quinta-feira, 8 de agosto de 2013

PAS042. Um lugar pouco agradável

Ao cabo de um minuto de silenciosa contemplação, deitou o chapéu para trás, com um piparote, e falou ao cavalo, lentamente, com o inconfundível acento do Texas:
- Linda coisa esta, «Blue». Uma coisa realmente muito linda… Que me esfolem vivo se não anda por aqui o diabo à solta, em forma de uma quadrilha de tredos assassinos.
O cavalo relinchou, suavemente, como se demonstrasse assim o seu assentimento e desgosto. E o cavaleiro continuou monologando:
- O sangue das reses está ainda fresco, enquanto que os corpos desses desgraçados não perderam ainda totalmente o calor. De modo que o cobarde assalto se realizou, por certo, há uma escassa meia hora. E foi feito por quatro homens brancos, a cavalo, a julgar pelas marcas. Agora eles escaparam para o sul e nós encontramo-nos ante o dilema de ser caritativos ou sensatos. Que opinas tu?
A opinião do cavalo era bem clara. Aquele lugar não lhe agradava absolutamente nada, e só tinha desejos de se afastar. O cavaleiro sabia-o e pela sua parte também se sentia inclinado ao mesmo, de modo que lhe puxou as rédeas suavemente, e fê-lo guinar para o riacho que rumorejava a poucos passos dali, enquanto encolhia os ombros com um gesto eloquente.
- Será muito melhor que nos decidamos pela prudência – prosseguiu. – Bastantes quebra-cabeças tivemos nos últimos tempos e nada temos que meter o nariz nas rixas desta gente daqui. De modo que prosseguiremos o nosso caminho e esquecer-nos-emos do que vimos. Matar bezerros a tiro…
(Coleção Arizona, nº 13)

A seguir: Salva de uma sorte terrível

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