Ruth Weaver saiu a dar um passeio pelos arredores. Existiam duas pessoas com quem não desejava encontrar-se. Eram Benny Hunt e Ernie Allem. Repelia o primeiro. Todas as vezes que ele a via, apressava-se a cumprimentá-la, fazendo o possível por parecer correto, embora os seus olhos a fitassem de uma forma desagradável. Sabia que estava enamorado dela, mas Ruth sempre o aborrecera, e ainda mais agora, que o pai procurava, por meios ilegais e ignóbeis, apossar-se da região.
No que respeitava ao seu amado, envergonhava-se daquele amor que, a seu pesar, ainda albergava no coração. Não, Ernie não era digno da menor estima e, sem embargo, parecia-lhe ainda sentir nos lábios o ardor daquele beijo que a fizera estremecer, tendo de realizar um esforço inaudito para o repelir com violência e esbofeteá-lo.
Estava convencida de que já não voltaria a amar nenhum homem, devido à deceção que sofrera com Ernie. O jovem que regressara somente no físico se parecia com o rapaz que partira. Em todo o resto era completamente diferente.
Na noite anterior sentira-se impressionada com a voz do mascarado, que denotava grande confiança em si mesmo. Ouvira relatar várias das suas numerosas façanhas, a sua serenidade e audácia, a decisão com que enfrentava numerosos inimigos, dominando-os com o seu arrojo tinjo e excelente pontaria. Quem seria aquele homem? Esta pergunta, que fazia igualmente a maioria dos habitantes do vale, intrigava-a.
Não havia dúvida do que se tratava de um homem justo, pois só assaltava e roubava os pistoleiros. No «saloon» afirmara que estava farto de ladrões de gado que infestavam a região, que o xerife era aliado deles e que imporia a sua lei.
A jovem estava inteirada de que o xerife e quatro dos seus comissários tinham sido assaltados pelo mascarado e que lhes tirara os cavalos, obrigando-os a marchar a pé até à povoação, aonde chegaram famintos e exaustos, com os pés cheios de bolhas, sendo o gáudio de todos que presenciaram a sua chegada.
Aquela zona cheia de desfiladeiros e ocultos caminhos sempre a atraíra, e mais agora que sabia tratar-se do refúgio daquele homem admirável. Numa se atrevera a acercar-se do lugar, por saber que era perigoso. Aquelas paragens albergavam bandidos e desesperados e eram povoadas por numerosos animais selvagens.
Ruth galopou para o escabroso local, com a esperança, embora não o quisesse confessar, de topar com o mascarado. Todavia, deteve-se, antes de chegar, contemplando com receio aquele tortuoso desfiladeiro, que se achava a curta distância. Permaneceu ligeiramente inclinada na sela, as mãos apoiadas no pescoço do cavalo e o olhar fixo nos lugares que serviam de refúgio ao homem que se atrevia a defrontar os ladrões de gado. De súbito, sobressaltou-se. Acabava de ouvir uma voz fria e pausada:
— Bons dias, menina Weaver.
Voltou a cabeça com lentidão. Reconhecera aquela voz e não estranhou ver, sobre uma pequena lomba a alguma distância, a arrogante silhueta do mascarado.
— Bons dias, senhor. — replicou com amabilidade.
— Como se atreveu a vir até aqui? Ignora por acaso que se trata de um lugar perigoso para uma menina?
— Não receio ninguém. — E, com um gesto, indicou o revólver que levava à cintura. — Sei dispará-lo.
O desconhecido moveu a cabeça, como se a resposta não fosso do seu agrado.
-- Apesar disso, é arriscado passear por aqui.
Rute fez um gesto de desgosto.
— Não é muito galante. A primeira vez que o vejo, a primeira vez que me fala, é para me repreender.
— O que está mal feito não merece outra coisa.
— É muito duro comigo.
— Sim, porque é uma menina amimada. Não deve afastar-se do vale.
— Que antipático!
Um riso varonil chegou até ela.
— Bom, agora já está feito, mas faça caso do que lhe digo. A situação é crítica e, se se afastar, pode acontecer-lhe um percalço. É muito bonita e eu lamentaria...
— Estou mudando de opinião a seu respeito.
— Regresse imediatamente — ordenou o mascarado com a sua característica frieza.
— Sim, sim... Já vou. Mas antes queria dizer-lhe uma coisa...
— De que se trata?
— Ontem à noite ausentou-se tão bruscamente que não nos foi possível dar-lhe os agradecimentos. Não queremos que julgue que somos uns desagradecidos. Nada disso. Não sabemos como pagar-lhe o que fez.
-- De uma maneira muito simples — replicou com dureza o mascarado. — Lutando contra os ladrões.
E fez dar meia volta ao cavalo.
Ruth permaneceu imóvel, fitando a lomba sobre a qual estivera o seu misterioso interlocutor, parecendo-lhe um sonho ter estado a falar com ele. Moveu a cabeça. Aquele homem intrigava-a, produzindo-lhe uma estranha sensação que em vão tentava analisar. Se a constante recordação de Ernie Allen não estivesse na sua mente, contra sua vontade, diria que estava enamorada dele. Mas isso não era possível. Tratava-se de um absurdo. Era um desconhecido e não tinha o mais leve indício de como seria. Apenas via que era alto e esbelto, que se tratava de um cavaleiro consumado e que, pelo som da sua voz, parecia ser jovem. Isto era tudo quando podia coligir da breve entrevista com o mascarado. Assim, chegou à conclusão de que sentia uma grande admiração pelo desconhecido.
Regressou ao rancho lentamente, compreendendo que o mascarado tinha razão para lhe fazer a advertência e prometeu a si mesma obedecer-lhe.
No que respeitava ao seu amado, envergonhava-se daquele amor que, a seu pesar, ainda albergava no coração. Não, Ernie não era digno da menor estima e, sem embargo, parecia-lhe ainda sentir nos lábios o ardor daquele beijo que a fizera estremecer, tendo de realizar um esforço inaudito para o repelir com violência e esbofeteá-lo.
Estava convencida de que já não voltaria a amar nenhum homem, devido à deceção que sofrera com Ernie. O jovem que regressara somente no físico se parecia com o rapaz que partira. Em todo o resto era completamente diferente.
Na noite anterior sentira-se impressionada com a voz do mascarado, que denotava grande confiança em si mesmo. Ouvira relatar várias das suas numerosas façanhas, a sua serenidade e audácia, a decisão com que enfrentava numerosos inimigos, dominando-os com o seu arrojo tinjo e excelente pontaria. Quem seria aquele homem? Esta pergunta, que fazia igualmente a maioria dos habitantes do vale, intrigava-a.
Não havia dúvida do que se tratava de um homem justo, pois só assaltava e roubava os pistoleiros. No «saloon» afirmara que estava farto de ladrões de gado que infestavam a região, que o xerife era aliado deles e que imporia a sua lei.
A jovem estava inteirada de que o xerife e quatro dos seus comissários tinham sido assaltados pelo mascarado e que lhes tirara os cavalos, obrigando-os a marchar a pé até à povoação, aonde chegaram famintos e exaustos, com os pés cheios de bolhas, sendo o gáudio de todos que presenciaram a sua chegada.
Aquela zona cheia de desfiladeiros e ocultos caminhos sempre a atraíra, e mais agora que sabia tratar-se do refúgio daquele homem admirável. Numa se atrevera a acercar-se do lugar, por saber que era perigoso. Aquelas paragens albergavam bandidos e desesperados e eram povoadas por numerosos animais selvagens.
Ruth galopou para o escabroso local, com a esperança, embora não o quisesse confessar, de topar com o mascarado. Todavia, deteve-se, antes de chegar, contemplando com receio aquele tortuoso desfiladeiro, que se achava a curta distância. Permaneceu ligeiramente inclinada na sela, as mãos apoiadas no pescoço do cavalo e o olhar fixo nos lugares que serviam de refúgio ao homem que se atrevia a defrontar os ladrões de gado. De súbito, sobressaltou-se. Acabava de ouvir uma voz fria e pausada:
— Bons dias, menina Weaver.
Voltou a cabeça com lentidão. Reconhecera aquela voz e não estranhou ver, sobre uma pequena lomba a alguma distância, a arrogante silhueta do mascarado.
— Bons dias, senhor. — replicou com amabilidade.
— Como se atreveu a vir até aqui? Ignora por acaso que se trata de um lugar perigoso para uma menina?
— Não receio ninguém. — E, com um gesto, indicou o revólver que levava à cintura. — Sei dispará-lo.
O desconhecido moveu a cabeça, como se a resposta não fosso do seu agrado.
-- Apesar disso, é arriscado passear por aqui.
Rute fez um gesto de desgosto.
— Não é muito galante. A primeira vez que o vejo, a primeira vez que me fala, é para me repreender.
— O que está mal feito não merece outra coisa.
— É muito duro comigo.
— Sim, porque é uma menina amimada. Não deve afastar-se do vale.
— Que antipático!
Um riso varonil chegou até ela.
— Bom, agora já está feito, mas faça caso do que lhe digo. A situação é crítica e, se se afastar, pode acontecer-lhe um percalço. É muito bonita e eu lamentaria...
— Estou mudando de opinião a seu respeito.
— Regresse imediatamente — ordenou o mascarado com a sua característica frieza.
— Sim, sim... Já vou. Mas antes queria dizer-lhe uma coisa...
— De que se trata?
— Ontem à noite ausentou-se tão bruscamente que não nos foi possível dar-lhe os agradecimentos. Não queremos que julgue que somos uns desagradecidos. Nada disso. Não sabemos como pagar-lhe o que fez.
-- De uma maneira muito simples — replicou com dureza o mascarado. — Lutando contra os ladrões.
E fez dar meia volta ao cavalo.
Ruth permaneceu imóvel, fitando a lomba sobre a qual estivera o seu misterioso interlocutor, parecendo-lhe um sonho ter estado a falar com ele. Moveu a cabeça. Aquele homem intrigava-a, produzindo-lhe uma estranha sensação que em vão tentava analisar. Se a constante recordação de Ernie Allen não estivesse na sua mente, contra sua vontade, diria que estava enamorada dele. Mas isso não era possível. Tratava-se de um absurdo. Era um desconhecido e não tinha o mais leve indício de como seria. Apenas via que era alto e esbelto, que se tratava de um cavaleiro consumado e que, pelo som da sua voz, parecia ser jovem. Isto era tudo quando podia coligir da breve entrevista com o mascarado. Assim, chegou à conclusão de que sentia uma grande admiração pelo desconhecido.
Regressou ao rancho lentamente, compreendendo que o mascarado tinha razão para lhe fazer a advertência e prometeu a si mesma obedecer-lhe.
Sem comentários:
Enviar um comentário