sexta-feira, 9 de agosto de 2013

PAS044. Ondas de fogo nas veias

Kendall saltou do cavalo e foi ajudar a jovem. As suas mãos sentiram estremecer a carne tépida dela e o contato pôs nas suas veias ondas de fogo. Engoliu em seco, apertou os dentes e tardou quase um minuto a dizer com voz enrouquecida:
-Olhe. Aqui está uma camisa que parece limpa. Esse seu camisão é o mais apropriado para fazer ligaduras de modo que o deveria tirar e vestir a camisa, se achar bem. Aí, atrás desse matagal…
- Sim, claro…
Tão pouco ela parecia sentir-se muito segura de si, a julgar pela tremura de voz. Pegou na camisa que Kendall lhe estendia e foi, devagar, para trás do matagal, enquanto ele rebuscava nos bolsos a caixa de tabaco e a isca.
Primeiro, enrolou e acendeu um cigarro e depois pôs-se à procura de ramos secos amontoando alguns e ajoelhando-se para acender uma pequena fogueira. A noite refrescara com a proximidade da madrugada.
A rapariga regressou com passos silenciosos e ficou a vê-lo acender o fogo. Quando se soltou a primeira chamazita, prendendo-se nas folhas secas, com alegre crepitar, ele levantou-se, olhando-a atentamente. Ela dava-lhe pelo queixo. E metida numa camisa e numas calças que lhe estavam demasiado grandes, por todos os lados, tinha um delicioso aspeto de rapazinho traquina.
Mas também tinha frio e febre. Estava a tiritar…
-Vamos ver essa ferida – falou, com suavidade, exibindo um sorriso sério – Mas antes quero dizer-lhe uma coisa, Ruth Denning. Comigo está tão segura como se fosse minha irmã. Compreende?
(Coleção Arizona, nº 13)

A seguir: Amor e guerra na noite selvagem

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