Pecos era uma cidade poeirenta e escandalosa, uma cidade sem lei nem ordem, onde só imperava a razão do mais forte. As suas ruas estavam sempre cheias de gente de todas as espécies, raças e classes sociais: vaqueiros, jogadores, aventureiros, mexicanos, foragidos, etc.
Joyce não pôde evitar a má impressão que a cidade lhe causou. Um pouco confusa, olhava à sua volta como se estivesse vivendo um sonho. Eddie, sorridente, perguntou-lhe:
—E a primeira vez que vens a Pecos?
Ela assentiu.
—Não conhecia outra cidade a não ser Hondo. E o senhor?
—Já estive várias vezes em Pecos.
Joyce fez estacar o seu cavalo. Depois de olhar em redor mais unia vez, acabou por dizer:
— Temos que saber onde se encontra Jeff Winters. Talvez o sheriff saiba.
Eddie não pôde evitar rir, por um instante.
—O sheriff? Escuta. Nesta cidade, sheriff é um título que existe, mas nada representa para a pessoa que o usa. Apanha-se o mais desgraçado, põe-se-lhe uma estrela no peito e é como se faz a sua nomeação. Então, o eleito limita-se a emborrachar-se nó saloon; esta é a única ocupação se quer conservar o título, e viver muitos anos...
— Então, que havemos de fazer?
— Se Winters está em Pecos, só há um lugar onde ele se poderá encontrar: o saloon de Mamie Decker.
Joyce olhou surpreendida para o companheiro.
— Como sabe isso? Também conhece o Jeff?
Eddie confirmou.
—Sim, muito bem. Há anos que nos conhecemos e precisamente nesta cidade. Depois, de longe em longe é que nos víamos.
—Por que não mo disse até agora? —perguntou Joyce aborrecida.
— É difícil dizer seja o que for a quem mal entreabre os lábios—respondeu Eddie com frieza. — Durante os seis dias que levámos de Hondo a Pecos só te ouvi três ou quatro vezes sim e outras tantas, não. E eu não tenho por hábito falar com quem não dá resposta.
Após um breve silêncio a rapariga sussurrou:
—Bem; vamos então aonde o senhor indicou.
O saloon era bastante espaçoso e com pretensões. O seu interior estava decorado com certo gosto e adivinhava-se facilmente que era negócio próspero. A clientela era abundante e gastava muito.
Eddie e Joyce abriram caminho por entre a gente. Junto ao balcão, falando com um dos criados, estava uma mulher ruiva de beleza incendiária. Teria uns trinta anos e trazia um vestido de cetim vermelho muito justo ao corpo, realçando as suas linhas exuberantes.
—Olá, Mamie — saudou Eddie ao chegar junto dela.
A mulher voltou rapidamente a cabeça. Ao ver o jovem os seus olhos azuis brilharam de alegria, e aquela boca, muito vermelha, abriu-se num franco sorriso.
— Mas, é Eddie Parker! — exclamou. - Onde te meteste durante todos estes anos, rapaz? Já pensava que alguém te teria tombado com um tiro. Mas, não, não há ninguém que possa contigo, não é verdade? Não calculas quanta alegria me dás por te ver novamente.
— Eu também quero celebrar esta visita dizendo sem favor, que continuas tão bonita como dantes. Marcha bem o negócio?
—Não me posso queixar. Mas daria alguma coisa para que voltassem os velhos tempos, quando nos conhecemos.
Engoliu em seco ao ver Joyce. Dirigindo a Eddie um olhar interrogante, apontou para a rapariga.
— Quem é?
—Uma amiga. Não te preocupes. Ouve, Mamie; preciso de falar imediatamente com Jeff Winters.
A ruiva pôs-se imediatamente na defensiva.
— A Jeff? E porque o vens procurar aqui?
—Olha, Mamie; é inútil que simules comigo. Há anos que nos conhecemos e que sei estar Jeff em tua casa. Recorda que não vim agora do berço.
Mamie voltou a rir.
—Diz-mo a mim. Tu e o Jeff nasceram já a dar tiros... Bom, tu ganhaste. Podes encontrá-lo lá em cima. A última porta do corredor. Espero que não venhas arranjar discussão.
Eddie deu uma carinhosa palmada na face da mulher.
—Tu entendes disto, Mamie, e sabes que para haver luta é preciso haver dois que a queiram.
Começou a subir as escadas que conduziam ao andar superior, seguido por Joyce.
—Não gosto desta mulher —comentou.
— Porquê? — perguntou Eddie. —Não é pior que as outras.
Joyce fincou os lábios e não voltou a falar até chegarem ao corredor.
—O senhor e o Jeff são mesmo amigos, não é verdade?
— Conhecidos, nada mais. Já to tinha dito. No passado tivemos alguns contactos.
—Também teve contactos com Mamie? —perguntou ela com vivacidade.
—Sim, também com Mamie. E o mesmo te poderia responder Jeff.
Tinham chegado frente à última porta do corredor. Eddie agarrou o puxador com a mão esquerda e, com um movimento brusco, abriu a porta de par em par.
Na frente deles via-se uma habitação ampla e decorada com o estilo e gosto que por toda a casa se via. Frente a uma cómoda penteando-se ao espelho, estava um homem em mangas de camisa. Era alto e esbelto, de cabelos ruivos e usava um fino bigode. As suas feições, demasiado perfeitas, quase pareciam mal num homem. No seu semblante, ligeiramente bronzeado, brilhavam uns olhos azuis, frios e cínicos. Vestia camisa branca, e calça justa e vincada, cor café com leite, por sobre as quais assomavam umas finas, botas do Texas providas de esporas de oiro. Tudo isto foi visto num instante, duma só olhadela, porque o homem, que teria talvez trinta anos, ao ver que a porta se abria bruscamente dirigiu-lhes um breve olhar e logo, velozmente, se precipitou para a cadeira que estava no outro lado da habitação.
Eddie, rapidamente, viu que sobre ela estava uma cartucheira com um revólver. Ágil como um felino, percorreu a distância que o separava da cadeira, apoderando-se da cartucheira e do revólver um segundo antes que o outro. Depois, ambos ficaram frente a frente e olharam--se com um sorriso de desconfiança.
— É assim que recebes um velho amigo, Jeff? — perguntou Eddie ironicamente.
Winters respondeu meneando a cabeça.
—Sabes bem que o facto de eu estar sem revólver é corno se estivesse nu—respondeu no mesmo tom. — E ninguém gosta de receber as visitas dós amigos sem estar completamente vestido.
Eddie brincou um pouco com a cartucheira do outro.
—De qualquer modo, continuarei tendo nas minhas mãos as tuas teças de vestir.
Winters dirigiu um olhar a Joyce que continuava de pé junto à porta e murmurou:
—Entra, rapariga. Não fiques aí parada. Sabes que sempre me aborreceram as correntes de ar.
A rapariga que tinha o rosto desfigurado, fechou a porta com violência. Winters dirigiu-se para uma mesa e, pegando num cigarro que tirou duma caixa, acendeu-o. Depois, deixou-se cair num sofá.
—Vejo que continuas aficionado da boa vida—comentou Eddie.
O outro expeliu uma fumaça espessa e aromática, e cruzou as pernas.
—Por que não? Sempre te disse que é um estúpido aquele que não aproveita o sentimentalismo das mulheres.
Joyce deu um passo em frente; os seus olhos pareciam lançar chamas.
—Canalha! —exclamou com todo o ódio.
Eddie dirigiu-lhe uma olhadela plena de interesse. Winters limitou-se a continuar fumando.
—De modo que tu e a pequena Joyce formam agora par. Não é má ideia, mas receio que tenhas chegado tarde. Ou será que te sentes altruísta?
— Parece-me, Jeff, que julgas os outros por ti. Imagino que agora a tua vítima é Mamie. Mas não esqueças que os outros não utilizam os mesmos métodos.
Winters deu uma gargalhada.
—Vamos, Eddie; não te faças moralista. Lembra-te que nos conhecemos de há muitos anos. Se andas com a pequena Joyce, é porque algum proveito tiras dela.
A rapariga, lívida, deu um passo e desferiu uma bofetada enérgica em pleno rosto de Winters. Este, com os olhos reluzentes, ergueu-se subitamente e atingiu a face da rapariga com tal força que a derrubou. Ia na sua direção para continuar a bater quando Eddie se cruzou no seu caminho e lhe despediu um tremendo murro no maxilar.
Winters caiu desamparado para trás e foi embater com um vidro que se estilhaçou, derrubando a cómoda e partindo todos os objetos de vidro e porcelana que a enfeitavam. Recobrou o equilíbrio e, cego de furor, arrojou-se contra o jovem. Mas este deteve-o com novo golpe na boca e, de seguida, encurralou-o atingindo o corpo do antagonista e o rosto com ambos os punhos.
Durante uns momentos, ambos se afastaram pelo esforço da luta. Mas finalmente Eddie conseguiu acertar um direto ao estômago que fez o outro dobrar-se sobre si. Então, o punho direito, com urna dureza irresistível, atingiu-o em cheio no maxilar.
Winters caiu como um boneco desarticulado, sobre a cama. Durante uns segundos ficou imóvel. Depois, com grande dificuldade, conseguiu atingir um sofá onde se deixou cair limpando o sangue da boca com um lenço. Quando olhou para Eddie na sua frente, os cabelos caíam-lhe sobre a testa.
— Sempre foste mais forte do que eu. Não posso contigo em luta a murro, mas com o revólver na mão ficavas estendido antes de tocar no gatilho.
—Ainda não deixaste de ser um fanfarrão—respondeu Eddie com certo desprezo. —E oxalá que nunca chegue para ti o dia em que tenhamos de lutar a tiro. Então veríamos quem dos dois é mais rápido.
—Na minha culatra tenho doze entalhes. Quantos tem a tua?
—Onze.
—Não é uma prova da minha superioridade?
Eddie não respondeu. Joyce já se tinha levantado e olhava os dois homens sem proferir palavra.
—Quem vos disse que eu estava em Pecos?
— Mickey Hill — respondeu Joyce.
Winters franziu o sobrolho.
—Hill? Não é dos que dão à língua. Ê...
— Era — retificou Eddie.
E, perante o olhar interrogante de Winters, acrescentou:
— Com ele fiz o meu entalhe número onze.
Joyce não pôde evitar a má impressão que a cidade lhe causou. Um pouco confusa, olhava à sua volta como se estivesse vivendo um sonho. Eddie, sorridente, perguntou-lhe:
—E a primeira vez que vens a Pecos?
Ela assentiu.
—Não conhecia outra cidade a não ser Hondo. E o senhor?
—Já estive várias vezes em Pecos.
Joyce fez estacar o seu cavalo. Depois de olhar em redor mais unia vez, acabou por dizer:
— Temos que saber onde se encontra Jeff Winters. Talvez o sheriff saiba.
Eddie não pôde evitar rir, por um instante.
—O sheriff? Escuta. Nesta cidade, sheriff é um título que existe, mas nada representa para a pessoa que o usa. Apanha-se o mais desgraçado, põe-se-lhe uma estrela no peito e é como se faz a sua nomeação. Então, o eleito limita-se a emborrachar-se nó saloon; esta é a única ocupação se quer conservar o título, e viver muitos anos...
— Então, que havemos de fazer?
— Se Winters está em Pecos, só há um lugar onde ele se poderá encontrar: o saloon de Mamie Decker.
Joyce olhou surpreendida para o companheiro.
— Como sabe isso? Também conhece o Jeff?
Eddie confirmou.
—Sim, muito bem. Há anos que nos conhecemos e precisamente nesta cidade. Depois, de longe em longe é que nos víamos.
—Por que não mo disse até agora? —perguntou Joyce aborrecida.
— É difícil dizer seja o que for a quem mal entreabre os lábios—respondeu Eddie com frieza. — Durante os seis dias que levámos de Hondo a Pecos só te ouvi três ou quatro vezes sim e outras tantas, não. E eu não tenho por hábito falar com quem não dá resposta.
Após um breve silêncio a rapariga sussurrou:
—Bem; vamos então aonde o senhor indicou.
O saloon era bastante espaçoso e com pretensões. O seu interior estava decorado com certo gosto e adivinhava-se facilmente que era negócio próspero. A clientela era abundante e gastava muito.
Eddie e Joyce abriram caminho por entre a gente. Junto ao balcão, falando com um dos criados, estava uma mulher ruiva de beleza incendiária. Teria uns trinta anos e trazia um vestido de cetim vermelho muito justo ao corpo, realçando as suas linhas exuberantes.
—Olá, Mamie — saudou Eddie ao chegar junto dela.
A mulher voltou rapidamente a cabeça. Ao ver o jovem os seus olhos azuis brilharam de alegria, e aquela boca, muito vermelha, abriu-se num franco sorriso.
— Mas, é Eddie Parker! — exclamou. - Onde te meteste durante todos estes anos, rapaz? Já pensava que alguém te teria tombado com um tiro. Mas, não, não há ninguém que possa contigo, não é verdade? Não calculas quanta alegria me dás por te ver novamente.
— Eu também quero celebrar esta visita dizendo sem favor, que continuas tão bonita como dantes. Marcha bem o negócio?
—Não me posso queixar. Mas daria alguma coisa para que voltassem os velhos tempos, quando nos conhecemos.
Engoliu em seco ao ver Joyce. Dirigindo a Eddie um olhar interrogante, apontou para a rapariga.
— Quem é?
—Uma amiga. Não te preocupes. Ouve, Mamie; preciso de falar imediatamente com Jeff Winters.
A ruiva pôs-se imediatamente na defensiva.
— A Jeff? E porque o vens procurar aqui?
—Olha, Mamie; é inútil que simules comigo. Há anos que nos conhecemos e que sei estar Jeff em tua casa. Recorda que não vim agora do berço.
Mamie voltou a rir.
—Diz-mo a mim. Tu e o Jeff nasceram já a dar tiros... Bom, tu ganhaste. Podes encontrá-lo lá em cima. A última porta do corredor. Espero que não venhas arranjar discussão.
Eddie deu uma carinhosa palmada na face da mulher.
—Tu entendes disto, Mamie, e sabes que para haver luta é preciso haver dois que a queiram.
Começou a subir as escadas que conduziam ao andar superior, seguido por Joyce.
—Não gosto desta mulher —comentou.
— Porquê? — perguntou Eddie. —Não é pior que as outras.
Joyce fincou os lábios e não voltou a falar até chegarem ao corredor.
—O senhor e o Jeff são mesmo amigos, não é verdade?
— Conhecidos, nada mais. Já to tinha dito. No passado tivemos alguns contactos.
—Também teve contactos com Mamie? —perguntou ela com vivacidade.
—Sim, também com Mamie. E o mesmo te poderia responder Jeff.
Tinham chegado frente à última porta do corredor. Eddie agarrou o puxador com a mão esquerda e, com um movimento brusco, abriu a porta de par em par.
Na frente deles via-se uma habitação ampla e decorada com o estilo e gosto que por toda a casa se via. Frente a uma cómoda penteando-se ao espelho, estava um homem em mangas de camisa. Era alto e esbelto, de cabelos ruivos e usava um fino bigode. As suas feições, demasiado perfeitas, quase pareciam mal num homem. No seu semblante, ligeiramente bronzeado, brilhavam uns olhos azuis, frios e cínicos. Vestia camisa branca, e calça justa e vincada, cor café com leite, por sobre as quais assomavam umas finas, botas do Texas providas de esporas de oiro. Tudo isto foi visto num instante, duma só olhadela, porque o homem, que teria talvez trinta anos, ao ver que a porta se abria bruscamente dirigiu-lhes um breve olhar e logo, velozmente, se precipitou para a cadeira que estava no outro lado da habitação.
Eddie, rapidamente, viu que sobre ela estava uma cartucheira com um revólver. Ágil como um felino, percorreu a distância que o separava da cadeira, apoderando-se da cartucheira e do revólver um segundo antes que o outro. Depois, ambos ficaram frente a frente e olharam--se com um sorriso de desconfiança.
— É assim que recebes um velho amigo, Jeff? — perguntou Eddie ironicamente.
Winters respondeu meneando a cabeça.
—Sabes bem que o facto de eu estar sem revólver é corno se estivesse nu—respondeu no mesmo tom. — E ninguém gosta de receber as visitas dós amigos sem estar completamente vestido.
Eddie brincou um pouco com a cartucheira do outro.
—De qualquer modo, continuarei tendo nas minhas mãos as tuas teças de vestir.
Winters dirigiu um olhar a Joyce que continuava de pé junto à porta e murmurou:
—Entra, rapariga. Não fiques aí parada. Sabes que sempre me aborreceram as correntes de ar.
A rapariga que tinha o rosto desfigurado, fechou a porta com violência. Winters dirigiu-se para uma mesa e, pegando num cigarro que tirou duma caixa, acendeu-o. Depois, deixou-se cair num sofá.
—Vejo que continuas aficionado da boa vida—comentou Eddie.
O outro expeliu uma fumaça espessa e aromática, e cruzou as pernas.
—Por que não? Sempre te disse que é um estúpido aquele que não aproveita o sentimentalismo das mulheres.
Joyce deu um passo em frente; os seus olhos pareciam lançar chamas.
—Canalha! —exclamou com todo o ódio.
Eddie dirigiu-lhe uma olhadela plena de interesse. Winters limitou-se a continuar fumando.
—De modo que tu e a pequena Joyce formam agora par. Não é má ideia, mas receio que tenhas chegado tarde. Ou será que te sentes altruísta?
— Parece-me, Jeff, que julgas os outros por ti. Imagino que agora a tua vítima é Mamie. Mas não esqueças que os outros não utilizam os mesmos métodos.
Winters deu uma gargalhada.
—Vamos, Eddie; não te faças moralista. Lembra-te que nos conhecemos de há muitos anos. Se andas com a pequena Joyce, é porque algum proveito tiras dela.
A rapariga, lívida, deu um passo e desferiu uma bofetada enérgica em pleno rosto de Winters. Este, com os olhos reluzentes, ergueu-se subitamente e atingiu a face da rapariga com tal força que a derrubou. Ia na sua direção para continuar a bater quando Eddie se cruzou no seu caminho e lhe despediu um tremendo murro no maxilar.
Winters caiu desamparado para trás e foi embater com um vidro que se estilhaçou, derrubando a cómoda e partindo todos os objetos de vidro e porcelana que a enfeitavam. Recobrou o equilíbrio e, cego de furor, arrojou-se contra o jovem. Mas este deteve-o com novo golpe na boca e, de seguida, encurralou-o atingindo o corpo do antagonista e o rosto com ambos os punhos.
Durante uns momentos, ambos se afastaram pelo esforço da luta. Mas finalmente Eddie conseguiu acertar um direto ao estômago que fez o outro dobrar-se sobre si. Então, o punho direito, com urna dureza irresistível, atingiu-o em cheio no maxilar.
Winters caiu como um boneco desarticulado, sobre a cama. Durante uns segundos ficou imóvel. Depois, com grande dificuldade, conseguiu atingir um sofá onde se deixou cair limpando o sangue da boca com um lenço. Quando olhou para Eddie na sua frente, os cabelos caíam-lhe sobre a testa.
— Sempre foste mais forte do que eu. Não posso contigo em luta a murro, mas com o revólver na mão ficavas estendido antes de tocar no gatilho.
—Ainda não deixaste de ser um fanfarrão—respondeu Eddie com certo desprezo. —E oxalá que nunca chegue para ti o dia em que tenhamos de lutar a tiro. Então veríamos quem dos dois é mais rápido.
—Na minha culatra tenho doze entalhes. Quantos tem a tua?
—Onze.
—Não é uma prova da minha superioridade?
Eddie não respondeu. Joyce já se tinha levantado e olhava os dois homens sem proferir palavra.
—Quem vos disse que eu estava em Pecos?
— Mickey Hill — respondeu Joyce.
Winters franziu o sobrolho.
—Hill? Não é dos que dão à língua. Ê...
— Era — retificou Eddie.
E, perante o olhar interrogante de Winters, acrescentou:
— Com ele fiz o meu entalhe número onze.
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