sexta-feira, 9 de agosto de 2013

PAS043. Salva de uma sorte terrível

Ela caminhava de cabeça baixa, procurando evitar as pedras. Somente depois de Kendall ter revistado as bagagens dos bandidos e encontrado uma jaqueta que lhe deitou sobre os ombros e ajudado a içar-se para os cavalos, e montar por sua vez depois de atar os outros na arreata, é que o interpelou:
- Como conseguiu encontrar-me?
- Por pura casualidade. Eu caminhava para o Sul quando vi o clarão de incêndio de sua casa e fui para lá ver o que se passava. A meio caminho cruzei-me consigo e com esses três, mas então ignorava que a levavam. Segui em frente e encontrei a sua mãe e os seus irmãos com… Bem, já sabe. A sua mãe contou-me o sucedido e, então, vim seguindo a pista deixada por essa gentalha, chegando a tempo de evitar um montão de coisas. É tudo.
- Eu já tinha perdido toda a esperança… Nunca esquecerei o que lhe devo, senhor…
- Kendall, Jeff Kendall. Esse é o meu nome e não posso dizer agora que me sinto orgulhoso daquele que o ostenta. Conhece esta região? Pergunto se sabe da existência de algum arroio ou manancial aqui perto.
Tinha falado voluvelmente para ocultar à rapariga a estranha agitação que o dominava agora. Ela não o devia ter notado, porque assentiu.
-- Sim. Há dez anos que estamos nesta região. O meu nome é Ruth Denning… há um arroio a milha e meia de distância para o sul…
- Então iremos para lá, se você nos guiar. É preciso tratar-lhe bem dessa ferida, e parar-lhe a hemorragia e evitar possíveis afeções.
Cavalgaram em silêncio, sob as estrelas, afastando-se da trágica cabana. Kendall tinha agora o cérebro cheio de extraordinários pensamentos e preocupações, todos eles concentrados naquela bela e valente rapariga que acabara de salvar de uma horrível sorte. O que ela pensava era uma incógnita…
Uma escassa meia hora depois, alcançaram uma azinhaga e no centro um estreita e cantante corrente de água fria que rebrilhava À luz do luar.
(Coleção Arizona, nº 13)
A seguir: ondas de fogo nas veias

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