Frederick tinha-se apoiado ao tronco do álamo e olhava para Vicky que não tinha querido sentar-se e passeava diante dele, contemplando as flores, o céu azul, o horizonte, de mãos cruzadas atrás das costas, respirando fundo o ar puro da montanha.
— Daqui a pouco deve aparecer por aí minha irmã — disse a jovem, parando diante dele.
— Foi ela quem o disse?
— Foi. E a ti também te disse o mesmo.
— Sim. Tenho uma ideia disso. Ontem não veio.
— Virá hoje. Aproveita a ocasião do papá ir à povoação.
Vicky sentou-se, encolhida, diante do mancebo. Olhou, fixamente para Fred, permitindo que ele visse, pela primeira vez, aqueles belos olhos azuis.
— Que ideia fazes dela?
— Penso que é uma excelente rapariga e muito simpática.
— Gostas dela?
— Naturalmente que sim. Todos têm sido muito bondosos para comigo.
— Estás... — baixou os olhos e não se atreveu a continuar.
— Querias perguntar-me se estou enamorado dela? Pois, digo-te que não. Tenho muita estima por ela, considero-a muito minha amiga, mas não estou enamorado.
Vicky suspirou. Ficou um pouco triste e acrescentou:
— Ela está convencida disso.
— Porquê?
— E ela está apaixonada por ti.
— Lamento.
—E verdade que a não amas?
—Já te disse que a estimo, mas não vás pensar que.
— E a mim?
Tinha sido um acto de coragem da rapariga, de que, certamente, se teria já arrependido. Fred, porém, aproveitou aquela circunstância e agarrando-a com ambas as mãos, redarguiu com calor:
— Mais do que à minha própria vida.
Vicky ruborizou-se e, para ocultar o seu rosto sentou--se junto dele, com as costas apoiadas na árvore.
— Terás de dizer isso a Madalena...
Não pôde continuar. Não era bonito o que estava fazendo a sua irmã.
Frederick compreendeu-a perfeitamente. Vicky sentia ciúmes de Madalena e o receio de perder o homem que amava tinha-lhe emprestado coragem, levando-a a dizer tudo aquilo contra a sua própria vontade. Para chegar a essa conclusão tinha de convencer-se de que ela o amava.
Olhou para a rapariga. Que linda e que criança que era! Tinha entre as suas, as mãozinhas delicadas da jovem e acariciou-as com a maior meiguice.
— Vicky!
Ela voltou-se.
— Vicky, amo-te!
Ela aproximou o seu rosto e fechou os olhos. Fred beijou-a na testa, mas quando ia a desviar-se, sentiu uma irresistível atração e procurou avidamente a sua boca.
E aquela boca ofereceu-se-lhe por completo, com uma doçura infinita. Estreitou-a apaixonadamente contra o peito e começou a dizer-lhe, ao ouvido, tudo aquilo que naquele momento lhe ditava o coração. Permaneceram depois em silêncio até que, de repente, Vicky lhe perguntou:
— Ouves?
— Não.
— É minha irmã.
Levantou-se precipitadamente e preparava-se para deitar a correr, mas deliberou voltar para trás, oferecendo-lhe a mão para ele se levantar. Fred pegou na mão que se lhe estendia, mas não se utilizou dela para se erguer.
Assim que se encontraram de pé, juntos um do outro uniram-se impulsivamente num abraço apaixonado. Um instante depois, regressaram à cabana, de mãos enlaçadas.
Sem comentários:
Enviar um comentário