Conversaram muito pouco até atingirem a cascata de águas espumantes, no ponto em que se convertia num re-manso cristalino povoado de trutas.
-- Não gosta de pescar ? perguntou-lhe Cathy.
— Muito — assentiu ele. — Quer que nos detenhamos um momento aqui ?
Como ela não fizesse qualquer objeção, Gen desmontou rapidamente e, tomando-a pela cintura, colocou-a também em terra.
Logo, tomando-lhe a mão, levou-a para uma rocha que penetrava na água, passando sob a ramagem de um enorme cedro.
— Está-se bem aqui, não lhe parece?
Ela parecia absorta contemplando a água.
— Há aqui trutas enormes — disse.
Mas Gen estava disposto a iniciar a sua ofensiva e não sentia nesse momento o menor interesse pelas trutas.
— Que lhe pareceu o meu rancho?
Ela olhou-o então, começando a rir.
-- Um desastre — disse. — Refiro-me à casa, evidentemente. Sem adornos de espécie alguma e com alguns escassos móveis, pelo que me foi dado ver. Os homens não têm jeito algum para essas coisas.
Gen disfarçou um sorriso, pois a jovem tinha mordido a isca muito mais depressa do que ele podia esperar.
— A casa é ampla, solidamente construída e bem situada disse como se a quisesse defender. Só lá falta uma mulher que a arranje.
Cathy olhou-o com uma expressão ingénua, perguntando seguidamente:
— Você não é casado?
Ele riu, sacudindo a cabeça negativamente:
-- Ainda não — retorquiu.
— Que tola que eu sou! Devia supô-lo, pois de outro modo você não faria a corte a Sally.
-- A corte a Sally? — perguntou o californiano, divertido com aquele ataque inesperado, deixando-se cair sobre o rochedo a seu lado.
Ela atirou o busto para trás a fim de o olhar melhor, exprimindo todo o seu assombro. Um assombro demasiado para ser sincero.
— Não? Mas eu julguei que... inclusivamente chegou a lutar por ela.
— Não lutei por ela, mas sim por causa dela, o que não é a mesma coisa. Esse brutamontes de Dave está enamoradíssimo, mas é tão tímido que não se atreve a confessá-lo à interessada. E como o coquetismo de Sally lhe dá para se divertir comigo... aí tem.
As suas razões não me parecem muito sinceras —replicou Cathy secamente, pondo novamente os olhos na água cristalina, onde a sua encantadora imagem se refletia. — Deu-me a impressão de que o coquetismo de Sally não lhe desagradava em absoluto.
Gen riu, inclinando-se para a jovem.
— Tratava-se do mesmo jogo — disse alegremente, com os lábios quase a roçarem as douradas madeixas que ocultavam as lindas orelhas da rapariga. — Eu também pretendia fazer ciúmes a certa e deliciosa criaturinha.
— Mas como...? Oh!
Cathy voltara-se vivamente, ficando no mesmo instante amordaçada pelos lábios do californiano.
Era para ser uma carícia suave e breve, como casual e inocente. Mas Gen confiara excessivamente nas suas forças e, antes de poder notar que já não era o mesmo, que estava irremediavelmente enamorado, perdia a cabeça e abraçava apaixonadamente a sua amada, beijando-a vorazmente.
O desejo martelava-lhe as fontes, mas conseguiu dominar-se e largou-a, ainda as palpitações do seu sangue pareciam ensurdecê-lo. Contemplou-a consternado.
Começara já a aperceber-se da gravidade da sua situação. Uma verdade tornava-se-lhe bem patente: estava em risco de perder aquela mulher e precisava tanto dela como do ar que respirava. Era indispensável ganhá-la naquele mesmo instante, antes que ela pudesse reagir.
Mas ofegava, hesitante, sentindo-se impotente pela primeira vez na sua vida. Não obstante, não parecia que a urgência fosse tão acutilante como imaginara.
Ela olhava-o altivamente, mas nem sequer fizera um gesto para se levantar.
— Costuma fazer sempre estas experiências, senhor Keller? — perguntou com frio desprezo, se bem- que o tremor da voz a traísse.
— Nunca senti nada semelhante a isto -- afirmou Gen com sinceridade.
—Devo pedir-lhe que se vá embora? Devo-lhe muito, mas nenhuma dívida me pode obrigar a suportar a sua presença depois de me ter ferido duas vezes com o mesmo insulto.
Mas havia lágrimas na sua voz e Gen sentiu que algo se quebrava no mais íntimo do seu ser, como um dique que rebentasse e desse passagem a uma onda avassaladora de sentimentos nunca antes experimentados por ele, pelo menos com tanta intensidade.
— Amo-te — proferiu, tomando-a de novo nos braços para reclamar faminto os seus doces lábios.
Quando a soltou novamente, fê-lo com temor, desvanecida essa onda avassaladora que lhe dominara os sentidos, pois ela não correspondera aos seus beijos, permanecendo imóvel nos seus braços.
E olhá-la em nada o esclareceu, pois Cathy mantinha-se de olhos baixos, enquanto as lágrimas lhe deslizavam silenciosamente pelas acetinadas faces.
Seria verdade o que ela lhe dissera? Perdera ele inclusivamente a sua gratidão?
— Servir-te-á de alguma coisa dizer-te que sinto muito o que sucedeu? — perguntou roucamente, sentindo um frio mortal na alma.
Um momento depois abria a boca assombrado, olhando incrédulo os olhos brilhantes que sorriam picarescos.
--- Faças o que fizeres no futuro — proferiu Cathy —, nunca peças perdão por este beijo.
Ele conteve a tempo o novo e selvático impulso que o impelia a apertá-la junto ao coração. Precisava de demonstrar a Cathy e a si mesmo que era capaz de se dominar e colocar-se ao seu nível, e rir quando a emoção e o anseio lhe esmagassem o coração, pondo-lhe um nó na garganta.
— Que se deve fazer, pois, num caso como este? —perguntou num acento que pretendia ser jovial e soava a choco.
— Deve-se dizer à outra pessoa que não te pudeste conter. Isso fará que ela se sinta melhor.
— E depois?
-- Depois voltar a beijá-la... se a conseguires apanhar.
Mas ela não fez nada para escapar quando Gen voltou a tomá-la nos braços e a resposta dos seus lábios nessa ocasião fez estremecer os sentidos do jovem californiano.
-- Não gosta de pescar ? perguntou-lhe Cathy.
— Muito — assentiu ele. — Quer que nos detenhamos um momento aqui ?
Como ela não fizesse qualquer objeção, Gen desmontou rapidamente e, tomando-a pela cintura, colocou-a também em terra.
Logo, tomando-lhe a mão, levou-a para uma rocha que penetrava na água, passando sob a ramagem de um enorme cedro.
— Está-se bem aqui, não lhe parece?
Ela parecia absorta contemplando a água.
— Há aqui trutas enormes — disse.
Mas Gen estava disposto a iniciar a sua ofensiva e não sentia nesse momento o menor interesse pelas trutas.
— Que lhe pareceu o meu rancho?
Ela olhou-o então, começando a rir.
-- Um desastre — disse. — Refiro-me à casa, evidentemente. Sem adornos de espécie alguma e com alguns escassos móveis, pelo que me foi dado ver. Os homens não têm jeito algum para essas coisas.
Gen disfarçou um sorriso, pois a jovem tinha mordido a isca muito mais depressa do que ele podia esperar.
— A casa é ampla, solidamente construída e bem situada disse como se a quisesse defender. Só lá falta uma mulher que a arranje.
Cathy olhou-o com uma expressão ingénua, perguntando seguidamente:
— Você não é casado?
Ele riu, sacudindo a cabeça negativamente:
-- Ainda não — retorquiu.
— Que tola que eu sou! Devia supô-lo, pois de outro modo você não faria a corte a Sally.
-- A corte a Sally? — perguntou o californiano, divertido com aquele ataque inesperado, deixando-se cair sobre o rochedo a seu lado.
Ela atirou o busto para trás a fim de o olhar melhor, exprimindo todo o seu assombro. Um assombro demasiado para ser sincero.
— Não? Mas eu julguei que... inclusivamente chegou a lutar por ela.
— Não lutei por ela, mas sim por causa dela, o que não é a mesma coisa. Esse brutamontes de Dave está enamoradíssimo, mas é tão tímido que não se atreve a confessá-lo à interessada. E como o coquetismo de Sally lhe dá para se divertir comigo... aí tem.
As suas razões não me parecem muito sinceras —replicou Cathy secamente, pondo novamente os olhos na água cristalina, onde a sua encantadora imagem se refletia. — Deu-me a impressão de que o coquetismo de Sally não lhe desagradava em absoluto.
Gen riu, inclinando-se para a jovem.
— Tratava-se do mesmo jogo — disse alegremente, com os lábios quase a roçarem as douradas madeixas que ocultavam as lindas orelhas da rapariga. — Eu também pretendia fazer ciúmes a certa e deliciosa criaturinha.
— Mas como...? Oh!
Cathy voltara-se vivamente, ficando no mesmo instante amordaçada pelos lábios do californiano.
Era para ser uma carícia suave e breve, como casual e inocente. Mas Gen confiara excessivamente nas suas forças e, antes de poder notar que já não era o mesmo, que estava irremediavelmente enamorado, perdia a cabeça e abraçava apaixonadamente a sua amada, beijando-a vorazmente.
O desejo martelava-lhe as fontes, mas conseguiu dominar-se e largou-a, ainda as palpitações do seu sangue pareciam ensurdecê-lo. Contemplou-a consternado.
Começara já a aperceber-se da gravidade da sua situação. Uma verdade tornava-se-lhe bem patente: estava em risco de perder aquela mulher e precisava tanto dela como do ar que respirava. Era indispensável ganhá-la naquele mesmo instante, antes que ela pudesse reagir.
Mas ofegava, hesitante, sentindo-se impotente pela primeira vez na sua vida. Não obstante, não parecia que a urgência fosse tão acutilante como imaginara.
Ela olhava-o altivamente, mas nem sequer fizera um gesto para se levantar.
— Costuma fazer sempre estas experiências, senhor Keller? — perguntou com frio desprezo, se bem- que o tremor da voz a traísse.
— Nunca senti nada semelhante a isto -- afirmou Gen com sinceridade.
—Devo pedir-lhe que se vá embora? Devo-lhe muito, mas nenhuma dívida me pode obrigar a suportar a sua presença depois de me ter ferido duas vezes com o mesmo insulto.
Mas havia lágrimas na sua voz e Gen sentiu que algo se quebrava no mais íntimo do seu ser, como um dique que rebentasse e desse passagem a uma onda avassaladora de sentimentos nunca antes experimentados por ele, pelo menos com tanta intensidade.
— Amo-te — proferiu, tomando-a de novo nos braços para reclamar faminto os seus doces lábios.
Quando a soltou novamente, fê-lo com temor, desvanecida essa onda avassaladora que lhe dominara os sentidos, pois ela não correspondera aos seus beijos, permanecendo imóvel nos seus braços.
E olhá-la em nada o esclareceu, pois Cathy mantinha-se de olhos baixos, enquanto as lágrimas lhe deslizavam silenciosamente pelas acetinadas faces.
Seria verdade o que ela lhe dissera? Perdera ele inclusivamente a sua gratidão?
— Servir-te-á de alguma coisa dizer-te que sinto muito o que sucedeu? — perguntou roucamente, sentindo um frio mortal na alma.
Um momento depois abria a boca assombrado, olhando incrédulo os olhos brilhantes que sorriam picarescos.
--- Faças o que fizeres no futuro — proferiu Cathy —, nunca peças perdão por este beijo.
Ele conteve a tempo o novo e selvático impulso que o impelia a apertá-la junto ao coração. Precisava de demonstrar a Cathy e a si mesmo que era capaz de se dominar e colocar-se ao seu nível, e rir quando a emoção e o anseio lhe esmagassem o coração, pondo-lhe um nó na garganta.
— Que se deve fazer, pois, num caso como este? —perguntou num acento que pretendia ser jovial e soava a choco.
— Deve-se dizer à outra pessoa que não te pudeste conter. Isso fará que ela se sinta melhor.
— E depois?
-- Depois voltar a beijá-la... se a conseguires apanhar.
Mas ela não fez nada para escapar quando Gen voltou a tomá-la nos braços e a resposta dos seus lábios nessa ocasião fez estremecer os sentidos do jovem californiano.
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