sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

PAS431. Provocação assassina

Budd Holt, o pequeno capataz de Harper Patterson, apeou-se ido seu cavalo à porta do principal «saloon» do povoado. Num gesto instintivo puxou as pistolas um pouco para a frente e começou a subir ais escadas que separavam da rua o «saloon». Depois empurrou os guarda-ventos.
Já dentro da sala examinou os fregueses com os seus olhos pequenos. Tinha as mãos a uma polegada dos seus revólveres. Ia ali dar um golpe contra. os Lasky, mie ks era um pistoleiro demasiadamente sabido para se deixar apanhar desprevenido.
Junto do balcão, com os pés assentes na respetiva barra, notou dois homens que estavam a beber. Reconheceu-os imediatamente como empregados da família Lasky e sorriu.
Budd Holt ia à procura de sarilhos e sentia-se animado pelo desejo de matar.
Avançou para o balcão, com os ombros retraídos, as mandíbulas rígidas e todo o corpo encolhido.
O taberneiro acabava de passar um copo por água, quando se voltou para ele.
— Um «whisky»... e depressa — ordenou perentório.
A bebida foi-lhe servida imediatamente e ele engoliu-a com igual rapidez.
— Outro! — pediu. — Imediatamente!
Atirou, com petulância, um dólar sobre o balcão, enquanto perguntava ao taberneiro;.
— Apareceu pelo povoado esse «medricas» do Jesse Lasky?
Fez a pergunta em, voz bastante alta para que pudesse ser ouvida por toda a sala. As conversas pararam sem demora. Todos os olhares estavam voltados agora para os dois vaqueiros do, grupo dos Lasky, que largaram copos e se fitaram.
— Não vejo Jesse Lasky desde que partiu há anos - respondeu o taberneiro, a tremer ligeiramente, mas não ao ponto de o impedir de acrescentar: — E penso que Lasky não é nenhum medroso.
Budd Holt emborcou o seguindo copo. Depois...
— Essa sim, é boa! — exclamou, soprando. — Com que então não vê Lasky há anos e, além disso, não o considera um medroso, hem? Então se o não é, porque é que tanto ele como os seus piolhosos vaqueiros desaparecem? Eu, Budd Holt, opino que ele é um cobarde. Nem você nem ninguém o verá aparecer por aqui, a menos que o tragam «com os pés para a frente». E, nesse caso, ninguém o lamentará.
—Não?
Harry Berle, um dos vaqueiros pertencentes ao grupo de Lasky, adiantara-se uns passos, com a ira retratada no seu rosto curtido.
O companheiro, adivinhando o que Holt procurava tentou evitar que Berle prosseguisse.
Mas os dados já estavam jogados. Nem um nem outro podiam voltar atrás.
— Homem! — exclamou Holt, naquele momento fingindo-se surpreendido. — Isso significa que não está de acordo comigo?
— Eu não estou de acordo com nenhum coiote da quadrilha de Harper Patlerson, compadre — respondeu valentemente Harry Berle, para logo continuar: — E ninguém há-de chamar nomes a Jesse Lasky, diante mim!
— Olá! Com que então isso é assim, hem?
Budd Holt sorria. Recuperada a, sua aparência encolhida, os seus olhitos eram agora dois pontos brilhantes de uma luz negra, na sua cara enrugada.
As suas mãos, abertas como garras, mostravam os dedos dobrados, prontos a agarrarem as coronhas dos seus revólveres.
— Fala muito quando Jesse não está aqui — o vaqueiro, agora em voz mais débil. — Mas aposto em como não seria tão falador se ele estivesse presente.
— Tenta irritar-me, amigo? — perguntou Holt, com astúcia.
Mas o outro precatou-se das suas intenções.
— Não percebo nada, Holt. Você é que nos está a provocar e se o que procura é uma ocasião para puxar dos revólveres, pode fazê-lo quando lhe agradar. Ou acaso espera que eu lhe volte as costas?
Nada mais `foi necessário para Budd Holt entrar em ação. Enquanto as mãos lhe desciam, rápidas, para os coldres, viu como e outro, que esperava resolver questão com os punhos, ao convencer-se de que não era assim, se movia vagarosamente à procura das suas armas.
E era aquilo, o que Holt esperava. Quando o seu antagonista começava a puxar o seu revólver do coldre, ele fincou um joelho, na chão, nesse instante...
Ressoou na sala o estampido de várias detonações.
Harry Berle, o desgraçado vaqueira da equipa de Jesse Lasky, recebeu no peito os impactos do chumbo.
Durante uns segundos, manteve-se em pé, vacilante, mas depois os joelhos dobraram-se-lhe e caiu de bruços.
— Maldito, seja, Budd Holt! Maldito seja por ter cometido esta canalhada! — rugiu o outro vaqueiro pálido de cólera. — Eu...
Interrompeu-se com as mãos apoiadas nos quadris, impotentes sob a ameaça dos dois «45» com que lhe apontava, o pistoleiro.. .
— Será melhor que não continue, amigo — bradou o capataz de Harper Patterson. — Seria para mim uma satisfação tirar do meio do caminho outro leproso da quadrilha dos Lasky, mas não quero que digam que cometi um assassínio. O seu amigo tentou «sacar» primeiro. Experimente fazê-lo e crivá-lo-ei de balas.
O vaqueiro manteve-se imóvel, enquanto Budd Hodt retrocedia até à porta. E estava prestes a sair quando...
Alguém empurrou os guarda-ventos e Klondy Patterson apareceu à entrada. Os seus olhos negros inteiraram-se imediatamente da situação e exclamou, dirigindo-se ao que se encontrava ao seu lado:
— Holt! Que se passou aqui?
— Obrigaram-me a isso, menina — desculpou-se- o pequeno capataz. — Esses astuciosos dos Lasky provocaram-me. Tive de matar um deles.
O rosto da jovem ardia. Os lábios tremiam-lhe quando ordenou:
— Saia daqui Holt! Desapareça! Odeio-o!
O mirrado capataz deteve-se. Completamente imóvel, os seus olhos minúsculos ocultaram a expressão da sua perversidade. Pareceu que ia falia; mas, como se mudasse de parecer, bruscamente, deu meia volta e saiu.
Klondy Patterson aproximou-se então da vaqueiro que caíra no solo. E já se ia ajoelhar a seu lado, quando o outro a tocou no ombro, ao mesmo, tempo que dizia em voz severa:
— Se veio aqui para se certificar se o seu capataz se ia embora depois do trabalho feito, deve estar satisfeita. Mas agora basta de comédias. Já não aceitamos mais truques da família Patterson.
— Mas... mas se eu... nada sabia — tartamudeou a jovem.
— Então vá dizê-lo a seu pai. Ele, sim, deve estar inteirado de tudo.
E afastando-se dela, com uma expressão glacial no olhar, inclinou-se para a ferido.
— Berle, meu velho amigo, como te sentes? Se...
Os olhos daquele pestanejaram, dando a entender ao seu companheiro que apenas lhe restavam uns segundos de vida.
Ao seu lado, Klondy Patterson, com os olhos formosos desmedidamente abertos, sentia-se simultaneamente impotente e desgraçada por não ser compreendida.
Triste e abatida, retirava-se, já em direção à porta da rua, quando no local apareceram duas novas personagens.
Uma era o xerife Singer e a outra o doutor Manners, a quem o taberneiro fora buscar.
A rapariga ouviu o modo como alguém explicava ao xerife o acontecido, enquanto o médico, e o vaqueiro transportavam o ferido para outra sala. Foi então que o representante da Lei notou a presença da jovem ali e se aproximou dela.
— Não devia ter aqui entrado, menina — disse. E na sua voz adivinhava-se um acento de leve reprovação.
— Entrei para perguntar a Holt se o meu pai tinha vindo com ele — respondeu a rapariga, muito aflita. — Um homem disse-me, na rua, que tinha visto o, meu capataz apear-se diante desta casa e... bom, juro que não sabia... — a jovem estava sufocada. — Eles julgam que meu pai ordenou a Holt... Mas não é verdade! Eu sei que não é verdade! O que acontece é que Budd Holt odeia o senhor Lasky e...
Interrompeu-se bruscamente ao ver aparecer o doutor Manners. O gesto que fazia com a cabeça era o suficiente para todos compreenderem que Harry Berle havia empreendido a sua última viagem.
As costas de todos os presentes inclinaram-se para a frente. Os rostos contraíram-se.
Mas Klondy Patterson não olhava agora senão o companheiro do morto que, naquele momento, passava rapidamente pela sua frente.
— Quer que...?
E o seu olhar completou a pergunta que não acabou de formular.
Não deu conta de que o xerife lhe pegava por um braço e a levava também para a saída.

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