No domingo, Charles Derek levantou-se ao amanhecer, selou o cavalo da senhora Allison, meteu entre o cinto os «Colts» que Maureen Cooley lhe emprestara e deixou a povoação a um galope certo. A manhã estava cálida e bela e os pulmões do jovem aspiraram com prazer a balsâmica brisa.
Não se dirigiu para o bosque do rio Pecos, onde tinham sido assassinados os madeireiros, mas sim para o lago, que ficava na direção oposta. Quando chegou ali, deteve-se, empunhou os revólveres e esteve a praticar mais de uma hora nos mais diversos e difíceis exercícios de tiro, primeiro a cavalo e depois a pé.
Corria, parava de repente, dava meia volta, deixava--se cair, disparando em todas essas posições sem qualquer preparação, quase sem fazer pontaria.
Passado algum tempo, sudoroso e fatigado, procurou uma sombra e deitou-se no solo. O sol ia já alto e a atmosfera começava a tornar-se escaldante. Semicerrou os olhos e deixou-se ficar assim um bom bocado, imóvel.
De repente ouviu o frenético galopar de um cavalo na distância e espreitou um segundo por entre a ramagem. O cavaleiro, fosse quem fosse, parecia dirigir-se para o lago. Observou-o por alguns momentos e acabou por soltar um silvo de assombro.
Não se tratava de um homem, mas sim de uma mulher, e esta dispunha-se a tomar um banho, a julgar pela rapidez com que se despojou do vestuário e caminhou para a água. O seu cabelo chamejava sob o beijo dos raios solares e a pele do seu corpo era de um puro tom cor de canela.
Charles viu-a lançar-se de cabeça sobre a líquida superfície e gozar durante algum tempo dos prazeres da natação. Depois veio para terra e correu alguns minutos sobre a alfomba macia da erva que crescia na margem e que o cavalo da mulher mordiscava entretanto.
Seguidamente vestiu-se de novo, saltou com agilidade para a sua montada e esporeou-a nervosamente. O animal relinchou, saltou para a frente e empreendeu uma vez mais o galope, mas agora na direção' do local onde Charles se encontrava deitado.
O jovem esteve quase a pôr-se em pé para chamar a atenção da 'amazona sobre a sua pessoa, mas pensou melhor e encolheu-se, por forma a passar despercebido. A ter-se levantado e feito qualquer gesto, o cavalo da rapariga, que vinha lançado, ter-se-ia muito possivelmente espantado, arrojando a jovem ao solo. Fora apenas para evitar isso que Charles se decidira a continuar atrás da ramagem que lhe servia de refúgio.
Tanto a amazona como o corcel eram uma maravilha.
Os cascos deste ouviam-se cada vez mais perto. A amazona, inclinada levemente para a frente, havia afrouxado as rédeas e animava o bruto com carinhosas palmadas no pescoço.
O alvo animal, fiel aos desejos da dona, saltava limpamente cada obstáculo que encontrava na sua passagem. Ao chegar ao talude, junto do qual Charles se encontrava, o animal saltou da mesma maneira fácil e continuou o seu galope.
Mas a amazona esticou de súbito as rédeas, obrigou o corcel a revolver-se num palmo de terreno, e antes mesmo que ele se detivesse de todo, lançou-o sobre Charles Derek. Este tinha-se levantado já e procurava sorrir um tanto forçadamente.
Ela alçou o chicote sem que entre ambos se trocasse a menor palavra e deixou-o cair sobre a cabeça de Charles. Este, um pouco surpreendido com a belicosa atitude, mal teve tempo para fazer um requebro e agarrai a tira, de couro com que a rapariga procurava castigá-lo.
A jovem, que não esperava a pronta reação do ex-federal, perdeu o equilíbrio e teria caído do cavalo se o próprio Charles a não tivesse sustido.
— Você é um... um... — proferiu ela afogada pela raiva, sem encontrar o epíteto mais adequado para o designar.
— Um quê, menina? — sorriu Charles, sem largar o corpo que tinha abraçado. — Não creio que lhe tenha dado motivos para...
---Acha que não? Ter-se-á visto já cinismo maior? Parece-lhe pouco andar a espiar-me enquanto me banho?
— Juro-lhe que não foi essa a minha intenção.
— Bem, fosse ou não fosse, quer fazer o favor de me largar? Sei aguentar-me sozinha.
Charles perturbou-se ainda mais. Retirou as mãos do corpo da rapariga e procurou encontrar uma desculpa. Mas a sua garganta não modulou o menor som.
O jovem sentia-se constrangido, coisa que, a dizer a verdade, não lhe costumava suceder em situações semelhantes, e pensou que desde a sua chegada a Pecos estava a perder faculdades ao lidar com mulheres, embora aquela fosse um caso à parte. Nunca vira nem esperava voltar a ver uns cabelos tão vermelhos, uns olhos tão azuis e uma figura tão encantadora numa mulher, enfim, tão turbulenta.
— O caso é que... — emitiu, por fim.
Derek perdera já a oportunidade de a reter. A jovem saltara de novo para o seu cavalo e voltava a lançar-se a galope, tomando, sem olhar para trás, o caminho da povoação.
Não se dirigiu para o bosque do rio Pecos, onde tinham sido assassinados os madeireiros, mas sim para o lago, que ficava na direção oposta. Quando chegou ali, deteve-se, empunhou os revólveres e esteve a praticar mais de uma hora nos mais diversos e difíceis exercícios de tiro, primeiro a cavalo e depois a pé.
Corria, parava de repente, dava meia volta, deixava--se cair, disparando em todas essas posições sem qualquer preparação, quase sem fazer pontaria.
Passado algum tempo, sudoroso e fatigado, procurou uma sombra e deitou-se no solo. O sol ia já alto e a atmosfera começava a tornar-se escaldante. Semicerrou os olhos e deixou-se ficar assim um bom bocado, imóvel.
De repente ouviu o frenético galopar de um cavalo na distância e espreitou um segundo por entre a ramagem. O cavaleiro, fosse quem fosse, parecia dirigir-se para o lago. Observou-o por alguns momentos e acabou por soltar um silvo de assombro.
Não se tratava de um homem, mas sim de uma mulher, e esta dispunha-se a tomar um banho, a julgar pela rapidez com que se despojou do vestuário e caminhou para a água. O seu cabelo chamejava sob o beijo dos raios solares e a pele do seu corpo era de um puro tom cor de canela.
Charles viu-a lançar-se de cabeça sobre a líquida superfície e gozar durante algum tempo dos prazeres da natação. Depois veio para terra e correu alguns minutos sobre a alfomba macia da erva que crescia na margem e que o cavalo da mulher mordiscava entretanto.
Seguidamente vestiu-se de novo, saltou com agilidade para a sua montada e esporeou-a nervosamente. O animal relinchou, saltou para a frente e empreendeu uma vez mais o galope, mas agora na direção' do local onde Charles se encontrava deitado.
O jovem esteve quase a pôr-se em pé para chamar a atenção da 'amazona sobre a sua pessoa, mas pensou melhor e encolheu-se, por forma a passar despercebido. A ter-se levantado e feito qualquer gesto, o cavalo da rapariga, que vinha lançado, ter-se-ia muito possivelmente espantado, arrojando a jovem ao solo. Fora apenas para evitar isso que Charles se decidira a continuar atrás da ramagem que lhe servia de refúgio.
Tanto a amazona como o corcel eram uma maravilha.
Os cascos deste ouviam-se cada vez mais perto. A amazona, inclinada levemente para a frente, havia afrouxado as rédeas e animava o bruto com carinhosas palmadas no pescoço.
O alvo animal, fiel aos desejos da dona, saltava limpamente cada obstáculo que encontrava na sua passagem. Ao chegar ao talude, junto do qual Charles se encontrava, o animal saltou da mesma maneira fácil e continuou o seu galope.
Mas a amazona esticou de súbito as rédeas, obrigou o corcel a revolver-se num palmo de terreno, e antes mesmo que ele se detivesse de todo, lançou-o sobre Charles Derek. Este tinha-se levantado já e procurava sorrir um tanto forçadamente.
Ela alçou o chicote sem que entre ambos se trocasse a menor palavra e deixou-o cair sobre a cabeça de Charles. Este, um pouco surpreendido com a belicosa atitude, mal teve tempo para fazer um requebro e agarrai a tira, de couro com que a rapariga procurava castigá-lo.
A jovem, que não esperava a pronta reação do ex-federal, perdeu o equilíbrio e teria caído do cavalo se o próprio Charles a não tivesse sustido.
— Você é um... um... — proferiu ela afogada pela raiva, sem encontrar o epíteto mais adequado para o designar.
— Um quê, menina? — sorriu Charles, sem largar o corpo que tinha abraçado. — Não creio que lhe tenha dado motivos para...
---Acha que não? Ter-se-á visto já cinismo maior? Parece-lhe pouco andar a espiar-me enquanto me banho?
— Juro-lhe que não foi essa a minha intenção.
— Bem, fosse ou não fosse, quer fazer o favor de me largar? Sei aguentar-me sozinha.
Charles perturbou-se ainda mais. Retirou as mãos do corpo da rapariga e procurou encontrar uma desculpa. Mas a sua garganta não modulou o menor som.
O jovem sentia-se constrangido, coisa que, a dizer a verdade, não lhe costumava suceder em situações semelhantes, e pensou que desde a sua chegada a Pecos estava a perder faculdades ao lidar com mulheres, embora aquela fosse um caso à parte. Nunca vira nem esperava voltar a ver uns cabelos tão vermelhos, uns olhos tão azuis e uma figura tão encantadora numa mulher, enfim, tão turbulenta.
— O caso é que... — emitiu, por fim.
Derek perdera já a oportunidade de a reter. A jovem saltara de novo para o seu cavalo e voltava a lançar-se a galope, tomando, sem olhar para trás, o caminho da povoação.
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