O sol começava a aparecer no horizonte, e no mesmo instante Ken ouviu o galope de cavalos.
Com um seco movimento, meteu uma bala na câmara da espingarda e olhou pela janela. Um grupo dê cavaleiros aproximava-se com os primeiros raios de sol. Ken aguardou que se detivessem em frente da cabana, sem mover um só músculo e reconheceu à cabeça do grupo a figura de Melvin Patton. Acompanhavam-no pelo menos uns dez homens, entre os quais reconheceu alguns pistoleiros. De fora chegou o eco da voz de Patton, mal-humorado.
— Eh, Went! Estás a dormir.
Ken assomou lentamente, mostrando a boca da sua espingarda.
— Chamava, Patton?
O fazendeiro levantou-se sobre os estribos do seu cavalo, e um silêncio espesso contagiou de nervosismo os companheiros do rancheiro.
— Que significa isto?
— Dê ordem aos seus homens que deponham as armas, Melvin Patton. Isto é o fim.
— Está louco? Julga que vou obedecer-lhe?
— Não lhe resta outro remédio. Percy Craig confessou tudo e a sua declaração servirá para lhe pôr a corda ao pescoço.
— Primeiro terão de apanhar-me.
— Está apanhado, Patton. Não complique mais a situação.
Os pistoleiros tinham recuperado a serenidade, embora olhando em volta, temendo ver
aparecer os que logicamente deviam apoiar a suicida ação do Juiz.
— Com quantos homens conta para dar ordens, Adams? — perguntou Patton.
— Com a força da lei, Patton.
Este soltou uma gargalhada.
— Definitivamente, você é estúpido.
Os seus homens fizeram coro. Clem Yorkers deixou ouvir a sua voz:
— Onde quer que lhe meta a bala, chefe?
— A meio do coração!
Ken levantou o rifle e disparou. Yorkers punha horizontal o seu revólver, mas a bala partiu-lhe o braço, lançando-o abaixo do cavalo.
Outro dos cavaleiros, pretendendo aproveitar aquela distração do Juiz, sacou o seu «Colt» e disparou. A bala embateu na esquina do caixilho arrancando a madeira. Ken voltou a espingarda naquela direção e a bala entrou na cabeça do foragido, que tombou sobre o pescoço do cavalo, antes de cair no chão.
No movimento seguinte Ken reforçou a tranca da porta e correu novamente para a janela. Fê-lo a tempo, porque uma saraivada de balas mordeu a dura madeira.
Fora, os pistoleiros de Patton, correram em diversas direções à ordem do seu patrão, procurando esconderijo por causa do chumbo que vinha da cabana. O jovem disparou repetidas vezes, abatendo vários inimigos que corriam a descoberto.
Alguns caíram rolando entre nuvens de pó, e os outros refugiaram-se nos seus esconderijos, concentrando o fogo contra a janela. Mas a batalha era muito desigual, e cercada a pequena edificação, era presa fácil para o numeroso grupo de atacantes.
Ken replicava como podia ao ataque dos foragidos, mas sabia que os seus esforços eram infrutíferos, a não ser que as forças que Eva tinha ido buscar chegassem a tempo. A luta parou por momento e a voz de Patton ouviu-se claramente.
— Preste atenção, Adams. Damos-lhe uma oportunidade de morrer como homem. Saia com as ramas na mão e tente abrir caminho a tiro. De outra forma queimá-lo-emos vivo. Temos archotes incendiários e as madeiras da ['abana estão secas.
Ken não respondeu nada sobre a proposta.
— Ouviu-me, Juiz?
— Perfeitamente, Patton.
— E qual é a sua resposta?
— Venha você buscar-me.
— Você assim quis!
Ken não ouviu mais disparos. O silêncio que se seguiu era infinitamente mais sinistro que o estrondo dos tiros de minutos antes. O rosto maltratado, estava sulcado de manchas e sangue seco, e os seus olhos tinham o brilho de um suicida. As suas mãos estavam nervosas e apertavam a coronha da arma até os dedos se tornarem brancos.
No alto, algo começou a crepitar, e Ken compreendeu que muito em breve havia de fazer parte daquela pira funerária. O fumo chegou imediatamente ao seu olfato, e o ruído das chamas queimando algumas partes da tosca construção foi mais audível. Salvo isso, silêncio absoluto.
Ken imaginava Patton e os seus homens colocados diante da porta e das duas janelas, aguardando que aparecesse para o derrubar com uma bala. Humedeceu os ressequidos lábios.
O coração foi, de repente, o motor ruidoso cujos latidos repercutiam em toda a cabana. Pensou em Eva, na sua vida na capital e no mundo que estava prestes a deixar. Rezou. Fechou os olhos e abriu bruscamente a culatra do rifle. Depois carregou-o até tê-lo cheio de balas e aproximou-se da porta.
Começou a sorrir. Era o sorriso dos heróis. E naquele momento julgou ouvir o galope de cavalos. Iluminado por aquela esperança, tirou a tranca que fechava a porta e abriu-a. Por sorte, o fumo ocultava a maior parte dos seus movimentos, e uma nuvem azulada envolveu-o.
O galope dos cavalos tornava-se mais sonoro e com um grito selvagem começou a disparar. Clem Yorkers torceu-se no chão, alcançado em cheio por uma bala. A confusão tornou-se espantosa, alarmando os pistoleiros que não contavam com tão inesperado golpe.
Sem deixar de apertar com força a espingarda, saltou a cortina de fumo e continuou a disparar.
Um, dois três... Keller foi um dos que se torceu, mordendo o pó quando tentava subir para um dos cavalos.
Patton voltou-se e disparou como uma fera, sedento de sangue. Ken apertou o gatilho de novo. Da luta continuava a depender a sua vida. E o rosto de Melvin Patton, tornou-se de repente, numa pasta de sangue que destoava com o belo amanhecer.
Raul Aceves, à frente de um grupo de cavaleiros entrou de rompante, disparando em todas as direções à caça dos pistoleiros, como se fosse uma caçada a coelhos. O mexicano, ao vê-lo, dirigiu para ele o seu cavalo saltando para o chão com ele em andamento.
— Graças a Deus que o vejo, Ken!
Outro cavaleiro saltou em terra, entre um ruído de vestidos.
— Ken, meu amor! Era Eva.
As suaves mãos tiraram-lhe e o rifle, e os dourados braços rodearam-lhe o pescoço. Uns lábios beijaram os seus, um corpo estremeceu contra o seu peito, e umas pestanas fizeram-lhe cócegas no seu rosto. Longe, muito longe, a luta extinguia-se. Mil violinos tocavam um hino de amor nos seus ouvidos.
Com um seco movimento, meteu uma bala na câmara da espingarda e olhou pela janela. Um grupo dê cavaleiros aproximava-se com os primeiros raios de sol. Ken aguardou que se detivessem em frente da cabana, sem mover um só músculo e reconheceu à cabeça do grupo a figura de Melvin Patton. Acompanhavam-no pelo menos uns dez homens, entre os quais reconheceu alguns pistoleiros. De fora chegou o eco da voz de Patton, mal-humorado.
— Eh, Went! Estás a dormir.
Ken assomou lentamente, mostrando a boca da sua espingarda.
— Chamava, Patton?
O fazendeiro levantou-se sobre os estribos do seu cavalo, e um silêncio espesso contagiou de nervosismo os companheiros do rancheiro.
— Que significa isto?
— Dê ordem aos seus homens que deponham as armas, Melvin Patton. Isto é o fim.
— Está louco? Julga que vou obedecer-lhe?
— Não lhe resta outro remédio. Percy Craig confessou tudo e a sua declaração servirá para lhe pôr a corda ao pescoço.
— Primeiro terão de apanhar-me.
— Está apanhado, Patton. Não complique mais a situação.
Os pistoleiros tinham recuperado a serenidade, embora olhando em volta, temendo ver
aparecer os que logicamente deviam apoiar a suicida ação do Juiz.
— Com quantos homens conta para dar ordens, Adams? — perguntou Patton.
— Com a força da lei, Patton.
Este soltou uma gargalhada.
— Definitivamente, você é estúpido.
Os seus homens fizeram coro. Clem Yorkers deixou ouvir a sua voz:
— Onde quer que lhe meta a bala, chefe?
— A meio do coração!
Ken levantou o rifle e disparou. Yorkers punha horizontal o seu revólver, mas a bala partiu-lhe o braço, lançando-o abaixo do cavalo.
Outro dos cavaleiros, pretendendo aproveitar aquela distração do Juiz, sacou o seu «Colt» e disparou. A bala embateu na esquina do caixilho arrancando a madeira. Ken voltou a espingarda naquela direção e a bala entrou na cabeça do foragido, que tombou sobre o pescoço do cavalo, antes de cair no chão.
No movimento seguinte Ken reforçou a tranca da porta e correu novamente para a janela. Fê-lo a tempo, porque uma saraivada de balas mordeu a dura madeira.
Fora, os pistoleiros de Patton, correram em diversas direções à ordem do seu patrão, procurando esconderijo por causa do chumbo que vinha da cabana. O jovem disparou repetidas vezes, abatendo vários inimigos que corriam a descoberto.
Alguns caíram rolando entre nuvens de pó, e os outros refugiaram-se nos seus esconderijos, concentrando o fogo contra a janela. Mas a batalha era muito desigual, e cercada a pequena edificação, era presa fácil para o numeroso grupo de atacantes.
Ken replicava como podia ao ataque dos foragidos, mas sabia que os seus esforços eram infrutíferos, a não ser que as forças que Eva tinha ido buscar chegassem a tempo. A luta parou por momento e a voz de Patton ouviu-se claramente.
— Preste atenção, Adams. Damos-lhe uma oportunidade de morrer como homem. Saia com as ramas na mão e tente abrir caminho a tiro. De outra forma queimá-lo-emos vivo. Temos archotes incendiários e as madeiras da ['abana estão secas.
Ken não respondeu nada sobre a proposta.
— Ouviu-me, Juiz?
— Perfeitamente, Patton.
— E qual é a sua resposta?
— Venha você buscar-me.
— Você assim quis!
Ken não ouviu mais disparos. O silêncio que se seguiu era infinitamente mais sinistro que o estrondo dos tiros de minutos antes. O rosto maltratado, estava sulcado de manchas e sangue seco, e os seus olhos tinham o brilho de um suicida. As suas mãos estavam nervosas e apertavam a coronha da arma até os dedos se tornarem brancos.
No alto, algo começou a crepitar, e Ken compreendeu que muito em breve havia de fazer parte daquela pira funerária. O fumo chegou imediatamente ao seu olfato, e o ruído das chamas queimando algumas partes da tosca construção foi mais audível. Salvo isso, silêncio absoluto.
Ken imaginava Patton e os seus homens colocados diante da porta e das duas janelas, aguardando que aparecesse para o derrubar com uma bala. Humedeceu os ressequidos lábios.
O coração foi, de repente, o motor ruidoso cujos latidos repercutiam em toda a cabana. Pensou em Eva, na sua vida na capital e no mundo que estava prestes a deixar. Rezou. Fechou os olhos e abriu bruscamente a culatra do rifle. Depois carregou-o até tê-lo cheio de balas e aproximou-se da porta.
Começou a sorrir. Era o sorriso dos heróis. E naquele momento julgou ouvir o galope de cavalos. Iluminado por aquela esperança, tirou a tranca que fechava a porta e abriu-a. Por sorte, o fumo ocultava a maior parte dos seus movimentos, e uma nuvem azulada envolveu-o.
O galope dos cavalos tornava-se mais sonoro e com um grito selvagem começou a disparar. Clem Yorkers torceu-se no chão, alcançado em cheio por uma bala. A confusão tornou-se espantosa, alarmando os pistoleiros que não contavam com tão inesperado golpe.
Sem deixar de apertar com força a espingarda, saltou a cortina de fumo e continuou a disparar.
Um, dois três... Keller foi um dos que se torceu, mordendo o pó quando tentava subir para um dos cavalos.
Patton voltou-se e disparou como uma fera, sedento de sangue. Ken apertou o gatilho de novo. Da luta continuava a depender a sua vida. E o rosto de Melvin Patton, tornou-se de repente, numa pasta de sangue que destoava com o belo amanhecer.
Raul Aceves, à frente de um grupo de cavaleiros entrou de rompante, disparando em todas as direções à caça dos pistoleiros, como se fosse uma caçada a coelhos. O mexicano, ao vê-lo, dirigiu para ele o seu cavalo saltando para o chão com ele em andamento.
— Graças a Deus que o vejo, Ken!
Outro cavaleiro saltou em terra, entre um ruído de vestidos.
— Ken, meu amor! Era Eva.
As suaves mãos tiraram-lhe e o rifle, e os dourados braços rodearam-lhe o pescoço. Uns lábios beijaram os seus, um corpo estremeceu contra o seu peito, e umas pestanas fizeram-lhe cócegas no seu rosto. Longe, muito longe, a luta extinguia-se. Mil violinos tocavam um hino de amor nos seus ouvidos.
F I M
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