Depois que a calma, ou coisa parecida, se restabeleceu no rancho Ensenada, Wilmore insistiu repetidas vezes com Ramirez para que os acompanhasse a Erva Boa, que era o ponto a que se destinava. O rapaz recusou-se obstinadamente, sem esclarecer a causa da negativa, pois não queria, agora que ficava livre da, esteira da sua história de aventuras, voltar a comprometer-se aos olhos do seu novo amigo, ainda que fosse por um incidente de que não era responsável.
— Não insistas, papá — interveio Luísa, despeitada, interpretando a atitude de Ramirez como coisa pessoal. — Ele sabe o que faz. Se não quer vir connosco, lá terá as suas razões.
O rapaz mordeu os lábios. Luísa voltou a cabeça, e Wilmore, que não era alheio à corrente de simpatia que unia os dois jovens, sorriu levemente.
— De acordo, Ramirez, mas já sabe que tem aqui um amigo, que fará por si tudo quanto seja possível, sempre que dependa de mim, claro. Há coisas que...
Olhou Villarreal e Nacho que se encontravam atrás de Ramirez, e com um gesto indicou os dois jovens. Nacho, com o braço e o peito ligados, soltou uma gargalhada. Finalmente, pai e filha afastaram-se a galope, a caminho de Erva Boa. Ramirez viu-os partir, em silêncio, sem fazer caso dos gracejos dos amigos..
— No fim de tudo isto, não chegámos a saber quanto leva aquele homem no cinturão....
Ramirez separou-se deles, pois não estava com disposição para brincar. Foi andando até aos currais e quedou-se junto de um pilar onde um dos bandidos encontrara a morte. Sentou-se ali perto, maldizendo a fatalidade que o fazia perder Luísa Davis.
A habilidade e boa intenção de Wilmore haviam conseguido o mais difícil. Apagar o passado de «Perigoso». Mas em Erva Boa ainda tinham vontade de pendurar Joe Stickwell por um delito que não havia cometido.
O galopar de um cavalo arrancou-o aos seus pouco agradáveis pensamentos, surpreendendo-o, por quanto eram raros os visitantes de Ensenada. Um cavaleiro aproximava-se veloz, em direção ao rancho. Passou por ele, e quando ia já a entrar no pátio, retrocedeu, trotando até junto dele. Ramirez reconheceu o cavaleiro, imediatamente. Era um rapaz de Erva Boa, que morava perto da casa de sua mãe. Sem saber porquê, sobressaltou-se. Que nova complicação surgiria agora? Na povoação, só sua mãe sabia onde ele se ocultava. Ter-lhe-ia sucedido alguma coisa?
O rapaz desceu do cavalo e começou excitado:
— Olá, Ramirez! Sempre dei uma estafa! Julguei que o cavalo rebentava!
— Que se passa? Quem te mandou aqui? — inquirou Ramirez, inquieto.
— Toma. É uma mensagem da tua mãe. O velho Troy falou, Ramirez! O xerife obrigou-o a despejar tudo! Agora, toda a gente do povoado quer linchá-lo, mas o xerife Tindall requisitou tropas aos ianques! Lê!
Ramirez recebeu o papel. As letras bailavam-lhe em frente dos olhos, mas conseguiu inteirar-se do conteúdo. A senhora Stickwell comunicava-lhe simplesmente que Peter, apertado pelo xerife, havia confessado a verdade do incidente que ocasionou a morte de seu filho. Que ele podia voltar para Erva Boa, onde Tindall o esperava para o reintegrar do seu lugar.
O rapaz ficou deslumbrado. Tinha suficiente sensatez para compreender que a Providência o favorecia extraordinariamente, permitindo-lhe desviar-se de um fim para que, logicamente, se encaminhava. Não pensou mais e gritou ao rapaz:
— Vai ao rancho e pede a Nacho Salazar que te dê outro cavalo! Eu levo o teu!
O outro ainda quis objetar, mas já era tarde. De um salto, Ramirez firmou-se na sela e tomando as rédeas, lançou o animal a um galope desenfreado. O cavalo, mesmo cansado, pareceu compreender a importância do esforço que se lhe exigia e obedeceu.
Desceu a colina como um furacão, agitando o chapéu no ar e gritando para incitar o cavalo. E assim foi correndo, até que distinguiu ao longe a silhueta inconfundível de dois cavaleiros. Redobrou os gritos como um índio amalucado.
Antes que os gritos lhe chegassem aos ouvidos, Luisa Davis pressentiu a presença de Ramirez. Esticou as rédeas e deteve o cavalo.
— Espera, papá. Ele vem aí.
— Ele quem? — inquiriu Wilmore, sem compreender.
— «Ele». Quem havia de ser? Essa pergunta nem parece tua!
— Ah! Pois claro! Só podia ser «ele». Compreendo. Tinha-me esquecido de que não existe outro homem na Terra.
Ramirez alcançou-os a galope, contendo o animal, que ergueu as patas relinchando. Disse simplesmente:
— Mudei de ideias. Precisa de um colaborador, senhor Wilmore?
— Tem a certeza de que essa pergunta deve fazer-ma a mim? -- inquiriu o político, sorrindo. — Claro que me interessa a sua colaboração. Tenho muito trabalho a fazer na Califórnia, e ninguém melhor para se estabelecer uma boa organização neste país que um homem metade mexicano e metade ianque, como você. Mas, perguntemos a Luísa, que também faz parte do grupo. Aceitamos a oferta de José Ramirez?
A rapariga baixou os olhos um pouco ruborizada e respondeu:
— Naturalmente... «Nós» precisamos dele...
— Não insistas, papá — interveio Luísa, despeitada, interpretando a atitude de Ramirez como coisa pessoal. — Ele sabe o que faz. Se não quer vir connosco, lá terá as suas razões.
O rapaz mordeu os lábios. Luísa voltou a cabeça, e Wilmore, que não era alheio à corrente de simpatia que unia os dois jovens, sorriu levemente.
— De acordo, Ramirez, mas já sabe que tem aqui um amigo, que fará por si tudo quanto seja possível, sempre que dependa de mim, claro. Há coisas que...
Olhou Villarreal e Nacho que se encontravam atrás de Ramirez, e com um gesto indicou os dois jovens. Nacho, com o braço e o peito ligados, soltou uma gargalhada. Finalmente, pai e filha afastaram-se a galope, a caminho de Erva Boa. Ramirez viu-os partir, em silêncio, sem fazer caso dos gracejos dos amigos..
— No fim de tudo isto, não chegámos a saber quanto leva aquele homem no cinturão....
Ramirez separou-se deles, pois não estava com disposição para brincar. Foi andando até aos currais e quedou-se junto de um pilar onde um dos bandidos encontrara a morte. Sentou-se ali perto, maldizendo a fatalidade que o fazia perder Luísa Davis.
A habilidade e boa intenção de Wilmore haviam conseguido o mais difícil. Apagar o passado de «Perigoso». Mas em Erva Boa ainda tinham vontade de pendurar Joe Stickwell por um delito que não havia cometido.
O galopar de um cavalo arrancou-o aos seus pouco agradáveis pensamentos, surpreendendo-o, por quanto eram raros os visitantes de Ensenada. Um cavaleiro aproximava-se veloz, em direção ao rancho. Passou por ele, e quando ia já a entrar no pátio, retrocedeu, trotando até junto dele. Ramirez reconheceu o cavaleiro, imediatamente. Era um rapaz de Erva Boa, que morava perto da casa de sua mãe. Sem saber porquê, sobressaltou-se. Que nova complicação surgiria agora? Na povoação, só sua mãe sabia onde ele se ocultava. Ter-lhe-ia sucedido alguma coisa?
O rapaz desceu do cavalo e começou excitado:
— Olá, Ramirez! Sempre dei uma estafa! Julguei que o cavalo rebentava!
— Que se passa? Quem te mandou aqui? — inquirou Ramirez, inquieto.
— Toma. É uma mensagem da tua mãe. O velho Troy falou, Ramirez! O xerife obrigou-o a despejar tudo! Agora, toda a gente do povoado quer linchá-lo, mas o xerife Tindall requisitou tropas aos ianques! Lê!
Ramirez recebeu o papel. As letras bailavam-lhe em frente dos olhos, mas conseguiu inteirar-se do conteúdo. A senhora Stickwell comunicava-lhe simplesmente que Peter, apertado pelo xerife, havia confessado a verdade do incidente que ocasionou a morte de seu filho. Que ele podia voltar para Erva Boa, onde Tindall o esperava para o reintegrar do seu lugar.
O rapaz ficou deslumbrado. Tinha suficiente sensatez para compreender que a Providência o favorecia extraordinariamente, permitindo-lhe desviar-se de um fim para que, logicamente, se encaminhava. Não pensou mais e gritou ao rapaz:
— Vai ao rancho e pede a Nacho Salazar que te dê outro cavalo! Eu levo o teu!
O outro ainda quis objetar, mas já era tarde. De um salto, Ramirez firmou-se na sela e tomando as rédeas, lançou o animal a um galope desenfreado. O cavalo, mesmo cansado, pareceu compreender a importância do esforço que se lhe exigia e obedeceu.
Desceu a colina como um furacão, agitando o chapéu no ar e gritando para incitar o cavalo. E assim foi correndo, até que distinguiu ao longe a silhueta inconfundível de dois cavaleiros. Redobrou os gritos como um índio amalucado.
Antes que os gritos lhe chegassem aos ouvidos, Luisa Davis pressentiu a presença de Ramirez. Esticou as rédeas e deteve o cavalo.
— Espera, papá. Ele vem aí.
— Ele quem? — inquiriu Wilmore, sem compreender.
— «Ele». Quem havia de ser? Essa pergunta nem parece tua!
— Ah! Pois claro! Só podia ser «ele». Compreendo. Tinha-me esquecido de que não existe outro homem na Terra.
Ramirez alcançou-os a galope, contendo o animal, que ergueu as patas relinchando. Disse simplesmente:
— Mudei de ideias. Precisa de um colaborador, senhor Wilmore?
— Tem a certeza de que essa pergunta deve fazer-ma a mim? -- inquiriu o político, sorrindo. — Claro que me interessa a sua colaboração. Tenho muito trabalho a fazer na Califórnia, e ninguém melhor para se estabelecer uma boa organização neste país que um homem metade mexicano e metade ianque, como você. Mas, perguntemos a Luísa, que também faz parte do grupo. Aceitamos a oferta de José Ramirez?
A rapariga baixou os olhos um pouco ruborizada e respondeu:
— Naturalmente... «Nós» precisamos dele...
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