Tyson agarrava-se com desespero aos fortes ramos que o protegiam. Na queda o tronco deu duas ou três voltas no ar, e finalmente mergulhou na concavidade formada pela força da água ao cair.
Sentia os pulmões prontos a rebentar, mas com um enorme domínio sobre si mesmo manteve a boca fechada. O tronco não tardou a voltar à superfície, mas para se submergir de novo so o choque brutal da massa líquida que caía agora sobre ele.
Assim decorreu um curto período de tempo, que para Tyson teve a duração de um século. Por duas vezes conseguiu aspirar uma pequena quantidade de ar, e por fim o tronco encontrou a corrente salvadora que o afastava do tremendo choque das águas precipitadas desde cima.
Tyson suspirou profundamente, abandonando-se um tanto, mas o perigo ainda não tinha passado porque o rio estava cheio de rochas, contra as quais o tronco chocava de momento a momento, obrigando-o a manter-se tenso.
O rumor da catarata começou a ficar para trás e Tyson já se julgava alvo quando, subitamente, se viu lançado ao ar com terrível força. O carvalho chocara tremendamente com uma enorme rocha que surgira no seu caminho.
Tyson fechou os olhos. Sentiu que caia de novo na água, muito perto da magem, e a sua cabeça bateu contra uma pedra, dando-lhe a sensação de que o mundo se desmoronava sobe ele.
Fez um esforço desesperado para não perder os sentidos, mas não o conseguiu e, depois de um breve esbracejar, mergulhou no mundo da escuridão e ficou imóvel junto da pedra com a qual havia chocado ao cair, enquanto as águas do Colorado lhe roçavam brandamente o corpo, como arrependidas de o terem tratado com tanta crueldade.
(Coleção Pólvora, nº 53)
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