Tyson caiu como um fardo para o fundo do barranco. Por instantes sentiu o vento zumbir-lhe aos ouvidos, na queda, acabando de devolver-lhe a consciência, e as tumultuosas e sujas águas do Colorado passaram fugazmente diante dos seus olhos, subindo ao seu encontro com a rapidez de um raio.
Aspirou ruidosamente o ar, enchendo os pulmões, e encolheu-se quanto pôde, esperando o choque com a água – que não tardou.
Por sorte mergulhou de lado, amortecendo com o ombro a força do choque, e fechou os olhos até sentir que tocava no fundo do rio, sem dano de maior.
Sentia náuseas e um calafrio percorreu-lhe o corpo, mas teve a necessária presença de espírito para dar um golpe de pernas, conseguindo chegar à superfície ao mesmo tempo que a corrente o levava rio abaixo.
Apetecia-lhe deixar-se afundar novamente, procurando o descanso definitivo na fresca e macia massa líquida que o rodeava, mas o desejo de viver foi mais forte do que a fadiga e começou a nadar penosamente, com um imenso esforço, tentando cortar a corrente em diagonal, na direção da margem.
Desafivelou o pesado cinturão, mas a corrente era forte demais e ele verificou, com angústia, que não podia alcançar a margem do rio.
Um rumor que aumentava a cada instante chegou até ele, mas Tyson, no estado de esgotamento em que se encontrava, não pôde identifica-lo. Esbracejava desordenadamente, num último esforço para manter-se a flutuar.
O rio arrastava-o implacavelmente na direção da catarata como se o tivesse poupado no terrível mergulho para o despedaçar pouco depois…
(Coleção Pólvora, nº 53)
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