O xerife, que era um indivíduo cem por cento macambúzio e inflexível, quis mostrar aos circunstantes que ainda era senhor desses dois favores cedidos pela natureza, como complemento da sua original maneira de ser.
Deu um passo em frente, aproximando-se mais do jovem.
- Repito o aviso, Small – disse, apontando-lhe o indicador -. Pensa maduramente na saída. É a última vez que te digo isto.
Proferidas estas palavras, voltou-lhe as costas bruscamente.
Principiou a caminhar energicamente, mas, de súbito, parou. Ouvira qualquer coisa que o fez tremer dos pés à cabeça.
Voltou-se.
Ted, com um sorriso sardónico e brejeiro a brilhar-lhe nas pupilas, soprava uma estranha melodia na sua flauta de cana.
A maneira como Stark avançou para ele deu a entender ao grupo de curiosos que a saída de Small iria ocorrer muito mais cedo do que o rapaz pensava.
Mas Ted era possuidor dum sangue frio capaz de desconsertar o mais pintado.
Continuou a soprar na flauta até que o xerife se aproximou dele.
O homem olhou várias vezes para o rudimentar pífaro e, inopinadamente, perguntou:
- A quem roubaste isso, Ted?
Ted Small tirou o tubo de cana dos beiços e fitou profundamente os olhos pequenos e piscos do outro.
- A ninguém! PorquÊ?
- Eu sei quem fez essa coisa!
- Isso é que é sagacidade!... Quem havia de ser senão o velho Jerry?!
Stark pegou nela. Olhou-a detidamente e devolveu-a.
- Foi ele quem te deu essa flauta?
- Claro que sim. Há muitos anos já que sou o seu melhor cliente.
- Eu falarei com esse velho pirata! A mim, nunca ele fez uma como essa.
E, quando o xerife compreendeu que Ted ficara a saber que o seu fraco eram as flautas, deu meia volta e afastou-se.
(Coleção Búfalo, nº 8)
(Coleção Búfalo, nº 8)
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