Por um breve lapso, permaneceu Barry imóvel, fazendo trabalhar furiosamente o cérebro. Estava de posse de todos os fios da intriga. Só precisava de os unir para que a verdade resplandecesse.
Na sua mão conservou o lenço que servira a Florence para ocultar o rosto. A tensão mental foi a causa de que, pela segunda vez, se deixasse surpreender naquela manhã. O cavalo não deixou, no entanto, de o avisar.
— Aqui está! Não se mova! Estava cercado por meia dúzia de homens e todos lhe apontavam os seus revólveres.
Daquela vez não havia tentativa de escape, e assim o compreendeu Barry, instantaneamente.
— Meu Deus, o que fez... este criminoso! Florence, Florence! Matou Florence!
Tex Glendin contemplava horrorizado aquele espetáculo de sangue. Voltou-se para o homem que estava junto dele e que ostentava no peito a estrela metálica que o acreditava como Xerife de «Três Árvores».
— Convenceu-se agora? Este homem é um criminoso! — afirmou o dono de «Doble Z» — Pôde enganar a minha mulher, mas não a mim, nem tampouco a Florence. Ela soube imediatamente que não era Milo Kerigan. Por isso ele não perdeu tempo em lhe selar os lábios. Vamos, Imber, tem de agir!
O xerife — um rosto magro de traços enérgicos, e um corpo atlético, sem uma onça de gordura supérflua — aproximou-se de Barry e colocou-lhe uma mão sobre o ombro.
— Está preso em nome da Lei! — disse.
— De que me acusa? — perguntou Barry friamente.
— Acaso não está à vista? Negará ser o autor... disto?
Estendia a mão, mostrando os dois cadáveres e o corpo metralhado de Don Crater. Este começava a voltar a si, abrindo os olhos naquele momento.
— Atacaram-me e consegui defender-me com êxito. Isso é tudo.
— Você é uma maravilha! Como o atacaram?
— De surpresa. Apresentaram-se repentinamente, ameaçando-me com as suas armas.
— E, apesar disso, desfez-se dos três? Uma maravilha, já lhe disse!
— Como você quiser, mas assim aconteceu, realmente.
— E isso?
O xerife apontava com o dedo a máscara que Barry conservava na sua mão. Só agora o nosso jovem o notara.
— Isto?... Ë uma máscara. Trazia-a posta Florence. Eu não sábia quem era senão depois de morta quando lha arranquei.
— Não é verdade! — rugiu Tex —. Porque havia Florence de tapar a cara? A máscara é tua, e eras tu que a levavas para perpetrar os teus crimes!
— Sim, assim é! Surpreendeu-nos aos três!... Apareceu-nos pelas nossas costas com a máscara posta!
Era Don Crater. Levantou-se raivosamente do solo e encarou Barry, ardendo nos seus olhos o prazer da vingança.
— Disparou em seguida, sem nos deixar recobrar da surpresa! Matou Dexer e Florence... e a mim bateu-me com o revólver na boca!... Foi assim. E estou disposto a declará-lo sob juramento onde for necessário!
O xerife tal como os demais, encarava Barry com expressão dura.
— Que diz você?
—Já disse o que tinha a dizer. Vinham dispostos a acabar comigo... e não o conseguiram. O resto são invenções.
— Como prova que é essa a verdade e não o que declara Crater?
Barry Meeker, sabia perfeitamente qual era a sua situação. Ele possuía uma testemunha. O jovem Tommy podia corroborar as suas palavras, mas, deixariam viver o rapaz o tempo suficiente para o fazer? Era a vida de Tommy mais ainda que a sua, a que estava ameaçada naquele momento!
—Não posso provar será a minha palavra contra a desse gorila — disse voltando-se para Crater. Este deu um passo ameaçador, cerrando os punhos, mas conteve-se. — Mas pense, xerife — continuou o nosso jovem —. Se eu fosse criminoso, teria deixado com vida este homem, para que me acusasse?... Estava à minha mercê. E vocês viram-no.
Aquele argumento convenceu o xerife.
— Isso não deixa de ter sentido — murmurou. — Podia ter morto Crater, tal como aos outros.
— Você está-se deixando convencer, Imber! —exclamou Tex Glendin —. Ignoramos as razões deste indivíduo. Talvez pensasse liquidar Tez e nós não lhe tivéssemos dado tempo. Recorde-se, também, que não é só isto. A minha acusação contra ele é outra, e isto só a reforça. Proceda como deve. Estamos aqui perdendo demasiado tempo.
O xerife baixou a cabeça, parecendo convencido.
— Tens razão, Tex. Creio que o meu dever está agora claro — dirigiu-se ao detido e disse-lhe como aviso: — Não se mova. Vou desarmá-lo. E não sonhe que o pode evitar. Poderá fazer milagres com o revólver, não o duvido, mas não aqui, neste momento. Meia dúzia de armas apontavam ao prisioneiro, e talvez o dono de alguma delas estivesse desejando achar um pretexto qualquer para dar o gosto ao dedo apertando o gatilho.
— Compreendo, xerife. Tire o meu revólver. Não me moverei. Peço-lhe, no entanto, que o conserve. É um bom revólver e... algum dia lho voltarei a pedir.
O xerife tomou a arma sem afastar o olhar do jovem e colocou-a no seu cinturão. As palavras de Barry não eram simples bravatas. Tinha verdadeiro interesse naquele revólver porque era o de Tommy. Desarmado o temível forasteiro, os outros respiraram com mais liberdade.
— Diga-me agora de que mais me acusam —disse o prisioneiro.
O «sheriff» tossiu levemente.
— É acusado da morte de Milo Kerigan.
Isto não surpreendeu demasiado a Barry. Quase o esperava. Ensaiou um protesto, no entanto.
— Como? Mas se sou eu...
— Você não é Milo Kerigan. Este morreu ontem, à entrada do vale.
— E também me acusam disso?
— Sim. Há duas testemunhas. Os dois homens a quem feriu depois de acabar com a vida de Milo. Os dois estão de acordo em o acusarem. E não resta dúvida de que houve ali uma morte.
Os assassinos acusavam Barry de crime!... Que sangrenta ironia!
— E porquê? Que razão teria eu para assassinar Milo Kerigan?
— Confessa então não ser Milo? — soltou imediatamente o xerife.
— Não confesso nada. Refiro-me às vossas suposições. Que razão teria eu?
Tex Glendin interveio com voz aguda:
— É muito simples, e perfeitamente compreensível. Você inteirou-se de que Milo estava a chegar...
— Como pude inteirar-me? Quem o sabia?
O marido de Evelyn mordeu os lábios.
— Não o sei! — rugiu, fingindo-se iracundo. —Depois o averiguaremos! Você também soube que Milo abandonou a povoação sendo pouco mais que um rapazinho. Pensou que seria fácil suplantá-lo e pôs os meios em prática. Enganou minha mulher. Tendo a sua confiança e o seu carinho, seria você o dono, praticamente, do «Doble Z».
— E que mais?
— Entrou nos seus cálculos desfazer-se também de Florence, que era dona de metade do rancho, e sabendo que Evelyn herdaria tudo com a sua morte, passando a ser dona de tudo.
— Ah, sim?... Isso é muito interessante —disse Barry. — E se tivesse sido ao contrário? Se tivesse morrido Evelyn, a herdeira seria Florence?
Tex Glendin ruborizou-se subitamente.
— Que importa isso? Evelyn não morreu.
— Não, não morreu — concedeu Barry com brandura. — Não morreu, por sorte.
Na sua mão conservou o lenço que servira a Florence para ocultar o rosto. A tensão mental foi a causa de que, pela segunda vez, se deixasse surpreender naquela manhã. O cavalo não deixou, no entanto, de o avisar.
— Aqui está! Não se mova! Estava cercado por meia dúzia de homens e todos lhe apontavam os seus revólveres.
Daquela vez não havia tentativa de escape, e assim o compreendeu Barry, instantaneamente.
— Meu Deus, o que fez... este criminoso! Florence, Florence! Matou Florence!
Tex Glendin contemplava horrorizado aquele espetáculo de sangue. Voltou-se para o homem que estava junto dele e que ostentava no peito a estrela metálica que o acreditava como Xerife de «Três Árvores».
— Convenceu-se agora? Este homem é um criminoso! — afirmou o dono de «Doble Z» — Pôde enganar a minha mulher, mas não a mim, nem tampouco a Florence. Ela soube imediatamente que não era Milo Kerigan. Por isso ele não perdeu tempo em lhe selar os lábios. Vamos, Imber, tem de agir!
O xerife — um rosto magro de traços enérgicos, e um corpo atlético, sem uma onça de gordura supérflua — aproximou-se de Barry e colocou-lhe uma mão sobre o ombro.
— Está preso em nome da Lei! — disse.
— De que me acusa? — perguntou Barry friamente.
— Acaso não está à vista? Negará ser o autor... disto?
Estendia a mão, mostrando os dois cadáveres e o corpo metralhado de Don Crater. Este começava a voltar a si, abrindo os olhos naquele momento.
— Atacaram-me e consegui defender-me com êxito. Isso é tudo.
— Você é uma maravilha! Como o atacaram?
— De surpresa. Apresentaram-se repentinamente, ameaçando-me com as suas armas.
— E, apesar disso, desfez-se dos três? Uma maravilha, já lhe disse!
— Como você quiser, mas assim aconteceu, realmente.
— E isso?
O xerife apontava com o dedo a máscara que Barry conservava na sua mão. Só agora o nosso jovem o notara.
— Isto?... Ë uma máscara. Trazia-a posta Florence. Eu não sábia quem era senão depois de morta quando lha arranquei.
— Não é verdade! — rugiu Tex —. Porque havia Florence de tapar a cara? A máscara é tua, e eras tu que a levavas para perpetrar os teus crimes!
— Sim, assim é! Surpreendeu-nos aos três!... Apareceu-nos pelas nossas costas com a máscara posta!
Era Don Crater. Levantou-se raivosamente do solo e encarou Barry, ardendo nos seus olhos o prazer da vingança.
— Disparou em seguida, sem nos deixar recobrar da surpresa! Matou Dexer e Florence... e a mim bateu-me com o revólver na boca!... Foi assim. E estou disposto a declará-lo sob juramento onde for necessário!
O xerife tal como os demais, encarava Barry com expressão dura.
— Que diz você?
—Já disse o que tinha a dizer. Vinham dispostos a acabar comigo... e não o conseguiram. O resto são invenções.
— Como prova que é essa a verdade e não o que declara Crater?
Barry Meeker, sabia perfeitamente qual era a sua situação. Ele possuía uma testemunha. O jovem Tommy podia corroborar as suas palavras, mas, deixariam viver o rapaz o tempo suficiente para o fazer? Era a vida de Tommy mais ainda que a sua, a que estava ameaçada naquele momento!
—Não posso provar será a minha palavra contra a desse gorila — disse voltando-se para Crater. Este deu um passo ameaçador, cerrando os punhos, mas conteve-se. — Mas pense, xerife — continuou o nosso jovem —. Se eu fosse criminoso, teria deixado com vida este homem, para que me acusasse?... Estava à minha mercê. E vocês viram-no.
Aquele argumento convenceu o xerife.
— Isso não deixa de ter sentido — murmurou. — Podia ter morto Crater, tal como aos outros.
— Você está-se deixando convencer, Imber! —exclamou Tex Glendin —. Ignoramos as razões deste indivíduo. Talvez pensasse liquidar Tez e nós não lhe tivéssemos dado tempo. Recorde-se, também, que não é só isto. A minha acusação contra ele é outra, e isto só a reforça. Proceda como deve. Estamos aqui perdendo demasiado tempo.
O xerife baixou a cabeça, parecendo convencido.
— Tens razão, Tex. Creio que o meu dever está agora claro — dirigiu-se ao detido e disse-lhe como aviso: — Não se mova. Vou desarmá-lo. E não sonhe que o pode evitar. Poderá fazer milagres com o revólver, não o duvido, mas não aqui, neste momento. Meia dúzia de armas apontavam ao prisioneiro, e talvez o dono de alguma delas estivesse desejando achar um pretexto qualquer para dar o gosto ao dedo apertando o gatilho.
— Compreendo, xerife. Tire o meu revólver. Não me moverei. Peço-lhe, no entanto, que o conserve. É um bom revólver e... algum dia lho voltarei a pedir.
O xerife tomou a arma sem afastar o olhar do jovem e colocou-a no seu cinturão. As palavras de Barry não eram simples bravatas. Tinha verdadeiro interesse naquele revólver porque era o de Tommy. Desarmado o temível forasteiro, os outros respiraram com mais liberdade.
— Diga-me agora de que mais me acusam —disse o prisioneiro.
O «sheriff» tossiu levemente.
— É acusado da morte de Milo Kerigan.
Isto não surpreendeu demasiado a Barry. Quase o esperava. Ensaiou um protesto, no entanto.
— Como? Mas se sou eu...
— Você não é Milo Kerigan. Este morreu ontem, à entrada do vale.
— E também me acusam disso?
— Sim. Há duas testemunhas. Os dois homens a quem feriu depois de acabar com a vida de Milo. Os dois estão de acordo em o acusarem. E não resta dúvida de que houve ali uma morte.
Os assassinos acusavam Barry de crime!... Que sangrenta ironia!
— E porquê? Que razão teria eu para assassinar Milo Kerigan?
— Confessa então não ser Milo? — soltou imediatamente o xerife.
— Não confesso nada. Refiro-me às vossas suposições. Que razão teria eu?
Tex Glendin interveio com voz aguda:
— É muito simples, e perfeitamente compreensível. Você inteirou-se de que Milo estava a chegar...
— Como pude inteirar-me? Quem o sabia?
O marido de Evelyn mordeu os lábios.
— Não o sei! — rugiu, fingindo-se iracundo. —Depois o averiguaremos! Você também soube que Milo abandonou a povoação sendo pouco mais que um rapazinho. Pensou que seria fácil suplantá-lo e pôs os meios em prática. Enganou minha mulher. Tendo a sua confiança e o seu carinho, seria você o dono, praticamente, do «Doble Z».
— E que mais?
— Entrou nos seus cálculos desfazer-se também de Florence, que era dona de metade do rancho, e sabendo que Evelyn herdaria tudo com a sua morte, passando a ser dona de tudo.
— Ah, sim?... Isso é muito interessante —disse Barry. — E se tivesse sido ao contrário? Se tivesse morrido Evelyn, a herdeira seria Florence?
Tex Glendin ruborizou-se subitamente.
— Que importa isso? Evelyn não morreu.
— Não, não morreu — concedeu Barry com brandura. — Não morreu, por sorte.
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