Aquilo aconteceu da forma mais inesperada. No momento em que Hudson ia apertar o gatilho, Nancy, a quem o bandido não podia vigiar atentamente por ter toda a sua atenção concentrada no jovem, agachou-se rapidamente e, empunhando uma pedra, bateu com quanta força pôde no pulso direito de Lloyd. O revólver que este empunhava saltou-lhe da mão com a violência da pancada, e foi cair na lagoa próxima.
— Maldita! Eu te ensinarei!... — vociferou Hudson fora de si ao ver como o seu revólver desaparecia na água.
— Lloyd!
Foi tão perentória a ordem de Cliff, que o bandido voltou-se para ele.
Agora encontravam-se frente a frente, desarmados, 'com as mãos nuas. Nancy, muito pálida e com a respiração entrecortada, olhava-os atentamente. Junto dela, Bobby não desviava deles os seus olhitos muito brilhantes.
Cliff deu um passo em frente. O seu rosto endurecera e nas suas pupilas ardia um fogo bélico.
— Estamos em igualdade de circunstâncias, Lloyd. Sem armas e sós. Atreves-te também agora a enfrentar-te comigo?
Hudson fez um trejeito de desprezo e exclamou
— Se me atrevo? Vou matar-te com as minhas próprias mãos, Cliff, apertar-te o pescoço até que não te reste um sopro de vida. Não preciso do revólver para te esmagar. E quando te liquidar, entender-me-ei com essa tua amiga. Pagará o ter-me desarmado.
— Para a frente pois! Prova-me que não és um fanfarrão — desafiou o jovem.
Lloyd, com os punhos cerrados, lançou-se com todo o peso do seu enorme corpo contra Cliff. Era um ataque impetuoso como o dum búfalo.
Todavia, Cliff aguentou a pé firme a arremetida, parando com os seus braços os socos que o outro descarregava. Quase em seguida, disparou a sua direita, atingindo Hudson em plena boca, obrigando-o a recuar.
Continuou atrás dele, aplicando--lhe murros com ambas as mãos, que o outro acusava no meio de surdos grunhidos. Bobby, que junto à pálida Nancy seguia excitado o curso da luta, exclamava:
— Assim, Cliff, assim! Dá-lhe forte, não o deixes descansar!
Mas Hudson, apesar da dureza do castigo, conseguira reagir e um dos seus terríveis socos alcançou o jovem no rosto, fazendo-lhe uma brecha numa sobrancelha.
Cliff cambaleou, aguentando alguns murros capazes de derrubar um boi. Todavia, conseguiu sofreá-lo com dois socos curtos e secos-que deram em cheio no queixo do seu contendor. Hudson sacudiu a cabeça aturdido e, então, um novo soco de Cliff abriu-lhe outra brecha no pómulo esquerdo por onde o sangue começou a jorrar empapando-lhe o rosto.
Nancy, horrorizada, via os dois homens atacarem-se como duas feras. Nenhum deles tentava já esquivar os socos do outro, mas desferiam mutuamente golpes ferozes, cada um com o único e exclusivo desejo de liquidar o seu adversário; mas ambos pareciam ter uma resistência inesgotável, replicando com socos que os aturdiam, fazendo-os vacilar nas pernas. Cliff estava cego, não sentindo sequer as dores.
O punho de Hudson atingiu-o novamente na sobrancelha rasgada. Sentiu turvar-se a vista e novos socos obrigaram-no a recuar hesitante. Sentiu-se à beira do desfalecimento e tentou safar-se do duro castigo a que naquele momento Hudson o submetia.
— Cliff! Ânimo, Cliff!
A voz de Bobby chegou aos seus ouvidos como de muito longe, como num sonho. Mas foi o suficiente para despertar nele um louco desejo de vencer o seu inimigo, urna ânsia de não desiludir o pequenito. Tirando das fraquezas forças, disparou uma direita com toda a energia de que era capaz. O punho atingiu a boca de Hudson, rebentando-lhe os lábios.
Desesperadamente, aplicou a esquerda que bateu de maneira selvagem na brecha aberta no pómulo do seu contendor. Este cambaleou, e um novo e terrível murro num olho fê-lo rolar no chão. Suado e ofegante, Cliff deu um passo em frente, mas Hudson já se repusera da queda e, com grande agilidade, precipitou-se sobre o jovem, abraçando-se a ele.
Foram ambos aos tombos até que Cliff chocou de costas com uma árvore. Ali, bateram-se com sanha, trocando murros demolidores. Um novo golpe do jovem rebentou o nariz de Lloyd que, jorrando sangue e grunhindo como um animal ferido, começou a perder a impetuosidade nos ataques.
Cliff conseguiu aplicar outro soco no rosto do seu rival, que deu uns passos hesitantes tentando cobrir-se. Com o sangue a ferver-lhe nas veias, o jovem desta vez acertava-lhe no corpo. O bandido torceu-se com dores, mas Cliff, sem lhe conceder o mínimo quartel, aplicou-lhe um tremendo murro da esquerda no queixo.
Hudson caiu no chão de costas. Todavia, só permaneceu uns segundos no solo. Vacilante, pôs-se em pé de novo, impelido pelo ódio pelo jovem, que voltou a derrubá-lo sobre o mato com um novo golpe. Hudson rolou e com grandes dificuldades e um esforço sobre-humano levantou-se outra vez. Tinha o fato rasgado às tiras e o seu rosto, deformado pelos socos, não era mais que uma tumefacta massa de sangue. Empregando todo o seu vigor, Cliff disparou uni terrível direto ao queixo, que levantou Hudson ao ar, para cair em seguida sem sentidos. Desta vez ficou completamente imóvel, inconsciente, motivado pela selvagem tareia que acabava de receber.
Cliff, ofegante e exibindo no rosto as marcas do combate, apoiou-se a uma árvore, contemplando com os olhos brilhantes a figura prostrada do bandido.
Nancy, que presenciara a bárbara luta com o coração apertado, observava-o receosa, apertando nas suas a pequenina mão de Bobby. Receosa, viu o jovem tirar o revólver do coldre e começar a encher o tambor de novas balas. Depois, empunhando a arma, aproximou-se do seu mortal inimigo e olhou-o com estranha firmeza. A rapariga sentiu um calafrio. Cliff dispunha-se a desembaraçar-se de Hudson? Quis falar, mas da sua garganta não saiu o menor som.
Finalmente, Cliff guardou a arma e, indo até à lagoa, começou a molhar o rosto e a cabeça. Nancy sentiu uni grande, um incomensurável alívio. Receara o pior: que o jovem, levado pela excitação da luta, cometesse um assassínio. Quando o jovem se ergueu escorrendo água, Bobby soltou-se da mão da rapariga e correu para ele.
— Cliff, foi estupendo! Nunca vira uma luta como esta! Que socos! Tu davas-lhe assim, e assim... e assim.
O pequenito imitava as fases do combate, descarregando socos contra um imaginário inimigo. Cliff, pela primeira vez, voltou-se para Nancy e fitou-a.
— Temos de aproveitar a oportunidade para sairmos destas montanhas. Tentaremos regressar a Tonopah... Seria perigoso percorrer a pradaria com toda a quadrilha seguindo-nos o rasto. Ajude-me a selar os cavalos.
Quando os animais estavam preparados e os cavaleiros se dispunham a montar, Cliff, sem olhar para a jovem, murmurou:
— Obrigado pelo que fez, Nancy. Refiro-me a ter desarmado Hudson. É a segunda vez que me salva a vida.
— Foi tudo quanto pude fazer para o ajudar — respondeu a rapariga.
Sem trocarem mais qualquer palavra, picaram as esporas e os cavalos puseram-se em marcha, perdendo-se nos tortuosos caminhos da montanha.
— Maldita! Eu te ensinarei!... — vociferou Hudson fora de si ao ver como o seu revólver desaparecia na água.
— Lloyd!
Foi tão perentória a ordem de Cliff, que o bandido voltou-se para ele.
Agora encontravam-se frente a frente, desarmados, 'com as mãos nuas. Nancy, muito pálida e com a respiração entrecortada, olhava-os atentamente. Junto dela, Bobby não desviava deles os seus olhitos muito brilhantes.
Cliff deu um passo em frente. O seu rosto endurecera e nas suas pupilas ardia um fogo bélico.
— Estamos em igualdade de circunstâncias, Lloyd. Sem armas e sós. Atreves-te também agora a enfrentar-te comigo?
Hudson fez um trejeito de desprezo e exclamou
— Se me atrevo? Vou matar-te com as minhas próprias mãos, Cliff, apertar-te o pescoço até que não te reste um sopro de vida. Não preciso do revólver para te esmagar. E quando te liquidar, entender-me-ei com essa tua amiga. Pagará o ter-me desarmado.
— Para a frente pois! Prova-me que não és um fanfarrão — desafiou o jovem.
Lloyd, com os punhos cerrados, lançou-se com todo o peso do seu enorme corpo contra Cliff. Era um ataque impetuoso como o dum búfalo.
Todavia, Cliff aguentou a pé firme a arremetida, parando com os seus braços os socos que o outro descarregava. Quase em seguida, disparou a sua direita, atingindo Hudson em plena boca, obrigando-o a recuar.
Continuou atrás dele, aplicando--lhe murros com ambas as mãos, que o outro acusava no meio de surdos grunhidos. Bobby, que junto à pálida Nancy seguia excitado o curso da luta, exclamava:
— Assim, Cliff, assim! Dá-lhe forte, não o deixes descansar!
Mas Hudson, apesar da dureza do castigo, conseguira reagir e um dos seus terríveis socos alcançou o jovem no rosto, fazendo-lhe uma brecha numa sobrancelha.
Cliff cambaleou, aguentando alguns murros capazes de derrubar um boi. Todavia, conseguiu sofreá-lo com dois socos curtos e secos-que deram em cheio no queixo do seu contendor. Hudson sacudiu a cabeça aturdido e, então, um novo soco de Cliff abriu-lhe outra brecha no pómulo esquerdo por onde o sangue começou a jorrar empapando-lhe o rosto.
Nancy, horrorizada, via os dois homens atacarem-se como duas feras. Nenhum deles tentava já esquivar os socos do outro, mas desferiam mutuamente golpes ferozes, cada um com o único e exclusivo desejo de liquidar o seu adversário; mas ambos pareciam ter uma resistência inesgotável, replicando com socos que os aturdiam, fazendo-os vacilar nas pernas. Cliff estava cego, não sentindo sequer as dores.
O punho de Hudson atingiu-o novamente na sobrancelha rasgada. Sentiu turvar-se a vista e novos socos obrigaram-no a recuar hesitante. Sentiu-se à beira do desfalecimento e tentou safar-se do duro castigo a que naquele momento Hudson o submetia.
— Cliff! Ânimo, Cliff!
A voz de Bobby chegou aos seus ouvidos como de muito longe, como num sonho. Mas foi o suficiente para despertar nele um louco desejo de vencer o seu inimigo, urna ânsia de não desiludir o pequenito. Tirando das fraquezas forças, disparou uma direita com toda a energia de que era capaz. O punho atingiu a boca de Hudson, rebentando-lhe os lábios.
Desesperadamente, aplicou a esquerda que bateu de maneira selvagem na brecha aberta no pómulo do seu contendor. Este cambaleou, e um novo e terrível murro num olho fê-lo rolar no chão. Suado e ofegante, Cliff deu um passo em frente, mas Hudson já se repusera da queda e, com grande agilidade, precipitou-se sobre o jovem, abraçando-se a ele.
Foram ambos aos tombos até que Cliff chocou de costas com uma árvore. Ali, bateram-se com sanha, trocando murros demolidores. Um novo golpe do jovem rebentou o nariz de Lloyd que, jorrando sangue e grunhindo como um animal ferido, começou a perder a impetuosidade nos ataques.
Cliff conseguiu aplicar outro soco no rosto do seu rival, que deu uns passos hesitantes tentando cobrir-se. Com o sangue a ferver-lhe nas veias, o jovem desta vez acertava-lhe no corpo. O bandido torceu-se com dores, mas Cliff, sem lhe conceder o mínimo quartel, aplicou-lhe um tremendo murro da esquerda no queixo.
Hudson caiu no chão de costas. Todavia, só permaneceu uns segundos no solo. Vacilante, pôs-se em pé de novo, impelido pelo ódio pelo jovem, que voltou a derrubá-lo sobre o mato com um novo golpe. Hudson rolou e com grandes dificuldades e um esforço sobre-humano levantou-se outra vez. Tinha o fato rasgado às tiras e o seu rosto, deformado pelos socos, não era mais que uma tumefacta massa de sangue. Empregando todo o seu vigor, Cliff disparou uni terrível direto ao queixo, que levantou Hudson ao ar, para cair em seguida sem sentidos. Desta vez ficou completamente imóvel, inconsciente, motivado pela selvagem tareia que acabava de receber.
Cliff, ofegante e exibindo no rosto as marcas do combate, apoiou-se a uma árvore, contemplando com os olhos brilhantes a figura prostrada do bandido.
Nancy, que presenciara a bárbara luta com o coração apertado, observava-o receosa, apertando nas suas a pequenina mão de Bobby. Receosa, viu o jovem tirar o revólver do coldre e começar a encher o tambor de novas balas. Depois, empunhando a arma, aproximou-se do seu mortal inimigo e olhou-o com estranha firmeza. A rapariga sentiu um calafrio. Cliff dispunha-se a desembaraçar-se de Hudson? Quis falar, mas da sua garganta não saiu o menor som.
Finalmente, Cliff guardou a arma e, indo até à lagoa, começou a molhar o rosto e a cabeça. Nancy sentiu uni grande, um incomensurável alívio. Receara o pior: que o jovem, levado pela excitação da luta, cometesse um assassínio. Quando o jovem se ergueu escorrendo água, Bobby soltou-se da mão da rapariga e correu para ele.
— Cliff, foi estupendo! Nunca vira uma luta como esta! Que socos! Tu davas-lhe assim, e assim... e assim.
O pequenito imitava as fases do combate, descarregando socos contra um imaginário inimigo. Cliff, pela primeira vez, voltou-se para Nancy e fitou-a.
— Temos de aproveitar a oportunidade para sairmos destas montanhas. Tentaremos regressar a Tonopah... Seria perigoso percorrer a pradaria com toda a quadrilha seguindo-nos o rasto. Ajude-me a selar os cavalos.
Quando os animais estavam preparados e os cavaleiros se dispunham a montar, Cliff, sem olhar para a jovem, murmurou:
— Obrigado pelo que fez, Nancy. Refiro-me a ter desarmado Hudson. É a segunda vez que me salva a vida.
— Foi tudo quanto pude fazer para o ajudar — respondeu a rapariga.
Sem trocarem mais qualquer palavra, picaram as esporas e os cavalos puseram-se em marcha, perdendo-se nos tortuosos caminhos da montanha.
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