segunda-feira, 5 de agosto de 2013

PAS040. Leal Mensageiro

O cavalo avançou para a rapariga, junto da qual parou finalmente, com as orelhas afiladas numa posição de maravilhosa beleza.
- Donde vens, cavalito? Quem é o teu dono? – perguntou a jovem acariciando-lhe as crinas.
O animal relinchou e voltou-se deixando ver um papel que trazia preso na sela.
- Caramba – exclamou ela – Até parece que entendes inglês! Pergunto-te o que fazes aqui e mostras-me esse papel. Vejamos o que diz:
«Miss Reyer: você não me conhece e por isso desejo, antes de mais nada, apresentar-me: sou Dan Clever, um homem que vem de Montana e que pensava instalar-se aqui como mineiro. O acaso fez-me conhecer a sua situação, e, ao mesmo tempo, os criminosos propósitos de um grupo de mineiros que, com o auxílio do Comissário do Ouro, tentam desapossá-la da sua legítima propriedade.
Admitiria você a ajuda de um amigo? Não exijo nada em troca. Só pretendo estar junto de si, para demonstrar a esses patifes o perigoso que é às vezes atacar uma mulher sózina.
Ah! Apresento-lhe o meu cavalo. Chama-se “Amigo” e encarregou-se de levar-lhe esta minha proposta. Eu não me atrevi a apresentar-me pessoalmente para que não confundisse com um desses a quem deu merecida lição. Também me apraz comunicar-lhe que o tipo a quem “Duck” mordeu, segundo me contou o velho Leónidas, apareceu uma soberana tareia que lhe dei em sua honra.
Cumprimenta-a atentamente
Dan Clever.»

Ela releu a carta duas vezes, sorrindo sem saber exatamente porquê e acariciando, com a outra mão, as crinas do cavalo, que continuava a seu lado, direito e quieto como uma estátua. Também “Duck”, deitado aos pés da dona, continuava imóvel.
Doris dobrou o papel e olhou para o cavalo.
- Com que então chamas-te “Amigo”, hem? Bonito nome! Que te parece, “Duck”, aceitamos o auxílio que nos oferecem?
O cão abanou a cauda rapidamente.
- Bom, bom! Bem sei que começavas a aborrecer-te por estares sozinho. Mas não esqueçamos que se trata de um desconhecido… Se fosse como “Amigo” ou como tu! Com os animais não há perigo de traições e deslealdades… Mas com os homens! Bem os conheceis, amiguitos: são cruéis, manhosos, cobardes e deixam-se arrastar pelas mais vis paixões. Vocês, pelo contrário, são leais e pode a gente confiar completamente…
Ficou calada durante uns minutos.
- Embora que – disse de repente como se falasse consigo mesma – eu também começo a cansar-me de estar completamente só. Juntei uma verdadeira fortuna e não estaria bem que estes patifes se apoderassem dela. Se o teu dono – disse, acariciando o cavalo – se prontifica a auxiliar-me até que me vá embora daqui, aceitaremos a ajuda que me oferece, mas tem de ser com uma condição: considerar-se ao meu serviço e eu pagar-lhe-ei bem.
Escreveu rapidamente um bilhete que colocou no mesmo local em que Dan prendera o seu. Depois, acariciando o cavalo, disse:
- Já podes voltar para o teu dono, “Amigo”.
O animal relinchou e partiu disparado, como se compreendesse a pressa de Dan em receber as estupendas notícias que lhe levava.
Doris seguiu o cavalo com o olhar, enquanto no fundo do seu peito, algo batia mais intensamente que de costume…

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