segunda-feira, 17 de novembro de 2014

PAS401. Formas de gratidão

O dinheiro era uma coisa péssima na profissão de Garner. Quando um paciente lhe pagava em moeda, automaticamente desligava-se todo do sentimento de gratidão para com o médico que o tinha curado.
Outra coisa muito diferente acontecia quando o paciente era tão pobre que nao podia pagar os serviços do médico. Nessa altura, o enfermo restabelecido sentia-se devedor para com o seu benfeitor de um tipo de divida que nunca chegaria a um saldo completo: a gratidão.
Foi isso que aconteceu a Garner com os mexicanos de Triangle.
Como nenhum tinha dinheiro, pagavam-lhe os seus serviços, enchendo-lhe a casa de frangos, ovos e toda a espécie de legumes que cultivavam nas suas hortas. Cedo se tornou uma figura popular em Triangle, sobretudo entre os mexicanos.
Em compensação nada disso sucedeu com os brancos que Garner teve que tratar.
Também era verdade que Garner nunca tinha aspiração a ganhar a confiança e a amizade dos habitantes brancos de Triangle, ate porque, poucas ocasiões tinha tido para isso.
Segundo Herbert observava, as caras renovavam-se continuamente em Triangle Town. A chegada e a partida de cavaleiros era frequente, mas à exceção de uns quantos que regressavam sempre depois de uma ausência mais ou menos prolongada, a maioria destes homens permaneciam um dia ou dois na cidade e voltavam a partir.
Ninguém sabia donde vinham nem para onde iam. Desvaneciam-se como fumo na parda imensidade do deserto e ninguém voltava a saber deles.
Eram aves de arribação, simplesmente; foragidos, vagabundos, homens de passado duvidoso, a caminho de um futuro mais tormentoso ainda.

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