Ed Sommers foi a primeira pessoa a vê-los. Pôs-se pálido e, depois, reagindo, deitou a correr pela rua acima até penetrar, como um furacão, no edifício da Companhia, dirigindo-se rapidamente para o gabinete em que se encontrava Archibald Delastone. Este, que estava a escrever tranquilamente, com um charuto entre os lábios, levantou a cabeça para olhar Sommers.
— Que aconteceu, Ed? — inquiriu, um tanto aborrecido pela brusca interrupção do outro.
— Os soldados, chefe! Estão aqui!
Archibald pôs-se de pé.
— Soldados?
— Sim, senhor. Chegaram muitos, pelo menos um batalhão. Estão a entrar na povoação.
— Maldição! — exclamou o outro. — Isto quer dizer que tiveram conhecimento do ocorrido com os colonos. Maldito índio! Nunca devia ter-lhe feito a vontade a esse ponto.
Permaneceu uns instantes em silêncio; depois, dirigindo-se a Ed, ordenou:
— Vai em busca do chefe dessas tropas e diz-lhe que espero que me dê a honra de se alojar em minha casa. Temos de nos antecipar aos acontecimentos, rapaz. Se não o fizermos, estaremos perdidos. Há que arranjar as coisas de forma a que tudo recaia sobre as cabeças desses «peles-vermelhas» que, pela primeira vez lograram meter-me num bom sarilho.
Ed abandonou o gabinete e, pouco depois, regressava em companhia de um homem alto, com galões de coronel, de rosto sério e olhar decidido. Os dois homens apertaram as mãos e Archibald, depois de convidar o recém-chegado a sentar-se, ordenou a Ed que lhes servisse refrescos ali mesmo. Após o seu homem de confiança sair, Archibald voltou-se, sorridente, para o comandante das tropas.
— O senhor nem sabe a alegria que a vossa chegada me causa! — exclamou, com tom hipócrita.
— Calculo, senhor Delastone, calculo. Nunca pensei que os «cheyennes» faltassem à sua palavra desta maneira. Estávamos seguros de que o tratado assinado por «Aguia Corredora» ia ser respeitado, permitindo-nos atravessar o estado do Colorado e chegar à Califórnia sem que ninguém nos importunasse. Isso foi um grande triunfo do major Lenver; mas, pelos vistos, ninguém pode fiar-se na palavra dos índios.
— Claro que não, coronel. Eu procurei tratá-los da melhor maneira. O senhor não tem mais do que deitar um olhar a tudo o que construi aqui, com grande esforço para colaborar com os colonos e procurar-lhes um lugar de descanso na longa caminhada que os leva ao Oeste. Também eu julguei estupidamente, que havia convencido os «cheyennes», pois consegui que me deixassem construir aqui esta pequena cidade que cresce a olhos vistos. Cumulei-os de presentes, coronel, enviei--lhes alimentos e remédios em grande quantidade e não medi gastos nem reparei em sacrifícios. Mas, infelizmente, é difícil chegar a convencê-los das nossas boas intenções e levá-los a enterrar, para sempre, o machado de guerra.
— Não se preocupe, senhor Delastone. Trago ordens especiais de Washington. O Governo não pode consentir que um grupo de índios falte de uma forma tão descarada a um tratado que eles mesmos assinaram. Arrepender-se-ão, acredite, de haverem faltado à sua palavra. Apenas vamos descansar aqui até que chegue a noite; e depois, com todas as minhas forças, atravessarei o Arkansas River para atacar a aldeia «cheyenne». É lamentável que tenha de fazer isto, mas não há outro remédio. Tenho de pensar também naqueles pobres colonos, cujos cadáveres, horrivelmente torturados, foram recolhidos nos caminhos que levam às montanhas.
— Se precisar algo de mim, coronel...
— Obrigado, senhor Delastone. As minhas tropas tiveram um acolhimento maravilhoso nesta povoação que o senhor fundou. Mas, perdoe, ainda não me apresentei Sou o coronel Warner, do Nono de Cavalaria.
— Encantado, coronel Warner. O senhor já conhece o meu nome.
— Sim. É mais conhecido do que imagina, senhor Delastone. Além disso — acrescentou o militar, sorrindo, — chegaram até mim os rumores da admiração que se tributa pelo grande trabalho que o senhor fez neste afastado lugar. São os homens como o senhor, meu amigo, que abrem o caminho a uma civilização que, custe o que custar, acabará por chegar aos confins desta maravilhosa terra que Deus pôs ao nosso alcance.
— É para mim uma honra defender a bandeira da minha pátria, coronel.
— Calculo. Agora, meu amigo, permita-me que me retire. Há muito que fazer e tenho de me reunir com os meus oficiais para preparar o ataque que levaremos a cabo esta noite. Pode ficar tranquilo. A passagem das caravanas não voltará a encontrar os obstáculos dessas agressões horríveis e, além disso, converteremos este estado num território civilizado, onde homens honestos e dispostos a trabalhar tenham a garantia de urna vida tranquila e próspera.
— Posso fazer-lhe uma pergunta, coronel Warner?
— As que quiser, senhor Delastone.
— Como foi que o senhor soube que os índios tinham atacado as caravanas?
— Por uma verdadeira casualidade — retorquiu o militar. — Ao princípio, algumas das minhas patrulhas, que enviei diretamente para os montanhas, sem passarem por aqui, encontraram vestígios de cavalos ferrados. Mas numa dessas vezes um dos meus oficiais teve a sorte de encontrar um pobre desgraçado, em plena agonia, mas com a força suficiente para dizer a verdade; e foi assim que soubemos que eram os «cheyennes» os autores de tão espantosos atentados.
— Foi uma casualidade, não, há dúvida. Bem, desejo-lhe muita sorte.
— Obrigado.
O coronel abandonou o gabinete e Archibald, com um sorriso de triunfo, esfregou as mãos.
Depois, franzindo o sobrolho de repente, pensou na rapariga que havia encerrado numa das dependências do «saloon». Precisava de ter muito cuidado e de evitar, fosse como fosse, que aquela jovem imprudente pudesse escapar e comunicar aos militares as circunstâncias estranhas da sua captura.
Quanto ao jovem «cheyenne» que havia matado dois dos seus homens, Archibald pensava que, tal como «Nariz Achatado» lhe comunicara por «Pena Vermelha», «Raposa Astuta» lhe havia dado caça e acabado com ele para sempre.
Tudo seguia de vento em popa e Archibald não tinha nada que o preocupasse. Esperaria que os militares abandonassem a povoação e depois falaria melhor com aquela encantadora jovem que, ao fim e ao cabo, utilizando «poderosas persuasões», podia querer ficar por Pueblo e, quem sabe?, converter-se na amiga íntima do poderoso Archibald Delastone.
— Que aconteceu, Ed? — inquiriu, um tanto aborrecido pela brusca interrupção do outro.
— Os soldados, chefe! Estão aqui!
Archibald pôs-se de pé.
— Soldados?
— Sim, senhor. Chegaram muitos, pelo menos um batalhão. Estão a entrar na povoação.
— Maldição! — exclamou o outro. — Isto quer dizer que tiveram conhecimento do ocorrido com os colonos. Maldito índio! Nunca devia ter-lhe feito a vontade a esse ponto.
Permaneceu uns instantes em silêncio; depois, dirigindo-se a Ed, ordenou:
— Vai em busca do chefe dessas tropas e diz-lhe que espero que me dê a honra de se alojar em minha casa. Temos de nos antecipar aos acontecimentos, rapaz. Se não o fizermos, estaremos perdidos. Há que arranjar as coisas de forma a que tudo recaia sobre as cabeças desses «peles-vermelhas» que, pela primeira vez lograram meter-me num bom sarilho.
Ed abandonou o gabinete e, pouco depois, regressava em companhia de um homem alto, com galões de coronel, de rosto sério e olhar decidido. Os dois homens apertaram as mãos e Archibald, depois de convidar o recém-chegado a sentar-se, ordenou a Ed que lhes servisse refrescos ali mesmo. Após o seu homem de confiança sair, Archibald voltou-se, sorridente, para o comandante das tropas.
— O senhor nem sabe a alegria que a vossa chegada me causa! — exclamou, com tom hipócrita.
— Calculo, senhor Delastone, calculo. Nunca pensei que os «cheyennes» faltassem à sua palavra desta maneira. Estávamos seguros de que o tratado assinado por «Aguia Corredora» ia ser respeitado, permitindo-nos atravessar o estado do Colorado e chegar à Califórnia sem que ninguém nos importunasse. Isso foi um grande triunfo do major Lenver; mas, pelos vistos, ninguém pode fiar-se na palavra dos índios.
— Claro que não, coronel. Eu procurei tratá-los da melhor maneira. O senhor não tem mais do que deitar um olhar a tudo o que construi aqui, com grande esforço para colaborar com os colonos e procurar-lhes um lugar de descanso na longa caminhada que os leva ao Oeste. Também eu julguei estupidamente, que havia convencido os «cheyennes», pois consegui que me deixassem construir aqui esta pequena cidade que cresce a olhos vistos. Cumulei-os de presentes, coronel, enviei--lhes alimentos e remédios em grande quantidade e não medi gastos nem reparei em sacrifícios. Mas, infelizmente, é difícil chegar a convencê-los das nossas boas intenções e levá-los a enterrar, para sempre, o machado de guerra.
— Não se preocupe, senhor Delastone. Trago ordens especiais de Washington. O Governo não pode consentir que um grupo de índios falte de uma forma tão descarada a um tratado que eles mesmos assinaram. Arrepender-se-ão, acredite, de haverem faltado à sua palavra. Apenas vamos descansar aqui até que chegue a noite; e depois, com todas as minhas forças, atravessarei o Arkansas River para atacar a aldeia «cheyenne». É lamentável que tenha de fazer isto, mas não há outro remédio. Tenho de pensar também naqueles pobres colonos, cujos cadáveres, horrivelmente torturados, foram recolhidos nos caminhos que levam às montanhas.
— Se precisar algo de mim, coronel...
— Obrigado, senhor Delastone. As minhas tropas tiveram um acolhimento maravilhoso nesta povoação que o senhor fundou. Mas, perdoe, ainda não me apresentei Sou o coronel Warner, do Nono de Cavalaria.
— Encantado, coronel Warner. O senhor já conhece o meu nome.
— Sim. É mais conhecido do que imagina, senhor Delastone. Além disso — acrescentou o militar, sorrindo, — chegaram até mim os rumores da admiração que se tributa pelo grande trabalho que o senhor fez neste afastado lugar. São os homens como o senhor, meu amigo, que abrem o caminho a uma civilização que, custe o que custar, acabará por chegar aos confins desta maravilhosa terra que Deus pôs ao nosso alcance.
— É para mim uma honra defender a bandeira da minha pátria, coronel.
— Calculo. Agora, meu amigo, permita-me que me retire. Há muito que fazer e tenho de me reunir com os meus oficiais para preparar o ataque que levaremos a cabo esta noite. Pode ficar tranquilo. A passagem das caravanas não voltará a encontrar os obstáculos dessas agressões horríveis e, além disso, converteremos este estado num território civilizado, onde homens honestos e dispostos a trabalhar tenham a garantia de urna vida tranquila e próspera.
— Posso fazer-lhe uma pergunta, coronel Warner?
— As que quiser, senhor Delastone.
— Como foi que o senhor soube que os índios tinham atacado as caravanas?
— Por uma verdadeira casualidade — retorquiu o militar. — Ao princípio, algumas das minhas patrulhas, que enviei diretamente para os montanhas, sem passarem por aqui, encontraram vestígios de cavalos ferrados. Mas numa dessas vezes um dos meus oficiais teve a sorte de encontrar um pobre desgraçado, em plena agonia, mas com a força suficiente para dizer a verdade; e foi assim que soubemos que eram os «cheyennes» os autores de tão espantosos atentados.
— Foi uma casualidade, não, há dúvida. Bem, desejo-lhe muita sorte.
— Obrigado.
O coronel abandonou o gabinete e Archibald, com um sorriso de triunfo, esfregou as mãos.
Depois, franzindo o sobrolho de repente, pensou na rapariga que havia encerrado numa das dependências do «saloon». Precisava de ter muito cuidado e de evitar, fosse como fosse, que aquela jovem imprudente pudesse escapar e comunicar aos militares as circunstâncias estranhas da sua captura.
Quanto ao jovem «cheyenne» que havia matado dois dos seus homens, Archibald pensava que, tal como «Nariz Achatado» lhe comunicara por «Pena Vermelha», «Raposa Astuta» lhe havia dado caça e acabado com ele para sempre.
Tudo seguia de vento em popa e Archibald não tinha nada que o preocupasse. Esperaria que os militares abandonassem a povoação e depois falaria melhor com aquela encantadora jovem que, ao fim e ao cabo, utilizando «poderosas persuasões», podia querer ficar por Pueblo e, quem sabe?, converter-se na amiga íntima do poderoso Archibald Delastone.
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