Naquela noite, à hora em que meio povoado se tinha deslocado
ao rancho Graham e o outro meio se refugiava nas baiucas e casas de tavolagem,
quatro indivíduos aproximaram-se da repartição do xerife onde Sam, um dos seus
ajudantes, fazia guarda. Os presos descansavam.
Sam estava à porta fumando tranquilamente. Por isso, a sua
surpresa foi grande quando viu os quatro indivíduos, que não conhecia,
rodearem-no ao mesmo tempo que lhe apontavam os seus revólveres ao rosto.
- Seja bonzinho e não solte pio! – disse-lhe um mexicano
espigado de voz cantante. Mas logo, mudando de tom bruscamente, ordenou-lhe:
-Vamos. Faça as honras da casa.
Era um golpe audacioso, em plena rua. Mas, nessa noite, a
povoação estava deserta. Não restava a Sam outro remédio senão obedecer.
Entraram e Sam recebeu uma coronhada tão bem aplicada que,
caindo redondamente no solo, ficou a dormir o sono violento da comoção. Os
quatro desconhecidos correram rapidamente para o calabouço onde se encontravam
os dois presos. Nesse momento, estavam acordados.
- Eu já sabia que não nos deixariam aqui metidos! Trouxeram
cavalos para nós? – perguntou com ansiedade Gerard, agarrado aos varões de
ferro.
- Talvez!... – foi a desconcertante resposta.
Gerard Larander riu nervosamente.
- Nunca entenderei bem a tua maneira de falar. Que diz o
chefe?
- O chefe diz que és um cabrito, um miserável delator…
Enquanto o mexicano continuava a falar, Gerard mudou de cor.
Os quatro homens estavam parados em frente dos varões de ferro, sem fazer
menção de irem buscar as chaves para abrir o calabouço.
- Não sejas idiota! Nós não dissemos nada.
-Parece que sim! Deixaste entrever ao xerife alguma coisa do
que se passa no rancho Graham. E estavas disposto a falar amanhã como uma
alcoviteira.
-Estúpido! Que nos importa que digam isso?... Não!...
Não!...
Friamente, os quatro homens dispararam através dos varões.
Gerard e o seu companheiro quiseram refugiar-se num canto do calabouço, como
feras acossadas. Mas as minúsculas lanças de chumbo quebraram os seus propósitos
e eles ficaram ali, estendidos no solo, com o assombro e o terror refletidos
ainda nos seus olhos…
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