Entretanto, Sinclair Durkin e os seus comissários galopavam pelos arredores do vale, mas não lhes foi possível localizar as pegadas do cavalo da misteriosa personagem. Buscavam um pequeno indício que os conduzisse à guarida do mascarado, ou que o acaso os guiasse até ele. As palavras que pronunciara no «saloon», embora não fossem ouvidas por ele, escutara-as de um dos seus homens, que se apressara a comunicá-las:
— «O xerife é um bandido!».
Isto constituía uma terrível ofensa, um descrédito para a sua autoridade, e era-lhe necessário matá-lo e, dessa forma, recobrar a sua aparente honradez. De nenhum modo podia consentir que sobre o seu nome houvesse publicamente a menor dúvida. Em particular podiam fazer os comentários que quisessem. Era-lhe indiferente. Mas em voz alta, não. Quem se atrevesse a fazê-lo teria de enfrentar os seus revólveres.
Conhecia as numerosas e audazes intervenções do mascarado, tinham-lhe descrito o seu sangue-frio, a sua rapidez a «sacar» e a certeza da sua pontaria. Sem embargo, ele era um pistoleiro de grande prestígio e não receava defrontar qualquer inimigo. E demais, sem vacilar, teria aceitado lutar contra o seu misterioso adversário. Desejava verificar se em frente dele faria alarde do sangue-frio que tanto impressionara os seus homens.
Ao sul do vale, existia um terreno intrincado, cheio de desfiladeiros, passagens e barrancos. Lugar ideal para se ocultar um fugitivo da Justiça. Sinclair Durkin dirigiu-se para lá. Estava decidido a não recuar no seu empenho de encurralar o mascarado, obrigando-o a fazer--lhes frente, e, se acaso se ocultava nalguma cova, entrar nela e esmagá-lo como se fosse uma cobra.
Os homens que o seguiam eram experientes, curtidos numa infinidade de lutas, e não recuavam com facilidade. Não fizeram nenhum comentário quando viram para onde se dirigiam. Não sentiam nenhum receio. Eram cinco homens resolutos e hábeis no manejo das armas, que iam em busca de um só.
Bom. Um só, não, pois o tiro que matara um dos seus companheiros entrará no «saloon» vindo da rua, quando o mascarado voltara as costas, o que indicava que contava com um cúmplice e que a pontaria deste tão pouco era para desdenhar.
Eles conheciam bem aquele escabroso terreno. Utilizavam-no quase sempre para conduzir o gado roubado. Além disso, quando ficavam nalgum lugar mais de dois dias, o instinto fazia-os reconhecer o terreno que pisavam, para o caso de o terem de abandonar a galope.
Durkin, sem vacilar, internou-se por aquela zona que os homens honrados do vale evitavam. Sem esperarem qualquer indicação, os seus homens empunharam os revólveres, afastando-se uns dos outros alguns metros, para o caso de serem atacados de súbito. Não queriam ficar agrupados, porque ofereciam dessa forma melhor alvo ao inimigo.
— Atravessaram uni estreito desfiladeiro e sentiram-se aliviados do calor, porque, até ao fundo, não chegavam os ardentes raios do sol, que caíam impiedosamente sobre eles. A frescura daquele lugar era benfazeja em alto grau, o que fazia diminuir o seu tétrico especto. Todo o desfiladeiro estava, por completo, desprovido de vegetação. Ao sair dele e a um sinal de Durkin, um dos seus homens galopou até ao alto de uma lomba e observou com atenção as imediações, sem observar nada de suspeito. Desceu e murmurou:
— Nada. Está tudo deserto!
Durkin meneou a cabeça.
— É muito difícil descobrir um homem nestas paragens. Vamos até à Quebrada do Inferno. Depois regressaremos ao povoado.
Os comissários resignaram-se. Ainda faltava muito para chegar à sinistra quebrada, cujo aspeto justificava de sobejo o nome que lhe haviam dado. Prosseguiram a marcha, entrando num canal situado no extremo oposto d lodeiro por que acabavam de passar. Ali a vegetação era abundante e luxuriante, constituindo um regalo inapreciável para a vista. Um rumor alegre e buliçoso ressoava entre aquelas grandes massas de rochedos. De uma delas brotava um jorro de água que caía produzindo agradável ruído, formando um pequeno e límpido arroio. Cavalos e homens saciaram a sede, refrescando estes a seguir as caras suadas.
Naquela passagem havia uma gruta de regulares dimensões, a qual foi revistada por Durkin, porque constituía excelente refúgio para o mascarado. Como não descobrira no canal sinais recentes da passagem de cavalos, o xerife compreendeu que as pesquisas seriam infrutíferas, coma assim sucedeu, mas estava disposto ver tudo.
Reataram a busca e quando saíam de um pequeno e tortuoso desfiladeiro, o impressionante silêncio que reinava por aquelas paragens, pois as patas dos cavalos produziam um surdo rumor, foi cortado de improviso por uma detonação e os cavaleiros detiveram-se com os nervos tensos.
Urna blasfémia brotou dos lábios de Durkin, quando sentiu o chapéu ser arrancado bruscamente da cabeça, como se mão invisível lho tivesse tirado, deitando-o por terra.
— Durkin... É a mim que procuras?
Os olhares dos cinco homens pousaram numa pequena lomba situada à esquerda, sobre a qual se erguia um homem que os visava com dois revólveres. Apesar da decisão de se defrontarem com o mascarado, nenhuma arma se levantou. Ficaram dominados pela resoluta atitude daquele indivíduo que tapava o rosto com um lenço azul.
— Atirem fora os revólveres! — ordenou friamente.
Foi obedecido imediatamente e os «Colts» ficaram a bastante distância dos cavalos.
— Você! — exclamou a misteriosa personagem.
Um dos homens ergueu a cabeça.
— Sim, você! — afirmou o mascarado. — Você que tem o aspeto mais cândido. Apeie-se e deite as espingardas para junto dos revólveres. Cuidado com movimentos suspeitos. Estou a apontar para você!
O comissário obedeceu à ordem escrupulosamente.
— Portou-se muito bem — elogiou O mascarado, zombeteira.
Durkin cerrava os dentes com furor, impotente para defrontar o seu inimigo, que os dominava tão habilmente. Tinha a testa coberta de suor frio.
— Vejo que se decidiu vir à minha procura, Durkin. Sim, alojo-me nestes lugares. Isto é um aviso que lhe faço para que não volte a procurar-me. Na próxima vez dispararei à queima-roupa, sem aviso prévio.
— Quem é você e que se propõe? — inquiriu o xerife com fúria.
— Não lhe vou revelar quem sou. Quanto- ao que desejo é muito simples: limpar esta região de patifes como vocês.
— Somos as autoridades de Vale de Pluck.
A resposta foi uma gargalhada sardónica.
— Desde quando é que os ladrões de gado se convertem nas autoridades de uma povoação?
Durkin não replicou. A fúria impedia-o.
— Vou-lhes dar um conselho: o melhor que têm a fazer é marcharem para longe desta região. Quanto mais longe, melhor. Será a maneira de salvarem a vida.
O mascarado dominava por completo os cinco homens que, sobre as montadas, estavam com os braços ligeiramente levantados.
— Apeiem-se!
A ordem foi obedecida e, então, o mascarado, sem os perder de vista, desceu pela lomba com rapidez. De súbito, Sinclair Durkin, julgando chegada a ocasião de atuar, dispôs-se a lançar-se para as armas. Mas conteve o seu impulso, sentindo estampar-se um balázio no bico cia bota.
— Quieto, Durkin.
O semblante do xerife estava lívido. A excelente pontaria do seu 'inimigo, assim como a! sua intuição,_ impressionaram-no a seu pesar;
O mascarado estava ante ele. Só era possível distinguir-lhe os olhos, que se cravavam como se fossem punhais.
— Vá-se embora do Vale de Pluck, Durkin, ou matá-lo-ei.
As palavras eram pronunciadas arrastadamente com inconfundível sotaque texano. O mascarado voltou-se.
— Agora marchem para o desfiladeiro, mas sem entrar nele.
Enquanto os cinco homens lhe obedeciam, montou num dos cavalos, meteu os seus «Colts» nos coldres e passou unta corda pelos bridões dos outros animais.
— Que tenham um agradável regresso à povoação — despediu-se zombeteiro.
— Não pode levar os nossos cavalos — exclamou um comissário. — É uma grande distância.
— Lá chegarão. Agora não têm pressa.
E afastou-se a galope, levando atrás de si as cinco cavalgaduras.
Os cinco homens entreolharam-se, receosos e indignados. A perspetiva que se lhes apresentava era assustadora. Muitos quilómetros os separavam do vale e eles, cavaleiros natos, sentiam um horror instintivo por percorrer tão longa distância a pé. Depois, a entrada em Vale de Pluck, despojados das suas montadas, seria causa de risota dos habitantes. Aquela última façanha do mascarado aumentaria a sua popularidade com a consequente quebra do temor que por eles sentiam.
Recuperaram os seus revólveres e deixaram as espingardas. Não estavam dispostos a levá-las consigo durante a longa caminhada que os esperava. Apesar de não despegarem os lábios, os rostos denotavam o cansaço e os seus passos eram cada vez mais lentos. O sol caía impiedosamente sobre eles, aumentando os incómodos da penosa marcha.
De vez em quando, um deles soltava uma horrível imprecação quando uma bota tropeçava num grande calhau, fazendo-lhe dar um aparatoso cambapé. Todos guardavam ia lembrança do mascarado, da sua serenidade, do seu tom ligeiramente zombeteiro e da ameaça dos seus temíveis revólveres.
Não tardaram a sentir os incómodos dos atritos, pois, por não estarem habituados a percorrer tão longas distâncias, as pregas que se formavam nas botas cravavam-se na carne, produzindo-lhes uma dor viva. Chegaram a Vale de Pluck já ao entardecer, exaustos e mal dispostos.
Os transeuntes não puderam impedir que nos lábios aparecessem sorrisos de zombaria, quando contemplaram o xerife e os seus comissários em estado lamentável. Por sorte deles, Durkin não estava para fixar esses pormenores, de contrário, mais de um se arrependeria de sorrir.
Apesar de tudo, quando chegou ao seu escritório, o xerife compreendeu que havia cometido um erro ao aparecer na povoação. Apresentar-se em tão lamentável e abatido estado levantaria comentários que viu nada o favoreceriam. O mais prudente teria sido ficar fora da povoação até que escurecesse, entrando nela sem ser visto. Tudo fora devido ao infinito cansaço, ao vivo sofrimento que lhe causavam os pés ma 'tratados.
A notícia circulou com rapidez. Fizeram-se numerosas conjeturas, coincidindo, a maioria na opinião de que as suas autoridades tinham sofrido um duro encontro com o mascarado, do qual haviam saído maltratadas. O facto de os seus cavalos terem desaparecido indicava que haviam sido vítimas de um: audaz estratagema daquele desconhecido, que se atrevia a fazer frente a uma organizada quadrilha de bandidos.
— «O xerife é um bandido!».
Isto constituía uma terrível ofensa, um descrédito para a sua autoridade, e era-lhe necessário matá-lo e, dessa forma, recobrar a sua aparente honradez. De nenhum modo podia consentir que sobre o seu nome houvesse publicamente a menor dúvida. Em particular podiam fazer os comentários que quisessem. Era-lhe indiferente. Mas em voz alta, não. Quem se atrevesse a fazê-lo teria de enfrentar os seus revólveres.
Conhecia as numerosas e audazes intervenções do mascarado, tinham-lhe descrito o seu sangue-frio, a sua rapidez a «sacar» e a certeza da sua pontaria. Sem embargo, ele era um pistoleiro de grande prestígio e não receava defrontar qualquer inimigo. E demais, sem vacilar, teria aceitado lutar contra o seu misterioso adversário. Desejava verificar se em frente dele faria alarde do sangue-frio que tanto impressionara os seus homens.
Ao sul do vale, existia um terreno intrincado, cheio de desfiladeiros, passagens e barrancos. Lugar ideal para se ocultar um fugitivo da Justiça. Sinclair Durkin dirigiu-se para lá. Estava decidido a não recuar no seu empenho de encurralar o mascarado, obrigando-o a fazer--lhes frente, e, se acaso se ocultava nalguma cova, entrar nela e esmagá-lo como se fosse uma cobra.
Os homens que o seguiam eram experientes, curtidos numa infinidade de lutas, e não recuavam com facilidade. Não fizeram nenhum comentário quando viram para onde se dirigiam. Não sentiam nenhum receio. Eram cinco homens resolutos e hábeis no manejo das armas, que iam em busca de um só.
Bom. Um só, não, pois o tiro que matara um dos seus companheiros entrará no «saloon» vindo da rua, quando o mascarado voltara as costas, o que indicava que contava com um cúmplice e que a pontaria deste tão pouco era para desdenhar.
Eles conheciam bem aquele escabroso terreno. Utilizavam-no quase sempre para conduzir o gado roubado. Além disso, quando ficavam nalgum lugar mais de dois dias, o instinto fazia-os reconhecer o terreno que pisavam, para o caso de o terem de abandonar a galope.
Durkin, sem vacilar, internou-se por aquela zona que os homens honrados do vale evitavam. Sem esperarem qualquer indicação, os seus homens empunharam os revólveres, afastando-se uns dos outros alguns metros, para o caso de serem atacados de súbito. Não queriam ficar agrupados, porque ofereciam dessa forma melhor alvo ao inimigo.
— Atravessaram uni estreito desfiladeiro e sentiram-se aliviados do calor, porque, até ao fundo, não chegavam os ardentes raios do sol, que caíam impiedosamente sobre eles. A frescura daquele lugar era benfazeja em alto grau, o que fazia diminuir o seu tétrico especto. Todo o desfiladeiro estava, por completo, desprovido de vegetação. Ao sair dele e a um sinal de Durkin, um dos seus homens galopou até ao alto de uma lomba e observou com atenção as imediações, sem observar nada de suspeito. Desceu e murmurou:
— Nada. Está tudo deserto!
Durkin meneou a cabeça.
— É muito difícil descobrir um homem nestas paragens. Vamos até à Quebrada do Inferno. Depois regressaremos ao povoado.
Os comissários resignaram-se. Ainda faltava muito para chegar à sinistra quebrada, cujo aspeto justificava de sobejo o nome que lhe haviam dado. Prosseguiram a marcha, entrando num canal situado no extremo oposto d lodeiro por que acabavam de passar. Ali a vegetação era abundante e luxuriante, constituindo um regalo inapreciável para a vista. Um rumor alegre e buliçoso ressoava entre aquelas grandes massas de rochedos. De uma delas brotava um jorro de água que caía produzindo agradável ruído, formando um pequeno e límpido arroio. Cavalos e homens saciaram a sede, refrescando estes a seguir as caras suadas.
Naquela passagem havia uma gruta de regulares dimensões, a qual foi revistada por Durkin, porque constituía excelente refúgio para o mascarado. Como não descobrira no canal sinais recentes da passagem de cavalos, o xerife compreendeu que as pesquisas seriam infrutíferas, coma assim sucedeu, mas estava disposto ver tudo.
Reataram a busca e quando saíam de um pequeno e tortuoso desfiladeiro, o impressionante silêncio que reinava por aquelas paragens, pois as patas dos cavalos produziam um surdo rumor, foi cortado de improviso por uma detonação e os cavaleiros detiveram-se com os nervos tensos.
Urna blasfémia brotou dos lábios de Durkin, quando sentiu o chapéu ser arrancado bruscamente da cabeça, como se mão invisível lho tivesse tirado, deitando-o por terra.
— Durkin... É a mim que procuras?
Os olhares dos cinco homens pousaram numa pequena lomba situada à esquerda, sobre a qual se erguia um homem que os visava com dois revólveres. Apesar da decisão de se defrontarem com o mascarado, nenhuma arma se levantou. Ficaram dominados pela resoluta atitude daquele indivíduo que tapava o rosto com um lenço azul.
— Atirem fora os revólveres! — ordenou friamente.
Foi obedecido imediatamente e os «Colts» ficaram a bastante distância dos cavalos.
— Você! — exclamou a misteriosa personagem.
Um dos homens ergueu a cabeça.
— Sim, você! — afirmou o mascarado. — Você que tem o aspeto mais cândido. Apeie-se e deite as espingardas para junto dos revólveres. Cuidado com movimentos suspeitos. Estou a apontar para você!
O comissário obedeceu à ordem escrupulosamente.
— Portou-se muito bem — elogiou O mascarado, zombeteira.
Durkin cerrava os dentes com furor, impotente para defrontar o seu inimigo, que os dominava tão habilmente. Tinha a testa coberta de suor frio.
— Vejo que se decidiu vir à minha procura, Durkin. Sim, alojo-me nestes lugares. Isto é um aviso que lhe faço para que não volte a procurar-me. Na próxima vez dispararei à queima-roupa, sem aviso prévio.
— Quem é você e que se propõe? — inquiriu o xerife com fúria.
— Não lhe vou revelar quem sou. Quanto- ao que desejo é muito simples: limpar esta região de patifes como vocês.
— Somos as autoridades de Vale de Pluck.
A resposta foi uma gargalhada sardónica.
— Desde quando é que os ladrões de gado se convertem nas autoridades de uma povoação?
Durkin não replicou. A fúria impedia-o.
— Vou-lhes dar um conselho: o melhor que têm a fazer é marcharem para longe desta região. Quanto mais longe, melhor. Será a maneira de salvarem a vida.
O mascarado dominava por completo os cinco homens que, sobre as montadas, estavam com os braços ligeiramente levantados.
— Apeiem-se!
A ordem foi obedecida e, então, o mascarado, sem os perder de vista, desceu pela lomba com rapidez. De súbito, Sinclair Durkin, julgando chegada a ocasião de atuar, dispôs-se a lançar-se para as armas. Mas conteve o seu impulso, sentindo estampar-se um balázio no bico cia bota.
— Quieto, Durkin.
O semblante do xerife estava lívido. A excelente pontaria do seu 'inimigo, assim como a! sua intuição,_ impressionaram-no a seu pesar;
O mascarado estava ante ele. Só era possível distinguir-lhe os olhos, que se cravavam como se fossem punhais.
— Vá-se embora do Vale de Pluck, Durkin, ou matá-lo-ei.
As palavras eram pronunciadas arrastadamente com inconfundível sotaque texano. O mascarado voltou-se.
— Agora marchem para o desfiladeiro, mas sem entrar nele.
Enquanto os cinco homens lhe obedeciam, montou num dos cavalos, meteu os seus «Colts» nos coldres e passou unta corda pelos bridões dos outros animais.
— Que tenham um agradável regresso à povoação — despediu-se zombeteiro.
— Não pode levar os nossos cavalos — exclamou um comissário. — É uma grande distância.
— Lá chegarão. Agora não têm pressa.
E afastou-se a galope, levando atrás de si as cinco cavalgaduras.
Os cinco homens entreolharam-se, receosos e indignados. A perspetiva que se lhes apresentava era assustadora. Muitos quilómetros os separavam do vale e eles, cavaleiros natos, sentiam um horror instintivo por percorrer tão longa distância a pé. Depois, a entrada em Vale de Pluck, despojados das suas montadas, seria causa de risota dos habitantes. Aquela última façanha do mascarado aumentaria a sua popularidade com a consequente quebra do temor que por eles sentiam.
Recuperaram os seus revólveres e deixaram as espingardas. Não estavam dispostos a levá-las consigo durante a longa caminhada que os esperava. Apesar de não despegarem os lábios, os rostos denotavam o cansaço e os seus passos eram cada vez mais lentos. O sol caía impiedosamente sobre eles, aumentando os incómodos da penosa marcha.
De vez em quando, um deles soltava uma horrível imprecação quando uma bota tropeçava num grande calhau, fazendo-lhe dar um aparatoso cambapé. Todos guardavam ia lembrança do mascarado, da sua serenidade, do seu tom ligeiramente zombeteiro e da ameaça dos seus temíveis revólveres.
Não tardaram a sentir os incómodos dos atritos, pois, por não estarem habituados a percorrer tão longas distâncias, as pregas que se formavam nas botas cravavam-se na carne, produzindo-lhes uma dor viva. Chegaram a Vale de Pluck já ao entardecer, exaustos e mal dispostos.
Os transeuntes não puderam impedir que nos lábios aparecessem sorrisos de zombaria, quando contemplaram o xerife e os seus comissários em estado lamentável. Por sorte deles, Durkin não estava para fixar esses pormenores, de contrário, mais de um se arrependeria de sorrir.
Apesar de tudo, quando chegou ao seu escritório, o xerife compreendeu que havia cometido um erro ao aparecer na povoação. Apresentar-se em tão lamentável e abatido estado levantaria comentários que viu nada o favoreceriam. O mais prudente teria sido ficar fora da povoação até que escurecesse, entrando nela sem ser visto. Tudo fora devido ao infinito cansaço, ao vivo sofrimento que lhe causavam os pés ma 'tratados.
A notícia circulou com rapidez. Fizeram-se numerosas conjeturas, coincidindo, a maioria na opinião de que as suas autoridades tinham sofrido um duro encontro com o mascarado, do qual haviam saído maltratadas. O facto de os seus cavalos terem desaparecido indicava que haviam sido vítimas de um: audaz estratagema daquele desconhecido, que se atrevia a fazer frente a uma organizada quadrilha de bandidos.
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