Todos permaneceram imóveis, surpreendidos pela rapidez com que os acontecimentos se tinham desenrolado. Olhavam para Eddie que, no meio da rua, com as pernas muito abertas e empunhando o revólver, observava friamente os companheiros de Hill.
—Algum de vocês sente vontade de vingar Mickey? — perguntou com voz calma, em que havia uma nota irónica.
Ninguém moveu os lábios. Eddie teve um gesto de desprezo, encaminhando-se depois para junto de Joyce. Esta continuava ainda muito pálida e parecia estar meio inconsciente.
—Vamos. Parece que em Hondo têm medo de brincar com as pistolas.
Naquele momento, do outro extremo da rua, chegou correndo um homem de estatura média já de certa idade. Na lapela luzia a estrela de sheriff. Estava a suar e parecia preocupado. Parou a uns passos do grupo e fitou o cadáver de Hill com o olhos muito abertos.
— Que foi isto, aqui? —inquiriu.
— Já está vendo—respondeu Eddie. — Esse tipo queria atingir-me pelas costas, mas eu fui mais rápido.
O sheriff puxou dum lenço e enxugou o suor que lhe escorria pela testa.
— Mas qual foi o motivo da luta?
— Fizeram-lhe algumas perguntas e ele mostrou--se muito grosseiro — explicou Eddie. —Então, decidi dar-lhe uma lição apropriada sobre as boas maneiras. Pelos vistos não gostou, pois, conforme disse, quis matar-me pelas costas.
O sheriff franziu a testa.
—E o senhor, quem é?
O jovem, lentamente, arrastando, as palavras, disse:
— Chamo-me Parker.
O sheriff e os demais trocaram um olhar de surpresa. Então o primeiro decidiu esclarecer:
—Eddie Parker?
O jovem disse que sim.
—É verdade.
Alguns dos amigos de Hill respiraram fundo. Pareciam dar graças ao céu por não lhes ter passado pela cabeça intervir, na contenda. Os curiosos começaram a falar entre si, excitados e em voz baixa.
—Bom—murmurou o sheriff, embora indeciso. —Não há razão para pôr em dúvida as suas palavras. Se as coisas correram como o senhor diz, Parker, a verdade é que não encontro motivo para o considerar culpado. Sei que qualquer um tem direito à sua própria defesa.
O jovem sorriu divertido.
—E se eu não fosse precisamente Eddie Parker teria também direito à defesa própria?
O sheriff ficou vermelho até à raiz dos cabelos. Profundamente perturbado, disse a custo:
—Não sei a que se refere...
— De qualquer modo, é indiferente—disse Eddie. — Suponho que estou livre e posso partir, não é isto?
—Absolutamente—apressou-se a indicar o outro. —Repito que não vejo motivo para o incriminar.
Eddie deu o braço a Joyce e ambos se afastaram, rua abaixo. Um dos curiosos disse em surdina para o que estava ao lado:
—Já ouvi falar muitas vezes de Eddie Parker. Não é um pistoleiro?
— Se é! E um dos mais rápidos que jamais existiram. Por que imaginas que todos os outros e o sheriff ficaram tão quietos?
Eddie e Joyce andaram um bom bocado sem proferir palavra. Ao passar junto dum restaurante mexicano, o jovem disse, então:
—Vamos entrar nesta casa. Não é muito limpa, mas come-se bastante bem.
Ocuparam uma das mesas, no que se chamava por aqueles sítios um restaurante. A sala, nada limpa, era bastante pequena. Um mexicano moreno e delgado serviu-lhes comida. Passado tempo é que Joyce quebrou o silêncio que até ali mantivera. Olhou Eddie com um olhar em que se adivinhava toda a surpresa que ainda vibrava no seu ser, e murmurou:
—Por que fez aquilo?
Eddie deixou o talher no prato.
— Que foi que eu fiz?
— Sabe muito bem ao que eu me refiro.
Ele sorriu.
—Sim, sei ao que te referes. Mas vai ser difícil dar-te uma resposta.
— Porquê?
Eddie afastou o prato que tinha na sua frente e apoiou os cotovelos sobre a mesa.
—Tu podes explicar todos os motivos que te levam a agir na vida? Refiro-me a que por vezes sentimos o impulso de fazer alguma coisa, sem se saber exatamente onde está a razão disso. Senti desejo de intervir e ajudar-te e agi nesse sentido. Ê tudo quanto te posso dizer.
Joyce desviou o olhar.
—Mas eu não tinha pedido ajuda.
— Ah, não. Tu és daquelas que nunca pedem ajuda. Não o pedirias ainda que estivesses no inferno e o fogo te queimasse as plantas dos pés.
Joyce sorriu graciosamente.
—De qualquer modo, obrigada pela sua ajuda.
Eddie arqueou as sobrancelhas.
— Que aconteceu? Estás a delirar?
A rapariga dirigiu-lhe um olhar fulminante e pôs-se de pé.
— Vou-me embora.
—Senta-te—ordenou Eddie com súbita dureza.
Joyce engoliu em seco e olhou assombrada para o homem. Nos olhos deste havia um brilho autoritário e enérgico.
—Disse para te sentares—repetiu no mesmo tom.
Ela pareceu hesitar uns instantes, mas logo voltou a ocupar a cadeira. Como se nada se tivesse passado, Eddie disse com suavidade:
—Agora é necessário que vamos procurar um cavalo para ti.
—Um cavalo?
—Claro. Já sabemos onde está o teu pai e Jeff Winters. Não vais pensar que o meu cavalo vai novamente aguentar com os dois, pois não?
Joyce mordeu o lábio inferior.
—Então o senhor pensa vir comigo a Pecos?
—Naturalmente.
Joyce mexeu-se inquieta na sua cadeira. De súbito; exclamou:
—Escute, Parker: não consigo entender por que o senhor está a fazer tudo isto por mim. É natural que me ajudasse a sair do deserto quando me encontrou. Mas não entendo que razões o levaram a defender-me de Mickey Hill e agora quer arriscar-se numa aventura que pode resultar perigosa.
Eddie sorriu ligeiramente.
—Não esforces a tua cabecinha querendo averiguar os motivos que eu possa ter para fazer as coisas. Já te disse que tudo isto me diverte. E parece-me bem que já cheguei a um ponto da vida em que só a diversão me interessa.
A rapariga desviou o olhar e ficou pensativa por instantes.
—Mas o senhor nem sequer sabe para que ando à procura, do meu pai e Jeff Winters. Poderá ser algo de mau o que me leva a isso.
Eddie riu baixinho.
—As coisas más deixaram de me assustar já há muito tempo. Mas há uma coisa que é evidente. Tu, precisamente porque és teimosa, meteste-te num assunto pouco limpo, num assunto que é superior às tuas forças. Compreendi bem isto que te digo quando falavas com Hill. E estou certo de que só por ti nada poderás fazer.
Fez um gesto eloquente e prosseguiu:
— Estes assuntos complicados e perigosos, causam-me certo interesse. Bom, quero ajudar-te. Não por altruísmo, mas no meu próprio interesse. Se há coisa que me revolta é o tédio, a inatividade. Tu ofereces-me a oportunidade de passar uns tempos metido no caso, e eu em troca tiro-te de apuros. É um pacto em que as duas partes lucram.
—Mas eu posso arranjar-me sozinha— argumentou a rapariga, sem muita convicção.
— A sério? Não brinques. Quando Hill se aproximou de ti, não foste capaz de atirar contra ele. E não é que o reprove. Pelo contrário, creio que seria uma verdadeira bênção dos céus que neste país houvesse menos gente capaz de disparar um revólver. Ao fim e ao cabo, és mulher e é natural que sejas frágil. Mas eu... bom, eu já sou raposa velha. Não é que tenha orgulho nisso, no entanto, já viste a reação de todos estes indivíduos, inclusivamente o sheriff, quando lhes disse o meu nome. Fosse eu outro qualquer, quem matasse esse Hill e iria logo parar com os ossos à cadeia. Não há nada como ter uns quantos entalhes nos revólveres para que o respeitem. Joyce olhava-o pensativa.
— Como fez aquilo? Refiro-me, a como soube que Hill ia disparar quando o senhor estava de costas.
—Já sabia que isso ia acontecer. Era uma espécie de indivíduo que pertencia à classe dos que atacam à traição. Quando lhe dei as costas, procurei colocar-me de forma a que o espelho duma montra em frente refletisse a sua imagem. Assim pude ver claramente quando empunhou o revólver. E só uma questão de prática.
Durante uns minutos fez-se silêncio. Por fim, Eddie pôs-se em pé.
—Vamos?
Joyce fitou-o longamente com os seus olhos enigmáticos cor violeta; depois, disse enquanto se erguia:
— Sim, vamos.
Eddie pagou a conta e saíram para a rua. Juntos dirigiram-se para uma cavalariça e compraram um cavalo, uma sela e os arreios indispensáveis.
—Bem; será melhor que demos já início à nossa viagem para Pecos — disse Eddie.
A rapariga, em atitude pensativa, passou a mão pelo lombo do cavalo.
— Algum dia devolverei o dinheiro que ele lhe custou — murmurou.
O jovem não respondeu. Pouco depois, cada um na sua montada, abandonavam Hondo. Como sempre, Joyce ia perdida em seus pensamentos e na sua fronte formava-se uma profunda ruga. Via-se bem qual o seu estado de espírito, sempre obcecada pela incerteza. Mas, pouco depois, fez uma pergunta ao companheiro de viagem.
—Eddie, não lhe ocorreu ainda perguntar que motivos posso ter para andar em busca de meu pai e de Winters?
—Sim; mas sei que a resposta só tu ma podes dar. Estás com vontade de o fazer?
A rapariga fez um gesto com a cabeça.
—Não. Algum dia lhe contarei toda a história, mas agora não; mesmo que o desejasse seria impossível. Não me pergunte por favor.
Eddie encolheu os ombros.
—Podes estar tranquila. Não penso fazê-lo.
Joyce dirigiu-lhe um olhar rápido.
—O senhor é o homem mais estranho que até hoje conheci — murmurou.
—Algum de vocês sente vontade de vingar Mickey? — perguntou com voz calma, em que havia uma nota irónica.
Ninguém moveu os lábios. Eddie teve um gesto de desprezo, encaminhando-se depois para junto de Joyce. Esta continuava ainda muito pálida e parecia estar meio inconsciente.
—Vamos. Parece que em Hondo têm medo de brincar com as pistolas.
Naquele momento, do outro extremo da rua, chegou correndo um homem de estatura média já de certa idade. Na lapela luzia a estrela de sheriff. Estava a suar e parecia preocupado. Parou a uns passos do grupo e fitou o cadáver de Hill com o olhos muito abertos.
— Que foi isto, aqui? —inquiriu.
— Já está vendo—respondeu Eddie. — Esse tipo queria atingir-me pelas costas, mas eu fui mais rápido.
O sheriff puxou dum lenço e enxugou o suor que lhe escorria pela testa.
— Mas qual foi o motivo da luta?
— Fizeram-lhe algumas perguntas e ele mostrou--se muito grosseiro — explicou Eddie. —Então, decidi dar-lhe uma lição apropriada sobre as boas maneiras. Pelos vistos não gostou, pois, conforme disse, quis matar-me pelas costas.
O sheriff franziu a testa.
—E o senhor, quem é?
O jovem, lentamente, arrastando, as palavras, disse:
— Chamo-me Parker.
O sheriff e os demais trocaram um olhar de surpresa. Então o primeiro decidiu esclarecer:
—Eddie Parker?
O jovem disse que sim.
—É verdade.
Alguns dos amigos de Hill respiraram fundo. Pareciam dar graças ao céu por não lhes ter passado pela cabeça intervir, na contenda. Os curiosos começaram a falar entre si, excitados e em voz baixa.
—Bom—murmurou o sheriff, embora indeciso. —Não há razão para pôr em dúvida as suas palavras. Se as coisas correram como o senhor diz, Parker, a verdade é que não encontro motivo para o considerar culpado. Sei que qualquer um tem direito à sua própria defesa.
O jovem sorriu divertido.
—E se eu não fosse precisamente Eddie Parker teria também direito à defesa própria?
O sheriff ficou vermelho até à raiz dos cabelos. Profundamente perturbado, disse a custo:
—Não sei a que se refere...
— De qualquer modo, é indiferente—disse Eddie. — Suponho que estou livre e posso partir, não é isto?
—Absolutamente—apressou-se a indicar o outro. —Repito que não vejo motivo para o incriminar.
Eddie deu o braço a Joyce e ambos se afastaram, rua abaixo. Um dos curiosos disse em surdina para o que estava ao lado:
—Já ouvi falar muitas vezes de Eddie Parker. Não é um pistoleiro?
— Se é! E um dos mais rápidos que jamais existiram. Por que imaginas que todos os outros e o sheriff ficaram tão quietos?
Eddie e Joyce andaram um bom bocado sem proferir palavra. Ao passar junto dum restaurante mexicano, o jovem disse, então:
—Vamos entrar nesta casa. Não é muito limpa, mas come-se bastante bem.
Ocuparam uma das mesas, no que se chamava por aqueles sítios um restaurante. A sala, nada limpa, era bastante pequena. Um mexicano moreno e delgado serviu-lhes comida. Passado tempo é que Joyce quebrou o silêncio que até ali mantivera. Olhou Eddie com um olhar em que se adivinhava toda a surpresa que ainda vibrava no seu ser, e murmurou:
—Por que fez aquilo?
Eddie deixou o talher no prato.
— Que foi que eu fiz?
— Sabe muito bem ao que eu me refiro.
Ele sorriu.
—Sim, sei ao que te referes. Mas vai ser difícil dar-te uma resposta.
— Porquê?
Eddie afastou o prato que tinha na sua frente e apoiou os cotovelos sobre a mesa.
—Tu podes explicar todos os motivos que te levam a agir na vida? Refiro-me a que por vezes sentimos o impulso de fazer alguma coisa, sem se saber exatamente onde está a razão disso. Senti desejo de intervir e ajudar-te e agi nesse sentido. Ê tudo quanto te posso dizer.
Joyce desviou o olhar.
—Mas eu não tinha pedido ajuda.
— Ah, não. Tu és daquelas que nunca pedem ajuda. Não o pedirias ainda que estivesses no inferno e o fogo te queimasse as plantas dos pés.
Joyce sorriu graciosamente.
—De qualquer modo, obrigada pela sua ajuda.
Eddie arqueou as sobrancelhas.
— Que aconteceu? Estás a delirar?
A rapariga dirigiu-lhe um olhar fulminante e pôs-se de pé.
— Vou-me embora.
—Senta-te—ordenou Eddie com súbita dureza.
Joyce engoliu em seco e olhou assombrada para o homem. Nos olhos deste havia um brilho autoritário e enérgico.
—Disse para te sentares—repetiu no mesmo tom.
Ela pareceu hesitar uns instantes, mas logo voltou a ocupar a cadeira. Como se nada se tivesse passado, Eddie disse com suavidade:
—Agora é necessário que vamos procurar um cavalo para ti.
—Um cavalo?
—Claro. Já sabemos onde está o teu pai e Jeff Winters. Não vais pensar que o meu cavalo vai novamente aguentar com os dois, pois não?
Joyce mordeu o lábio inferior.
—Então o senhor pensa vir comigo a Pecos?
—Naturalmente.
Joyce mexeu-se inquieta na sua cadeira. De súbito; exclamou:
—Escute, Parker: não consigo entender por que o senhor está a fazer tudo isto por mim. É natural que me ajudasse a sair do deserto quando me encontrou. Mas não entendo que razões o levaram a defender-me de Mickey Hill e agora quer arriscar-se numa aventura que pode resultar perigosa.
Eddie sorriu ligeiramente.
—Não esforces a tua cabecinha querendo averiguar os motivos que eu possa ter para fazer as coisas. Já te disse que tudo isto me diverte. E parece-me bem que já cheguei a um ponto da vida em que só a diversão me interessa.
A rapariga desviou o olhar e ficou pensativa por instantes.
—Mas o senhor nem sequer sabe para que ando à procura, do meu pai e Jeff Winters. Poderá ser algo de mau o que me leva a isso.
Eddie riu baixinho.
—As coisas más deixaram de me assustar já há muito tempo. Mas há uma coisa que é evidente. Tu, precisamente porque és teimosa, meteste-te num assunto pouco limpo, num assunto que é superior às tuas forças. Compreendi bem isto que te digo quando falavas com Hill. E estou certo de que só por ti nada poderás fazer.
Fez um gesto eloquente e prosseguiu:
— Estes assuntos complicados e perigosos, causam-me certo interesse. Bom, quero ajudar-te. Não por altruísmo, mas no meu próprio interesse. Se há coisa que me revolta é o tédio, a inatividade. Tu ofereces-me a oportunidade de passar uns tempos metido no caso, e eu em troca tiro-te de apuros. É um pacto em que as duas partes lucram.
—Mas eu posso arranjar-me sozinha— argumentou a rapariga, sem muita convicção.
— A sério? Não brinques. Quando Hill se aproximou de ti, não foste capaz de atirar contra ele. E não é que o reprove. Pelo contrário, creio que seria uma verdadeira bênção dos céus que neste país houvesse menos gente capaz de disparar um revólver. Ao fim e ao cabo, és mulher e é natural que sejas frágil. Mas eu... bom, eu já sou raposa velha. Não é que tenha orgulho nisso, no entanto, já viste a reação de todos estes indivíduos, inclusivamente o sheriff, quando lhes disse o meu nome. Fosse eu outro qualquer, quem matasse esse Hill e iria logo parar com os ossos à cadeia. Não há nada como ter uns quantos entalhes nos revólveres para que o respeitem. Joyce olhava-o pensativa.
— Como fez aquilo? Refiro-me, a como soube que Hill ia disparar quando o senhor estava de costas.
—Já sabia que isso ia acontecer. Era uma espécie de indivíduo que pertencia à classe dos que atacam à traição. Quando lhe dei as costas, procurei colocar-me de forma a que o espelho duma montra em frente refletisse a sua imagem. Assim pude ver claramente quando empunhou o revólver. E só uma questão de prática.
Durante uns minutos fez-se silêncio. Por fim, Eddie pôs-se em pé.
—Vamos?
Joyce fitou-o longamente com os seus olhos enigmáticos cor violeta; depois, disse enquanto se erguia:
— Sim, vamos.
Eddie pagou a conta e saíram para a rua. Juntos dirigiram-se para uma cavalariça e compraram um cavalo, uma sela e os arreios indispensáveis.
—Bem; será melhor que demos já início à nossa viagem para Pecos — disse Eddie.
A rapariga, em atitude pensativa, passou a mão pelo lombo do cavalo.
— Algum dia devolverei o dinheiro que ele lhe custou — murmurou.
O jovem não respondeu. Pouco depois, cada um na sua montada, abandonavam Hondo. Como sempre, Joyce ia perdida em seus pensamentos e na sua fronte formava-se uma profunda ruga. Via-se bem qual o seu estado de espírito, sempre obcecada pela incerteza. Mas, pouco depois, fez uma pergunta ao companheiro de viagem.
—Eddie, não lhe ocorreu ainda perguntar que motivos posso ter para andar em busca de meu pai e de Winters?
—Sim; mas sei que a resposta só tu ma podes dar. Estás com vontade de o fazer?
A rapariga fez um gesto com a cabeça.
—Não. Algum dia lhe contarei toda a história, mas agora não; mesmo que o desejasse seria impossível. Não me pergunte por favor.
Eddie encolheu os ombros.
—Podes estar tranquila. Não penso fazê-lo.
Joyce dirigiu-lhe um olhar rápido.
—O senhor é o homem mais estranho que até hoje conheci — murmurou.
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