Levou bastante tempo a alcançar a vedação — tempo e paciência; mas o rapaz estava acostumado a fazer as coisas bem quando se tratava de defender a própria vida.
Quando chegou ao curral, pôde comprovar que, com efeito, os bezerros mugiam assustados e estavam inquietos e nervosos, tentando inutilmente fugir. O barulho dos disparos infundia--lhes um profundo pânico.
Sempre a rastejar, John foi até à porta da vedação. Sabia que não podia deixar que o vissem, porque apesar de Russ estar a entreter os ocupantes da casa, estes o descobririam ao menor indício.
Ainda deitado no solo, estendeu a mão até alcançar o tronco que fechava a vedação. Com um grande esforço, foi puxando por ele até o retirar completamente. Agora a porta poderia ser aberta só com um empurrão.
Voltou para o outro extremo da vedação e sempre deitado, levantou o seu revólver e deu dois tiros para o ar. Os novilhos, ao ouvir os estampidos tão perto, começaram a fugir para o outro lado e foram chocar contra a porta, que se abriu violentamente.
Ao ver o caminho livre, o gado fugiu, devido ao pânico. Protegido pelo ruído e confusão que o gado provocara com a sua fuga, John, encolhido sobre si mesmo, dirigiu-se para a casa. Sabia que os seus ocupantes deveriam estar aturdidos pelo barulho inesperado e cegos pelo pó que levantavam os cascos dos animais. Aproximou-se da porta do lado de trás da cabana e fez saltar a fechadura com um tiro. Logo, dando-lhe um pontapé, abriu-a de par em par e entrou.
A sua frente desenhava-se a silhueta de um ser humano. O resplandor da Lua que entrava pela janela fez brilhar o cano do revólver que este empunhava. John disparou sem perder tempo.
A silhueta cambaleou e caiu de bruços no chão de madeira. Antes que o jovem tivesse tempo de se mover, abriu-se uma porta para deixar entrar outro homem armado. Desta vez, os dois dispararam, quase ao mesmo tempo, mas John ganhou por centésimos de segundo. Enquanto ouvia assobiar um projétil junto da sua cabeça via como o seu adversário caía desamparado no umbral da porta.
Chegou até ele o ruído de uns passos precipitados que se afastavam. Saltando sobre o cadáver do homem, correu para a sala 'principal da cabana. A porta estava aberta e para ela quando ouviu o galopar dum cavalo.
Quando saiu, só conseguiu ver a silhueta de um cavaleiro, já bastante distanciado, que se perdia na noite. Disparou contra ela, apesar de saber que estava longe demais para a alcançar e o seu gesto só demonstrava o aborrecimento que lhe causava ver fugir um dos seus agressores. Não tinha tempo para descer a colina para ir buscar o seu cavalo e ir em perseguição do seu agressor.
—Russ! —chamou em voz alta. —Russ, já podes vir!
O seu amigo não tardou a juntar-se-lhe, ofegante e suado.
- Que aconteceu? — perguntou.
John guardou a sua arma.
—Consegui matar mais dois, mas o último fugiu. Vamos lá dentro. Talvez tu conheças algum dos que eu atingi.
Entraram na casa.
— Isto está muito escuro — disse Russ, acendendo um fósforo.
A débil claridade da chama permitiu-lhes distinguir um candeeiro sobre a mesa. Acenderam-no e então a claridade expandiu-se por todo o quarto, dissipando as sombras.
— Os dois indivíduos, estão no quarto das traseiras —explicou John, pegando no candeeiro e dando meia volta.
Foi então que descobriram, caído num canto e com o rosto oculto entre as mãos, o corpo de uma mulher. O ligeiro tremor que sacudia os seus ombros indicava facilmente que estava a chorar.
A surpresa do descobrimento deixou os dois amigos petrificados. Depois trocaram um olhar de espanto.
Finalmente, John aproximou-se da mulher e, afastando--lhe as mãos, obrigou-a a levantar a cabeça. Era Deborah Wood. Tinha o rosto húmido de lágrimas e crispado pela dor e pelo desespero; os soluços vinham-lhe sem os poder conter. Mas, sob a luz do candeeiro e apesar do choro de que era vítima, continuava tão atrativa como sempre.
— Então está aqui? — exclamou John. — Onde diabo se meteu esta manhã?
Os maravilhosos olhos da rapariga olharam-no com uma grande tristeza; depois baixou a cabeça e murmurou:
—Deixe-me, deixe-me em paz por favor; já me fez bastante mal.
John, surpreendido, olhou para Russ, que encolheu os ombros, dando a entender que não compreendia nada; depois o jovem exclamou:
— Que eu lhe fiz mal?
— Boa piada.
— Mas não foi você que me deu um tiro? E esta manhã com aqueles dois tipos? E que me diz da receção que acabam de me fazer? Se não fosse uma mulher... Mas, deixe de chorar.
Deborah secou o rosto com as palmas das mãos e pôs-se em pé trabalhosamente: os soluços continuavam a sacudi-la. Estava abatida, derrotada como se toda a energia tivesse desaparecido. Olhou o jovem por momentos e depois balbuciou:
— Não o compreendo. E o homem mais cruel e desconcertante que conheço. Por que atacou os seus próprios homens? Advirto-o que se é um estratagema, não lhe servirá de nada.
John franziu a testa.
— Mas de que diabo está a falar? Tu compreendes alguma coisa, Russ?
Este sacudiu a cabeça.
— Nem uma palavra.
A rapariga lançou um suspiro e novas lágrimas lhe surgiram nos olhos.
— Depois de tudo o que aconteceu não me deixarei enganar por você, Cobb.
John empurrou o chapéu para a nuca e cruzou os braços sobre o peito.
— Por que me chama Cobb, se o meu nome é Lee? —perguntou.
Nas pupilas da rapariga voltou a brilhar um lampejo de ódio.
—Basta de farsas!
—Preparou muito bem a de esta manhã com aqueles dois tipos, e não menos engenhosa foi a de esta noite! Só um monstro como você seria capaz de matar os seus homens! Mas, não me convencerá de que quer ajudar-me, depois do que fez ao meu avô...
Rebentou um choro desesperado e violento. John e Russ olhavam-na boquiabertos.
— Não me explico o que está a acontecer, John — balbuciou Russ. —A menos que esta rapariga tenha, endoidecido.
—Talvez agora te convenças de que não sonho quando te digo que estão a acontecer coisas muito estranhas.
Aproximou-se da rapariga e, armando-se de paciência, disse:
—Escute, Deborah, vamos ver se pomos tudo isto a claro. Mas antes precisa de acalmar-se e dominar os nervos. Você diz que me conhece, não é verdade?
A rapariga ergueu novamente a cabeça e assentiu.
—Claro que o conheço.
—Bem! Qual é o meu nome?
— Cobb, Dick Cobb!
O jovem sacudiu a cabeça.
—Perdoe-me que lho diga, mas você não me conhece. O meu nome não é Cobb; o meu nome é John Lee.
A rapariga apertou os lábios.
—Advirto-o que...
—Acalme-se, por favor, acalme-se—interrompeu-a tratando de tranquilizá-la. —Disse-lhe que vamos pôr tudo a claro.
Apontou para Russ e perguntou a Deborah:
— Você sabe quem é este homem?
— Para que é este interrogatório estúpido?
—Não se exalte, peço-lhe, e responda à minha pergunta. Sabe quem é este?
—Sim, Russ Linley — admitiu a rapariga. — Vi-o algumas vezes em Dodge. E um pândego e um borracho.
—Bem, não creio que haja para tanto—protestou Russ.
—Confia na sua palavra?
— Não tenho nenhuma razão para duvidar.
John voltou-se para o seu amigo.
— Russ, quem sou eu?
—John Lee — replicou Linley.
—Impossível! — exclamou a rapariga. — Você chama-se Dick Cobb!
— Engana-se, Deborah — interveio Russ. — Eu conheço-o e sei que se chama John Lee. Além disso é uma pessoa muito famosa, um dos homens que melhor manejam o revólver. Você deve ter ouvido falar dele. Todo o Mundo sabe quem é John Lee.
Deborah olhava-os com os olhos muito abertos. De repente, passou a mão trémula pela testa.
—Não... não compreendo, não pode haver uma semelhança tão grande.
—De que semelhança está a falar? —quis saber John.
—Da sua semelhança coar Dick Cobb —replicou a rapariga, que acrescentou com voz vacilante: —Supondo que você seja outro.
John deixou escapar um suspiro de alívio.
—Bem, parece que as coisas se vão esclarecendo a pouco e pouco. Sentemo-nos, Deborah, e vamos ver se conseguimos desenvencilhar esta confusão. Sentaram-se à volta da mesa. —De maneira que existe uma pessoa chamada Dick Cobb que é parecido comigo de uma maneira extraordinária —disse John.
Deborah pôs ambas as mãos sobre a mesa.
—Sim, mas a verdade é que só o vi de noite. De qualquer maneira, juraria que a sua semelhança com você é tal, que seria difícil distinguir um do outro. No dia em que falei com ele só havia a luz das estrelas, mas a semelhança era notável: o mesmo tipo, os mesmos gestos, a configuração dá cara, o mesmo timbre de voz, roupas escuras...
John assentiu.
—Compreendo: a mesma classe de homem. Agora, olhe-me bem, Deborah: poderia assegurar que somos a mesma pessoa?
O jovem aproximou do seu rosto o candeeiro para que ela o pudesse examinar com atenção. Depois de o contemplar uns momentos, Deborah pareceu vacilar:
—Russ—disse John. —És de Dodge e deves conhecer esse Dick Cobb.
O aludido sacudiu a cabeça.
—Não, não o conheço; mas parece-me que já ouvi esse nome em qualquer lado.
—Cobb chegou há pouco tempo.
— Sabe exatamente quando? — perguntou John, rápido.
— Sim — replicou a Russ.
— Russ, diz-lhe quando cheguei a Dodge — pediu o jovem.
—Há dezassete dias —replicou Russ.
Isto pareceu descontentar Deborah, que levou as mãos à boca e os olhou com os olhos muito abertos.
—Não me enganam?
—Pode perguntá-lo a quem quiser em Dodge—respondeu John. —Ao dono do saloon, à bailarina Carol e também ao xerife Buttons. Eles podem-no confirmar.
Deborah voltou a passar as mãos pela cara e disse com voz desfalecida:
—Dick Cobb chegou aqui há exatamente onze dias.
Quando chegou ao curral, pôde comprovar que, com efeito, os bezerros mugiam assustados e estavam inquietos e nervosos, tentando inutilmente fugir. O barulho dos disparos infundia--lhes um profundo pânico.
Sempre a rastejar, John foi até à porta da vedação. Sabia que não podia deixar que o vissem, porque apesar de Russ estar a entreter os ocupantes da casa, estes o descobririam ao menor indício.
Ainda deitado no solo, estendeu a mão até alcançar o tronco que fechava a vedação. Com um grande esforço, foi puxando por ele até o retirar completamente. Agora a porta poderia ser aberta só com um empurrão.
Voltou para o outro extremo da vedação e sempre deitado, levantou o seu revólver e deu dois tiros para o ar. Os novilhos, ao ouvir os estampidos tão perto, começaram a fugir para o outro lado e foram chocar contra a porta, que se abriu violentamente.
Ao ver o caminho livre, o gado fugiu, devido ao pânico. Protegido pelo ruído e confusão que o gado provocara com a sua fuga, John, encolhido sobre si mesmo, dirigiu-se para a casa. Sabia que os seus ocupantes deveriam estar aturdidos pelo barulho inesperado e cegos pelo pó que levantavam os cascos dos animais. Aproximou-se da porta do lado de trás da cabana e fez saltar a fechadura com um tiro. Logo, dando-lhe um pontapé, abriu-a de par em par e entrou.
A sua frente desenhava-se a silhueta de um ser humano. O resplandor da Lua que entrava pela janela fez brilhar o cano do revólver que este empunhava. John disparou sem perder tempo.
A silhueta cambaleou e caiu de bruços no chão de madeira. Antes que o jovem tivesse tempo de se mover, abriu-se uma porta para deixar entrar outro homem armado. Desta vez, os dois dispararam, quase ao mesmo tempo, mas John ganhou por centésimos de segundo. Enquanto ouvia assobiar um projétil junto da sua cabeça via como o seu adversário caía desamparado no umbral da porta.
Chegou até ele o ruído de uns passos precipitados que se afastavam. Saltando sobre o cadáver do homem, correu para a sala 'principal da cabana. A porta estava aberta e para ela quando ouviu o galopar dum cavalo.
Quando saiu, só conseguiu ver a silhueta de um cavaleiro, já bastante distanciado, que se perdia na noite. Disparou contra ela, apesar de saber que estava longe demais para a alcançar e o seu gesto só demonstrava o aborrecimento que lhe causava ver fugir um dos seus agressores. Não tinha tempo para descer a colina para ir buscar o seu cavalo e ir em perseguição do seu agressor.
—Russ! —chamou em voz alta. —Russ, já podes vir!
O seu amigo não tardou a juntar-se-lhe, ofegante e suado.
- Que aconteceu? — perguntou.
John guardou a sua arma.
—Consegui matar mais dois, mas o último fugiu. Vamos lá dentro. Talvez tu conheças algum dos que eu atingi.
Entraram na casa.
— Isto está muito escuro — disse Russ, acendendo um fósforo.
A débil claridade da chama permitiu-lhes distinguir um candeeiro sobre a mesa. Acenderam-no e então a claridade expandiu-se por todo o quarto, dissipando as sombras.
— Os dois indivíduos, estão no quarto das traseiras —explicou John, pegando no candeeiro e dando meia volta.
Foi então que descobriram, caído num canto e com o rosto oculto entre as mãos, o corpo de uma mulher. O ligeiro tremor que sacudia os seus ombros indicava facilmente que estava a chorar.
A surpresa do descobrimento deixou os dois amigos petrificados. Depois trocaram um olhar de espanto.
Finalmente, John aproximou-se da mulher e, afastando--lhe as mãos, obrigou-a a levantar a cabeça. Era Deborah Wood. Tinha o rosto húmido de lágrimas e crispado pela dor e pelo desespero; os soluços vinham-lhe sem os poder conter. Mas, sob a luz do candeeiro e apesar do choro de que era vítima, continuava tão atrativa como sempre.
— Então está aqui? — exclamou John. — Onde diabo se meteu esta manhã?
Os maravilhosos olhos da rapariga olharam-no com uma grande tristeza; depois baixou a cabeça e murmurou:
—Deixe-me, deixe-me em paz por favor; já me fez bastante mal.
John, surpreendido, olhou para Russ, que encolheu os ombros, dando a entender que não compreendia nada; depois o jovem exclamou:
— Que eu lhe fiz mal?
— Boa piada.
— Mas não foi você que me deu um tiro? E esta manhã com aqueles dois tipos? E que me diz da receção que acabam de me fazer? Se não fosse uma mulher... Mas, deixe de chorar.
Deborah secou o rosto com as palmas das mãos e pôs-se em pé trabalhosamente: os soluços continuavam a sacudi-la. Estava abatida, derrotada como se toda a energia tivesse desaparecido. Olhou o jovem por momentos e depois balbuciou:
— Não o compreendo. E o homem mais cruel e desconcertante que conheço. Por que atacou os seus próprios homens? Advirto-o que se é um estratagema, não lhe servirá de nada.
John franziu a testa.
— Mas de que diabo está a falar? Tu compreendes alguma coisa, Russ?
Este sacudiu a cabeça.
— Nem uma palavra.
A rapariga lançou um suspiro e novas lágrimas lhe surgiram nos olhos.
— Depois de tudo o que aconteceu não me deixarei enganar por você, Cobb.
John empurrou o chapéu para a nuca e cruzou os braços sobre o peito.
— Por que me chama Cobb, se o meu nome é Lee? —perguntou.
Nas pupilas da rapariga voltou a brilhar um lampejo de ódio.
—Basta de farsas!
—Preparou muito bem a de esta manhã com aqueles dois tipos, e não menos engenhosa foi a de esta noite! Só um monstro como você seria capaz de matar os seus homens! Mas, não me convencerá de que quer ajudar-me, depois do que fez ao meu avô...
Rebentou um choro desesperado e violento. John e Russ olhavam-na boquiabertos.
— Não me explico o que está a acontecer, John — balbuciou Russ. —A menos que esta rapariga tenha, endoidecido.
—Talvez agora te convenças de que não sonho quando te digo que estão a acontecer coisas muito estranhas.
Aproximou-se da rapariga e, armando-se de paciência, disse:
—Escute, Deborah, vamos ver se pomos tudo isto a claro. Mas antes precisa de acalmar-se e dominar os nervos. Você diz que me conhece, não é verdade?
A rapariga ergueu novamente a cabeça e assentiu.
—Claro que o conheço.
—Bem! Qual é o meu nome?
— Cobb, Dick Cobb!
O jovem sacudiu a cabeça.
—Perdoe-me que lho diga, mas você não me conhece. O meu nome não é Cobb; o meu nome é John Lee.
A rapariga apertou os lábios.
—Advirto-o que...
—Acalme-se, por favor, acalme-se—interrompeu-a tratando de tranquilizá-la. —Disse-lhe que vamos pôr tudo a claro.
Apontou para Russ e perguntou a Deborah:
— Você sabe quem é este homem?
— Para que é este interrogatório estúpido?
—Não se exalte, peço-lhe, e responda à minha pergunta. Sabe quem é este?
—Sim, Russ Linley — admitiu a rapariga. — Vi-o algumas vezes em Dodge. E um pândego e um borracho.
—Bem, não creio que haja para tanto—protestou Russ.
—Confia na sua palavra?
— Não tenho nenhuma razão para duvidar.
John voltou-se para o seu amigo.
— Russ, quem sou eu?
—John Lee — replicou Linley.
—Impossível! — exclamou a rapariga. — Você chama-se Dick Cobb!
— Engana-se, Deborah — interveio Russ. — Eu conheço-o e sei que se chama John Lee. Além disso é uma pessoa muito famosa, um dos homens que melhor manejam o revólver. Você deve ter ouvido falar dele. Todo o Mundo sabe quem é John Lee.
Deborah olhava-os com os olhos muito abertos. De repente, passou a mão trémula pela testa.
—Não... não compreendo, não pode haver uma semelhança tão grande.
—De que semelhança está a falar? —quis saber John.
—Da sua semelhança coar Dick Cobb —replicou a rapariga, que acrescentou com voz vacilante: —Supondo que você seja outro.
John deixou escapar um suspiro de alívio.
—Bem, parece que as coisas se vão esclarecendo a pouco e pouco. Sentemo-nos, Deborah, e vamos ver se conseguimos desenvencilhar esta confusão. Sentaram-se à volta da mesa. —De maneira que existe uma pessoa chamada Dick Cobb que é parecido comigo de uma maneira extraordinária —disse John.
Deborah pôs ambas as mãos sobre a mesa.
—Sim, mas a verdade é que só o vi de noite. De qualquer maneira, juraria que a sua semelhança com você é tal, que seria difícil distinguir um do outro. No dia em que falei com ele só havia a luz das estrelas, mas a semelhança era notável: o mesmo tipo, os mesmos gestos, a configuração dá cara, o mesmo timbre de voz, roupas escuras...
John assentiu.
—Compreendo: a mesma classe de homem. Agora, olhe-me bem, Deborah: poderia assegurar que somos a mesma pessoa?
O jovem aproximou do seu rosto o candeeiro para que ela o pudesse examinar com atenção. Depois de o contemplar uns momentos, Deborah pareceu vacilar:
—Russ—disse John. —És de Dodge e deves conhecer esse Dick Cobb.
O aludido sacudiu a cabeça.
—Não, não o conheço; mas parece-me que já ouvi esse nome em qualquer lado.
—Cobb chegou há pouco tempo.
— Sabe exatamente quando? — perguntou John, rápido.
— Sim — replicou a Russ.
— Russ, diz-lhe quando cheguei a Dodge — pediu o jovem.
—Há dezassete dias —replicou Russ.
Isto pareceu descontentar Deborah, que levou as mãos à boca e os olhou com os olhos muito abertos.
—Não me enganam?
—Pode perguntá-lo a quem quiser em Dodge—respondeu John. —Ao dono do saloon, à bailarina Carol e também ao xerife Buttons. Eles podem-no confirmar.
Deborah voltou a passar as mãos pela cara e disse com voz desfalecida:
—Dick Cobb chegou aqui há exatamente onze dias.
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