Slim Bronston não chegou a Burville. Meteu pela característica pradaria do Texas. Noite, estrelas, luar…
Slim tinha agora quarenta e dois anos. Sentia-se mais jovem que vinte anos atrás. Era possível? Vinte anos! Mas não, não havia tanto… Quanto? Sim, quase vinte!
Cavalgou durante vinte minutos, sem grande pressa. Quando viu o grande barracão do rancho, meteu o cavalo a passo. Ao chegar junto duma grande cancela fechada, Slim leu um cartaz que dizia:
Slim tinha agora quarenta e dois anos. Sentia-se mais jovem que vinte anos atrás. Era possível? Vinte anos! Mas não, não havia tanto… Quanto? Sim, quase vinte!
Cavalgou durante vinte minutos, sem grande pressa. Quando viu o grande barracão do rancho, meteu o cavalo a passo. Ao chegar junto duma grande cancela fechada, Slim leu um cartaz que dizia:
"Little Snake Ranch - Clinton's - No trespassing".
Rancho da pequena serpente, propriedade dos Clinton. Atualmente, da viúva de Aaron Clinton, falecido há bastantes anos. Do outro lado da cancela, apareceu um homem apontando-lhe uma espingarda.
— É Slim Bronston? — perguntou o homem.
— Sim, vaqueiro.
O homem limitou-se a abrir a cancela e a voltar a fechá-la logo que Bronston a transpôs. Depois, desapareceu.
Slim conduziu o cavalo, sempre a passo, para junto dos grandes celeiros, que ficavam um pouco afastados do edifício do rancho. Na porta dum deles estava...
Sim, ali estava um minúsculo ramo de madressilvas. Abriu a porta e entrou no celeiro. Ao fundo viu a escada encostada à abertura do sótão, onde guardavam as melhores colheitas.
Com o ramo das madressilvas numa das mãos e segurando-se à escada com a outra, subiu a escada.
Em cima, tudo era escuro. Apesar disso, Slim estendeu a mão com o ramo e murmurou:
— Para ti, pequena Mara ...
— Oh, Slim .., — sussurrou uma voz de mulher.
— Cumpri a minha promessa, Mara. Voltei...
Abraçaram-se com fervor, e os seus lábios uniram-se num beijo longo, interminável, quente, amoroso...
— Demoraste tanto, Slim.,.
— Vinte anos, Mara. Tens-te lembrado muito de mim?
— Toda a minha vida... tudo quanto eu...
— Casaste, Mara. Nao te censuro. Fizeste bem. Como vês, seria inútil esperares por mim. Não voltei quando seria oportuno e mesmo que o fizesse nunca teria podido oferecer-te nada.
— O que sempre esperei de ti, és tu apenas, Slim. Não voltes a partir. Nunca mais, Slim...
— Julgas que posso ficar, e aceitar tudo isto? Um rancho, Mara, um lindo rancho, riqueza, segurança, paz e uma filha...
— Algo belo devia entregar ao lar, quando casei com Aaron Clinton, Slim. Entreguei uma filha. Era o menos que podia fazer por ele. Era muito bom... Tinha quarenta anos e eu... quase dezassete. Aceitei casar com ele e pedi-lhe que me levasse para longe donde tu e eu tínhamos vivido. Nao saímos do Texas, mas deixamos ...
— Todavia, não esqueceste como eram as nossas entrevistas... de noite, no celeiro. Sabias que eu viria ver-te esta noite?
— Desejava-o. Tanto, que disse a Perry que, logo que se apresentasse um homem chamado Slim Bronston o deixasse entrar sem fazer-lhe perguntas e que não se preocupasse com ele, pois podia fazer tudo quanto quisesse neste rancho...
— Ouve, Mara: realmente ainda me amas?
— Continuei a amar-te durante estes vinte anos, e posso amar-te sempre... até morrer, Slim.
— E muito tempo, Mara. Que diria a tua filha se soubesse que sua mãe, aos trinta e seis anos, deixa ramitos de madressilvas ao seu namorador
— Rir-se-ia, com certeza. Por que nao voltaste, Slim? Nao me amavas? E agora?
— Amava, sim, e amo-te hoje mais que então. Mas considerei que te prestava um maior favor desaparecendo, do que voltar para junto de ti.
— E... ficarás agora, Slim?
— Vim pedir-te um favor, Mara — declarou, depois de uma leve hesitação.
— E teu, o que quer que seja. Pede, Slim.
— Estou a ajudar Charlie Logan. Quero que consintas em que o rapaz case com a tua filha.
— Por que te interessas tanto por ele?
— Conheci o seu pai. Chamava-se Richard Lo-gan. Foi isso há uns doze anos. Richard Logan era um pistoleiro.
— Como tu?
— Nao. Perverteu-se. Eu gosto desta vida, mas sempre fui honesto. A minha cabeça nunca esteve a prémio. A de Richard Logan, sim. Faz parte duma quadrilha que se dedicava a assaltos roubos... Há quanto tempo está o rapaz em Burville?
— Há uns três anos.
— Justamente quando soube que o pai morreu. Encheram-lhe o corpo de balas em South Falls, no Colorado. Conseguiu fugir para junto do filho, que apenas teve tempo de vê-lo morrer e enterrá-lo. Depois, o rapaz desapareceu. Tinha então vinte anos. Veio para o Texas. Nova vida, nova gente, ninguém o conhece e nada sabe dele. Richard Logan portou-se bem comigo. O rapaz tem sangue mau. E preciso evitar que se manifeste. Pareceu--me honesto, sério, desejando viver honradamente. Dá-lhe essa oportunidade. A tua filha parece amá-lo. Que casem. Duas almas felizes e um pistoleiro a menos.
— Compreendo, Slim. Já tinha decidido autorizar o casamento, embora mais tarde.
— Está bem. Entretanto, deixa que o rapaz se sinta feliz,, podendo dizer que Nancy é sua noiva.
— Como tu quiseres, Slim. E nós?
— Nós? Já somos velhos, Mara.
— Nao, Slim, nao somos... Ficarás...?
— Se tu ...
Interrompeu-se ao ouvir um tiro. Logo. a seguir um forte tropel de cavalos atroou os ares, ao chegar à esplanada em frente do edifício, dos celeiros e das cercas do gado e outras dependências do rancho.
— Slim: Nao vás! ...
Mas Slim já saltara do sótão e, em meia dúzia de passadas, chegara à porta do celeiro, que abriu com um puxão. Na outra mão já levava engatilhado o seu "Smith & Wesson 44". Mas assim que disparou uns tiros sem sorte, troou uma espingarda perto dali. Slim Bronston sentiu o choque no ombro esquerdo. Deu meia volta e bateu contra a parede do celeiro. Rangeu os dentes com a dor insuportável. Uma nova bala furou-lhe o chapéu tao perto da cabeça que lhe arrancou cabelos e pele. Resvalou encostado à parede e caiu para dentro do celeiro.
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