passa da vida para a morte.
Ouviu-se o ruído característico de vidros partidos a troca de algumas palavras e... o silêncio. A pausa foi breve; ouviu-se o barulho dos cascos de um cavalo que se afastava rapidamente. Leick fugia.
Sharto ficara só perante o perigo que, de perto, o ameaçava. De um lado, o cadáver do seu cúmplice, e do outro a mão de Jack Dean armada de um «Colt».
O seu rosto rubicundo adquiriu uma cor cinzenta enquanto, na sua frente, de pernas abertas e com a arma assestada na sua direção se encontrava o jovem, implacável.
Tudo se passara em poucos minutos e, em menos tempo ainda, iria, talvez, acabar-lhe a vida, pensava Sharto de si para consigo. Baixou os olhos e viu, a cerca de dois metros, dois revólveres caídos no solo: o seu e o que lhe tinha sido atirado por Dean uns minutos antes. A voz deste fez-se ouvir, ameaçadora:
— O facto de o teu companheiro se ter escapado, não tem importância. Por mais que o seu cavalo corra, não corre tanto como a minha sede de vingança. Quem é ele? Como se chama?
Sharto hesitou. Precisava de ganhar tempo para se apoderar do revólver. Disse, com ar carrancudo:
-- Chama-se Nandy Leick em toda a parte.
— Não o esquecerei. Mas necessito de saber mais coisas. Porque assassinaram meu pai? Confessa ou faço-te saltar os miolos.
Sharto olhou novamente para os dois revólveres e deu um passo para a direita a fim de se aproximar da arma e apoderar-se dela no momento oportuno. Uma vez com ela na mão a situação mudar-se-ia absolutamente a seu favor. Conhecia muitas maneiras de se desfazer de outro homem armado. Sharto mediu mentalmente a distância que mediava entre ele e as duas armas caídas no chão. A mais próxima era • aquela que ele tinha empunhado Momentos antes. Tinha a absoluta certeza. Bastaria deixar-se cair de lado, apoderar-se dela e disparar rapidamente, ao mesmo tempo que se rebolaria sobre si próprio como se fosse uma serpente.
Jack, porém, parecia que lia no seu pensamento. Insistiu:
--- Fala! Não estou disposto a esperar.
Segurou mais nervosamente o «Colt» que se empinou ao estampido das duas explosões que se seguiram. Os olhos de Sharto ergueram-se do chão, não sem sobressalto, e volveram-se para o seu inimigo. Mas, prontamente voltou a olhar para o solo onde as armas se encontravam quase ao seu alcance.
A voz insistente de Jack voltou a ouvir-se, enquanto o terror se ia apoderando de Sharto:
— Ou falas, ou a última bala deste «Colt» te entra pelo meio da testa.
Sharto olhou novamente para as armas que tinha a seus pés e para a que Dean empunhava. Não pôde resistir mais:
— Não dispares! Eu confesso! É verdade, fomos assalariados para matar teu pai. Foram quatro homens de Phonex. Um chama-se Stone Clippe. Os outros andam sempre com ele. Neste momento aguardam o nosso regresso para saber notícias da morte de Charles Dean.
O cano do revólver continuava ameaçador, apontado à cabeça de Suharto.
— Diz-me os seus nomes; Stone Clippe já eu conheço de sobra. Venham os outros nomes.
Sharto proferiu-os de um jato:
— Lambert, Corwer, Barton.
— Muito bem. Sei perfeitamente quem eles são e a culpa que lhes cabe por meu pai ter passado quinze anos atrás das grades, por uma patifaria que eles próprios praticaram. Não contentes com isso, mandaram assassiná-lo.
Houve uma breve pausa. O cano do «Colt» mantinha-se apontado à cabeça de Sharto que continuava a espreitar os dois revólveres que se encontravam perto de si.
— O tempo urge. Suponho que Nandy Leick se dirigirá para Simpson a fim de se pôr em contacto com os que largaram a massa. Estou com pressa, e mais pressa tenho ainda de despachar-te a ti.
Sharto perdeu o pouco aprumo que ainda lhe restava. Ganiu uma súplica cobarde:
— Não me mates! Não!
-- És um cobarde que não és digno da vida.
Mostrou as mãos abertas:
— Estou desarmado!
— Também meu pai o estava... e tu puseste-lhe nas mãos um revólver sem balas, sabendo que o mandavas direito para a morte. Deveria fazer-te o mesmo mas não o faço. Não sou um assassino. Faço justiça a meu pai. Deixarei que a sorte escolha o teu destino. Apanha um desses revólveres. Podes apanhá-lo, apontar-mo e disparares contra mim se tiveres coragem.
Sharto cravou os olhos nas duas armas caídas. Algumas gotas de suor lhe deslizaram pela fronte, Os olhos iam de uma arma para outra, observando-as minuciosamente, a fim de descobrir qual a que lhe convinha. Eram iguais como duas gotas de água. Por fim, pareceu descobri-lo e identificá-lo.
— Estás ou não estás decidido a pegar num dos «Colts»? É a única oportunidade que te ofereço para te não matar desarmado como se foras uma fera do mato.
Rugiu de maneira feroz:
— Sim! Vou matar-te com aconteceu a teu pai, Dean. Estou pronto! Quando quiseres...
A voz do jovem interrompeu-se, bruscamente:
— Agora!
Sharto encolheu-se. Estendeu a mão, pegando sem vacilar no revólver que identificara. Os cinco dedos da sua mão colaram-se à coronha da arma como se fossem outras tantas sanguessugas. Rodou o tarso rapidamente sem sequer se levantar do chão, visou a cabeça do jovem e apertou o gatilho. O estalido seco do percutor tomou, dentro da sua cabeça, as proporções de uma detonação horrível que ia crescendo cada vez mais até se desvanecer em espantosa negridão. Apertou mais uma vez o gatilho ao mesmo tempo que a detonação realmente ouvida mergulhava todo o seu ser nas trevas precursoras do nada. Abriu desmesuradamente os olhos que lhe saltaram das órbitas e que uma cortina de sangue, jorrando do buraco aberto no meio da testa lhe velou completamente, como um sudário sangrento, único sudário, aliás, de que era digna a vida do pistoleiro assassino.
Todo o seu corpo se encolheu como um novelo a poucos passos de distância do outro «gun-men» que em vida e nas más obras se chamara Kirsey Logan. Ainda, no seu último segundo de raciocínio, o erro da escolha da arma o fez repetir mentalmente, um sem número de vezes: «Erraste Sharto! O «Colt» era o outro. Maldito rapaz?»
Nem viu nem ouviu nada mais; nem sequer ouviu Jack Dean quando, gratificando generosamente um homem da rua, lhe disse:
— Peço que deem sepultura ao corpo de meu pai. Não posso esperar porque tenho de ajustar umas contas com os verdadeiros assassinos, antes que esse miserável pistoleiro Nandy Leick os ponha de sobreaviso.
Também já não ouviu o fulminante galope do cavalo do jovem através do verdejante prado, enquanto este dizia de si para si:
— Tenho tempo de chegar a Simpson. Nandy Leick tornou certamente, por um atalho mas, como está ferido, não poderá correr tanto como desejaria.
Jack Dean perdeu-se na distância. Os cascos do seu cavalo faziam lembrar o rataplã de um tambor ao percutir a planície calcada e lisa.
— Estava desarmado. Obrigaram-no a bater-se a força. Só se decidiu quando se recusaram a deixá-lo avistar--se com a sua pessoa. Foi então que um homem que fazia parte do grupo lhe atirou esse revólver para que se defendesse. Apanhou-o no ar mas nem sequer lhe deram tempo para disparar. Os outros foram mais rápidos. •
Jack Dean fez girar o tambor do «Colt» que apanhara do solo. Murmurou qualquer coisa entre dentes e exibindo o revólver que tinha entre mãos, esclareceu o homem que lhe dera a informação:
— Deram-lhe uma arma para se defender mas nunca poderia tê-lo feito. O tambor estava vazio.
Meteu o revólver entre a camisa e o cinto e percorreu com o olhar os quatro homens que o rodeavam.
-- Para onde se dirigiram esses três tipos?
Depois de olharem uns para os outros, disse um deles:
— Para o «saloon» lá de cima. Foram tomar umas bebidas.
Outro dos presentes, apontando para o lugar indicado, exclamou:
— Aí os tem. São aqueles três que acabam de sair do «saloon».
Jack Dean acariciou a coronha do seu revólver que sobressaía do coldre e avançou para eles em passo moderado pelo meio da calçada deserta.
Os três homens dirigiam-se para os cavalos quando se aperceberam da presença de Jack; pararam e dirigiram-se também, sem pressas,-na sua direção. Foi Nandy Leick quem, sem retardar o passo, perguntou, com a certeza antecipada da resposta que ia receber:
— Quem és tu e que é que tu pretendes?
Parou um instante e respondeu:
— Chamo-me Jack Dean e venho cobrar o preço da morte de meu pai, com a vida de cada um de vós.
Puxou pelo revólver, segurando-o pelo cano e perguntou:
— Qual de vós foi o canalha e o cobarde que entregou este «Colt» vazio a meu pai?
Nandy Leick sorriu-se levemente, olhando para Sharto, o tipo atarracado. Os três homens cobriam totalmente a rua. Sharto no meio dos outros dois e à sua esquerda, Kirsey Logan, o silencioso, cuspindo para o lado com desprezo. Eram três pistoleiros rápidos e temidos pela ligeireza com que empunhavam 'as armas, contra um jovem desconhecido, cego de fúria, segundo parecia, para vingar a morte de seu pai. Sharto, pelo menos, assim o pensou, quado, semicerrando as pálpebras, estendeu o beiço inferior, respondendo:
— Fui eu mesmo. Porquê? Há alguma novidade?
O revólver sem balas deu duas voltas no ar e foi cair a um palmo de umas das botas de Sharto. O filho de Charles Dean vaticinou:
— Pega nessa arma que vais morrer com ela na mão, miserável.
A mão de Sharto, rápida como uma flecha, sacou a arma do coldre com uma fúria demoníaca e apertou o gatilho. A detonação, porém, não se produziu. Só então, tanto ele como os seus companheiros, se aperceberam de que o filho de Charles Dean era ainda mais temível que seu próprio pai nos seus heroicos tempos.
Soaram três detonações e todas elas produzidas pelo revólver de Jack.
O revólver de Sharto saltou-lhe da mão, empurrado pelo chumbo da bala. Kirsey Logan, à sua esquerda, soltou uma espécie de gemido muito parecido com o grito das aves noturnas, assim como que o rugido de um coiote que morre com o sangue a sufocar-lhe a garganta. Rodou sobre si mesmo, ficando estirado numa postura grotesca e trágica. A sua direita, Nandy Leick, soltando uma exclamação de dor, deixou pender o braço já sem arma, enquanto com a mão livre procurava amparar o braço ferido. Louco de terror e fazendo um alarido espantoso conseguiu, após voltas e reviravoltas, enfiar-se numa porta aberta de uma casa próxima. Enquanto procurava fugir, o revólver de Jack voltou a disparar, no instante preciso em que Nandy Leyck desaparecia no interior, indo a bala cravar-se na ombreira da porta. Tudo se passou com a mesma rapidez com que se passa da vida para a morte.
Ouviu-se o ruído característico de vidros partidos a troca de algumas palavras e... o silêncio. A pausa foi breve; ouviu-se o barulho dos cascos de um cavalo que se afastava rapidamente. Leick fugia.
Sharto ficara só perante o perigo que, de perto, o ameaçava. De um lado, o cadáver do seu cúmplice, e do outro a mão de Jack Dean armada de um «Colt».
O seu rosto rubicundo adquiriu uma cor cinzenta enquanto, na sua frente, de pernas abertas e com a arma assestada na sua direção se encontrava o jovem, implacável.
Tudo se passara em poucos minutos e, em menos tempo ainda, iria, talvez, acabar-lhe a vida, pensava Sharto de si para consigo. Baixou os olhos e viu, a cerca de dois metros, dois revólveres caídos no solo: o seu e o que lhe tinha sido atirado por Dean uns minutos antes. A voz deste fez-se ouvir, ameaçadora:
— O facto de o teu companheiro se ter escapado, não tem importância. Por mais que o seu cavalo corra, não corre tanto como a minha sede de vingança. Quem é ele? Como se chama?
Sharto hesitou. Precisava de ganhar tempo para se apoderar do revólver. Disse, com ar carrancudo:
-- Chama-se Nandy Leick em toda a parte.
— Não o esquecerei. Mas necessito de saber mais coisas. Porque assassinaram meu pai? Confessa ou faço-te saltar os miolos.
Sharto olhou novamente para os dois revólveres e deu um passo para a direita a fim de se aproximar da arma e apoderar-se dela no momento oportuno. Uma vez com ela na mão a situação mudar-se-ia absolutamente a seu favor. Conhecia muitas maneiras de se desfazer de outro homem armado. Sharto mediu mentalmente a distância que mediava entre ele e as duas armas caídas no chão. A mais próxima era • aquela que ele tinha empunhado Momentos antes. Tinha a absoluta certeza. Bastaria deixar-se cair de lado, apoderar-se dela e disparar rapidamente, ao mesmo tempo que se rebolaria sobre si próprio como se fosse uma serpente.
Jack, porém, parecia que lia no seu pensamento. Insistiu:
--- Fala! Não estou disposto a esperar.
Segurou mais nervosamente o «Colt» que se empinou ao estampido das duas explosões que se seguiram. Os olhos de Sharto ergueram-se do chão, não sem sobressalto, e volveram-se para o seu inimigo. Mas, prontamente voltou a olhar para o solo onde as armas se encontravam quase ao seu alcance.
A voz insistente de Jack voltou a ouvir-se, enquanto o terror se ia apoderando de Sharto:
— Ou falas, ou a última bala deste «Colt» te entra pelo meio da testa.
Sharto olhou novamente para as armas que tinha a seus pés e para a que Dean empunhava. Não pôde resistir mais:
— Não dispares! Eu confesso! É verdade, fomos assalariados para matar teu pai. Foram quatro homens de Phonex. Um chama-se Stone Clippe. Os outros andam sempre com ele. Neste momento aguardam o nosso regresso para saber notícias da morte de Charles Dean.
O cano do revólver continuava ameaçador, apontado à cabeça de Suharto.
— Diz-me os seus nomes; Stone Clippe já eu conheço de sobra. Venham os outros nomes.
Sharto proferiu-os de um jato:
— Lambert, Corwer, Barton.
— Muito bem. Sei perfeitamente quem eles são e a culpa que lhes cabe por meu pai ter passado quinze anos atrás das grades, por uma patifaria que eles próprios praticaram. Não contentes com isso, mandaram assassiná-lo.
Houve uma breve pausa. O cano do «Colt» mantinha-se apontado à cabeça de Sharto que continuava a espreitar os dois revólveres que se encontravam perto de si.
— O tempo urge. Suponho que Nandy Leick se dirigirá para Simpson a fim de se pôr em contacto com os que largaram a massa. Estou com pressa, e mais pressa tenho ainda de despachar-te a ti.
Sharto perdeu o pouco aprumo que ainda lhe restava. Ganiu uma súplica cobarde:
— Não me mates! Não!
-- És um cobarde que não és digno da vida.
Mostrou as mãos abertas:
— Estou desarmado!
— Também meu pai o estava... e tu puseste-lhe nas mãos um revólver sem balas, sabendo que o mandavas direito para a morte. Deveria fazer-te o mesmo mas não o faço. Não sou um assassino. Faço justiça a meu pai. Deixarei que a sorte escolha o teu destino. Apanha um desses revólveres. Podes apanhá-lo, apontar-mo e disparares contra mim se tiveres coragem.
Sharto cravou os olhos nas duas armas caídas. Algumas gotas de suor lhe deslizaram pela fronte, Os olhos iam de uma arma para outra, observando-as minuciosamente, a fim de descobrir qual a que lhe convinha. Eram iguais como duas gotas de água. Por fim, pareceu descobri-lo e identificá-lo.
— Estás ou não estás decidido a pegar num dos «Colts»? É a única oportunidade que te ofereço para te não matar desarmado como se foras uma fera do mato.
Rugiu de maneira feroz:
— Sim! Vou matar-te com aconteceu a teu pai, Dean. Estou pronto! Quando quiseres...
A voz do jovem interrompeu-se, bruscamente:
— Agora!
Sharto encolheu-se. Estendeu a mão, pegando sem vacilar no revólver que identificara. Os cinco dedos da sua mão colaram-se à coronha da arma como se fossem outras tantas sanguessugas. Rodou o tarso rapidamente sem sequer se levantar do chão, visou a cabeça do jovem e apertou o gatilho. O estalido seco do percutor tomou, dentro da sua cabeça, as proporções de uma detonação horrível que ia crescendo cada vez mais até se desvanecer em espantosa negridão. Apertou mais uma vez o gatilho ao mesmo tempo que a detonação realmente ouvida mergulhava todo o seu ser nas trevas precursoras do nada. Abriu desmesuradamente os olhos que lhe saltaram das órbitas e que uma cortina de sangue, jorrando do buraco aberto no meio da testa lhe velou completamente, como um sudário sangrento, único sudário, aliás, de que era digna a vida do pistoleiro assassino.
Todo o seu corpo se encolheu como um novelo a poucos passos de distância do outro «gun-men» que em vida e nas más obras se chamara Kirsey Logan. Ainda, no seu último segundo de raciocínio, o erro da escolha da arma o fez repetir mentalmente, um sem número de vezes: «Erraste Sharto! O «Colt» era o outro. Maldito rapaz?»
Nem viu nem ouviu nada mais; nem sequer ouviu Jack Dean quando, gratificando generosamente um homem da rua, lhe disse:
— Peço que deem sepultura ao corpo de meu pai. Não posso esperar porque tenho de ajustar umas contas com os verdadeiros assassinos, antes que esse miserável pistoleiro Nandy Leick os ponha de sobreaviso.
Também já não ouviu o fulminante galope do cavalo do jovem através do verdejante prado, enquanto este dizia de si para si:
— Tenho tempo de chegar a Simpson. Nandy Leick tornou certamente, por um atalho mas, como está ferido, não poderá correr tanto como desejaria.
Jack Dean perdeu-se na distância. Os cascos do seu cavalo faziam lembrar o rataplã de um tambor ao percutir a planície calcada e lisa.
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