Kaspar passou as rédeas do cavalo pela argola que pendia da branca parede do rancho. Sem se deter, subiu com um salto os degraus da escada que separava a porta principal e o solo. Ainda antes de ter batido, a porta abriu-se e a figura de Jenny surgiu nitidamente no limiar.
A rapariga sorria agora de uma maneira encantadora. De tal forma que o jovem hesitou profundamente na coerência dos seus pensamentos e parecia-lhe terrivelmente difícil conceber a ideia de que Jenny, aquela encantadora Jenny, fosse a mesma que assassinara Mackenna e o agredira por duas vezes. Mas tinha traçado uma linha de conduta a seguir e, apelando para toda a sua coragem, não quis desviar-se nem um milímetro.
- Que surpresa tão agradável, senhor Graham – exclamou Jenny, melifluamente. – A que devo a honra da sua visita? Enfastiou-se já do seu cargo de xerife?
Kaspar franziu ameaçadoramente a testa ao olhar para a bela rapariga que tinha diante de si. Achava-a mais fascinante do que nunca, especialmente naqueles momentos em que tinha abandonado a sua habitual atitude de seriedade exagerada e, no seu íntimo, desejou encontrar uma desculpa que lhe permitisse iludir a finalidade da tarefa que ali o trouxera. Mas não. Não podia haver uma desculpa. Se hesitasse…
- Exatamente devido ao cargo é que venho aqui, «senhorita» Scott-Dunstan, Lamento…
- Ah! Sim?
- De certeza, senhorita. Falando de uma vez por todas, dir-lhe-ei que venho para levá-la presa como suspeita de ter assassinado, a sangue-frio, o seu capataz Robert Mackenna!
(Coleção Arizona, nº 53)
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