Quando Glen se viu nos arredores da povoação, montou a cavalo e, sem esperar mais, obrigou-o a empreender um galope desenfreado.
Sabia que não tardariam a descobrir o logro e que então o perseguiriam com dupla razão e com mais empenho.
Tinha de se afastar quanto lhe fosse possível, para que não o pudessem capturar.
Durante parte da noite, galopou sem cessar, apenas concedendo ao cavalo os descansos indispensáveis para que o animal não se esgotasse. Quando estivesse longe dos seus inimigos, poderia deter-se e descansar.
A ferida doía-lhe cada vez mais e o sangue cobria-lhe toda a perna das calças.
Não tinha nada com o que se ligar e conter a hemorragia, a qual, embora não fosse muito considerável, era suficiente para temer o pior, se durante toda a noite não a pudesse conter.
Colocou um lenço na ferida e apertou-o com a mão. Aquilo era um remédio momentâneo, mas que carecia da eficácia suficiente e necessária.
Já de madrugada, tirou o lenço todo encharcado de sangue e pôs o que trazia atado ao pescoço.
Ao romper do dia, Glen viu que se encontrava perto do deserto. Devia ser o Gila, assim chamado porque em qualquer lado dele era atravessado pelo rio do mesmo nome.
Glen pensou durante uns minutos e por fim considerou que se continuasse por sítios onde, o pudessem perseguir, mais tarde ou mais cedo cairia nas mãos de quem o perseguisse, mas que, se fosse tão ousado que se arriscasse a escolher o deserto como caminho de fuga, coisas podiam mudar muito.
Os que viessem atrás dele, era lógico supor que também não trariam água, embora se pudessem abastecer dela; mas exporem-se aos perigos de um deserto para capturarem um homem que a nenhum deles fizera mal, era um pormenor que modificava muito o caso.
Num assomo de audácia, Glen julgou ter mais probabilidades de salvação penetrando nas areias amareladas, e não hesitou.
Quando o sol estava bastante alto, divisou a linha negra que avançava em direção a ele, e várias vezes disse para consigo que, afinal, a sua temeridade não lhe ia servir de nada.
O cansaço, a fadiga, a sede e a fome martirizavam--no, mas tudo isso se apagava diante da angústia que a dor da ferida lhe produzia.
E aqueles teimosos perseguidores sem se darem por vencidos. Enquanto os tivesse atrás de si, não se poderia permitir o luxo de descansar.
Era muita a dianteira que lhes levava; mas se pretendesse chegar ao extremo de se apear para tomar um descanso merecido, isso seria mais que suficiente para que caísse nas mãos dos que o perseguiam.
Com a dor martirizante da ferida, com a sede que o cansaço que o ia dominando por completo, Glen Garret seguiu pelo deserto adiante, sem saber já o que queria nem onde se encontrava.
Os seus esforços para se manter em cima do animal eram enormes. Uma voz dentro dele parecia gritar-lhe: «Avante! Avante!» E ele continuava a obedecer àquela ordem, embora na realidade não soubesse o que fazia.
Depois de um espaço de tempo interminável, de tantas horas como uma eternidade, Glen compreendeu que a noite o envolvia, mas não o que o rodeava.
Num esforço supremo, agarrou-se ao pescoço do cavalo. Este estava tão esgotado como ele. Glen foi escorregando pouco a pouco, até cair e ficar de cara virada para o céu límpido e azul, que se estendia até ao infinito. Com as costas coladas à areia ardente, o jovem julgou encontrar-se sobre o fogo do próprio inferno.
Se os homens que perseguiram Glen não foram capazes de o capturar, os abutres que voavam em largos círculos sobre o homem e o cavalo tiveram mais sorte do que eles.
O festim que se lhes oferecia era magnífico e os grasnidos das aves de rapina enchiam o espaço, anunciando o que para eles ia significar o banquete que tinham à vista.
Enquanto Glen permanecia no solo, inerte corno os mortos, e o seu cavalo relinchava e escarvava o chão, como se pressentisse o fim trágico que o esperava, com aqueles bichos repugnantes sobre ele.
Sabia que não tardariam a descobrir o logro e que então o perseguiriam com dupla razão e com mais empenho.
Tinha de se afastar quanto lhe fosse possível, para que não o pudessem capturar.
Durante parte da noite, galopou sem cessar, apenas concedendo ao cavalo os descansos indispensáveis para que o animal não se esgotasse. Quando estivesse longe dos seus inimigos, poderia deter-se e descansar.
A ferida doía-lhe cada vez mais e o sangue cobria-lhe toda a perna das calças.
Não tinha nada com o que se ligar e conter a hemorragia, a qual, embora não fosse muito considerável, era suficiente para temer o pior, se durante toda a noite não a pudesse conter.
Colocou um lenço na ferida e apertou-o com a mão. Aquilo era um remédio momentâneo, mas que carecia da eficácia suficiente e necessária.
Já de madrugada, tirou o lenço todo encharcado de sangue e pôs o que trazia atado ao pescoço.
Ao romper do dia, Glen viu que se encontrava perto do deserto. Devia ser o Gila, assim chamado porque em qualquer lado dele era atravessado pelo rio do mesmo nome.
Glen pensou durante uns minutos e por fim considerou que se continuasse por sítios onde, o pudessem perseguir, mais tarde ou mais cedo cairia nas mãos de quem o perseguisse, mas que, se fosse tão ousado que se arriscasse a escolher o deserto como caminho de fuga, coisas podiam mudar muito.
Os que viessem atrás dele, era lógico supor que também não trariam água, embora se pudessem abastecer dela; mas exporem-se aos perigos de um deserto para capturarem um homem que a nenhum deles fizera mal, era um pormenor que modificava muito o caso.
Num assomo de audácia, Glen julgou ter mais probabilidades de salvação penetrando nas areias amareladas, e não hesitou.
Quando o sol estava bastante alto, divisou a linha negra que avançava em direção a ele, e várias vezes disse para consigo que, afinal, a sua temeridade não lhe ia servir de nada.
O cansaço, a fadiga, a sede e a fome martirizavam--no, mas tudo isso se apagava diante da angústia que a dor da ferida lhe produzia.
E aqueles teimosos perseguidores sem se darem por vencidos. Enquanto os tivesse atrás de si, não se poderia permitir o luxo de descansar.
Era muita a dianteira que lhes levava; mas se pretendesse chegar ao extremo de se apear para tomar um descanso merecido, isso seria mais que suficiente para que caísse nas mãos dos que o perseguiam.
Com a dor martirizante da ferida, com a sede que o cansaço que o ia dominando por completo, Glen Garret seguiu pelo deserto adiante, sem saber já o que queria nem onde se encontrava.
Os seus esforços para se manter em cima do animal eram enormes. Uma voz dentro dele parecia gritar-lhe: «Avante! Avante!» E ele continuava a obedecer àquela ordem, embora na realidade não soubesse o que fazia.
Depois de um espaço de tempo interminável, de tantas horas como uma eternidade, Glen compreendeu que a noite o envolvia, mas não o que o rodeava.
Num esforço supremo, agarrou-se ao pescoço do cavalo. Este estava tão esgotado como ele. Glen foi escorregando pouco a pouco, até cair e ficar de cara virada para o céu límpido e azul, que se estendia até ao infinito. Com as costas coladas à areia ardente, o jovem julgou encontrar-se sobre o fogo do próprio inferno.
Se os homens que perseguiram Glen não foram capazes de o capturar, os abutres que voavam em largos círculos sobre o homem e o cavalo tiveram mais sorte do que eles.
O festim que se lhes oferecia era magnífico e os grasnidos das aves de rapina enchiam o espaço, anunciando o que para eles ia significar o banquete que tinham à vista.
Enquanto Glen permanecia no solo, inerte corno os mortos, e o seu cavalo relinchava e escarvava o chão, como se pressentisse o fim trágico que o esperava, com aqueles bichos repugnantes sobre ele.
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