Antes de começar a beber, Lassiter colocou meio dólar sobre o balcão, depois pegou no copo e bebeu-o voltado para a porta, embebido numa multiplicidade de pensamentos que convertiam a sua cabeça num caos extraordinário.
Assim o surpreendeu a chegada da diligência com os gritos do condutor, as suas pragas e o ruído de ferros velhos e estalidos de madeira que ameaça desconjuntar-se.
Bebeu o resto do uísque de um trago, apertou um pouco mais o cinturão e abandonou o «saloon».
Tal como sempre, havia uma infinidade de curiosos rodeando a velha e ruidosa diligência quando Lassiter atravessou a rua poeirenta e se aproximou colocando-se atrás de todos.
Três homens.
Vaqueiros, e, segundo parecia, tão forasteiros como ele próprio.
Depois saiu a mulher.
Jovem, não devia ter mais de vinte anos, de intensos olhos verdes, alta, de busto pujante e audacioso, cintura estreita e cabelo ruivo, uma pequena boca vermelha de lábios sensuais e húmidos como o orvalho.
Lassiter sorriu, enquanto uma multidão de pensamentos contraditórios o sacudia dos pés à cabeça, fazendo-o estremecer como uma folha varrida pelo furacão.
Não se moveu, vendo como ela voltava a cabeça de um para o outro lado, procurando descobrir Tex McNamara, o seu noivo.
Repentinamente, Ella Sherman viu-o.
Notou corno se sobressaltava e como depois os seus lábios se distendiam num sorriso carinhoso e, com ele nos lábios, com os olhos extremamente brilhantes, começava a avançar para ele seguida pelos olhares fascinados dos homens e curiosos das mulheres.
Lassiter fez-lhe um sinal e quase instantaneamente o rosto dela mudou de expressão como por encanto, tornando-se completamente impassível. Depois parou e olhou para todos os lados.
Lassiter avançou então ao seu encontro.
Parando em frente dela, tirou o chapéu e perguntou:
— A senhora é Ella Sherman, a convidada de «miss» St. Loman ?
Ela lançou-lhe um olhar curioso que, dissimuladamente, o abarcou da cabeça aos pés. Em seguida sorriu e, sem perder o sorriso, replicou com outra pergunta:
— Esse é o meu nome, vaqueiro. E você...?
— Lass Lassiter, do «Silver Rach», menina Sherman. A menina St. Loman mandou-me para a conduzir até ao rancho. Quando quiser poderemos partir.
— E a minha bagagem?
— Na estação da diligência encarregar-se-ão dela até que a venhamos recolher, menina Sherman — replicou Lassiter. — Agora venha comigo. Tentaremos alugar uma carruagem para a levar ao rancho. A menina St. Loman disse que a desculpasse, mas no rancho não há nenhuma que seja cómoda.
A rapariga sorriu.
Ambos muito juntos entraram na estação sob a expectativa geral. Meia hora mais tarde saíram dali e, um pouco mais tarde Lassiter conduzia, levando o seu cavalo amarrado à parte traseira do «sulky» que alugara. Dirigiam-se para o rancho.
Foi a meio da pradaria, fora dos olhares indiscretos dos habitantes da povoação, que ela tomou as rédeas que Lassiter segurava e parou os cavalos.
Ambos voltaram a olhar-se e então, Ella, sem se poder conter, soltou um pequeno grito e lançou-se nos braços de Lassiter, num repente incontível.
— Oh, Lass, querido, como desejei que este momento chegasse!
Depois, durante vários minutos, ambos ficaram estreitamente abraçados, beijando-se e acariciando-se, até que Ella se afastou dos seus braços. Olhando-o fixamente, começou a perguntar:
— Lass! Que significa isso? Que razão há para todo este mistério? Que há de mal em...? Por favor... — fez uma ligeira pausa e acrescentou, vendo que ele não dizia nada: — Disseste a Tex?
Olhou-o, expectante, com os maravilhosos olhos verdes fitos nos seus e o busto agitado violentamente sob o tecido do vestido.
— Ouve, pequena — começou Lassiter. Nem tu nem eu nos conhecemos, compreendes? E o pior para ti é que, para todos os estranhos ao «Silver Rach», também fingirás não conhecer Tex. Compreendido? Tu, para todos, vais ser, no rancho, apenas a convidada da menina Ethel St. Loman. Portanto, querida, terás de aguentar até que tudo isto se solucione.
Não replicou de momento. Olhava-o pensativamente, como tentando assimilar todas e cada uma das suas palavras.
— E Tex, como está, Lass?
— Está bem, rapariga. Tão bem quanto possível.
Houve alguns segundos de silêncio entre os dois e por fim Elia quebrou-o, perguntando uma vez mais:
— E... e Tracy, Lass?
O rosto de Lassiter carregou-se.
— Como sempre, querida — replicou.
Ato contínuo contou-lhe os sucessos mais recentes e em seguida empunhou novamente as rédeas e pôs o «sulky» em marcha, sem deixar de falar, contando-lhe os motivos que tinha para não desejar que alguém soubesse, de momento, quem ela era e muito menos as relações que a ligavam a ele e a McNamara.
Avistavam o rancho quando Ella perguntou uma vez mais:
— Como é Ethel St. Loman?
— É loura, Ella. Loura e tanto ou mais formosa que tu, querida.
— Lass, querido! Fazes-me corar com as tuas galantarias.
Lassiter soltou uma gargalhada e não respondeu.
Segundos mais tarde, Ella encontrava-se a abraçar e a beijar Ethel que a acolheu como se se tratasse de uma sua irmã.
— Vamos — disse quando acabaram as efusões entre as duas. Vamos para dentro. Meu pai deseja conhecer-te.
Ella correspondeu ao tratamento por tu quando perguntou:
— E Tex, sabes se está no rancho?
— Não, Ella. Está junto das margens do Canadian vigiando os trabalhos da represa.
O rosto de Ella obscureceu-se um tanto.
— Quero ir vê-lo — replicou, lançando um olhar acusador a Lassiter que este simulou não ver.
Por isso não respondeu, o mesmo não acontecendo com Ethel que o fez imediatamente:
— Levar-te-emos lá, Ella, mas não hoje, apenas amanhã. E por favor, sê prudente, Suponho que Lass já te disse que ninguém deve saber as relações que te unem a Tex, não é verdade?
— Sim, disse-me, embora não tivesse dito que Tex não estava no rancho. Se assim tivesse acontecido...
— Será melhor, menina Sherman, que faça caso dos conselhos de Ethel.
Ela olhou para Lassiter, inclinou a cabeça e replicou lentamente:
— Seja como quer, Lass.
Sem mais palavra entraram os três no rancho onde os esperava St. Loman e, segundos mais tarde, os quatro encontravam-se sentados no luxuoso escritório, embebidos numa conversa agradável e interessante.
Mas nenhum deles esquecia nem por um momento Elmer Tracy, apesar de não falarem nele.
Por volta da meia-noite Ethel pôs-se em pé e voltou-se para Ella.
— Desculpa, querida — disse —, mas se queres ir ver o teu noivo amanhã, deves deitar-te agora.
Ella sorriu levemente, levantou-se do lugar que ocupava, estendeu a mão a St. Loman e afastou-se atrás de Ethel, enquanto Lassiter ficava a pensar de si para si o que aconteceria no rancho a partir daquele momento e acabava por se levantar e pôr em pé.
— Se não precisa de mim, senhor St. Loman...—começou.
— Não, Lass — replicou o rancheiro interrompendo-o. -- Pode ir deitar-se, se quiser.
Assim o surpreendeu a chegada da diligência com os gritos do condutor, as suas pragas e o ruído de ferros velhos e estalidos de madeira que ameaça desconjuntar-se.
Bebeu o resto do uísque de um trago, apertou um pouco mais o cinturão e abandonou o «saloon».
Tal como sempre, havia uma infinidade de curiosos rodeando a velha e ruidosa diligência quando Lassiter atravessou a rua poeirenta e se aproximou colocando-se atrás de todos.
Três homens.
Vaqueiros, e, segundo parecia, tão forasteiros como ele próprio.
Depois saiu a mulher.
Jovem, não devia ter mais de vinte anos, de intensos olhos verdes, alta, de busto pujante e audacioso, cintura estreita e cabelo ruivo, uma pequena boca vermelha de lábios sensuais e húmidos como o orvalho.
Lassiter sorriu, enquanto uma multidão de pensamentos contraditórios o sacudia dos pés à cabeça, fazendo-o estremecer como uma folha varrida pelo furacão.
Não se moveu, vendo como ela voltava a cabeça de um para o outro lado, procurando descobrir Tex McNamara, o seu noivo.
Repentinamente, Ella Sherman viu-o.
Notou corno se sobressaltava e como depois os seus lábios se distendiam num sorriso carinhoso e, com ele nos lábios, com os olhos extremamente brilhantes, começava a avançar para ele seguida pelos olhares fascinados dos homens e curiosos das mulheres.
Lassiter fez-lhe um sinal e quase instantaneamente o rosto dela mudou de expressão como por encanto, tornando-se completamente impassível. Depois parou e olhou para todos os lados.
Lassiter avançou então ao seu encontro.
Parando em frente dela, tirou o chapéu e perguntou:
— A senhora é Ella Sherman, a convidada de «miss» St. Loman ?
Ela lançou-lhe um olhar curioso que, dissimuladamente, o abarcou da cabeça aos pés. Em seguida sorriu e, sem perder o sorriso, replicou com outra pergunta:
— Esse é o meu nome, vaqueiro. E você...?
— Lass Lassiter, do «Silver Rach», menina Sherman. A menina St. Loman mandou-me para a conduzir até ao rancho. Quando quiser poderemos partir.
— E a minha bagagem?
— Na estação da diligência encarregar-se-ão dela até que a venhamos recolher, menina Sherman — replicou Lassiter. — Agora venha comigo. Tentaremos alugar uma carruagem para a levar ao rancho. A menina St. Loman disse que a desculpasse, mas no rancho não há nenhuma que seja cómoda.
A rapariga sorriu.
Ambos muito juntos entraram na estação sob a expectativa geral. Meia hora mais tarde saíram dali e, um pouco mais tarde Lassiter conduzia, levando o seu cavalo amarrado à parte traseira do «sulky» que alugara. Dirigiam-se para o rancho.
Foi a meio da pradaria, fora dos olhares indiscretos dos habitantes da povoação, que ela tomou as rédeas que Lassiter segurava e parou os cavalos.
Ambos voltaram a olhar-se e então, Ella, sem se poder conter, soltou um pequeno grito e lançou-se nos braços de Lassiter, num repente incontível.
— Oh, Lass, querido, como desejei que este momento chegasse!
Depois, durante vários minutos, ambos ficaram estreitamente abraçados, beijando-se e acariciando-se, até que Ella se afastou dos seus braços. Olhando-o fixamente, começou a perguntar:
— Lass! Que significa isso? Que razão há para todo este mistério? Que há de mal em...? Por favor... — fez uma ligeira pausa e acrescentou, vendo que ele não dizia nada: — Disseste a Tex?
Olhou-o, expectante, com os maravilhosos olhos verdes fitos nos seus e o busto agitado violentamente sob o tecido do vestido.
— Ouve, pequena — começou Lassiter. Nem tu nem eu nos conhecemos, compreendes? E o pior para ti é que, para todos os estranhos ao «Silver Rach», também fingirás não conhecer Tex. Compreendido? Tu, para todos, vais ser, no rancho, apenas a convidada da menina Ethel St. Loman. Portanto, querida, terás de aguentar até que tudo isto se solucione.
Não replicou de momento. Olhava-o pensativamente, como tentando assimilar todas e cada uma das suas palavras.
— E Tex, como está, Lass?
— Está bem, rapariga. Tão bem quanto possível.
Houve alguns segundos de silêncio entre os dois e por fim Elia quebrou-o, perguntando uma vez mais:
— E... e Tracy, Lass?
O rosto de Lassiter carregou-se.
— Como sempre, querida — replicou.
Ato contínuo contou-lhe os sucessos mais recentes e em seguida empunhou novamente as rédeas e pôs o «sulky» em marcha, sem deixar de falar, contando-lhe os motivos que tinha para não desejar que alguém soubesse, de momento, quem ela era e muito menos as relações que a ligavam a ele e a McNamara.
Avistavam o rancho quando Ella perguntou uma vez mais:
— Como é Ethel St. Loman?
— É loura, Ella. Loura e tanto ou mais formosa que tu, querida.
— Lass, querido! Fazes-me corar com as tuas galantarias.
Lassiter soltou uma gargalhada e não respondeu.
Segundos mais tarde, Ella encontrava-se a abraçar e a beijar Ethel que a acolheu como se se tratasse de uma sua irmã.
— Vamos — disse quando acabaram as efusões entre as duas. Vamos para dentro. Meu pai deseja conhecer-te.
Ella correspondeu ao tratamento por tu quando perguntou:
— E Tex, sabes se está no rancho?
— Não, Ella. Está junto das margens do Canadian vigiando os trabalhos da represa.
O rosto de Ella obscureceu-se um tanto.
— Quero ir vê-lo — replicou, lançando um olhar acusador a Lassiter que este simulou não ver.
Por isso não respondeu, o mesmo não acontecendo com Ethel que o fez imediatamente:
— Levar-te-emos lá, Ella, mas não hoje, apenas amanhã. E por favor, sê prudente, Suponho que Lass já te disse que ninguém deve saber as relações que te unem a Tex, não é verdade?
— Sim, disse-me, embora não tivesse dito que Tex não estava no rancho. Se assim tivesse acontecido...
— Será melhor, menina Sherman, que faça caso dos conselhos de Ethel.
Ela olhou para Lassiter, inclinou a cabeça e replicou lentamente:
— Seja como quer, Lass.
Sem mais palavra entraram os três no rancho onde os esperava St. Loman e, segundos mais tarde, os quatro encontravam-se sentados no luxuoso escritório, embebidos numa conversa agradável e interessante.
Mas nenhum deles esquecia nem por um momento Elmer Tracy, apesar de não falarem nele.
Por volta da meia-noite Ethel pôs-se em pé e voltou-se para Ella.
— Desculpa, querida — disse —, mas se queres ir ver o teu noivo amanhã, deves deitar-te agora.
Ella sorriu levemente, levantou-se do lugar que ocupava, estendeu a mão a St. Loman e afastou-se atrás de Ethel, enquanto Lassiter ficava a pensar de si para si o que aconteceria no rancho a partir daquele momento e acabava por se levantar e pôr em pé.
— Se não precisa de mim, senhor St. Loman...—começou.
— Não, Lass — replicou o rancheiro interrompendo-o. -- Pode ir deitar-se, se quiser.
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