quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PAS427. Cavalgando com o inimigo

— Não devo ir contigo nem juntar-me a eles. Não é sítio para uma rapariga como eu.
— Desde que vás acompanhada por mim, não faz mal. Toda gente me respeita. Preciso agora de ti mais do que nunca. Abandonar-me-ás?
— Não tenho outro remédio. Um dia, mais tarde, depois de atravessares a fronteira, talvez vá ter contigo. Então, será um caso muito diferente. Adeus, Jerry!
Procurou obrigar o cavalo a executar meia-volta mas o bandido deitando-lhe a mão direita às rédeas, imobilizou-o, enquanto dizia:
— Não me deixarás, Marjorie. Sou eu que te ordeno.
A jovem olhou-o de alto abaixo. Embora sentisse medo, retrucou audaciosamente:
— Que direitos tens tu para me obrigares a fazer uma coisa contra a minha vontade? Estiveste afastado de mim e de casa imenso tempo. Durante todo esse tempo não te dignaste enviar-me uma linha que testemunhasse a mais insignificante lembrança. Por fim, venho a descobrir que estavas na cadeia. Considerei que tinha perdido o meu irmão para sempre. E agora pretendes dar-me ordens! Não posso juntar-me a ti, perdes-me como tu já estás perdido. Quero regressar, percebes? E regressarei, mesmo que isso te desagrade. Solta o cavalo! 
A boca do patife escancarou-se numa gargalhada fe- roz, enquanto os olhos lhe brilhavam de ira.
— Não penses mais em retroceder, Marjorie Tucson. Estás nas minhas mãos, compreendes? És a garantia da minha pele, se alguém quiser deter-me.
— Mas... não és o meu irmão? Quem és...
— Buck Latimer, para te servir, meu anjo. E um Latimer que não fará a mínima questão em disparar seja contra quem for, homem ou mulher, desde que sinta a pele em perigo.
Marjorie foi impotente para abafar um grito de angústia. Procurou desembaraçar as rédeas das mãos do bandido mas ele, com uip empurrão, atirou-a abaixo da sela. Em seguida, apontando-lhe o revólver, comandou:
— Monta! Iremos através desses montes em que falaste. E ai de ti se tiveres veleidades de fugir! Dei cabo do teu irmão porque estava moralmente vencido e não passava de um miserável cobarde. E agora darei cabo de ti se te armas em esperta. Monta, já disse!
Com intensa palidez espalhada pelo rosto, a jovem ergueu-se do solo e subiu para o cavalo. Parecia ter perdido de repente o domínio de si própria. Compreendeu que estava perdida, que tinha caído nas mãos do pior assassino de todos os tempos. Tinha-se portado corno uma tola. Às vezes é bom não nos guiarmos só pelos sentimentos. E ela, desgraçadamente, insistira em fechar os olhos a toda a espécie de suspeitas. Em resultado disso, caíra numa armadilha terrível, da qual talvez não escapasse com vida.

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