terça-feira, 11 de agosto de 2015

PAS513. Balas contra o homem do carregamento de armas

A fila de mulas caminhava atrás dele. Tinha mudado as caixas com os rifles dos lombos dos fatigados animais conduzidos por Maxey e tinha-as posto sobre as mulas que ele levara até ao pico de Guadalupe. Aquelas armas tinham que chegar ao seu destino, a Dell City, no Texas desde onde tomariam a direcção do México. Mas aquela não era missão que correspondesse a ele.
A sua missão terminaria quando deixasse as caixas com os rifles no rancho do coronel Charlie Williams, em Dell City. Trabalhava para o coronel, e qualquer coisa lhe fazia pensar que por sua vez o coronel obedecia a ordens de alguém. Cuspiu. Tinha a boca seca com aquele maldito calor e além disso sentia o estômago flácido e vazio pelo prolongado jejum.
Era mais de meio-dia e, até ao anoitecer pelo menos, não se encontraria em frente de pratos repletos de suculenta comida. Porque antes, esconderia o carregamento nas Grutas de Carlsbad. Assegurou-se mais uma vez de que as mulas levavam o carregamento em condições e adiantou-se um pouco, deixando a fila a fim de subir a um desnível rochoso e comprovar que não havia perigo por aquele lado.
Passou por entre rochas, algumas das quais tinham mais de dois metros de altura. Foi nessa altura que começaram a soar tiros. Deviam aguardar a sua chegada porque o fogo se concentrou todo sobre ele, partindo de vários pontos em semicírculo. Sentiu uma pancada no peito e depois outra na anca. Não sentiu dor alguma, mas Pete compreendeu que tinha sido ferido e que lhe restavam poucos minutos de lucidez.
Deixou-se cair sobre o pescoço do alazão enquanto ouvia o troar dos disparos ao seu redor e fez pressão com as esporas nos flancos do nobre animal. Este pareceu compreender e deu um grande esticão, lançando-se a galope ondulado, aprendido tempos atrás e que servia para se esquivar das balas e dificultar a pontaria.
O inteligente animal não se lançou em louca correria recta, mas procurou imediatamente a proteção das numerosas rochas que encontrava no seu caminho. Pete Kelly sorriu, apesar da dor que começava a invadir o seu corpo.
Por entre a neblina dos seus olhos viu que o alazão tinha conseguido iludir rapidamente a emboscada, e também compreendeu que algo se passava: aqueles que lhe tinham preparado a cilada interessavam-se mais pelo carregamento das mulas do que pela Sua vida. Sentiu-se satisfeito, apesar de tudo, e procurou energias para se segurar com mais força ao pescoço do cavalo. Este continuava correndo em busca de salvação para seu amo. Pete compreendeu que deveria dirigir-se para um lugar habitado, longe de White City, mas não podia transmitir aquela ideia ao seu cavalo, e, por outro lado pressentia que ia desmaiar de um momento para outro. Apertou os dentes e entrelaçou fortemente os dedos, abraçando o seu fiel amigo.

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