Três anos é um espaço de tempo muito longo. Evans pensava assim, observando a cabana de Bolton do mesmo ponto, onde três anos antes o fizera.
Como estaria Sigrid? Esperá-lo-ia, como tinha prometido? A rapariguita devia ter-se convertido numa deliciosa mulher...
O passado ficara para trás, morto. Evans assim o pensava e assim o desejava.
Minutos mais tarde chegava junto da cabana, e o coração deu-lhe um salto. Triste, vazia, em ruínas. Evans deteve o cavalo junto à porta, quando alguém, nas suas costas, perguntou:
— Procura alguém, forasteiro? Quem assim falara era um vaqueiro, já idoso, que observava, descuidadamente, o pistoleiro, agora vestido como um vaqueiro, exceto na forma como levava o "Colt".
— Procuro Josias Bolton, avô. Vivia aqui há três anos...
—Bolton tem um rancho a menos de quinze mi -lhas daqui, em direção ao Sul. — Fez uma pausa e depois perguntou: — Você é Clark Evans; não é verdade? Apostaria a minha mão direita.
— Sou, efetivamente, quem pensa...
— São muitos os que aguardam a sua volta a Turner... pensam que haverá sangue. E pensam assim, desde que Sigrid Bolton afirmou ser a sua prometida. Mas, mais tarde, quase um ano depois, ela prometeu-se a um jogador chamado Phil Lassiter. A partir de então, os Bolton começaram a progredir. Agora têm um rancho, e há quem diga que ela se vendeu a Lassiter pela propriedade.
Evans não respondeu. Pensava em Lassiter. Batoteiro, ladrão, companheiro de mulheres de mau porte. Não conseguia encontrar explicação para o facto de ele estar em Turner e, sobretudo, para a circunstância de Sigrid ter consentido em ser noiva de um homem como aquele. Tão-pouco compreendia como Bolton não se tinha interposto entre Lassíter e Sigrid.
Olhou fixamente o velho vaqueiro de rosto impassível como urna rocha.
— Quando se casam?
— Dentro de três dias.
Evans afastou-se dali, sem esperar mais. Sigrid casava-se. Era normal. Podia ele impedi-la de se entregar a um homem como Lassiter? Evans respondeu a si mesmo que sim.
Justamente quando acabava de pôr-se de acordo consigo próprio, chegou o primeiro projétil, zumbindo. Ouviu o silvar da bala, muito antes do ruído dá detonação, e inclinou-se sobre o. pescoço do cavalo. O segundo tiro não tardou. O nobre animal, atingido em cheio, deu um salto impressionante, caindo depois, como um saco, no solo, quando a terceira bala passava rente à cabeça de Evans, produzindo uma ténue corrente de ar, através do buraco do largo chapéu.
O quarto disparo não o alcançou, porque, naquele momento, estava rolando no pó do caminho, tentando afastar-se do pobre cavalo, nos estertores da agonia. Contou dez disparos de espingarda, até conseguir encobrir-se com uma rocha, empunhando o "Colt". Esperou que o fogo terminasse e, cautelosamente, deitou um rápido olhar, levantando a arma e disparando.
Um dos emboscados abriu os braços em cruz e caiu de bruços. Num ápice, uma nuvem de chumbo caiu sobre a rocha e Evans teve de se manter encoberto, ao mesmo tempo que se interrogava sobre aa identidade do promotor de tão entusiástica receção...
Passado algum tempo, verificando que já não disparavam, espreitou, de novo, mas, então, não viu ninguém, nem houve qualquer disparo. Começou a rastejar na direção do cavalo, para ir buscar a sua espingarda, pendurada da sela. Picou a cara num arbusto e isso fez-lhe desviar, bruscamente, a cabeça. Tal movimento salvou-lhe a vida, pois a bala que lhe era destinada roçou-lhe o alto da cabeça.
Evans lançou-se, imediatamente, para o chão, soltando uma maldição, e disparou três vezes contra os três indivíduos que corriam, disparando também. Do trio, só um escapou e Evans levantou-se rapidamente, enquanto o fugitivo corria e se escapava pelo bosque.
Ao olhar para os três homens que tinha morto, sentiu uma amarga deceção. O passado, que acreditara estar morto, voltava, outra vez, a sua trágica e macabra presença. Os seus olhos expressaram de novo aquela fria luminosidade dos anos passados e com a mesma cínica calma de sempre, abriu o tambor do "Colt" e carregou-o, novamente. Depois, montou um dos cavalos dos pistoleiros mortos e empreendeu a marcha para Turner, onde procurou um lugar onde pudesse comer, beber e dormir, sem querer saber dos rostos de quantos se cruzavam com ele, os quais pensavam que a sua chegada ia trazer sangue à cidade.
Por fim viu um letreiro duma hospedaria, onde davam cama e comida aos forasteiros. Lavou-se e comeu, após o que, ainda com muito dia, se deitou, adormecendo, imediatamente, tão cansado estava.
Parecia-lhe que se tinha deitado naquele momento, quando alguém começou a bater à porta com força. Evans sentou-se na cama, e acto contínuo, empunhando o "Colt", exclamou:
— Entre, que a porta está aberta.
John Presley, o xerife de Turner, entrou no quarto, olhando com assombro para a arma que lhe era apontada ao peito:
— Recebe sempre assim as suas visitas, Evans?
— Algumas vezes, xerife. — Replicou —. Passe, e feche a porta — guardou o revólver, enquanto o representante da Lei fechava a porta: Este voltou-se para ele, inquirindo:
— De quem é o cavalo em que veio montado, Evans?
— De um homem que já morreu. Encontrará outros dois cavalos, com a mesma marca, a umas sete milhas a noroeste, conjuntamente com o cadáver do meu e de três pistoleiros que me atacaram, fazendo-me urna emboscada, pouco antes de chegar aqui —. Fez uma pausa e perguntou: —Perguntou alguém pelo cavalo, xerife?
— Não, ainda não. Mas perguntarão.
— Quem?
– Bolton. Esses cavalos têm o seu ferro. Mas isso não quer dizer que...
— Isso é o que fica por ver, xerife. Portanto, nada melhor do que averiguá-lo e é, exatamente, o que vou fazer — retorquiu Evans.
— Para isso estou eu aqui — atalhou Presley—. Para o advertir, Evans. Você não fará nada, nem agora, nem depois. Represento a Lei em Turner, e não quero conflitos. Por isso, como o assunto é comigo, eu é que investigarei o caso. Onde disse que estavam os cavalos?
Evans informou-o e Presley dirigiu-se para a porta; já com a mão no fecho disse:
Quando abalou de Turner, fê-lo depois matar dois homens. Agora, voltou e...
— Matei três... — interrompeu Evans —. Como vê; melhorei a pontaria...
— Muito bem. Deixe muito quietinho o "Colt" e assim evitará complicações.
E, sem esperar resposta, o xerife saiu.
Voltou a deitar-se e, mais tarde, vestiu-se e saiu do quarto, passando pelo “saloon", onde pediu um. uísque. Ficou ao balcão, pensando em Sigrid, e em Lassiter e bebendo lentamente. Os seus pensa-mentos foram interrompidos por uma voz fria e cortante, vinda da sua direita.
— Creio que é Clark Evans, não é verdade?
Voltou-se, sem pressa.
Era Lassiter que, sempre elegante, no seu trajo requintado, lhe dizia:
— Escute! O que se passou entre você e a menina Bolton, não significa nada, agora, compreende? Ela era uma criança quando lhe prometeu esperar por si.
— E depois? inquiriu Evans, de lábios semicerrados.
Lassiter crispou o rosto num trejeito.
— Sigrid e eu vamo-nos casar, Evans. Portanto, afaste-se do seu caminho, se não lamentá-lo-á.
Evans sorriu.
— Ouça-me agora, Lassiter — replicou. — Resolvera abalar, mal soube do que se passava. Mas alguém cometeu a estupidez de me armar uma emboscada. Agora, quero saber quem foi, compreende? Por outro lado, não pensava falar à menina Bolton, mas agora quero perguntar-lhe algo que nao lhe perguntaria se você, Lassiter, não me tivesse abordado.
— matá-lo-ão por isso, Evans.
— Isso é muito fácil de dizer... mas mais difícil de fazer.
— Fica avisado, Evans — disse Lassiter, mordendo as palavras — Acerque-se de Sigrid e, horas depois, morrerá.
O silêncio tornou-se mais espesso em volta deles. Os clientes do "saloon" estavam pendentes dos gestos dos dois, esperando, a todo o momento, que as armas falassem a sua trágica linguagem. Lassiter tinha lançado um repto, e aquele pistoleiro texano aceitara-o. Mas a expectativa foi iludida, pois Lassiter, afastou-se, rapidamente, mal tinha acabado de pronunciar as últimas palavras.
Como estaria Sigrid? Esperá-lo-ia, como tinha prometido? A rapariguita devia ter-se convertido numa deliciosa mulher...
O passado ficara para trás, morto. Evans assim o pensava e assim o desejava.
Minutos mais tarde chegava junto da cabana, e o coração deu-lhe um salto. Triste, vazia, em ruínas. Evans deteve o cavalo junto à porta, quando alguém, nas suas costas, perguntou:
— Procura alguém, forasteiro? Quem assim falara era um vaqueiro, já idoso, que observava, descuidadamente, o pistoleiro, agora vestido como um vaqueiro, exceto na forma como levava o "Colt".
— Procuro Josias Bolton, avô. Vivia aqui há três anos...
—Bolton tem um rancho a menos de quinze mi -lhas daqui, em direção ao Sul. — Fez uma pausa e depois perguntou: — Você é Clark Evans; não é verdade? Apostaria a minha mão direita.
— Sou, efetivamente, quem pensa...
— São muitos os que aguardam a sua volta a Turner... pensam que haverá sangue. E pensam assim, desde que Sigrid Bolton afirmou ser a sua prometida. Mas, mais tarde, quase um ano depois, ela prometeu-se a um jogador chamado Phil Lassiter. A partir de então, os Bolton começaram a progredir. Agora têm um rancho, e há quem diga que ela se vendeu a Lassiter pela propriedade.
Evans não respondeu. Pensava em Lassiter. Batoteiro, ladrão, companheiro de mulheres de mau porte. Não conseguia encontrar explicação para o facto de ele estar em Turner e, sobretudo, para a circunstância de Sigrid ter consentido em ser noiva de um homem como aquele. Tão-pouco compreendia como Bolton não se tinha interposto entre Lassíter e Sigrid.
Olhou fixamente o velho vaqueiro de rosto impassível como urna rocha.
— Quando se casam?
— Dentro de três dias.
Evans afastou-se dali, sem esperar mais. Sigrid casava-se. Era normal. Podia ele impedi-la de se entregar a um homem como Lassiter? Evans respondeu a si mesmo que sim.
Justamente quando acabava de pôr-se de acordo consigo próprio, chegou o primeiro projétil, zumbindo. Ouviu o silvar da bala, muito antes do ruído dá detonação, e inclinou-se sobre o. pescoço do cavalo. O segundo tiro não tardou. O nobre animal, atingido em cheio, deu um salto impressionante, caindo depois, como um saco, no solo, quando a terceira bala passava rente à cabeça de Evans, produzindo uma ténue corrente de ar, através do buraco do largo chapéu.
O quarto disparo não o alcançou, porque, naquele momento, estava rolando no pó do caminho, tentando afastar-se do pobre cavalo, nos estertores da agonia. Contou dez disparos de espingarda, até conseguir encobrir-se com uma rocha, empunhando o "Colt". Esperou que o fogo terminasse e, cautelosamente, deitou um rápido olhar, levantando a arma e disparando.
Um dos emboscados abriu os braços em cruz e caiu de bruços. Num ápice, uma nuvem de chumbo caiu sobre a rocha e Evans teve de se manter encoberto, ao mesmo tempo que se interrogava sobre aa identidade do promotor de tão entusiástica receção...
Passado algum tempo, verificando que já não disparavam, espreitou, de novo, mas, então, não viu ninguém, nem houve qualquer disparo. Começou a rastejar na direção do cavalo, para ir buscar a sua espingarda, pendurada da sela. Picou a cara num arbusto e isso fez-lhe desviar, bruscamente, a cabeça. Tal movimento salvou-lhe a vida, pois a bala que lhe era destinada roçou-lhe o alto da cabeça.
Evans lançou-se, imediatamente, para o chão, soltando uma maldição, e disparou três vezes contra os três indivíduos que corriam, disparando também. Do trio, só um escapou e Evans levantou-se rapidamente, enquanto o fugitivo corria e se escapava pelo bosque.
Ao olhar para os três homens que tinha morto, sentiu uma amarga deceção. O passado, que acreditara estar morto, voltava, outra vez, a sua trágica e macabra presença. Os seus olhos expressaram de novo aquela fria luminosidade dos anos passados e com a mesma cínica calma de sempre, abriu o tambor do "Colt" e carregou-o, novamente. Depois, montou um dos cavalos dos pistoleiros mortos e empreendeu a marcha para Turner, onde procurou um lugar onde pudesse comer, beber e dormir, sem querer saber dos rostos de quantos se cruzavam com ele, os quais pensavam que a sua chegada ia trazer sangue à cidade.
Por fim viu um letreiro duma hospedaria, onde davam cama e comida aos forasteiros. Lavou-se e comeu, após o que, ainda com muito dia, se deitou, adormecendo, imediatamente, tão cansado estava.
Parecia-lhe que se tinha deitado naquele momento, quando alguém começou a bater à porta com força. Evans sentou-se na cama, e acto contínuo, empunhando o "Colt", exclamou:
— Entre, que a porta está aberta.
John Presley, o xerife de Turner, entrou no quarto, olhando com assombro para a arma que lhe era apontada ao peito:
— Recebe sempre assim as suas visitas, Evans?
— Algumas vezes, xerife. — Replicou —. Passe, e feche a porta — guardou o revólver, enquanto o representante da Lei fechava a porta: Este voltou-se para ele, inquirindo:
— De quem é o cavalo em que veio montado, Evans?
— De um homem que já morreu. Encontrará outros dois cavalos, com a mesma marca, a umas sete milhas a noroeste, conjuntamente com o cadáver do meu e de três pistoleiros que me atacaram, fazendo-me urna emboscada, pouco antes de chegar aqui —. Fez uma pausa e perguntou: —Perguntou alguém pelo cavalo, xerife?
— Não, ainda não. Mas perguntarão.
— Quem?
– Bolton. Esses cavalos têm o seu ferro. Mas isso não quer dizer que...
— Isso é o que fica por ver, xerife. Portanto, nada melhor do que averiguá-lo e é, exatamente, o que vou fazer — retorquiu Evans.
— Para isso estou eu aqui — atalhou Presley—. Para o advertir, Evans. Você não fará nada, nem agora, nem depois. Represento a Lei em Turner, e não quero conflitos. Por isso, como o assunto é comigo, eu é que investigarei o caso. Onde disse que estavam os cavalos?
Evans informou-o e Presley dirigiu-se para a porta; já com a mão no fecho disse:
Quando abalou de Turner, fê-lo depois matar dois homens. Agora, voltou e...
— Matei três... — interrompeu Evans —. Como vê; melhorei a pontaria...
— Muito bem. Deixe muito quietinho o "Colt" e assim evitará complicações.
E, sem esperar resposta, o xerife saiu.
Voltou a deitar-se e, mais tarde, vestiu-se e saiu do quarto, passando pelo “saloon", onde pediu um. uísque. Ficou ao balcão, pensando em Sigrid, e em Lassiter e bebendo lentamente. Os seus pensa-mentos foram interrompidos por uma voz fria e cortante, vinda da sua direita.
— Creio que é Clark Evans, não é verdade?
Voltou-se, sem pressa.
Era Lassiter que, sempre elegante, no seu trajo requintado, lhe dizia:
— Escute! O que se passou entre você e a menina Bolton, não significa nada, agora, compreende? Ela era uma criança quando lhe prometeu esperar por si.
— E depois? inquiriu Evans, de lábios semicerrados.
Lassiter crispou o rosto num trejeito.
— Sigrid e eu vamo-nos casar, Evans. Portanto, afaste-se do seu caminho, se não lamentá-lo-á.
Evans sorriu.
— Ouça-me agora, Lassiter — replicou. — Resolvera abalar, mal soube do que se passava. Mas alguém cometeu a estupidez de me armar uma emboscada. Agora, quero saber quem foi, compreende? Por outro lado, não pensava falar à menina Bolton, mas agora quero perguntar-lhe algo que nao lhe perguntaria se você, Lassiter, não me tivesse abordado.
— matá-lo-ão por isso, Evans.
— Isso é muito fácil de dizer... mas mais difícil de fazer.
— Fica avisado, Evans — disse Lassiter, mordendo as palavras — Acerque-se de Sigrid e, horas depois, morrerá.
O silêncio tornou-se mais espesso em volta deles. Os clientes do "saloon" estavam pendentes dos gestos dos dois, esperando, a todo o momento, que as armas falassem a sua trágica linguagem. Lassiter tinha lançado um repto, e aquele pistoleiro texano aceitara-o. Mas a expectativa foi iludida, pois Lassiter, afastou-se, rapidamente, mal tinha acabado de pronunciar as últimas palavras.
Sem comentários:
Enviar um comentário