domingo, 31 de outubro de 2021

ARZ133.05 A mulher fascinante que assistia ao «rodeo»

O'Farrell foi assistir ao «rodeo» porque, caso estranho, tomava parte nele Driver, conhecido jogador da quadrilha de Douglas, mas desconhecido na sua nova versão de vaqueiro. Dava-se, além disso, a circunstância, muito tentadora para O'Farrell, de Piky Laura também assistir, entre os bandidos do «saloon» flutuante. 

Driver acabava de se apresentar montado num potro baio, com manchas cor de cinza. Dominou-o com magnifica mestria; nem uma só vez abandonou a sela, apesar de serem muitos os esforços do cavalo. Fê-lo galopar velozmente, saltou por um lado, voltou a subir e atirou-se pelo outro lado. Parecia ter asas nos pés. Fazia verdadeiras diabruras a cavalo; mudava constantemente de posição, saltava por um flanco e aparecia por outro. Mas ainda não estava plenamente satisfeito com o seu trabalho. 

— Agora vão ver! — exclamou. 

sábado, 30 de outubro de 2021

ARZ133.04 Um beijo roubado

Cove S. Copeland encontrava-se sentado no seu gabinete a examinar uma porção de documentos. Atrás dele, na parede, havia um retrato litográfico do atual presidente, William McKinley. Em cima da secretária via-se um tinteiro, um cofrezinho e uma pequena balança, que, convenientemente nivelada, representava a lei. 

Por fim, levantou os olhos. Teria cerca de sessenta anos, era, ossudo e seco, e possuía uma expressão tão dura que se tornava desagradável. 

— Foi um crime político. West tinha ligações com altas personalidades que lhe proporcionavam pingues benefícios. Donde vinha o dinheiro? Da não observância das leis. Os dólares que deviam entrar nos cofres municipais e, por acréscimo, do estado, ficavam a meio do caminho, justamente pela lamentável situação em que se encontra São Luis. 

Cove S. Copeland pôs as mãos atrás das costas e passeou algum tempo, silencioso e grave. 

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

ARZ133.03 Dono do império flutuante

Com o chapéu na mão, o xerife subiu a prancha que conduzia ao «saloon» flutuante de Perry Douglas. Trazia fato escuro e laço preto no pescoço, sobre a camisa de seda branca. Excecionalmente, metera a insígnia de xerife no bolso do colete, sem dúvida porque lhe interessava dar uma vista de olhos sem chamar a atenção. Era a primeira vez que entrava ali. Esteve uns minutos indeciso, com a mão na balaustrada. 

Os três barcos fluviais permaneciam fundeados no embarcadouro, dois «saloons» e um teatro. Na realidade, aqueles faziam uma concorrência desleal ao último, cujas receitas provinham das peças que representava. 

Os «saloons» transportavam passageiros de um ponto para o outro do rio, como linha regular de transporte, exploravam os divertimentos e exibiam no palco as artistas mais bonitas. Mas naquele momento o palco tinha o pano descido e os espectadores olhavam para a escada, coisa que surpreendeu o xerife. Olhavam-no a ele? Virou um pouco a cabeça. 

quinta-feira, 28 de outubro de 2021

ARZ133.02 Matança no «saloon» flutuante


 A verdade é que visitou de novo os «saloons» flutuantes. Estes faziam uma longa viagem de Kansas City a Memphis, mas ancoravam durante meses em São Luís. Tinham palcos e salas de jogo, onde os viciados arriscavam o que tinham e o que não tinham. 

Vaqueiros, jogadores profissionais, rancheiros, mulheres desejosas de aventuras, senhores de sobrecasaca preta e chapéu de coco, tais eram os frequentadores habituais dos «saloons» flutuantes, cujo vírus contaminara os teatros fluviais, de tal maneira que às vezes o jogador do «saloon» explorava ao mesmo tempo o barco da farândola. 

— A cheirar por cá, hem? Tome qualquer coisa comigo — convidou-o Mark Dondée, proprietário do «saloon» flutuante rival de Perry Douglas, um jovem muito bem--educado, tão correto que não trazia armas. 

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

ARZ133.01 A morte de um jornalista subitamente rico


S. Luís do Missouri, com os seus cento e cinquenta mil habitantes nos fins do século, era uma cidade mais importante do que Kansas City, esta situada a montante do Missouri. 

Em S. Luis juntavam-se os rios mais caudalosos da União, circunstância que permitia a passagem dos «barcos-saloons» e dos teatros flutuantes, famosos na história do Oeste, os primeiros pela sua turbulência, os segundos pelo seu romantismo. 

Mais do que os problemas de pastos e de linhas férreas que atravessavam os ranchos, como acontecia noutros condados, proliferavam os conflitos de consciência social. Era uma espécie de paraíso dos jogadores e desse mundo tão característico e fascinante que constitui o teatro. 

terça-feira, 26 de outubro de 2021

ARZ133.00 O xerife e a artista


«O xerife e a artista» é um título enganador, talvez para tornar este livro mais sugestivo. 
A ação decorre em S. Luis do Missouri, cidade com mais de cento e trinta mil habitantes, onde se juntavam os rios mais caudalosos da União, circunstância que permitia a passagem dos «barcos-saloons» e dos teatros flutuantes, famosos na história do Oeste, os primeiros pela sua turbulência, os segundos pelo seu romantismo. 
Tudo começa com a morte de um jornalista que tinha feito fortuna sem se saber como. O xerife O' Farrell decidiu-se a descobrir as causas da sua morte e acabou por se envolver numa atividade frenética para a destruição de uma rede de corruptos, batoteiros e ladrões. 
Um dos principais facínoras gozava dos encantos de uma bela artista pela qual o xerife se sentiu atraído. Mas a pobre rapariga acabou por desaparecer da história depois de uma manifestação de pessoas honestas contra a atividade de «saloons» flutuantes onde mulheres e batoteiros chupavam o dinheiro aos que trabalhavam arduamente. O desprezo final do xerife pelos seus encantos foi suficiente para não mais se ouvir falar nela…
É preciso chegar ao capítulo XI desta novela para desfrutarmos de uma cena verdadeiramente dramática e que dá uma certa qualidade ao texto: a morte do defensor de peças de teatro nos moldes tradicionais de autores gregos e outros clássicos. O homem permaneceu ao leme do seu barco enquanto o fogo o destruía.
De resto, o texto é francamente pobre e abusa de tiroteio para a resolução de problemas…

segunda-feira, 25 de outubro de 2021

CNT009.02 A derrota dos traidores

Os homens do bando, totalmente alheios à sua presença, sem sequer lhe darem algum alimento para quebrar o jejum, puseram-se a caminho, decerto para voltarem mais tarde, quando o plano traçado estivesse concluído... quando no peito do velho Saunders deixasse de palpitar um coração bondoso e magnânimo... 

As lágrimas correram, então, pelo rosto pálido da pobre criança. O seu coração pulsava num ritmo mais acelerado e febril, numa ansiedade que crescia de segundo a segundo, à medida que o sol despontava no horizonte para uma manhã luminosa e severa, a contrastar com a tempestade que lhe ia na alma! 

Foi então que uma voz débil e assustada, mesmo ansiosa, se fez ouvir ali perto, num chamamento: 

— Jim! Jim! 

domingo, 24 de outubro de 2021

CNT009.01 Planos sinistros

OS seis homens reuniram-se num ponto da floresta onde as árvores se agrupavam, espalhando sombras em toda a volta. Os seus rostos não inspiravam confiança e nos gestos, nervosos e desconfiados, havia algo de comprometedor. Sentaram-se no solo sobre o capim, e um deles parecia ter-se encontrado há pouco com os restantes, porque começou imediatamente a inteirá-los das novidades que trazia: 

— Os peles-vermelhas estão firmemente dispostos a aniquilar Forte Oregon a todo o custo, reapossando-se das suas terras, que se prolongam por toda a área até ao rio. O chefe «Abutre Negro» vai lançar em breve todos os «Sioux» sob o seu comando numa luta devastadora. 

sábado, 23 de outubro de 2021

CNT009.00 Traidores do Oeste

«Traidores do Oeste» é um conto assinado por Orlando Marques publicado nos fascículos 408 e 409 da primeira série do Mundo de Aventuras. Não está identificado o autor das ilustrações.

O velho Bill Saunders conduzia um comboio que transportava importante carga de armas e medicamentos com destino a Forte Oregon. Não sabia que um grupo de traidores fazia planos para o impedir de cumprir essa missão na mira de receber contrapartidas dos «sioux» que pretendiam destruir esse forte.

Acontece que a conversa dos bandidos foi surpreendida pelo pequeno Jim que, aterrorizado com o que ouvira, encetou uma fuga com o objetivo de avisar o pai, nada mais nada menos do que o velho Bill. Não o conseguiu, pois foi apanhado pelos bandidos que, reconhecendo-o, o amarraram a uma árvore.

Os bandidos partiram para pôr em prática os seus planos e o pequeno para ali ficou até que foi encontrado pela pequena irmã. Iniciou então monumental cavalgada ao lado dela para avisar o pai.

E o plano dos bandidos gorou-se…


quinta-feira, 14 de outubro de 2021

CWB011.08 Morte aos traidores brancos

Melvin Lytton, o perigoso pistoleiro ao serviço de Kurt Groves, aproximou-se da mulher que estava amarrada a seu lado. 

— Magnifico, ferazita! Agora já não receio ninguém. Tendo-te em meu poder, o teu amigo Búfalo Bill não se atreverá a meter-se comigo. E quando acabar o negócio que tenho em curso...! 

Clara Bruning, compreendendo os negros propósitos do bandido, ia responder-lhe quando o chamaram lá de fora: Era um dos homens da quadrilha do bandoleiro anunciando a chegada do general Wilkerson em pessoa. 

Enquanto este se aproximava do acampamento dos bandidos, umas vinte figuras escorregadias e silenciosas iam cercando o grupo de confiados homens comandados por Melvin Lytton. Quando o general apareceu, a prisioneira que ali tinham há dois dias exclamou: 

— Como, general! O senhor, amigo destes bandidos? 

— Que significa isto, Lytton? — perguntou o general, furioso. — Que faz aqui a filha do meu amigo juiz Bruning? 

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

CWB011.07 «Whiskey» e armas em troca das terras dos índios

Minutos depois, Búfalo Bill entrava no «saloon» «A Mina de Ouro». 

A clientela do «saloon» era constituída na sua maioria por soldados. Búfalo Bill, repelindo o assédio de algumas mulheres exuberantemente pintadas que pretenderam tolher-lhe a passagem dirigiu-se ao balcão. 

— Desejo falar com o dono da casa. É assunto importante e urgente. 

Perante a energia do pedido, a mulher que o atendeu saiu do balcão e bateu com os nós dos dedos numa porta ao lado. Passaram os minutos sem que aparecesse Groves nem a mulher. Não apareceram porque Kurt Groves espreitou por um pequeno ralo e, ao ver quem o procurava, estremeceu. Em seguida, ordenou rapidamente: 

— Depressa, June! Sai pelas traseiras e vai chamar Canning e Pearson. Que venham contigo! 

Dez minutos depois a criada regressava acompanhada por dois soldados do Exército dos Estados Unidos. 

terça-feira, 12 de outubro de 2021

CWB011.06 Um índio na cidade

 — Eh, Lader! Não vês? Que me enforquem se não é um índio disfarçado de branco! Vai já ver o que lhe faço! 

O que falara, um tipo magro e sardento levantou-se e foi ao encontro dum corpulento índio, vestido de caçador que acabava de entrar no «saloon», procurando alguém. 

— Meia-volta e rua, cão sarnoso! — disse-lhe o homenzito magro. — Mas antes despe esse fato que não te pertence, ou sais de pés para a frente! 

O índio fitou-o com desprezo e não respondeu. 

— Não ouviste? — insistiu o homenzito. —Nesse caso vou dizer-to de maneira mais clara. 

Tirou um revólver do coldre para indicar com ele a porta da rua. Mas assim que pretendeu ameaçar o índio, este arrancou-lhe a arma da mão, levantou-o no ar e atirou-o a uns dois metros de distância, indo cair sobre uma mesa onde estavam quatro indivíduos sentados. 

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

CWB011.05 Planos para a convivência com os índios

Deadwood, de pequena aldeia da região aurífera de Dakota, transformou-se dum dia para o outro na mais importante cidade e centro da comarca formada por várias povoações em redor, em Black Hills. 

Diariamente ali chegavam três diligências vindas de diversos pontos. Acabava o ano de 1876. Naquele dia, na diligência vinda de Hot Sping, chegou Búfalo Bill, acolhido com várias opiniões; de alegria para uns, de apreensão para a maioria. 

— É preciso muito cuidado, Lytton — dizia Kurt Groves, dono do principal «saloon» de Deadwood e um dos mais audazes aventureiros da região, — Esse maldito coronel Cody vem fiscalizar como compramos as terras aos índios, e não é possível enganá-lo. 

— Tudo depende de si, chefe — fanfarronou Lytton, levado pelo seu temperamento de hábil pistoleiro. — Uns gramas de chumbo bastam para arredar esse coronel do caminho. Eu mesmo posso encarregar-me... 

domingo, 10 de outubro de 2021

CWB011.04 A derrota da resistência índia

O cavaleiro cambaleava dum lado para o outro a cada movimento do cavalo, dando a impressão de ir cair dum momento a outro. Apesar disso continuava a galopar com a mesma fúria. O cavaleiro vestia o uniforme azul da cavalaria dos Estados Unidos. Levava a cabeça descoberta, o rosto desfigurado e nas costas... duas flechas índias enterradas até meio. Do outro lado do vale ficava um forte militar, que era sem dúvida o destino do cavaleiro porque, ao vê-lo, deu um suspiro de alívio. Mais uns três quilómetros e o cavaleiro entrou o portão do forte. 

Meia hora depois saía um esquadrão de cavalaria que empreendeu logo um galope rasgado. 

— Capitão Herrick — dizia o coronel ao ajudante, sem afrouxar o andamento —, precisamos de chegar ao rio White antes de anoitecer. O mensageiro morreu antes de dizer-nos tudo, mas sabemos que o comandante Gardner precisa de nós. Os «sioux» uniram-se, e dispõem-se a liquidar todos os brancos. 

— Desculpe, coronel Nixon, mas ouvi dizer que, graças a Búfalo Bill, o coronel Stenton lhes tinha infligido pesada derrota. Acha que é preciso exterminá-los todos para nos deixarem em paz? 

sábado, 9 de outubro de 2021

CWB011.03 Resistência à invasão dos brancos: o manto de «Águia Guerreira»

O luar banhava o acampamento mineiro, mergulhado em profundo silêncio. Os trinta homens que o compunham dormiam pacificamente, e até os dois «casacas azuis» que estavam de sentinela bocejavam encostados aos carros que serviam de trincheira entre as tendas e a planície. Apenas se ouvia o ruído do vento e do crepitar das fogueiras. Para os pesquisadores de ouro, a presença duma patrulha do exército era bastante proteção. 

Passava da meia-noite quando uma sombra atravessou o acampamento, a poucos metros duma das sentinelas que a não viu. Entrou na tenda mais próxima, sem o menor ruído, e depois, sucessivamente, fez o mesmo nas oito tendas, que tantas eram as que compunham o acampamento. Por fim, tão silenciosamente como viera, a sombra desapareceu, perdendo-se no horizonte escuro. 

De madrugada, ao render das sentinelas, duma tenda partiu um grito que alvoroçou todo o acampamento. 

— Arrancaram a cabeleira de Burt! — gritou alguém. 

— E aqui degolaram Lockhart! — gritaram doutra tenda. 

— Também nós temos um morto! — gritou um terceiro. 

De todas as tendas vinha o mesmo anúncio. O comandante da patrulha juntou oito cadáveres de pesquisadores de ouro no meio do acampamento. Todos estavam degolados e sem as cabeleireiras. 

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

CWB011.02 Buffalo Bil contra «Mão Amarela»

A derrota sofrida nos Big Horn de Montana pelo general Custer, resolveu o «Ward Department» a desencadear uma grande ofensiva contra os «sioux». Concentraram vários regimentos na fronteira e no dia 17 de Julho de 1876 iniciavam o ataque. Ao coronel Stenton foi dada a missão de submeter o chefe «sioux» «Mão Amarela», um dos mais irrequietos e intratáveis caudilhos índios, cujos guerreiros estavam todos armados de modernas espingardas de repetição. O seu primeiro encontro com ele custou mais de trinta baixas e a perda de vários carros de abastecimento. No segundo, por verdadeiro milagre não ficaram todos fora de combate. Mas no terceiro... Acabara o coronel de organizar as suas forças, depois da última derrota, quando uma sentinela anunciou a aproximação de Búfalo Bill. De facto, a conhecida figura do coronel Cody, com a longa cabeleira ao vento, samarra de franjas e altas botas de montar, apeava-se pouco depois junto do comandante das forças, 

— Bons dias, coronel Stenton — cumprimentou o batedor. — Soube que foi encarregue de apanhar «Mão Amarela» e venho oferecer-lhe os meus serviços. Conheço os vossos fracassos e acrescentarei que mais virá a ter, se insiste na tática empregada até agora. É preciso combatê-lo doutra maneira. 

quinta-feira, 7 de outubro de 2021

CWB011. 01 Prefácio

William Frederick Cody, famoso aventureiro americano mais conhecido pelo nome de Búfalo Bill, nasceu em Scott County (Iowa) em 1845. Em 1860 era postilhão do Pony Express. No princípio da guerra civil, foi informador e guia dos confederados. Em 1863 alistou-se no exército e ao terminar a guerra abasteceu de carne de búfalo as brigadas que trabalhavam na construção da linha férrea Kansas Pacific. Em dezoito meses, ele, só, apresentou 4.286 búfalos, donde lhe vem a alcunha de «William dos Búfalos». De 1868 a 1872 serviu de novo no exército como guia e informador. Fez a guerra contra os «sioux» (1876) e na batalha de Indian Creek matou, lutando corpo a corpo, o famoso guerreiro «Mão Amarela». 

Esta é a biografia histórica de Búfalo Bill. A outra, a que lhe deu uma auréola de herói quase lendário, a mais vulgarizada, deve-se única e exclusivamente à pena de Ned Buntline, o famoso escritor de histórias do Oeste. 

À sua literatura se deve a grande popularidade de Búfalo Bill, popularidade que ele aceitou como infalível caminho para a glória. Depois de prestar novos serviços como correio e conduzir as tropas da União através dos domínios dos «comanches» e (kiowas}, instalou-se em North Platte, onde arranjou uma quinta e onde foi nomeado juiz de paz para os poucos colonos. 

A sua original maneira de casar os novos casais, depressa se propagou por toda a região: «O que Deus e Búfalo Bill unem, ninguém deve desunir». 

Entretanto, Ned Buntline ganha dinheiro a rodos com as obras em que a sua principal personagem é Búfalo Bill. Como resultado disso, é agora o próprio Búfalo Bill que, atacado pela ânsia de enriquecer, empreende o negócio teatral. Em 1875 inaugura o primeiro «Wild West Show» (Espetáculo do Oeste Selvagem), onde apresenta autênticos índios trazidos das pradarias. 

No ano seguinte, porém, os «sioux» revoltam-se contra os brancos que, em consequência da descoberta do ouro nas Black Hill, invadiram o seu território. Búfalo Bill presta novos serviços como correio. Montado em fogoso cavalo percorre pradarias e bosques, atravessa a nado rios caudalosos, aparece nas batalhas como diabo justiceiro e em desafios e lutas mata chefes Índios. 

Os «sioux» chamam-lhe «Pahaska», o chefe da cabeleira comprida, ou «Cabelos Compridos». Terminado o conflito, volta ao seu teatro e põe em cena a guerra dos «sioux». Depois de vários anos de deambulações e canseiras, regressa às montanhas de North Platte onde realiza as façanhas mais temerárias. Porém... 

Seduzido pela popularidade resolve escrever a sua autobiografia. Pretende aparecer como um grande escritor, mas apenas consegue transformar-se num charlatão. Em 1885 organiza um espetáculo do Oeste, onde os «sioux» bailam danças guerreiras, os «comanches» cantam, galopam vaqueiros, brigam vermelhos e brancos e por fim, ao enterrarem o machado de guerra, fumam todos o cachimbo da paz. 

Assim, durante trinta anos, Búfalo Bill conduz aquele enterro duma época passada e ultrapassada pela civilização. «Pahaska», doente e pobre, com setenta anos às costas e sonhando com melhores terrenos de caça onde ele e a sua espingarda possam ainda servir, morre em Denver (Colorado), em 10 de janeiro de 1917. 

O que antecede, talvez ajude a conhecer um pouco mais o que foi realmente a vida deste famoso aventureiro. 

Mesmo assim, consideramos preferível relatar urna das suas autênticas façanhas. O cinema apresentou várias versões duma delas. O autor escolheu-a precisamente para esclarecê-la duma vez. Trata-se do seu combate com «Mão Amarela». 

A verdade, vamos contá-la nesta novela, deixando para outras futuras o relato «imaginário» doutras aventuras de que ele seja o protagonista. Comecemos pois. No que se refere à sua autêntica façanha, o caso passou-se assim... 


quarta-feira, 6 de outubro de 2021

CWB011.00 Buffalo Bill ataca!

Este pequeno livro da Coleção Cow-boy tem um cariz biográfico: ele fornece-nos uma visão que se pretende verídica sobre a vida e personalidade de Buffalo Bill, integrando-a com outros aspectos romanceados das suas façanhas. 

É assim que o autor destaca a sua principal proeza, designadamente, o seu combate com «Mão Amarela» para, em seguida, se dedicar a uma ficção acerca de uma colaboração com o chefe «sioux» «Águia Guerreira» com o objetivo de desmascarar os brancos que davam armas e «whiskey» aos índios em troca de lhes ficar com as terras. 

E quis o argumento que um desses brancos ocupasse o posto de General no exército dos USA e outro fosse juiz na cidade de Deadwood. Uma elite em quem se podia confiar…

Para temperar ainda mais o argumento, o autor, o senhor Kirby, um perito em questões históricas, revela que a menina Bruning, futura esposa de Buffalo Bill, não era nada mais nada menos do que a filha de um desses traidores. Pobre Buffalo! Como conseguiu ele calar esse facto tantos os anos que terá vivido com ela? Talvez por isso se tenha refugiado num circo…

A publicação integral deste livro, a que vamos proceder, terá a seguinte estrutura:

Prefácio. A figura de Buffalo Bill

1. O combate contra «Mão Amarela»

2. O manto de «Águia Guerreira», símbolo da resistência à invasão branca

3. Derrota e saída de cena

4. Planos para a convivência com os índios

5. Um índio na cidade

6. «Whiskey» e armas em troca das terras dos índios

7. Morte aos traidores brancos