sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

BIS067.13 No momento de cumprir as promessas

O intruso riscou um fósforo. Chegou a pequena chama a um candeeiro e imediatamente se iluminou o aposento. Foi então que Alicia pôde reconhecer o homem que ali estava. Mas não acreditava. Não quis acreditar. Impossível! Eram os seus olhos que a enganavam. 

— Frank Hedge! 

O homem era Francis Canopus Hedge, embora se pudesse tomar pela sua própria caricatura. Alícia comtemplou-o com um misto de surpresa e receio, pensando no aprumado e elegante jovem que despedira anos antes à porta pintada de verde da sua antiga casa. 

Pensando nele e tentando reconstituir a sua imagem, que a presente apagava sem piedade, Hedge envelhecera de maneira assombrosa. Nada restava da sua antiga elegância. O seu fato e roupas eram um montão de farrapos, trazia a barba crescida, e no seu rosto macerado ardiam os olhos como dois vulcões. Era um ser humano em plena decadência, desesperado, enlouquecido. Alicia cobriu a cara com as mãos, arrebatada por uma violenta emoção. 

— Querida, querida Alicia! — exclamou Hedge, ainda no mesmo tom surdo. — Não te alegras por voltar a ver-me? 

Ela não sabia responder àquela pergunta. Não, não se alegrava, mas também não sabia definir o que sentia na realidade. Só verificava que o não esquecera. Apesar dos anos, de tudo quanto acontecera antes e depois da sua separação, Frank Hedge continuava, através de tudo, a fazer parte da sua vida. Era angustioso verificá-lo. 

Tremendo, ao mesmo tempo cheia de compaixão por ele e de medo dela própria, Alicia compreendeu que sempre estivera certa do seu regresso como dum facto certo, fatal, inevitável. 

Fez um esforço para se mostrar, indiferente e serena, embora para isso tivesse de evitar os seus ardentes olhos. 

— Como entraste? 

— Estava aberta a porta da varanda. 

— Bem, Frank, a que se deve o teu regresso? Que foi feito de ti? 

Ele disse sem elevar a voz: 

— Sou uma fera acossada. A vida tornou-se-me impossível. Estou vencido, esmagado para sempre. Já tudo acabou. A isto se deve a minha volta, se o queres saber. 

Alícia sentiu frio no coração. Que aconteceu? 

— A sorte traiu-me, Alicia. Um dia, quando julgava ter atingido o cume, o solo abriu-se debaixo dos meus pés. O mundo inteiro parece que se voltou contra mim. Tive dinheiro, tive quanto ambicionava... e de nada, de nada me serviu! 

Era aquele o altaneiro, o consciente e calculador Frank Hedge que ela conhecera? Alícia mal pôde encarar com ele, e ficou assombrada. 

—Já compreendo. Vens pedir-me ajuda. 

Ele abanou a cabeça. 

— Não. Vim despedir-me de ti. Morrerei breve, e não queria morrer sem voltar 'a ver-te... porque tu foste... o melhor do meu passado... 

— Não digas isso! 

— É verdade. — Hedge encolheu os ombros como um velho. — Lembras-te, Alícia, das últimas palavras que pronunciei quando nos despedimos? Diz, lembras-te? 

— Sim — assentiu ela. 

Não as repetiu, mas recordava-as uma 'a uma. «Só lamento não ter morto Johnny Martin!». Estas foram as palavras de Hedge. Não as esquecerei nunca. 

— Teria morto Johnny Martin se soubesse que me roubaria a mulher que amava, a única mulher que amei. Isso pensava eu então, mas agora... Oh! Deus! Agora Martin roubou-me a paz, o solo, o triunfo... E roubar-me-á a vida! 

— Johnny Martin — murmurou Alícia. 

Fechou os olhos. Johnny Martin. Podia vê-lo, endomingado e bem penteado, inclinando-se ante ela no baile da Associação dos Ganadeiros. E depois, impávido, rígido, com a morte na alma: «Eu não quebro facilmente os meus juramentos. É você a mulher a quem amo. Pronuncie uma só palavra...». Havia quanto tempo fora aquilo? Havia quantos anos? 

Johnny Martin! Alícia sentiu vontade de chorar, e essa sensação comoveu-a até ao fundo da sua alma. Nunca mais voltara a chorar desde então. Fizera-se dura, fria, ambiciosa, inflexível. Ganhara dinheiro, dinheiro, dinheiro aos montões! Para quê? Para que servia o dinheiro, para que servia alguma coisa no mundo, se ela era uma mulher e não podia chorar? Se nem sequer tinha por quem chorar! 

— Johnny segue a minha pista desde Santa Fé — dizia Hedge. — Não consigo desfazer-me dele. Tentei fugir para o Este, tentei refugiar-me no México... e tolheu-me sempre o passo. Sei que me matará, que traz a morte consigo. É horrível!... Sinto que a morte adeja à minha volta, onde quer que seja que eu me encontre, enquanto como, durmo ou viajo. Consegui fugir em Amarelo, depois em Moobetie, mas é inútil. Cheguei até aqui através do deserto, mas também é inútil. Johnny Martin matar-me-á. 

Alícia abriu os olhos e deparou-se-file o rosto alterado e barbado do homem. Recuou um passo. 

— Não tenho conhecimento de que Johnny Martin esteja em Dodge City. 

— Depressa estará, Alicia. Querida, se pudesses informar-te... 

— Não! —interrompeu ela, secamente. 

Os seus olhos, fixos em Hedge, eram duros como diamantes. 

— Devo prevenir-te desde já de que, se vieste pedir-me auxílio, te enganaste na porta. A tua sorte não me interessa, Frank. É preciso que compreendas, que por, tua culpa se desfez tudo o que era jovem, são, decente e belo que havia em mim. Arrasaste 'a minha vida. Não me interessa que Martin, o diabo, ou quem seja, arrase agora a tua. É preciso que compreendas isto. 

Ele pareceu assustar-se com a expressão da sua cara. De repente, ao olhar mais além, notou a presença de Buchanan: uma trágica figura agarrada à ombreira da porta, o rosto contraído pela dor e, aos pés, uma grande mancha de sangue. Sobressaltou-se. Um revólver apareceu na sua mão. 

— Quem é esse homem? 

Alicia estremeceu. Tinha-se esquecido de Buchanan. 

— Um amigo. — Retrocedeu para agarrar o ferido pelo braço. — Alguém que me salvou a vida esta tarde. É preciso que trate dele. 

Buchanan pretendeu avançar e cambaleou. Estava quase completamente inconsciente. Não percebia nada, salvo o espantoso tormento que suportara até então em silêncio. A dor dos seus pés, obrigou-o a procurar apoio na parede para não cair de bruços. 

— Espera, Alícia — disse Hedge. 

Correu para junto do- ferido, passou-lhe um braço em torno da cintura e assim o conduziu, guiado pela jovem, ao aposento contíguo ao vestíbulo. Buchanan foi instalado num sofá e aliviado das suas velhas botas de «cowboy». Os seus pés eram uns repulsivos despojos. 

— Oh! — gemeu Alicia, condoída. 

Hedge afastou-a dali. 

— Eu o tratarei. Fá-lo-ei, porque te salvou a vida. Depois me contarás como. Agora, traz água quente, umas ligaduras e panos limpos. 

Ela obedeceu. Trouxe o que lhe pediam e em seguida Hedge pôs-se ao trabalho. Estancou a hemorragia, lavou as feridas e ligou os pés. Não podia fazer mais nada. Buchanan mantivera-se num aparente estado de inconsciência, mas, ao terminar a operação, recobrou plenamente os sentidos. Os seus olhos fitaram o rosto de Hedge. 

— Eu não sei agradecer estas coisas com palavras — declarou. E imediatamente acrescentou: — Ouça, creio que você não me é desconhecido. Já nos vimos em algum sítio. 

Hedge sorriu. 

— Não se preocupe, amigo. Pense em descansar. 

O olhar de Buchanan refletia uma enorme intranquilidade. 

—Não... eu queria... Onde está a menina Cheyne? 

Alicia aproximou-se deles. 

— Aqui. Tranquilize-se, Buchanan. Ninguém o incomodará enquanto permaneça nesta casa. 

— Não! Não! Não! — o homem sacudiu teimosamente a cabeça. — Não posso. Devo partir esta noite, agora mesmo! Consiga-me um cavalo, por favor. Se alguma coisa aprecia ter-lhe salvado a vida, arranje-me um cavalo. 

A jovem fitou-o com surpresa. 

— Não o compreendo, Buchanan. Dir-se-ia que a minha companhia lhe é desagradável. 

— A minha, a minha companhia é que é desagradável, senhora! Com mil diabos! Virão buscar-me dum momento a outro, e não quero que me encontrem aqui! 

— Quem virá buscá-lo? 

— A Justiça. 

— Pela morte do capataz de Carlton? 

— Nem pense nisso! Que interessa. o capataz de Carlton? — exclamou ele, com violência contida. — Está bem, acabemos. A senhora não sabe nem imagina quem eu sou, não lhe diz nada o meu nome. Mas eu sou procurado pela Justiça em Arizona, Novo México, Utah, Colorado, Texas e Kansas. Seis Estados! Como quadrilheiro, salteador de Bancos, ladrão de comboios, assassino. 

Houve um silêncio. 

— Para mim continua sendo a pessoa que me salvou a vida — declarou Alicia, serenamente. — Alguém a quem aprecio. Um amigo. A minha casa é sua. Pode aqui ficar. 

— Não ficarei — replicou Buchanan. 

O tom da sua voz suavizara-se, depois de ouvir a jovem. 

—A morte de Stone pôs-me em evidência na cidade. Em toda a parte se falará de mim e não tardará que alguém identifique ou reconheça o meu nome. Se não for outro, será o próprio xerife que o identificará. Sabem onde estou e o meu estado. Então... 

— Eu não abandono os meus amigos. Quem julga que tem na sua frente, Buchanan? Sou Alicia Cheyne! Possuo influência, dinheiro e poder! Nem o próprio xerife se atreverá a arrancá-lo daqui à força! Você ficará aqui, repito. No momento oportuno, eu o conduzirei a Nebrasca, a Missouri ou aonde quiser. Não falemos mais nisso. 

Hedge indicou, de repente: 

— Creio que bateram à porta. 

Alicia calou-se. No silêncio, ao cabo de alguns segundos, ressoou na porta do contíguo vestíbulo unia pancada de aldraba. Foi uma pancada estranha. Seca, única. Buchanan conteve a respiração. 

— Vêm à minha procura. 

Alícia tranquilizou-o com um gesto. 

— Não se mexa. Não entrarão, se eu lho não consentir. Prometo-lhe que não. Sei de sobra o que posso o que não posso conseguir em Dodge. 

Fez um sinal a Hedge e pediu: 

— Frank, cuida dele, que eu já volto. 

Saiu para o vestíbulo com passo firme e atravessou-o devagar. Correu o fecho da porta. Abriu. O homem que estava no umbral nada tinha que ver com á Justiça, ou pelo menos com a Justiça a que Buchanan se referira. Apesar do tempo, apesar de ele se ter convertido numa massa seca de nervos e músculos, queimada pelo sol, o fato acusar os estragos duma longa intempérie e do ódio e a morte se refletirem nos seus olhos cinzentos, Alicia reconheceu-o imediatamente. O passado caía sobre ela como um penedo. Perdeu o domínio de si própria. Recuou dois passos e levou as mãos à boca. Murmurou: 

— Johnny -Martin! 

Caminhando com um gato, Martin entrou e fechou a porta nas suas costas. A sua mão direita encontrava-se a uns centímetros da coronha do revólver. O seu terrível olhar inspecionou rapidamente o vestíbulo. 

— Alícia! 

Na sua voz adivinhava-se a incredulidade. Ela só pôde repëtir.so seu nome: 

— Johnny Martin! 

Ele acrescentou: 

— Com que então, esta casa é tua. De maneira que ele acabou por se esconder atrás das tuas saias. Bem, onde está ele? 

— Quem? 

— Hedge. Entrou nesta casa há uma hora. 

— Johnny, por piedade... 

— Onde está? 

— Não, Johnny, não! — exclamou Alicia. 

De repente, na sua fria e racional existência, voltava a desencadear-se a tragédia. O aspeto semelhante ao de um animal selvagem, que Martin apresentava, causava-lhe horror. 

— Não moverei um dedo para te deter prosseguiu — juro-te. Mas aqui, não… Na minha casa, não. 

Johnny replicou entre dentes: 

— Não é minha a culpa. Foi o destino que assim o quis. 

Era o destino que o colocava, inesperadamente, ao cabo de alguns anos, de novo na presença da pequena professora loura que inspirara os seus sonhos juvenis. Era também o destino que, no aposento contíguo, reunira Frank Hedge e Boyd Buchanan... 

Quando a porta da rua se abriu e no vestíbulo se ouviu o rumor de vozes, Hedge pusera-se de pé. O seu rosto exprimia um grande desassossego. O seu corpo adquirira de repente uma avassaladora tensão. 

Do sofá onde estava prostrado, com os nervos em ponta, Buchanan, por sua vez, escutava atentamente, procurando compreender aquela conversa, da qual talvez dependesse a sua vida. A única coisa que conseguiu perceber foi um nome, que Alicia pronunciava: «Johnny Martin». Mas agora aquele nome esclarecia-lhe muitas coisas. Pela sua mente embotada pela dor e pelo álcool que ingerira durante a tarde e noite, passaram as recordações antigas. Johnny Martin. Viu-o muito longe, no tempo e na distância. Em Paso, impassível, empunhando o seu «Colt» 45, de gatilho aperrado. «Apanhe o seu revólver, Buchanan, e vá-se embora. Boa sorte». Agora sabia também onde e quando conhecera o homem que acabava de tratar-lhe dos pés. Chamava-se Francis Canopus Hedge. Johnny Martin tinha com ele uma conta por ajustar. 

Olhou para Hedge. Mordeu os lábios. O jogador, encolhido, espreitava para o vestíbulo pela porta entreaberta que lhe dava comunicação. Respirava com dificuldade. Na mão direita, tinha o revólver aperrado. 

Buchanan pensou durante uma fração de segundo o que poderia fazer contra um homem que o tratara caritativamente. Em seguida viu que Hedge ia disparar à traição. Então ergueu-se sobre os seus desgraçados pés e atirou-se para a frente para o impedir. Chocou violentamente com Hedge e atirou-o para o lado. Mas os pés falharam-lhe. Caiu de joelhos, gemendo de dor. Viu sobre ele a cara do jogador, contraída pela cólera. 

— Miserável bandido! — gritou Hedge, furioso. 

Troou o revólver. Buchanan sentiu a feroz mordedura. Sentiu faltar-lhe o alento e que o solo se aproximava do seu rosto... O estampido do revólver pôs em movimento Johnny Martin que se lançou através do vestíbulo, em direção à porta, onde aquele acabava de soar. A sua vida inteira concentrava-se naquele instante. «Link — pensou. Tu estás comigo, Link». 

Abriu a porta com um pontapé, transpô-la arrojando-se ao chão em prancha. Hedge, que o esperava, disparou por cima da sua cabeça. Johnny sentiu vontade de rir. Passara dois anos nas silvestres margens do Rio Vermelho treinando-se para aquilo. A situação já não era a mesma que junto à mesa de jogo do «Mayflower Saloon». 

O «Colt» 45, de gatilho aperrado, saiu do coldre e vomitou chumbo. Os projéteis atingiram Hedge em cheio, sacudiram-no, levantaram-no do chão. Em seguida, caiu como um boneco amachucado. Seis balas o atingiram, e todas à altura do coração. Na sobrecasaca tinha apenas um, mas enorme buraco, donde o sangue saía a jorros. 

Johnny Martin, quando se levantou, lentamente, guardou o revólver; experimentava uma estranha sensação de vazio. Tudo se consumara. O mundo e as coisas que o rodeavam já não tinham significado. Francis Canopus Hedge morrera: 

— Eh— suspirou alguém. 

Johnny voltou-se e viu um homem estendido no chão. Olhava para ele e sorria. O seu sorriso era horrível. Dois fios de sangue deslizavam-lhe ao canto da boca. Demorou uns. segundos a reconhecê-lo. 

— O seu nome — disse — é Boyd Buchanan. 

Buchanan assentiu debilmente. 

— Lembre-se... a minha promessa... a voz convertera-se num longínquo sussurro. — Aquilo foi só o... principio... 

Johnny agarrou-lhe a mão rude. 

— Compreendo. Hedge ia matar-me à traição e você impediu-o. Morre por minha Causa, Buchanan. Isso é injusto. 

O quadrilheiro respirou com o ruído dum fole roto. 

— Martin... fez bem em não vir comigo para Kansas. Olhe. Acabo como todos... Sou um animal acossado... Tive de esconder-me durante meses no deserto... Passar... fome e sede... para nada... Não o faria, se tivesse de voltar ao princípio. Já só desejava... voltar ao Texas e acabar duma vez... 

— Você viveu a sua vida. 

— Isto não é viver... Siga o caminho direito, Martin. Jure-me que o seguirá. 

Johnny apertou a mão que tinha entre as suas e declarou: 

— Juro! 

Buchanan estremeceu dos pés à cabeça. Depois, murmurou: 

— Ela é... uma... grande mulher... 

Quando o quadrilheiro expirou, Johnny Martin pôs-se de pé e contemplou durante quase um minuto o miserável e ensanguentado cadáver de Hedge. «Não o faria, se tivesse de voltar ao princípio», dissera Buchanan. Agora tinha ele de voltar a começar uma vida falha de sen-. 

Encolheu desdenhosamente os ombros. Saiu para o vestíbulo. Não dedicou um simples olhar a Alicia, que se encontrava junto do candeeiro, imóvel como uma estátua. Atingiu a porta e desapareceu. 

Cá fora pôs-se a andar lentamente, com os polegares metidos no cinto, aspirando o ar da noite, até ao local onde deixara o cavalo. Voltou-se ao ouvir passos nas suas costas. Era Alicia. Parou quando ele o fez. 

— Volta para tua casa. 

— Não, Johnny. 

—Aonde vais?  

— Para onde tu vás. 

— Já é tarde — murmurou Johnny, cansado. — Creio... que perdemos a nossa única oportunidade. Volta para casa, Alicia. 

— Nunca é tarde — replicou ela. -- Tenho muito dinheiro, uma posição, prestígio, amizades, uma casa, interesses, negócios, diversões, urna vida completa. Renuncio a tudo por ti. Tu és o homem da minha vida, Johnny. Soube-o no dia em que te conheci no baile da Associação dós Ganadeiros, soube-o sempre, e não quero continuar a enganar-me a mim própria. És tu o homem da minha vida, repito, e não há outro no mundo. Insulta-me, maltrata-me, bate-me, mas seguir-te-ei. Se tiveres fome, tê-la-ei contigo, e serei feliz contigo, quando sejas feliz. Não poderás evitá-lo. 

Ele não respondeu. 

Fitou-a em silêncio, deu meia-volta e prosseguiu o seu caminho. Mas já não se opôs quando Alicia voltou a andar a seu lado. 

Depois, as suas mãos encontraram-se na sombra... 




F I M


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