John estava a consertar a porta do curral que ficara deteriorada quando na noite anterior fizera as reses fugir.
O suor corria por todo o seu corpo e tinha tirado a camisa para combater o calor. Debaixo da pele lustrosa e morena, os seus potentes músculos moviam-se com agilidade.
Um ruído de passos obrigou-o a levantar os olhos da sua tarefa. Viu chegar Russ com um balde de água, cujo conteúdo deitou no bebedouro.
Os animais aproximaram-se para beber com avidez. Russ continuou com o seu trabalho até deixar o recipiente completamente cheio. John observava-o pensativo. De repente perguntou-lhe:
—Ainda não te foste embora, Russ?
O seu amigo deixou o baldo no chão e após uma breve pausa, explicou:
— Queria dar antes água a estes animais. Faz-me pena vê-los sofrer por causa da sede. Mas vou já preparar o meu cavalo.
Desapareceu aia direção da cavalariça. John recomeçou o seu trabalho. Poucos momentos depois reapareceu Russ trazendo o seu cavalo pelas rédeas.
—Bem, John, venho despedir-me.
O rapaz pôs-se em pé e apertou-lhe a mão.
—Adeus.
—Boa sorte.
Vacilou um momento e como não se pudesse conter mais tempo, exclamou:
—Mas, porque és tão teimoso? Não percebes que fazes uma asneira ao ficar aqui? Que te interessa o que possa acontecer ao rancho e à rapariga? Tu não és o xerife!
John sorriu.
—Tens razão, sou um teimoso. E é por isso que fico. Advirto-te que nunca ninguém me fez desistir de uma ideia que se me tenha metido na cabeça.
Russ fez um gesto de impotência.
—Está bem, como queiras. Adeus.
Montou a cavalo e afastou-se a galope. John contemplou-o uns momentos e depois continuou o seu trabalho.
—E quando é que você se vai embora?
John levantou a cabeça. Deborah tinha saído de casa e encontrava-se a uns passos de distância, observando-o fixamente. O rapaz incorporou-se, e pegando no lenço começou a limpar o suor que lhe empapava o colarinho.
—Eu não me vou embora.
Ela franziu o sobrolho.
— Que quer dizer?
— Acho que se percebe bem. Mas posso dizer-lhe por outras palavras: não a deixo sozinha.
Deborah olhava-o incrédula. De repente sacudiu a cabeça e passou uma mão pelos olhos.
— Não, John, deve ir-se embora. Ê o mais sensato. A advertência que lhes fez Cobb não pode ser mais eloquente. Se se mete neste assunto tem a vida em perigo.
— Para mim, o perigo tem sido sempre mais um estímulo do que um freio. E, além disso, tenho o costume de não me submeter, sobretudo aos tipos como Cobb. Não gosto que me deem ordens.
— Vá-se embora, John—insistiu ela. —Ê absurdo que fique aqui.
O rapaz encostou as costas à vedação.
—E que fará você, se eu me for embora?
A pergunta pareceu desconcertar momentaneamente a rapariga.
— Pois... pedirei auxílio ao xerife. Sim, isso mesmo, irei ter com ele para me proteger de Cobb.
John riu baixinho enquanto sacudia a cabeça.
— Sabe tão bem como eu que o xerife não a protegerá. O velho Buttons ama demasiado a vida para meter-se em sarilhos. Não quer lutas com ninguém e ainda menos com tipos tão perigos como Cobb.
Deborah mordeu o lábio inferior.
— Irei para longe, abandonarei o rancho.
—Também não é solução, porque Cobb segui-la-ia até ao fim do mundo. Ele pensa que você sabe alguma coisa que lhe interessa muito e não a deixará escapar.
Deitou o chapéu para a nuca e acrescentou:
—Não, Deborah. O único caminho que fica é eu não me ir embora.
—Mas eu não posso aceitar o seu sacrifício! —exclamou a rapariga.
John cruzou os braços sobre o seu feito poderoso e lançou um olhar em redor.
— Asseguro-lhe que não há nenhum sacrifício. Só o poder viver aqui, compensa-me de todos os perigos que possa correr. Sabe que há muitos anos, quando ainda era rapaz, fui vaqueiro? No Texas, onde nasci.
Fez um gesto eloquente e prosseguiu:
—Mas já sabe como as coisas são. A vida dá muitas voltas e, às vezes, por ambição entra-se no mau caminho. Deixei de ser vaqueiro e dei muitos trambolhões. Há pessoas que me invejam por ter chegado a ser um pistoleiro famoso. Que estúpidos! Se pudesse voltar a começar...
Deborah escutava-o em silêncio. Ele sorriu, como se se envergonhasse de falar de sim mesmo.
—Hoje vi o maravilhoso que é voltar a viver num rancho. Primeiro quando fui buscar as reses, e agora, enquanto arranjava esta vedação. Já há muitos anos que não sentia o suor correr sobre a minha pele, nem os músculos cansados pelo trabalho. Depois, esta mistura de cheiro a gado, a erva fresca e a terra fecunda. E maravilhoso, asseguro-lhe. Parece-me voltar aos dias em que era rapaz... Bem, um rapaz que ainda acreditava em muitas coisas.
Estendeu o braço e apontou para longe.
— Até onde chegam as suas terras?
Deborah sentia-se fascinada pelo que o rapaz dizia. Apontou para uma colina.
—Até ali.
John assentiu satisfeito.
— Umas oito ou nove milhas quadradas de bom terreno. Não é muito, mas o bastante para o converter num rancho muito produtivo. Podiam-se fazer aqui grandes coisas.
—E um trabalho muito grande só para um velho e uma mulher —desculpou-se Deborah.
John olhou-a. Nos seus olhos brilhava uma ardente vitalidade, como uma ilusão de que tinha carecido.
— Sabe uma coisa, Deborah? Se me deixar, converterei este rancho num dos mais prósperos da região.
— Mas esquece-se de Cobb? Não, não o esqueço. Mas nem ele mo impedirá.
—E um homem sozinho contra um bando.
John encolheu os ombros e começou a rir. Transpirava otimismo por todos os poros.
—E que tem isso? Às vezes a solidão é um estímulo para vencer todos os obstáculos.
Deborah olhava-o desconcertada.
—Não sei se você é um doido ou um ser excecional.
— Ambas as coisas vêm a ser o mesmo.
Deborah fazia esforços para não se deixar arrastar pelo otimismo do rapaz.
—Eu não posso oferecer-lhe nada em troca da sua ajuda.
— Só lhe peço uma coisa.
—O quê?
John tirou o chapéu.
—Que me deite em cima um balde de água. Tenho muito calor.
Desta vez Deborah teve de se rir. Era a primeira vez que o fazia há muitas semanas. Pegou num balde de água e deitou o conteúdo sobre John. Este, encharcado, entrou em casa e fechando-se num quarto, secou-se e pôs roupa limpa. Depois, encontrou Deborah na cozinha a preparar a comida.
— Isto cheira muito bem — exclamou.
Ela olhou-o sorridente.
—Está melhor?
—Sem dúvida O duche refrescou-me e abriu-me o apetite. Acho que vou devorar...
Interrompeu-se para escutar. Até ele chegou o barulho dos cascos dum cavalo que se aproximou. Olhou para Deborah e pela súbita palidez do seu semblante, compreendeu que ela também tinha ouvido.
Rápido, apanhou o cinturão que deixara sobre uma cadeira e apertou-o à cintura. Depois, ele e Deborah dirigiram-se para a janela e olharam para o exterior. Aproximava-se um cavaleiro pelo caminho de Dodge. Ia só e avançava a trote encontrando-se já a meio caminho do cume da colina.
John observou-o fixamente, conservando a mão direita junto da culatra do seu «Colt». De repente sorriu, e, abandonando a tensão em que mantinha o seu corpo, olhou para Deborah que continuava pálida e com uma expressão de ansiedade.
— Ainda não o reconheceu? — perguntou.
A rapariga pareceu não compreender. Depois olhou com mais atenção para o cavaleiro, que já se encontrava a poucos metros da casa. Foi então que, dos seus lábios, saiu uma exclamação de assombro:
— Russ Linley I
Com efeito, o cavaleiro era Russ. Depois de desmontar entrou em casa e ficou a olhar para John e Deborah uni pouco envergonhado. Depois os seus olhos dirigiram-se para a mesa que estava posta para duas pessoas.
— Pode pôr outro prato para mim — murmurou.
John voltou-se sorridente para a rapariga.
— Vê, Deborah? Já não sou um homem só. Russ voltou para me ajudar.
O aludido deixou-se cair numa cadeira e encolheu os ombros num gesto cansado.
—Sou um idiota —balbuciou. —O maior idiota do Mundo. Estava firmemente decidido a não me meter neste assunto... e já vês. Estava apenas a quatro milhas daqui quando, de repente, senti que não os podia deixar sós. Merecia que me dessem bastantes murros, por ser estúpido. Em Dodge poderia continuar a viver sossegado e a embebedar-me, mas voltei. E ainda não sei a razão. Não compreendo.
John aproximou-se dele e apoiou ambas as mãos sobre a mesa.
— Voltaste porque dentro do peito tens uma coisa que se chama coração. Mas não te arrependerás. Ouve, Russ, tenho grandes planos.
--Acho que os únicos planos que podemos fazer é sobre se gostaremos mais de morrer assassinados ou a dar tiros —replicou o outro, com ceticismo.
John fez um gesto com a mão como se quisesse apagar aquela ideia.
— Asneiras. Olha, vamos transformar este rancho num dos melhores da região. Não é muito grande, mas tem excelentes condições. Tu e eu podemos consegui-lo. Basta que o queiramos fazer e estejamos dispostos a trabalhar.
Russ olhou-o com os olhos muito abertos.
— Disseste trabalhar? Trabalhar?
Depois baixou a cabeça e moveu-a com cómica tristeza.
—Trabalhar, eu, Russ Linley? Como se vão rir de mim quando o souberem em Dodge!
John começou a rir.
— Algum dia tinhas de aprender. Russ olhou para a rapariga, que permanecia calada, e murmurou:
—Deborah, creio que John está completamente doido. Mas o pior é que a sua loucura é contagiosa.
O suor corria por todo o seu corpo e tinha tirado a camisa para combater o calor. Debaixo da pele lustrosa e morena, os seus potentes músculos moviam-se com agilidade.
Um ruído de passos obrigou-o a levantar os olhos da sua tarefa. Viu chegar Russ com um balde de água, cujo conteúdo deitou no bebedouro.
Os animais aproximaram-se para beber com avidez. Russ continuou com o seu trabalho até deixar o recipiente completamente cheio. John observava-o pensativo. De repente perguntou-lhe:
—Ainda não te foste embora, Russ?
O seu amigo deixou o baldo no chão e após uma breve pausa, explicou:
— Queria dar antes água a estes animais. Faz-me pena vê-los sofrer por causa da sede. Mas vou já preparar o meu cavalo.
Desapareceu aia direção da cavalariça. John recomeçou o seu trabalho. Poucos momentos depois reapareceu Russ trazendo o seu cavalo pelas rédeas.
—Bem, John, venho despedir-me.
O rapaz pôs-se em pé e apertou-lhe a mão.
—Adeus.
—Boa sorte.
Vacilou um momento e como não se pudesse conter mais tempo, exclamou:
—Mas, porque és tão teimoso? Não percebes que fazes uma asneira ao ficar aqui? Que te interessa o que possa acontecer ao rancho e à rapariga? Tu não és o xerife!
John sorriu.
—Tens razão, sou um teimoso. E é por isso que fico. Advirto-te que nunca ninguém me fez desistir de uma ideia que se me tenha metido na cabeça.
Russ fez um gesto de impotência.
—Está bem, como queiras. Adeus.
Montou a cavalo e afastou-se a galope. John contemplou-o uns momentos e depois continuou o seu trabalho.
—E quando é que você se vai embora?
John levantou a cabeça. Deborah tinha saído de casa e encontrava-se a uns passos de distância, observando-o fixamente. O rapaz incorporou-se, e pegando no lenço começou a limpar o suor que lhe empapava o colarinho.
—Eu não me vou embora.
Ela franziu o sobrolho.
— Que quer dizer?
— Acho que se percebe bem. Mas posso dizer-lhe por outras palavras: não a deixo sozinha.
Deborah olhava-o incrédula. De repente sacudiu a cabeça e passou uma mão pelos olhos.
— Não, John, deve ir-se embora. Ê o mais sensato. A advertência que lhes fez Cobb não pode ser mais eloquente. Se se mete neste assunto tem a vida em perigo.
— Para mim, o perigo tem sido sempre mais um estímulo do que um freio. E, além disso, tenho o costume de não me submeter, sobretudo aos tipos como Cobb. Não gosto que me deem ordens.
— Vá-se embora, John—insistiu ela. —Ê absurdo que fique aqui.
O rapaz encostou as costas à vedação.
—E que fará você, se eu me for embora?
A pergunta pareceu desconcertar momentaneamente a rapariga.
— Pois... pedirei auxílio ao xerife. Sim, isso mesmo, irei ter com ele para me proteger de Cobb.
John riu baixinho enquanto sacudia a cabeça.
— Sabe tão bem como eu que o xerife não a protegerá. O velho Buttons ama demasiado a vida para meter-se em sarilhos. Não quer lutas com ninguém e ainda menos com tipos tão perigos como Cobb.
Deborah mordeu o lábio inferior.
— Irei para longe, abandonarei o rancho.
—Também não é solução, porque Cobb segui-la-ia até ao fim do mundo. Ele pensa que você sabe alguma coisa que lhe interessa muito e não a deixará escapar.
Deitou o chapéu para a nuca e acrescentou:
—Não, Deborah. O único caminho que fica é eu não me ir embora.
—Mas eu não posso aceitar o seu sacrifício! —exclamou a rapariga.
John cruzou os braços sobre o seu feito poderoso e lançou um olhar em redor.
— Asseguro-lhe que não há nenhum sacrifício. Só o poder viver aqui, compensa-me de todos os perigos que possa correr. Sabe que há muitos anos, quando ainda era rapaz, fui vaqueiro? No Texas, onde nasci.
Fez um gesto eloquente e prosseguiu:
—Mas já sabe como as coisas são. A vida dá muitas voltas e, às vezes, por ambição entra-se no mau caminho. Deixei de ser vaqueiro e dei muitos trambolhões. Há pessoas que me invejam por ter chegado a ser um pistoleiro famoso. Que estúpidos! Se pudesse voltar a começar...
Deborah escutava-o em silêncio. Ele sorriu, como se se envergonhasse de falar de sim mesmo.
—Hoje vi o maravilhoso que é voltar a viver num rancho. Primeiro quando fui buscar as reses, e agora, enquanto arranjava esta vedação. Já há muitos anos que não sentia o suor correr sobre a minha pele, nem os músculos cansados pelo trabalho. Depois, esta mistura de cheiro a gado, a erva fresca e a terra fecunda. E maravilhoso, asseguro-lhe. Parece-me voltar aos dias em que era rapaz... Bem, um rapaz que ainda acreditava em muitas coisas.
Estendeu o braço e apontou para longe.
— Até onde chegam as suas terras?
Deborah sentia-se fascinada pelo que o rapaz dizia. Apontou para uma colina.
—Até ali.
John assentiu satisfeito.
— Umas oito ou nove milhas quadradas de bom terreno. Não é muito, mas o bastante para o converter num rancho muito produtivo. Podiam-se fazer aqui grandes coisas.
—E um trabalho muito grande só para um velho e uma mulher —desculpou-se Deborah.
John olhou-a. Nos seus olhos brilhava uma ardente vitalidade, como uma ilusão de que tinha carecido.
— Sabe uma coisa, Deborah? Se me deixar, converterei este rancho num dos mais prósperos da região.
— Mas esquece-se de Cobb? Não, não o esqueço. Mas nem ele mo impedirá.
—E um homem sozinho contra um bando.
John encolheu os ombros e começou a rir. Transpirava otimismo por todos os poros.
—E que tem isso? Às vezes a solidão é um estímulo para vencer todos os obstáculos.
Deborah olhava-o desconcertada.
—Não sei se você é um doido ou um ser excecional.
— Ambas as coisas vêm a ser o mesmo.
Deborah fazia esforços para não se deixar arrastar pelo otimismo do rapaz.
—Eu não posso oferecer-lhe nada em troca da sua ajuda.
— Só lhe peço uma coisa.
—O quê?
John tirou o chapéu.
—Que me deite em cima um balde de água. Tenho muito calor.
Desta vez Deborah teve de se rir. Era a primeira vez que o fazia há muitas semanas. Pegou num balde de água e deitou o conteúdo sobre John. Este, encharcado, entrou em casa e fechando-se num quarto, secou-se e pôs roupa limpa. Depois, encontrou Deborah na cozinha a preparar a comida.
— Isto cheira muito bem — exclamou.
Ela olhou-o sorridente.
—Está melhor?
—Sem dúvida O duche refrescou-me e abriu-me o apetite. Acho que vou devorar...
Interrompeu-se para escutar. Até ele chegou o barulho dos cascos dum cavalo que se aproximou. Olhou para Deborah e pela súbita palidez do seu semblante, compreendeu que ela também tinha ouvido.
Rápido, apanhou o cinturão que deixara sobre uma cadeira e apertou-o à cintura. Depois, ele e Deborah dirigiram-se para a janela e olharam para o exterior. Aproximava-se um cavaleiro pelo caminho de Dodge. Ia só e avançava a trote encontrando-se já a meio caminho do cume da colina.
John observou-o fixamente, conservando a mão direita junto da culatra do seu «Colt». De repente sorriu, e, abandonando a tensão em que mantinha o seu corpo, olhou para Deborah que continuava pálida e com uma expressão de ansiedade.
— Ainda não o reconheceu? — perguntou.
A rapariga pareceu não compreender. Depois olhou com mais atenção para o cavaleiro, que já se encontrava a poucos metros da casa. Foi então que, dos seus lábios, saiu uma exclamação de assombro:
— Russ Linley I
Com efeito, o cavaleiro era Russ. Depois de desmontar entrou em casa e ficou a olhar para John e Deborah uni pouco envergonhado. Depois os seus olhos dirigiram-se para a mesa que estava posta para duas pessoas.
— Pode pôr outro prato para mim — murmurou.
John voltou-se sorridente para a rapariga.
— Vê, Deborah? Já não sou um homem só. Russ voltou para me ajudar.
O aludido deixou-se cair numa cadeira e encolheu os ombros num gesto cansado.
—Sou um idiota —balbuciou. —O maior idiota do Mundo. Estava firmemente decidido a não me meter neste assunto... e já vês. Estava apenas a quatro milhas daqui quando, de repente, senti que não os podia deixar sós. Merecia que me dessem bastantes murros, por ser estúpido. Em Dodge poderia continuar a viver sossegado e a embebedar-me, mas voltei. E ainda não sei a razão. Não compreendo.
John aproximou-se dele e apoiou ambas as mãos sobre a mesa.
— Voltaste porque dentro do peito tens uma coisa que se chama coração. Mas não te arrependerás. Ouve, Russ, tenho grandes planos.
--Acho que os únicos planos que podemos fazer é sobre se gostaremos mais de morrer assassinados ou a dar tiros —replicou o outro, com ceticismo.
John fez um gesto com a mão como se quisesse apagar aquela ideia.
— Asneiras. Olha, vamos transformar este rancho num dos melhores da região. Não é muito grande, mas tem excelentes condições. Tu e eu podemos consegui-lo. Basta que o queiramos fazer e estejamos dispostos a trabalhar.
Russ olhou-o com os olhos muito abertos.
— Disseste trabalhar? Trabalhar?
Depois baixou a cabeça e moveu-a com cómica tristeza.
—Trabalhar, eu, Russ Linley? Como se vão rir de mim quando o souberem em Dodge!
John começou a rir.
— Algum dia tinhas de aprender. Russ olhou para a rapariga, que permanecia calada, e murmurou:
—Deborah, creio que John está completamente doido. Mas o pior é que a sua loucura é contagiosa.
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