(Coleção Bravos do Oeste, nº 18)
Os Montes Funeral e Telescopio estavam à vista. Como pétreas
sentinelas da sepultura de sal, areia, dunas e rochas, que era o deserto do
Vale da Morte.
Como lúgubres e mortais sentinelas que quisessem advertir o
viajante, o forasteiro, de que ali, entre as suas salitrosas areias, entre o
seu fantasmagórico silêncio, se encontrava a morte.
Uma morte horrível,
tanto por falta de água como por outra causa qualquer. Sentinelas mudas, mas
que avisavam com a sua presença, desde grande distância, que aquilo, aquele
lugar, aquela depressão infernal, não podia ser pisada pelo homem.
Cavalgava, em linha reta, na direção do Monte Funeral,
debaixo de um sol de fogo, ao meio-dia. A sua direita, erguia-se, majestoso, o
Monte Telescópio, formando uma enorme porta, sempre aberta, para o inferno.
Até ao Vale da Morte.
Mas o cavaleiro não o via. Não via nenhum dos montes. Não
via, tão-pouco, aquela larga e plana abertura que, imediatamente, em rápida
descida, o levaria por entre dunas, areias cristalizadas, blocos empedernidos
de rochas, árvores petrificadas e milenárias, até à sepultura, entre montões de
sal, com a boca seca, horrivelmente inchada por falta de água.
Também não pensava.
Podia dizer-se, sem receio de erro, que cavalgava como um
autómato e que estava a ponto de cair da sela.
O Monto Funeral encontrava-se a menos de quinhentas jardas
dele, quando uma figura apareceu a seu lado, surgindo de entre umas rochas e
levando um rifle nas mãos.
Uma «Winchester», mais exatamente.
Os seus olhos, intensamente negros, olharam uns segundos o
cavaleiro e logo as mãos levaram o rifle à cara. Durante uns segundos, o cano
da arma esteve apontado para o meio do peito dele. Mas não apertou o gatilho.
Em vez disto, baixou o rifle e fê-lo, justamente, quando o
cavaleiro deslizava, mansamente, da sela para o solo. Então, o cavalo que montava
parou.
Completamente imóvel, com os negros olhos, fixos, muito
fixos, na figura do cavaleiro, continuou olhando-o durante vários segundos, até
que, finalmente, se decidiu.
Sem abandonar o rifle, desceu, quase correndo, por entre as
raquíticas ervas e pedras, até ao lugar da sua queda.
Inclinou-se sobre ele e, com bastante trabalho, voltou-o de
boca para cima. Depois, com o semblante completamente rígido, aproximou-se do
cavalo. Sabendo que era impossível levantá-lo até à sela, tirou a corda do
arção da mesma, prendeu-a à borraina, passou-a por debaixo das axilas do
cavaleiro e começou a arrastá-lo...
Se, depois desta passagem, quer ler todo o livro pode descarregá-lo a partir daqui: A INDIA DO VALE DA MORTE.
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