Em Lander parecia que ninguém se recordava já que Joel Rose, o novo ajudante do xerife Colman, fora expulso pouco honrosamente do Exército dos Estados Unidos durante a guerra finda. No desempenho do seu cargo, especialmente no caso do perigoso Knox Wallace, ele demonstrara que era homem de fibra, exatamente como o demonstrara anteriormente frente a Dan Wilburn e por duas vezes, quando não tinha ainda estrela alguma a ornar-lhe o peito.
Havia precisamente um mês que Rose fora investido nas suas funções, sem que, depois da caçada feita a Wallace e ao seu companheiro, tivesse ocorrido algo de importante na sua jurisdição, quando começaram a suceder factos suscetíveis de alterarem essa quietude.
Era domingo e o calor tornava-se intolerável, mesmo dentro da ampla e sombria nave da igreja local, onde Rose, aprumado e meditativo, na última fila de bancos, escutava o ofício religioso.
O reverendo Morgan concluiu o sermão dominical e os fiéis começaram a abandonar o templo, saindo para a atmosfera cálida e poeirenta do exterior.
Lander, à hora do ofício dominical, era como uma cidade deserta, onde só se viam gatos e cães a vaguear, além dos pacientes cavalos reunidos no amplo largo, em torno do edifício de Deus.
Joel saiu da igreja, e já a descer as escadas quase tropeçou numa encantadora rapariga, vestida de vermelho muito escuro, cuja cabeça se oferecia coberta por um largo chapéu, à moda do Este, o qual não chegava para ocultar, o arruivado dos seus cabelos.
— Oh! Perdão... — desculpou-se o jovem, inclinando-se cortesmente e tirando o chapéu da cabeça.
Ela voltou-se. Era Cynthia Colman e estava realmente formosa na sua graciosa e elegante indumentária.
— Não tem importância, senhor Rose — redarguiu ela, sorrindo, gentiamente e semicerrando os seus belos olhos escuros ao fitar o atrativo ajudante de seu pai por forma a causar-lhe uma certa perturbação.
— Muito prazer em vê-la, «miss» Colman — proferiu Joel, gratamente surpreendido. — Não julguei que estivesse na igreja. Notei que seu pai não veio hoje...
— Não pôde vir. Sente-se um pouco indisposto e ficou de cama.
— Indisposto, Dan? — surpreendeu-se Joel. — Não sabia... A noite passada tivemos um pequeno desaguisado com alguns vaqueiros no «bar» de Maurizius e quando nos separámos ele estava bem.
-- Ele contou-me isso — disse a jovem, sorrindo, enquanto caminhava insensivelmente ao lado daquele belo moço, cuja impecável camisa branca, adornada com um laço negro, bem como a elegante sobrecasaca preta, lhe davam um aspeto mais airoso do que o vestuário cinzento que lhe era habitual. — Mas esta manhã é que acordou um pouco adoentado e eu não consenti que se levantasse, a fim de não piorar. Afinal, os domingos são os dias mais pacatos de Lander. Não me parece que ele vá fazer falta no seu escritório.
— Oh! Não — concordou Rose. — Os vaqueiros curam-se das suas bebedeiras de ontem e dormem até à noite. E voltam a deitar-se, porque amanhã, às cinco, têm ide estar já a pé ao lado do seu gado.
Riram com boa vontade, sem se afastarem um do outro. Joel sentia uma grata satisfação ao acompanhar a filha do seu chefe e amigo, e ela parecia partilhar do mesmo sentimento de agrado do jovem. Um pouco mais adiante, a loira cabeça de Stendhal movia-se, inquieta, de um lado para o outro, procurando a rapariga, com a qual, certamente, aprazara encontro.
Rose notou o filho do banqueiro, mas guardou-se de prevenir Cynthia. Quanto a esta, se também reparou em Liam, procedeu como se o não tivesse visto; e continuou a andar ao lado da aprumada e atlética figura de Rose em direção à rua principal, que começava lentamente a povoar-se com as pessoas saídas d templo.
— Vai a algum lado agora, «miss» Colman? — perguntou Rose, depois de caminharem mais algumas dezenas de metros e quando Liam Stendhal já não era visível.
— Vou para casa, a ver se o meu pai está melhor. Deixei o meu carro ali mesmo — replicou ela, algo distraída. — E o senhor?
— Bem... eu... A verdade é que tencionava ir visitar seu pai, para me tranquilizar quanto ao seu estado. Além disso, é possível que ele queira encarregar-me de alguma coisa e... Enfim, irei esta tarde vê-lo
— Porque não agora? — sugeriu ela. — Tem que fazer?
— Oh! Não — apressou-se a dizer Rose, com exagerada impulsividade. Depois retificou, mais calmo — Simplesmente, não me está a agradar muito a de ir agora aparelhar o cavalo. Além disso, creio terei primeiro de mandar pregar-lhe uma ferradura
— Não devia fazer trabalhar o pobre do ferrador ao domingo — censurou Cynthia com ironia, observando um leve rubor na bronzeada tez masculina. Mas proponho-lhe uma solução: porque não vem comigo? Posso ceder-lhe um lugar na minha caleche.
— Magnífico! — voltou Rose a manifestar-se um tanto precipitadamente. E emendou, já tarde: — Sim... ficava-lhe muito grato...
Ela voltou a sorrir, inclinou a cabeça e não disse nada. Mas o seu sorriso emprestava um encanto tão especial aos seus lábios que Rose tê-los-ia beijado de boa vontade.
Havia precisamente um mês que Rose fora investido nas suas funções, sem que, depois da caçada feita a Wallace e ao seu companheiro, tivesse ocorrido algo de importante na sua jurisdição, quando começaram a suceder factos suscetíveis de alterarem essa quietude.
Era domingo e o calor tornava-se intolerável, mesmo dentro da ampla e sombria nave da igreja local, onde Rose, aprumado e meditativo, na última fila de bancos, escutava o ofício religioso.
O reverendo Morgan concluiu o sermão dominical e os fiéis começaram a abandonar o templo, saindo para a atmosfera cálida e poeirenta do exterior.
Lander, à hora do ofício dominical, era como uma cidade deserta, onde só se viam gatos e cães a vaguear, além dos pacientes cavalos reunidos no amplo largo, em torno do edifício de Deus.
Joel saiu da igreja, e já a descer as escadas quase tropeçou numa encantadora rapariga, vestida de vermelho muito escuro, cuja cabeça se oferecia coberta por um largo chapéu, à moda do Este, o qual não chegava para ocultar, o arruivado dos seus cabelos.
— Oh! Perdão... — desculpou-se o jovem, inclinando-se cortesmente e tirando o chapéu da cabeça.
Ela voltou-se. Era Cynthia Colman e estava realmente formosa na sua graciosa e elegante indumentária.
— Não tem importância, senhor Rose — redarguiu ela, sorrindo, gentiamente e semicerrando os seus belos olhos escuros ao fitar o atrativo ajudante de seu pai por forma a causar-lhe uma certa perturbação.
— Muito prazer em vê-la, «miss» Colman — proferiu Joel, gratamente surpreendido. — Não julguei que estivesse na igreja. Notei que seu pai não veio hoje...
— Não pôde vir. Sente-se um pouco indisposto e ficou de cama.
— Indisposto, Dan? — surpreendeu-se Joel. — Não sabia... A noite passada tivemos um pequeno desaguisado com alguns vaqueiros no «bar» de Maurizius e quando nos separámos ele estava bem.
-- Ele contou-me isso — disse a jovem, sorrindo, enquanto caminhava insensivelmente ao lado daquele belo moço, cuja impecável camisa branca, adornada com um laço negro, bem como a elegante sobrecasaca preta, lhe davam um aspeto mais airoso do que o vestuário cinzento que lhe era habitual. — Mas esta manhã é que acordou um pouco adoentado e eu não consenti que se levantasse, a fim de não piorar. Afinal, os domingos são os dias mais pacatos de Lander. Não me parece que ele vá fazer falta no seu escritório.
— Oh! Não — concordou Rose. — Os vaqueiros curam-se das suas bebedeiras de ontem e dormem até à noite. E voltam a deitar-se, porque amanhã, às cinco, têm ide estar já a pé ao lado do seu gado.
Riram com boa vontade, sem se afastarem um do outro. Joel sentia uma grata satisfação ao acompanhar a filha do seu chefe e amigo, e ela parecia partilhar do mesmo sentimento de agrado do jovem. Um pouco mais adiante, a loira cabeça de Stendhal movia-se, inquieta, de um lado para o outro, procurando a rapariga, com a qual, certamente, aprazara encontro.
Rose notou o filho do banqueiro, mas guardou-se de prevenir Cynthia. Quanto a esta, se também reparou em Liam, procedeu como se o não tivesse visto; e continuou a andar ao lado da aprumada e atlética figura de Rose em direção à rua principal, que começava lentamente a povoar-se com as pessoas saídas d templo.
— Vai a algum lado agora, «miss» Colman? — perguntou Rose, depois de caminharem mais algumas dezenas de metros e quando Liam Stendhal já não era visível.
— Vou para casa, a ver se o meu pai está melhor. Deixei o meu carro ali mesmo — replicou ela, algo distraída. — E o senhor?
— Bem... eu... A verdade é que tencionava ir visitar seu pai, para me tranquilizar quanto ao seu estado. Além disso, é possível que ele queira encarregar-me de alguma coisa e... Enfim, irei esta tarde vê-lo
— Porque não agora? — sugeriu ela. — Tem que fazer?
— Oh! Não — apressou-se a dizer Rose, com exagerada impulsividade. Depois retificou, mais calmo — Simplesmente, não me está a agradar muito a de ir agora aparelhar o cavalo. Além disso, creio terei primeiro de mandar pregar-lhe uma ferradura
— Não devia fazer trabalhar o pobre do ferrador ao domingo — censurou Cynthia com ironia, observando um leve rubor na bronzeada tez masculina. Mas proponho-lhe uma solução: porque não vem comigo? Posso ceder-lhe um lugar na minha caleche.
— Magnífico! — voltou Rose a manifestar-se um tanto precipitadamente. E emendou, já tarde: — Sim... ficava-lhe muito grato...
Ela voltou a sorrir, inclinou a cabeça e não disse nada. Mas o seu sorriso emprestava um encanto tão especial aos seus lábios que Rose tê-los-ia beijado de boa vontade.
Sem comentários:
Enviar um comentário