Tex Brady sabia que cada largo passo do seu cavalo o afastava um pouco mais daquela terra que lhe tinha dado guarida durante anos. Um pedaço da sua vida ficava para trás. Com Lupe, com a casinha perdida no deserto mexicano…
Sabia que não ia voltar. Era uma coisa que devia ser feita, para além de sensibilidades e fraquezas.
Pouco a pouco aumentou a velocidade, os cascos do cavalo foram martelando mais e mais depressa o chão áspero e amarelado. Lupe ficou para trás, de joelhos sobre a areia, dizendo-lhe adeus uma vez mais, agitando com desespero as mãos trémulas.
Tex não voltou a cabeça. Um homem pode ter coragem para muitas coisas, mas não a tem sempre. Não queria sofrer os perigosos embates de o sentimentalismo, da compaixão, da fraqueza humana.
Por isso seguiu adiante, por isso tocou levemente com as esporas no cavalo, lançando-o a galope para os limites do deserto, marcado pelas distantes lombas azuladas que o alaranjado da aurora ia tingindo de cores brilhantes.
Tex «Gatilho» Brady regressava ao passado… o passado que o esperava para além da linha da fronteira. E ele nunca fugia a um encontro. Comparecia sempre, ou antecipava-o quando pedia.
Para o bem ou para o mal…
(Coleção Arizona, nº 56)
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