sexta-feira, 20 de junho de 2014

PAS328. Novos horizontes


Os lábios e as pálpebras de Reg estremeceram. Nunca tinha tido medo de ninguém nem de nada, mas aquele homem impressionou-o. Pela sua serena majestade, o seu porte austero e digno, a dor que havia nos seus olhos. Reg compreendeu que contra aquele homem não poderia lutar. Compreendeu que não faria nenhum dano ao pai de Bud Sherman, embora agora tivesse a liberdade, a felicidade e a vida ao alcance das mãos. Baixou a cabeça e disse:
— Entregue-me ao xerife. A comédia tinha de terminar um dia!
O homem colocou-lhe uma mão sobre as costas. Reg tremeu. Era um gesto de amizade e isso não o conseguia compreender.
— Tenho-o seguido e observado durante estes dias — disse —. Quando encontraram o cadáver do meu filho vestido com roupas de vaqueiro, dediquei-me a procurar o homem que lhe tinha dado a morte, coisa nada difícil visto que lhe usurpou a personalidade e a sua presença era notada em todas as partes. E assim cheguei a El Paso. E como conheci bastante bem aquele que foi meu filho, a quem Deus tenha perdoado, não tive dúvida, depois de o conhecer, que tinha sido ele quem provocara o duelo. Não, amigo, não o vou entregar ao xerife nem a ninguém. Nada direi. Porque fez o supremo bem de lavar na terra a memória de um homem que era amaldiçoado por todos. Agora, Bud Sherman desaparecerá. Todos dirão que nos seus últimos tempos foi um homem justo e bom. É o máximo a que pode aspirar um pai. Vão para o norte, para Oregon, Montana, onde há novos horizontes, e sejam felizes, amigos.
A pressão da mão nas suas costas converteu-se num abraço. Reg correspondeu e ao sentir na sua face as lágrimas do ancião, notou que os olhos lhe ardiam.
Afastou-se dele para não chorar. Porque uma aventura como aquela não podia terminar com lágrimas. E porque ao seu lado estava Irina. E Irina era a felicidade, a fé e a esperança.

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