quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

BIS156.04 Uma cascavel fez deles amigos

Sete cavaleiros acamparam na margem esquerda do Salt River. Estavam todos perfeitamente armados e os seus cavalos eram excelentes. Sentaram-se sobre pedras, à volta da fogueira, e começaram a jantar em silêncio.
Evan Felter e Dieter achavam-se juntos e os outros cinco eram os restantes pistoleiros contratados pelo capataz de Holker. Darryl Mansell era um perigoso assassino, baixo e robusto, com instintos de hiena e mentalidade de coiote.
Josh Carver não se parecia com o seu amigo no físico, mas era a sua viva cópia no que dizia respeito a moral. Era alto e magro, de aspeto doentio, e tinha uns olhos que saltavam rapidamente de objeto para objeto. Dizia-se que tinha assassinado quatro colonos para lhes roubar umas garrafas de uísque. Esta tinha sido uma das suas «façanhas», mas havia realizado muitas semelhantes. Uma das suas vitimas. antes de morrer, tinha-lhe decepado a orelha direita com uma punhalada e por esta razão usava sempre os cabelos muito compridos.
O terceiro membro do sinistro quinteto chamava-se Miles Harrow e era um gigante loiro que ultrapassava um metro e noventa de altura e pesava cento e cinco quilos. Parecia um homem tranquilo e andava sempre sorridente, mas com as suas grandes \manápulas já tinha assassinado muitos homens.,
Byrne Purvis era o mais calmo, sereno e frio do grupo. Também era o mais perigoso e o seu aspeto exterior havia enganado muita gente.
Qualquer dos quatro tinha perfeito direito à forca. Eram uns autênticos canalhas capazes de assassinar, roubar, violar e incendiar por simples capricho, e se alguém lhes pagava convertiam-se em verdadeiras feras.
O quinto homem chamava-se Ronnie Denker e ainda não tinha feito vinte anos. Tinha matado um homem em luta leal, mas o xerife perseguiu-o e, por sua desgraça, chegou a Dawson sem um centavo e quando Felter recrutava os seus homens. Dieter observou que Denker parecia assustado, como se o facto de se achar rodeado por aquele grupo de coiotes sedentos de sangue o aterrasse, mas sentindo que já era tarde para voltar atrás.
— Chegaremos a Desolação dentro de três dias — disse Felter, ao levantar-se.
— Espero que o nosso patrão tenha um telheiro decente para nós — grunhiu Mansell.
— Não te preocupes. Há por lá bons catres e no «rancho» temos o melhor cozinheiro da região — esclareceu Felter, estendendo as suas mantas.
— Há oiro por esses sítios? — perguntou Dieter, lançando um braçado de lenha na fogueira.
— Nem oiro, nem prata... apenas chumbo de calibre «45» e também de «44» — respondeu Felter, deitando-se na sua improvisada cama.
«Bem... — pensou Dieter, imitando Felter — ...ninguém encontrou a mina de meu pai.» Continuava a conservar a pele de coelho onde Karl Ritter tinha traçado o plano da localização do jazigo mineiro. Quando chegasse o momento registaria a mina na capital do território.
Dieter não tinha conseguido arrancar nenhuma palavra importante a Felter. Sabia unicamente que Ira Holker, tinha dificuldades com alguns mexicanos e que desejava eliminá-los. «Saberei qual a sua ideia quando chegarmos a Desolação» — pensou antes de adormecer.
Ronnie Denker foi o primeiro a levantar-se quando começou a amanhecer. Lançou uma toalha pelo ombro e dirigiu-se para a margem do Salt River, a fim de se lavar.
Dieter afastou as mantas e levantou-se também. Depois, foram-no fazendo os demais.
Felter encarregou-se de reanimar a débil fogueira e Darryl Mansell dedicou-se à tarefa de preparar o café.
Dieter também se encaminhou para a margem do rio, mas antes de a atingir, o penetrante zumbido de uma serpente cascavel pô-lo de sobreaviso. Sacou um dos seus revólveres e continuou a avançar. Descobriu Ronnie ajoelhado no solo e, a poucos centímetros dele, uma serpente cascavel preparando-se para atacar. Certamente, o rapaz tinha-a pisado e o réptil estava furioso. Ronnie estava desarmado e nos seus olhos havia aparecido o pânico. O menor movimento podia precipitar o ataque da serpente. Dieter disparou no preciso instante em que o réptil lançava a cabeça para a frente e o pesado projétil destroçou-lha por completo.
— Nunca abandones as tuas armas, Ronnie — disse simplesmente, enfiando a arma no coldre.
O rapaz demorou algum tempo a responder e quando o fez a sua voz não era muito firme.
— Obrigado, «Pecos», algum dia te devolverei o favor.
— Espero que sim — disse Dieter, mergulhando as mãos na corrente do rio.
Quando regressou junto da fogueira, Josh Carver fitou-o com assombro e exclamou:
— Excelente tiro, «Pecos»! –
-- É muito difícil acertar na cabeça de um réptil--comentou Mansell, retirando a enorme cafeteira do lume.
— Há coisas mais difíceis — disse Dieter.
Meia hora mais tarde, o grupo de cavaleiros continuou a sua marcha para o Sul. Dieter cavalgava em silêncio, sem tomar parte nas conversações dos seus companheiros de viagem.
Apesar dos anos decorridos, recordava perfeitamente aquelas terras e quando penetraram no amplo desfiladeiro onde seu pai tinha sido morto, comprimiu fortemente os lábios para não começar a maldizer o assassino. Sobre o solo, e quase cobertos pelo pó e pela areia, havia um grande número de ossos, uns humanos e outros pertencentes a animais. «Talvez algum pertença a meu pai» — pensou.
Não pôde conter um estremecimento quando passou ao lado da grande rocha onde Collins e Walter se haviam entrincheirado. Recordou a morte brutal de Jo Dobson e pensou que o principal culpado daquela matança se tinha transformado num homem rico.
— Por pouco tempo — murmurou.
Dois dias mais tarde, e quando faltava apenas uma hora para o meio-dia, chegaram ao «rancho» de Ira Holker.
Dieter pôde observar que a prata roubada havia dado um excelente resultado. Holker tinha grande número de cabeças de gado e todos os edifícios do «rancho» davam a ideia de serem novos.
Um vaqueiro apareceu ao lado de Felter antes que os cavaleiros desmontassem, e respondendo à pergunta muda do capataz disse:
— O patrão está na povoação. Disse que se chegasses fosses à sua procura, acompanhado dos homens que tivesses encontrado.
— Passa-se alguma coisa em Desolação? — inquiriu Felter.
— Um enterro — respondeu tranquilamente o vaqueiro, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.
— Quem morreu? — continuou a perguntar o capataz.
—Warren Bremer... mas não morreu por sua vontade; foi morto por dois mexicanos.
— Com mil diabos! — exclamou Felter.
Fez um sinal aos pistoleiros, indicando que iam continuar até à povoação, e Mansell, que estava ansioso por se deitar numa boa cama, deixou escapar uma furiosa maldição.
— Quem era Warren Bremer? — perguntou Dieter, que não se lembrava daquele nome.
— O dono do bar «Fortuna» e um bom amigo do nosso patrão — informou Felter.
Percorreram os cinco quilómetros, que separavam o «rancho» da povoação, a galope.
Pelos vistos, Felter não desejava perder o enterro do defunto proprietário do «Fortuna».
Durante os quinze anos que haviam decorrido desde a sua salda de Desolação, a povoação tinha sofrido grandes transformações e Dieter observou-o rapidamente. Era maior e mais suja. Havia um Banco, uma companhia de diligências, novos estabelecimentos de bebidas tinham aberto as suas portas e, inclusivamente, tinha uma prisão construída com tijolos vermelhos que sei-mente o diabo podia saber donde tinham saído. O cemitério de Desolação também havia aumentado de superfície e a maior parte dos homens que estavam ali enterrados tinha morrido com as botas calçadas. As ruas da povoação continuavam cheias de peões mexicanos, vaqueiros ianques, pesquisadores de oiro, proscritos de pouca nomeada e de índios «navajos».
Apesar de pertencer a um território dos Estados Unidos, Desolação era uma povoação nitidamente mexicana e as construções de adobe eram em maior número que as de madeira.
Percorreram a rua principal de Desolação e desmontaram diante do «Fortuna». Depois de atarem os cavalos na barra, entraram no local, seguindo os passos do capataz. O estabelecimento estava transformado em câmara ardente e no centro do amplo salão havia um ataúde de madeira de cedro. As prateleiras, as mesas e o espelho haviam sido cobertos com panos negros.
A mão de Dieter procurou instintivamente a coronha de um dos seus revólveres quando descobriu Ira Holker, em pé, ao lado do ataúde por fechar. Reconheceu-o antes que Felter falasse com ele. Fazendo um esforço sobre-humano, conseguiu afastar a mão. Era preferível esperar porque talvez conseguisse salvar algumas vidas. Quando um tipo como Holker contratava meia dúzia de pistoleiros era porque magicava alguma canalhada. O decorrer dos anos não tinha mudado o assassino; apenas as suas feições se tinham tornado mais duras, mais cruéis e mais selvagens. Dieter calculou que também os instintos deviam ter sofrido a mesma transformação.
A volta de Holker encontravam-se alguns homens vestidos de luto. Pelos vistos, o defunto Warren Bremer tinha sido muito apreciado... pelos tipos da sua laia.
Felter saudou o seu patrão e ambos se afastaram para poderem falar sem testemunhas.
Dieter observou os olhares perscrutadores que Holker lançava aos pistoleiros contratados pelo capataz. Pensou que o assassino não apresentaria um rosto tão satisfeito se soubesse que um daqueles homens era o filho de Karl Ritter, assassinado pelas costas no desfiladeiro. «Sabê-lo-á no seu devido tempo» — murmurou, mentalmente, o jovem.
Felter chamou os seis homens e, quando estes se aproximaram, apresentou:
— O patrão, amigos.
Ninguém falou. Haviam sido contratados para matar e não para perderem o tempo a falar. Holker devia ser da mesma opinião porque sem se incomodar em saudar os seus homens disse:
— Esta terra faz parte do território dos Estados Unidos e os mexicanos não têm o direito de permanecer nela...
Dieter pensava exatamente o contrário. Em primeiro lugar, os mexicanos tinham sido incorporados na União pela força das armas e formavam parte dos Estados Unidos. Tinham os mesmos direitos que os homens nascidos em Nova Iorque, Baltimore ou em qualquer outra povoação ou cidade da nação. Eram cidadãos dos Estados Unidos; uns cidadãos descontentes, mas ninguém lhes havia perguntado se queriam fazer parte da União. Era lógico, pois, que não se sentissem muito satisfeitos. Além disso, os tipos como Ira Holker aproveitavam-se da ocasião e os mexicanos cada vez odiavam mais a justiça dos ianques.
— ...tão-pouco têm direito às melhores terras da região e a conservar as nascentes — continuou Holker.
— Hum! — grunhiu Mansell, que continuava a desejar uma boa cama.
— A vossa missão será expulsá-los das suas terras... a bem ou mal, embora eu prefira que se empregue a violência. Os mortos nunca reclamam nada — disse Holker.
— Por onde temos de começar? — inquiriu Dieter.
— Pelos assassinos de Warren Bremer — respondeu Holker, olhando fixamente para o jovem.
— Há algum xerife nesta povoação? — perguntou Miles Harrow, abrindo e fechando as suas enormes garras, como se desejasse apertar o gasganete do representante da Lei.
— Houve... mas morreu. Nós seremos a Lei em Desolação. O juiz Andy Waltis está do nosso lado... e se houver que nomear um novo xerife, será um dos meus homens o eleito — esclareceu Holker.
— Compreendido — disse Josh Carver.
— Quem matou Bremer? — perguntou Dieter.
— Os Lanuza — informou Holker.
— E quem diabo são os Lanuza? Somos pistoleiros, não adivinhos — disse Mansell, que não era muito delicado a falar.
— Uma família de mexicanos formada pelo pai, três filhos varões e uma mulher. Têm um pequeno «rancho» a leste da povoação — esclareceu o «rancheiro».
— Há que matá-los a todos? — perguntou Byrne Purvis, sem deixar de sorrir.
Dieter lançou um olhar rápido a Ronnie e observou que o seu rosto juvenil estava pálido. Não podia ocultar a sua repugnância ao ver que a vida de uma família era tratada com tanta indiferença como se se tratasse de um bezerro que tinha de ser sacrificado para um jantar. Também Dieter sentia náuseas e pensou se não seria melhor acabar imediatamente com Holker para que fosse enterrado no mesmo caixão que Bremer.
— Nunca mais quero ver um Lanuza nestas terras, mesmo que seja uma mulher — disse Holker, lançando clarões de ira pelos seus olhos frios. A família de mexicanos acabava de ser condenada à morte e os pistoleiros contratados seriam os verdugos. Dieter decidiu estragar os planos de Ira Holker.
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— Compreendido — disse Josh Carver, pela segunda vez.
— Amanhã poderão começar o vosso trabalho. Hoje, haverá um enterro, mas quero que amanhã hajam mais; cinco. No cemitério de Desolação há muito espaço livre — ordenou Holker, enquanto regressava para junto do ataúde.
Felter encarregou-se de explicar aos pistoleiros quem eram os homens que se encontravam à volta de Ira Holker. Assim, Dieter pôde saber que o assassino de seu pai se havia transformado no homem mais importante da povoação e que os seus desejos eram ordens.
A sua esquerda estava o obeso Andy Waltis, o juiz de Desolação, que obedecia cegamente às ordens de Holker. Waltis tinha o rosto congestionado pelo uso e abuso do álcool. Vestia uma sobrecasaca bem cortada e usava gravata de laço. Cheirava a álcool e a alho e tinha todo o aspeto de um sapo.
Ao lado do juiz encontrava-se Jess Craige, o banqueiro. Se Waltis parecia um sapo inchado, o dono do Banco era a imagem viva de uma aranha do deserto. De baixa estatura, cabeça enorme, braços mais compridos que o normal e com as mãos cobertas de pelos, tinha um aspeto repugnante. Contemplar Jess Craige era um convite para se vomitar.
Aos pés do ataúde estava Len Riester, proprietário do melhor armazém da povoação. Era um homem de aspeto doentio e a sua pele tinha uma cor amarelada.
Os outros homens que rodeavam o ataúde eram empregados do defunto Bremer; jogadores profissionais, criados de mesa e os encarregados do balcão. Gente perigosa, mas sem importância. Limitavam-se a receber ordens.
Os realmente perigosos eram o juiz, o banqueiro, o armazenista e o «rancheiro». Eram eles que impunham a sua Lei na povoação. Holker era o cérebro do grupo.
Dieter lançou um olhar ao cadáver e pensou que Bremer devia ter sido um digno companheiro de Ira Holker e dos seus obedientes cães rafeiros. O cadáver, vestido com as melhores roupas que havia tido quando ainda vivia, tinha sido colocado no interior de um brilhante caixão de madeira de cedro forrado com tecido vermelho, cor de sangue.
A sua morte tinha sido natural... o mais natural que podia ser uma morte em Desolação. O que causou o rápido falecimento de Bremer foram duas facas que se enfiaram no seu ventre. O cangalheiro considerava que esta era uma morte natural e quando alguém morria na cama, de uma enfermidade, opinava que tinha sido um lamentável acidente. Esta opinião tinha o seu fundamento, porque durante os anos que tinha no exercício da sua profissão de cangalheiro, tinha visto mais indivíduos crivados de balázios ou cozidos a punhaladas do que os que morriam placidamente nas suas camas.
— Chegou a hora — disse o cangalheiro, pegando na tampa do ataúde.
Depois de o fechar, quatro jogadores profissionais encarregaram-se de o tirar do estabelecimento e deixaram-no sobre uma carreta, igualmente coberta com panos negros; até os cavalos tinham sido enlutados.
— Temos de ir ao enterro? — perguntou Mansell.
— Sim, o patrão adora este tipo de cerimónias — explicou Felter.
Por duzentos e cinquenta dólares mensais, comida, alojamento e um prémio especial por cada morto, podiam sacrificar meia hora para acompanharem Warren Bremer à sua última morada.
Ira Holker parecia ter um certo prazer em acompanhar Bremer até ao cemitério. Talvez porque pensava que quantos mais morressem melhor. Os seus lucros seriam maiores porque não teria de repartir com ninguém. O seu plano era apoderar-se de todas as terras e nascentes que rodeavam a povoação.
Uma vez em seu poder, seria o homem mais importante do Sul do Novo México. Poderia impor os seus caprichos a todos os habitantes de Desolação e, se estes não lhe obedecessem, fá-los-ia entrar na razão cortando-lhes a água. Quando a sede os atormentasse apressar-se-iam a obedecer.
Jess Craige também tinha os seus planos, muito pare ciclos com os de Holker. Por este motivo, havia-se aliado ao «rancheiro», e enquanto caminhava atrás do caixão pensava o mesmo que Ira Holker. Pensava na forma de eliminar os demais quando as terras e as nascentes se achassem nas suas mãos. Ira Holker tinha a força, mas ele tinha o dinheiro.
Atrás do «rancheiro», caminhava o juiz, fazendo oscilar a sua enorme barriga e suando por todos os poros. Um pouco mais atrasados, seguiam os empregados de Bremer e a fechar o fúnebre cortejo caminhavam Felter e os seis pistoleiros contratados.
Mas o cadáver de Bremer tinha outros silenciosos acompanhantes; grande número de mexicanos que dormitavam ao sol, envolvidos nas suas mantas coloridas. Ao passar o enterro, levantavam as cabeças, lançavam olhares de ódio aos homens que caminhavam atrás da carreta e, em seguida, continuavam a sua sesta. Todos sabiam que Bremer tinha sido morto porque havia tentado abraçar Mercedes Lanuza, e o pai e os irmãos da rapariga tinham feito justiça, rápida e segura.
— Matei muitos homens e nunca fui ao enterro de nenhum deles. Aborrece-me ter de seguir atrás de um ataúde que leva o cadáver de um tipo que foi morto por outros — grunhiu Mansell.
— Duzentos e cinquenta dólares — recordou-lhe Byrne Purvis.
— Sempre é melhor uma pessoa seguir atrás de uma carreta funerária do que em cima dela — sentenciou Carver, com os olhos a rolarem-lhe dentro das órbitas.
Dieter não fez qualquer comentário. Enquanto atravessavam a povoação, lembrava-se das muitas vezes que tinha feito aquele caminho com o seu pai. O jovem Ritter esperava o momento oportuno para acabar com Ira Holker, mas primeiro queria estragar os seus planos e deixar a povoação livre de animais como Jess Craige, Len Riester e Andy Waltis.
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