Olhei o louco que se tinha arruinado de forma tão absurda e senti verdadeira pena, ao mesmo tempo que me punha em guarda pois parecia de tal forma alterado que poderia intentar qualquer disparate. Agradar-me-ia ter-lhe dito, então, algo, mas há certas coisas que não devem fazer-se em público e, além disso, compreendi que valia mais esperar um pouco, pois no seu actual estado de ânimo não seria fácil entendermo-nos. Por outro lado, tão pouco me parecia um desses tipos que se matam a tiro quando se encontram em apuros e talvez uma noite em claro o fizesse meditar e mostrar-se mais reflexivo pela manhã. Não era minha intenção despojá-lo do que era seu e, uma vez serenado, facilmente nos poríamos de acordo.
- Agora estou sem um cêntimo, Maureen – disse com voz rouca – e tenho a impressão de que isto altera a nossa amizade.
- Claro, filho – concordou ela, sorrindo, zombeteira. – Quando quiser transformar a minha casa num asilo de indigentes, avisar-te-ei.
- Cadela! – rugiu Reed, congestionado pela raiva. – Levaste a maior parte do meu dinheiro e, sem embargo, não tens sequer uma frase amável para mim. Eu te darei…
Foi tudo tão rápido e eu estava tão desprevenido que nada pude fazer para evitar o desenlace.
O enfurecido rancheiro saltou, com as mãos estendidas na direção da delicada garganta de Maureen Kinney, a qual o fixou, desafiante, sem a menor amostra de medo, e, no mesmo instante, soou um disparo que, a julgar pelo seu ladrido, devia proceder de uma arma pequena. Pistola «Derringer», de cano duplo, com todas as probabilidades.
Reed deteve-se de chofre, como se tivesse topado com um muro invisível. E, levando as mãos ao peito, olhou a formosa mulher com uma expressão de assombro enquanto o sangue lhe escorria, lentamente, entre os dedos. Deu ainda um passo vacilante e caiu, de bruços com surdo estrondo, imobilizando-se no solo, enquanto o seu largo chapéu «Stetson» rodava aos pés dela. Estava morto!
(Coleção Arizona, nº 6)
(Coleção Arizona, nº 6)
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