Os tiros foram como um acicate que renovou as energias do fugitivo. Tyson abrigou-se por trás de uma grossa pedra e, apoiado nela, respondeu por momentos ao fogo do inimigo, observando que Koler avançava penosamente, atrás dos outros.
Uma náusea insuportável começou a invadi-lo, com um zumbido intenso nos ouvidos, que era talvez consequência da perda de sangue.
Tyson correu outra vez, cambaleando mais. De uma das vezes caiu no chão e ouviu o brado de triunfo de Just, atrás dele. Mas conseguiu ainda levantar-se e, com os olhos meio fechados e a respiração agitada, alcançou a beira do precipício, ao fundo do qual corriam as turbulentas águas do Colorado.
Olhou para baixo, tomado de vertigens. Depois, ofegante, olhou para trás, vendo que Spade e Just se separavam para cortar-lhe a passagem ao longo da aresta do barranco, enquanto Koler formava o centro daquele triângulo de morte.
«Não tenho outra solução senão atirar-me à água… - pensou . – É a minha única oportunidade, e quanto mais me demorar, tanto pior para mim».
Levantou-se, provocando novos tiros dos seus perseguidores. Spade, seguro de que ele não poderia agora escapar, adiantava-se lentamente, com o corpo inclinado para a frente.
Tyson curvou-se para descalçar as botas, disposto a lançar-se para o abismo, mas quando ia atirar-se Spade pulou sobre ele, derrubando-o.
- Agarrei-o!... – bradou.
Sentou-se sobre o corpo de Tyson e o fugitivo fechou os olhos, esperando a derradeira bala – que todavia não chegou.
Just e Koler aproximaram-se e Spade olhou para eles sorridente.
- Mata-o!... – grunhiu Koler.
Apontou o seu revólver à cabeça de Tyson, mas Spade afastou a arma, com uma pancada seca.
- Espera!...
Tyson mergulhou na incosnciÊncia, enquanto o bandido lhe revistava os bolsos da camisa, tirando-lhe os documentos, entre os quais o que comprovava a sua identidade, que guardou.
- Agora podes fazer o que quiseres… - disse ele a Koler.
(Coleção Pólvora, nº 53)
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