Chegou em frente da sepultura de «Satã»… onde uma vez o corpo de «Satã» tinha sido substituído, enquanto Nelly dormia, por quatrocentos e vinte e dois mil dólares em moeda corrente. Tinham decorrido sete anos. Agora o dinheiro ia sair de novo à superfície. Para não voltar a ser enterrado em parte alguma. Para fazer, com aquele dinheiro, o que o destino de Tex Brady dispusesse.
Quase sem dar-se conta, cavava já, em silêncio. E quase sem dar por isso a caixa saiu da cova, agarrada pelas suas mãos. Que importava a dor aguda no seu ombro esquerdo, se aquilo era uma coisa que tinha de ser feita depressa?
Conduziu a caixa até junto do seu cavalo. Rebuscou os bolsos. Entre os seus dedos, apareceu uma velha chave, pequena e ferrugenta. Arrancou as tábuas apodrecidas que cobriam a caixa metálica do Banco Mineiro, ainda com as iniciais marcadas sobre o aço.
Introduziu a chave na fechadura. Girou, guinchante, abriu a tampa e surgiram os maços de notas. Os olhos de Brady, os mesmos olhos que uma vez tinham olhado com cobiça aquele dinheiro, observavam agora os retângulos coloridos e alongados das notas. Uma fortuna nas suas mãos. Uma fortuna manchada de sangue…
Começou a meter as notas no alforge da sela, num cantil vazio, nos forros da manta, onde calhava… Trabalhava febrilmente, com uma rapidez da qual talvez dependesse a vida de Paula e do pai.
Quando a caixa ficou vazia, voltou com ela para o coval que fora de «Satã», cobriu-a com terra que alisou rapidamente e depois ergue-se, olhando para casa. Esteve tentado a deixar umas linhas escritas, justificando a sua ação.
Mas não. Era preferível deixar atrás de si uma recordação má. Que Paula o recordasse sempre com ódio. Era melhor assim. Devia abrir um abismo entre ela e ele… não criar qualquer sombra de amizade, de afeto… de amor.
Com uma expressão de raiva, voltou para junto do seu cavalo. Montou, pegou nas rédeas, bateu com os tacões nos flancos do animal e lançou-o a galope.
Seguiu na direção norte, através de terreno seco e duro, a caminho de San Bernardino, sem deixar uma pista atrás de si. Supondo que era possível, a um homem como Tex «Gatilho» Brady, passar por algum sítio sem deixar rasto…
Comentário do Passagens: Inadvertidamente, Tex deixa rasto já que algumas notas saem de uma abertura mal fechada. Mas o rasto que deixa pode orientar inimigos, mas também orienta amigos…
Sem comentários:
Enviar um comentário