A diligência deteve-se entre estalar de madeira e ranger de ferros. De ambos os lados da porta uma espessa coluna de pó, levantada pelos cascos dos potentes cavalos, tornava impossível a identificação do lugar em que tinha parado. O cocheiro inclinou a cabeça para uma das janelas, gritando:
— Tombstone! Final da jornada!
Os viajantes levantaram-se dos seus duros assentos forrados de peluche e começaram a descer do veículo. Um indivíduo alto e forte, de elásticos movimentos, puxou a sua levita, sacudiu o pó, e desceu, sem respirar a asfixiante massa de poeira.
Diante da «Casa da Posta» encontravam-se parados grande número de curiosos, que faziam comentários sobre os viajantes. Estes, recolhiam as suas bagagens, que o ajudante do cocheiro lhes estendia de cima do veículo e afastavam-se em diversas direções. O elegante desconhecido olhou em volta.
O seu rosto bronzeado de expressão firme, demonstrava uma resolução forte que o olhar autoritário dos seus olhos escuros, confirmava.
Num rápido exame do lugar, fixou a sua vista num grupo de três pessoas que conversavam junto da «Casa da Posta», sem deixarem de olhar para os viajantes, como se esperassem alguém. Resoluto, dirigiu-se para eles. No peito de um brilhava a estrela de xerife.
— Por favor, podem dizer-me onde poderei encontrar o senhor alcaide?
Um dos viajantes, de colete de fantasia e levita cinzenta, sacudiu a cabeça.
— Está a falar com ele, forasteiro. Que deseja? Eu sou o alcaide.
O jovem colocou-se na sua frente.
— Sou o juiz que pediram para a capital.
Os três homens consultaram-se com o olhar e o alcaide replicou:
— Você não é Leo Grant.
— O meu nome é Ken Adams... O juiz Grant está doente e o governador pediu-me para que eu viesse.
A notícia pareceu contrariar os três homens. O alcaide aclarou a voz e, vacilante, disse:
— Na verdade... nós tínhamos solicitado a presença do juiz Grant, e...
— Garanto-lhes que conheço o Código tão a fundo como o juiz Grant. — O seu olhar fulminava. — Não creio, por outro lado, que ele possa prestar ainda muitos serviços à Justiça: está muito velho e a sua mente não raciocina já muito bem... Quero dizer que os anos fizeram-lhe perder faculdades.
Novamente o alcaide voltou o seu olhar para o xerife e depois para o terceiro personagem da reunião.
— Nós esperávamos por ele...
A situação não podia ser mais tensa e incómoda. Nem um sorriso se esboçou.
— Não me lembro dos vossos nomes...
O alcaide gaguejou:
— Perdoe. A surpresa... O meu nome é Percy Craig; o xerife Ray Went, e o senhor Melvin Patton, um conhecido rancheiro de Tombstone.
— Encantado, senhores.
Os olhos observadores do juiz tinham captado um nervosismo estranho em Craig e uma excitação quase impercetível nos olhos de Melvin Patton, um indivíduo forte, maciço, com uma grossa corrente de ouro cruzando o colete e um enorme brilhante alfinete de gravata.
— Ocupar-me-ei da sua bagagem — decidiu Wint, encaminhando-se para a diligência.
Craig sorriu, tentando causar boa impressão. Tínhamos reservado quarto para o juiz Grant, no Hotel Arizona. Espero que seja do seu agrado.
— Se era digno para o juiz Grant, também o será para mim. Vamos, senhores! Confesso que desejo tomar um banho.
Uma hora depois os três personagens de Tombstone e Ken Adams, estavam de novo reunidos no salão do luxuoso Hotel Arizona. O alcaide tinha encomendado uma caixa de charutos e vários licores e quando o jovem apareceu todos se puseram de pé, respeitosamente. Pareciam mais animados e Craig abriu uma garrafa de «whisky».
— Desejamos pô-lo ao corrente de tudo, senhor juiz, explicar-lhe as razões por que pedimos para a capital a rápida vinda do velho juiz Grant.
— Creio que é uma questão de assassínio — disse Ken.
— Exato — concordou Melvin Patton, acariciando a grossa corrente do seu relógio. —Um assassínio vulgar.
— Está claro como água — rematou Ray Went. --- Em casos como este, não devia ser precisa a presença de um juiz para se cumprir a sentença. Todos sabemos que a sorte será a forca.
— Em certos lugares do Arizona, conhecem-me pela alcunha de «Juiz Tumba»... em virtude das minhas sentenças. Mas sempre costumo ser justo e nunca condenei ninguém sem ter a certeza de que o réu merecia esse castigo.
Patton sorriu.
— Não terá você, neste caso, nenhuma dúvida a esse respeito...
O juiz meneou a cabeça, olhando para Craig.
— Não quero ser impertinente, senhor alcaide, mas gostaria de saber que papel representa aqui o senhor Patton. Que eu saiba, as leis do Estado do Arizona não especificam que a administração da justiça deva ser feita com a colaboração de nenhum rancheiro.
De repente, as pupilas do rancheiro deitaram chispas, e o calor passou para as suas orelhas como uma chama alaranjada. Craig tossiu, o xerife desviou o olhar e Patton tentou dizer alguma coisa, sem o conseguir.
Só passados alguns momentos, Melvin Patton teve forças para levantar-se da cadeira e exclamar:
— Não foi muito afortunada a sua chegada a Tombstone, juiz.
Depois, bruscamente, voltou as costas e saiu do salão.
— Que homem tão mal-educado! — suspirou Ken.
Craig procurou com insistência uma nódoa de pó na sua levita.
— Verá, senhor Adams, que de certo modo o nosso amigo Melvin Patton tinha alguma coisa com o assunto. Ao fim e ao cabo, a vítima foi um sobrinho dele.
Adams acariciou o queixo.
— Creio que terá tempo de expor as suas reclamações por intermédio do seu advogado, no decorrer do julgamento. Querem contar--me como se passou o caso?
O xerife principiou.
—O crime foi cometido dentro de um quarto onde estavam a vítima e o seu assassino. Soou um tiro, acudiram várias pessoas e encontraram o cadáver de Joe Patton com uma bala no coração. Não há dúvidas possíveis.
—Nós gostaríamos que o julgamento se realizasse quanto antes — acrescentou Craig lentamente. — A população anda um pouco revoltada, e seria aconselhável uma lição exemplar. Você ignora que Tombstone não é uma cidade pacífica e que...
— Essas considerações não podem ser tidas em conta na hora de fazer justiça.
O xerife ia a dizer alguma coisa, mas depois fechou a boca. Por fim, insinuou:
— Sem embargo, podiam apontar-se várias.
Ken Adams levantou-se.
— Bem, senhores...
— Não pode dizer-nos a data do julgamento? Pensámos que desejava regressar quanto antes à capital, e temos tudo preparado; de maneira, que se deseja, podia realizar-se amanhã... parece-lhe bem às onze?
O jovem fixou o rosto do alcaide.
— Não gosto que me façam tomar decisões precipitadas, senhor Craig. Porquê tanta pressa? Parece que estão ansiosos por ver o assassino enforcado...
— A opinião...
— Ao diabo com o povo! A lei não pode ser administrada nem pelo povo que representa. O julgamento não se realizará amanhã.
O alcaide retrocedeu uns passos.
— De acordo, senhor juiz.
Ken voltou-se para Went.
— Leve-nos onde está o acusado.
— Julga... que seja necessário?
O jovem olhou para ambas as autoridades.
— Oiçam... Que é que trazem entre mãos? Estou vendo que aqui há alguma coisa que me ocultam deliberadamente. Que é?
Craig alarmou-se.
— Garanto-lhe, senhor juiz...
— Dou-lhe a minha palavra de honra!... — protestou o xerife.
— De acordo. Interrogá-lo-ei eu próprio. Acompanhe-me onde está o acusado.
Craig e Went trocaram um olhar, e este último decidiu:
— Eu conduzi-lo-ei, senhor Adams.
Entardecia quando saíram do hotel. Tombstone, naquelas últimas horas da tarde, crescia de bulício e animação. A sua situação fronteiriça muito próxima do México, proporcionava-lhe um constante vai-e-vem de viajantes que variavam com rapidez e que enchiam os numerosos «saloons» e casas de prazer da cidade. Quando chegaram ao escritório do xerife, havia dois candeeiros acesos no interior. Um, pegado na parede, e outro sobre a secretária do xerife. Um comissário de expressão séria levantou-se ao vê-los entrar.
— Tira esse «pacote», Curtis. O juiz quer dar-lhe uma vista de olhos.
O comissário foi à secretária e dela tirou um molho de chaves, mas antes de abrir a porta que conduzia ao corredor das celas, Ken deteve-o:
— Um momento, xerife. Disse que queria falar com o prisioneiro, mas julgo que entenderam que o faria... sozinho. Dê-me essas chaves e eu mesmo abrirei caminho até à cela. Espero que ali possamos falar tranquilamente.
Went vacilou, mas acabou por ceder.
— Sim... Dá-lhas, Curtis.
— Que cela é?
— Não há mais do que uma ocupada; não tem de se enganar.
Ken abriu a porta. Depois foi examinando as celas uma por uma à luz do candeeiro colocado a meio do corredor. Na penúltima, encontrou o que queria. O prisioneiro era uma linda mulher de cabelos loiros, olhos verdes, que adquiriam a tonalidade do jade, e o vestido vermelho estava rasgado em alguns pontos. Ken conteve a respiração. Nunca tinha visto uma mulher como aquela: selvagem, dura e cálida ao mesmo tempo. Com uma vitalidade esmagadora e lábios sensuais.
O jovem meteu a chave e abriu a porta.
— É você a acusada de assassinato?
A mulher levantou-se e, lentamente, chegou até junto dele. Havia um terrível fogo latente no fundo do seu olhar.
— Sim, eu matei um homem, segundo vocês. Quem és tu?
— O juiz que veio a Tombstone para julgar-te.
Melvin Patton estava furioso, e os seus olhos tinham um fogo colérico.
»»»
— Quem se julga que é esse estúpido juiz? — gritou, fechando os punhos e espumando pela boca.
Percy Craig encolheu os ombros.
— Parece um indivíduo com garra.
— Lembrar-se-á de mim — ameaçou o rancheiro.
O alcaide alarmou-se:
— Que alcance tem essa ameaça?
— Não penso deter-me perante nada, Graig. Disse-o quando começámos este assunto.
A primeira autoridade de Tombstone, concordou:
— Lembro-me muito bem quais foram os nossos acordos, Patton, mas actuar contra um juiz não é a mesma coisa que tratar com gente da fronteira. É um assunto muito grave.
— Não; não é igual, mas sim muito mais divertido. Eu só lhe digo, Craig: se esse maldito juiz se mete no meu caminho, elimino-o.
O alcaide respirou fundo. Deus queira que não tenhamos de chegar a esses extremos. Um juiz sempre é um Juiz e a maneira como procede é inquietante.
— «Juiz Tumba», que estupidez! Parece inventado para assustar crianças que não querem dormir.
Ambos os personagens se encontravam no gabinete do alcaide, e Patton percorria o amplo recinto com largas e furiosas passadas que eram amortecidas pela grossa alcatifa.
— Nunca consenti que ninguém me falasse no tom que esse indivíduo empregou.
— Sem dúvida, foi inadvertidamente... —tentou amenizar o alcaide.
— Não tente acalmar-me, Craig. Sei formular os meus juízos.
Houve um instante de silêncio, que o alcaide aproveitou para acender um charuto com mãos pouco firmes.
— Que temos de fazer, Patton? O tempo é curto.
— Temos de mandar um mensageiro ao outro lado da fronteira. Mas gostaria de ter afastado esse juiz. Pode ser uma testemunha perigosa.
— Ir-se-á embora—afirmou Graig.—Efetuará o Julgamento imediatamente e...
— Se não se afasta, é porque ficará cá definitivamente — terminou Patton.
***
— Quanto te pagaram para representar esta comédia?
Ken franziu a testa.
— Que é que estás a dizer?
— Não penses que me enganas. Sabeis demasiadamente bem que não podem fazer-me esquecer aquilo que eu sei. Eu matei esse homem, segundo vocês, e depois? Vão-me julgar, comprarão o júri que emitirá um veredicto que vocês ditarão previamente, e tu, baseado nesse veredicto ditarás a sentença: «A acusada é condenada à forca, até morrer e que a sua alma saia do seu corpo». E depois?
Estava formosíssima com aquela expressão colérica que incendiava o seu rosto.
— Estás insultando um juiz.
— Um juiz comprado não tem categoria de tal. E em todo o caso, só podem matar-me uma vez... e já estou condenada.
Ken olhou fixamente a jovem. Não devia contar mais de vinte e dois anos, e o ouro dos cabelos caía-lhe pelos ombros nus.
— Como te chamas?
Os lábios vermelhos murmuraram:
— Eva Fraser. Não te disseram o meu nome?
— Acabo de chegar a Tombstone.
— E onde te compraram?
— Venho da capital, Eva Fraser, e ninguém me comprou.
— Não é preciso que adotes essa atitude digna comigo. Ninguém nos ouve e eu não posso contar a nenhuma pessoa honrada tudo o que sei. Têm tido todo o cuidado para eu não falar com ninguém até que me ponham a corda no pescoço.
— De que te acusam, Eva? —perguntou Ken, suavemente, num tom de voz que contrastava nitidamente com o tom apaixonado da mulher.
— Da morte de um homem, Joe Patton. Também não sabias?
— Prefiro inteirar-me eu próprio. És culpada?
— Segundo vocês, sim.
— Eu não ditei a sentença ainda, Eva. És culpada, sim ou não?
A formosa mulher humedeceu os lábios com a ponta da língua.
— Não tinha motivos para matar esse homem.
— Não?
— Ele amava-me e íamos casar.
Foi dito num murmúrio, íntimo, como se fosse chorar. Mas reagiu num instante.
— Não te diverte tudo isto?
— Nunca me regozijei com a dor de uma mulher. Se não mataste Joe Patton, quem o fez?
— E perguntas... tu?
— Precisas que te repita que sou o juiz e que devo investigar o ocorrido?
— A ti não te interessa mais nenhuma resposta que aquela que recebeste de quem te mandou vir.
Voltou as costas, e encaminhou-se para o catre onde se sentou, cruzando as pernas, e cravou a vista num ponto indefinido, na parede. Ken, movendo a cabeça, regressou ao escritório onde o aguardavam um xerife ansioso e um não menos ansioso comissário.
— Que lhe conseguiu arrancar, senhor juiz?
— Nada. Que fazia essa jovem, antes de ser acusada do crime?
— Era animadora do «Saloon Fronteiriço» que tem as suas portas para esta mesma rua.
— Onde se cometeu o crime?
— Num reservado desse «saloon».
— Irei dar-lhe uma vista de olhos.
— Acompanho-o, se lhe interessa, senhor juiz — ofereceu-se Went.
— Não preciso, xerife. Obrigado.
Saiu do gabinete quando já era noite. Na sua mente levava um turbilhão de ideias, que o preocupavam. Não via claro o que estava sucedendo em Tombstone. Só notava que alguma coisa não andava bem, e que nisso tomavam parte as autoridades. E também aquele curioso ganadeiro chamado Mélvin Patton.
Encontrou-se quase sem dar conta defronte da fachada luxuosa do «Saloon Fronteiriço», e espreitou por cima dos batentes para deitar uma vista de olhos ao interior. Havia inúmeros espelhos, latão brilhante e uma grande correnteza de garrafas atrás do balcão. E mulheres. Mulheres formosas com reduzidos vestidos que permitiam a observação dos seus encantos.
Empurrou os batentes e entrou. Enquanto se aproximava do balcão, percebeu um roçar de roupas sedosas a seu lado. Voltou-se para olhar a mulher de frente. Era formosa ainda, e ela sabia-o, e conhecia também que o Outono possuía um encanto que as jovens ignoravam. Havia no seu olhar intenção, experiência e agudeza. E o vestido negro assentava-lhe maravilhosamente.
— Bem-vindo a esta casa, senhor juiz.
O decote era enorme, mostrando todas as suas costas até à cintura, e umas compridas luvas cobriam-lhe os braços até ao cotovelo. Mantinha uma boquilha de marfim entre os dedos.
— Não tenho o gosto de conhecê-la.
— Sou Mabel, a dona deste «saloon».
Ken cumprimentou-a cerimoniosamente.
— Surpreendeu-me ser reconhecido tão rapidamente... Trago, por acaso, um letreiro pregado nas costas?
— — Algo melhor do que isso: os seus olhos. São frios, implacáveis e seguros. Mas eu não vou presumir de inteligente. Diariamente envio um empregado à diligência para averiguar quem chega. Interessa-me estar informada, e ao saber que não se tratava desta vez do juiz Grant, senti curiosidade. — Tinham chegado ao balcão. — Que deseja tomar?
— Interessa-me muito mais a sua conversa - sorriu Ken.
— Já disse quanto tinha a dizer. Vai estar muito tempo entre nós?
— Até que termine o meu trabalho.
— Isso será rápido. Não se efetua amanhã o julgamento? Têm tudo pronto, segundo julgo.
— Atrasei-o.
— Porquê?
— Desejo estudar o caso.
—O xerife disse ontem à noite, aqui mesmo, que o juiz não teria desta vez muito trabalho.
— A opinião de um xerife é sempre de respeitar, embora ignore às vezes certos aspetos legais.
— Não toma nada? Estou pecando por falta de cortesia...
— Prefiro a sua conversação — e sorriu.
Chupou o cigarro pela boquilha e expirou o fumo pelo nariz.
— Se puder, poderíamos falar de Eva.
— Eva? — franziu as sobrancelhas.
— Ah, sim! Eva... Uma pequena muito engraçada. viu-a?
— Com um grande talento dramático. Cantava aqui, não é verdade?
-- Animadora. Divertia os clientes. Não é uma arte muito seleta, mas a gente da fronteira gosta que uma rapariga seja alegre e saiba mover-se.
— Foi aqui que morreu Joe Patton, não é verdade?
— Segundo a versão oficial, ela matou-o num dos meus reservados.
— E segundo você?
Mabel encolheu os ombros.
— Uma mulher não mata o homem com quem vai casar. Não o mataria eu, claro.
Era uma resposta.
— Quem o matou, nesse caso?
Mabel riu.
— Um pouco mais devagar, juiz. Eu não disse que ela não o tivesse morto...
Ken sorriu também.
— Você é uma mulher muito esperta, Mabel, quase tanto como formosa. Quer ajudar--me?
— O duplo galanteio obriga-me a isso, juiz.
— O meu nome é Ken Adams. Ken, para os amigos.
— Não sofre com isso a sua dignidade judicial?
O jovem voltou a rir.
— Sinto-me como um gato a quem tenham envolvido as unhas com algodão. Quer libertar-me as garras?
— Que vai fazer com elas?
— Caçar ratazanas. De tamanho natural, e bem gordas.
— Não lhe basta Eva?
— Ela não, não é rato. Quanto muito... uma gatinha.
— Cuidado com ela, juiz. É muito formosa, e não me diga que não tanto como eu. Tenho abundantes espelhos em casa.
Mabel era uma mulher singular, e Ken pensou que algo devia ter havido para ganhar a confiança da dona do «saloon». Aquilo podia ser providencial.
— Podemos falar mais tranquilos, Mabel? Ela passou-lhe a mão cálida no antebraço.
Sem comentários:
Enviar um comentário