quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

PAS422. Uma mulher dá lição de tiro

Para Drek e para a maioria dos que a olhavam, aquela mulher parecia tão temível pela sua beleza como pelas armas que empunhava. Muitos dos que presenciavam a cena, tinham-na visto disparar. Drek ainda não, pois chegara àquela povoação apenas há uns vinte minutos. O caso passava-se em plena rua, quando havia mais gente nela, e como das outras vezes, em frente do «Frontier Saloon».
Havia agressividade no fulgor dos seus olhos esverdeados, na fúria vermelha dos lábios, nas linhas do seu corpo, no busto desafiante e alto, na cintura estreita, apertada pelo cinto do qual pendiam dois coldres apoiados sobre a curva de urna das ancas firmes e altas.
Neya Choy acabava de «sacar», palpitante de ira.
— Onde está a tua ousadia? Vamos, cobarde!
Tinha à sua frente um indivíduo bem vestido, cujo era de feições demasiado finas para homem e com rosto uma expressão cínica. Sabia-se com muito domínio sobre as mulheres e muito hábil com as armas. Por isso, respondia com um sorriso brincalhão ao desafio de Neya Choy.
— Não me ouves? Se não és um cobarde, demonstra-o!
Muitos pensavam: «Desta vez vai ser-te mais difícil, Neya... Esse indivíduo tem mãos de mestre».


O forasteiro Drek Robson conhecia o homem que se encontrava perante a formosa mulher. Era o sujeito mais sanguinário e frio de todo o Arizona.
Pensou que talvez aquela mulher confiasse em que Leider, o elegante «pistoleiro», não chegasse ao extremo de disparar sobre ela. E nisso estava equivocada. Leider fá-lo-ia sem hesitar, se não encontrasse outra saída.
Drek sentiu desejos de saltar para o meio da rua não só para socorrer aquela endiabrada fêmea, mas também porque odiava Leider. A seu lado ouviu espectador que dizia, muito baixinho:
— Essa rapariga tem razão! Eu vi como esse tipo a abraçava.
Drek perguntou então, bastante alto:
— Para beijá-la? Demónios! Qualquer resiste!
Neya Choy voltou a cara. Pela primeira vez viu Drek Robson: um vaqueiro desalinhado, de rosto tostado e olhos escuros.
— Asqueroso Leider! — disse Neya, olhando para o elegante «pistoleiro». — Há outro que tem vontade de pisar o risco, como tu!
O «pistoleiro» e quantos presenciavam a cena, olharam para Drek. Este tinha cruzado os braços, e sorria, encostado a uma coluna. Leider reconheceu-o. Então da sua cara desapareceu a expressão risonha e compreendeu que Drek queria entrar no jogo.
— Isto já passa de brincadeira, Neya! — respondeu Leider.
— Brincadeira? Cobarde! Vou guardar as armas! Não te darei outra oportunidade!
Fê-lo. Era o que Leider esperava para «sacar», confiante que Drek interviria e então Leider não teria mais do que virar umas polegadas o revólver e...
Mas Neya Choy aliava à beleza uma intuição dos demónios. As armas, mal tocaram nos coldres, voltaram a sair. Fez dois disparos e Leider caiu de bruços, com a cabeça e o peito atravessados pelas balas. O silêncio era profundo. Neya permaneceu a meio da rua, observando como o pó levantado pela queda do corpo procurava o fumo dos disparos.
— Espero que isto sirva de lição.

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