sexta-feira, 21 de agosto de 2015

PAS520. Assédio a uma mulher com pelo na venta

Passaram três anos…
 

Hereford gostava das mulheres bravas, e aquela era um exemplar digno. Olhou-a descaradamente e pensou que estava só e à sua mercê. Não se via ninguém nos arredores e o pequeno Theron ainda mal se podia ter nas pernas. Deu dois passos em frente.
— Pensei que podíamos pôr termo a esta guerra. Não lhe parece que já chega de sangue e de mortes?
— Isso teria, que perguntá-lo a si, Hereford. Que eu saiba, ainda nenhum pistoleiro da sua equipa de assassinos foi morto... pelo menos oficialmente. Ainda que mais do que um dos seus assaltantes ao roubar o meu gado tenha levado uma boa ração de chumbo.
— Isso é uma acusação velada, Eula.
— Se prefere digo-lhe cara a cara. Você está tentando deixar-me sem nada, e recorre a certos truques para que o xerife McCohen não o meta entre grades. Mas algum dia arranjarei a prova que o condene. E quando esse dia chegar, despeça-se da sua doirada liberdade e pode ser que também da vida. Aqui costumamos enforcar os ladrões de gado, para ensinamento dos demais foragidos.
— Estou há muito mais tempo nesta terra que você.
— Mas vê as coisas do ponto de vista do banditismo. Há diferença, como pode verificar.
Hereford deu outros dois passos, sem que Bula se mexesse do sítio do alto do alpendre. Só dois degraus o separavam dela, e mediu com a vista a distância. De um salto podia, alcançá-la.
— Convém-lhe não desprezar a minha oferta de paz, Eula Jones. O futuro depende do que, você decida agora.
— Já decidi há três anos atrás. E não costumo mudar de opinião com tanta facilidade.
O pé de Hereford estava já sobre o primeiro degrau.
— Nem sequer pelo seu filho, Eula?
Tinha que ganhar tempo fosse como fosse.
Ela apertou os lábios.
— Nem sequer pelo meu filho. Sei muito bem o que tenho a fazer, Hereford. E agora, parta.
Mas Hereford não pensava ir-se embora. De repente deu um salto de pantera, saltou os dois degraus que faltavam e apanhou a mulher pela cintura, atraindo-a a si.
— Claro que irei, pombinha. Mas não sem antes cobrar os desprezos que me fizeste. Já que não queres' ser minha de livre vontade, sê-lo-ás pela força.
Eula debatia-se naquele abraço, que parecia de ferro, mas não conseguiu libertar-se. E sentiu-se empurrada com violência para dentro de casa, enquanto lhe chegava a voz assustada do seu filho.
— Mamã. Que quer esse homem?
O pequeno Theron apenas acertava as meias palavras e abria muito os olhos. Foi a última imagem que Eula teve dele, antes que Hereford a metesse dentro de casa e fechasse a porta.

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