quinta-feira, 5 de junho de 2014

PAS316. A visita à casa de Hulda


A mão direita que se apoiava a uma almofada, roçou por qualquer coisa que a obrigou a afastá-la com rapidez e emitir um grito.
Janet foi a primeira a acudir. Um pouco depois, seu pai. Encontraram Hulda num ângulo do quarto, em observação.
Fadner acercou-se da cama e pegando na garra avançou até ao centro do compartimento, olhando-a.
— Até aqui chega! — exclamou deprimido.
— É a segunda vez, papá! — gritou a rapariga.
Para Janet e Fadner, o que Hulda se apressara a dizer-lhes era novo. Ao terminar, o pai exclamou, rouco de ira:
— E parque te calaste? Se o soubéssemos ter-lhe-íamos arranjado uma cilada...
Dirigiu-se para a janela. Do jardim trepava uma complicada e robusta ramagem que, aderindo ao muro, passava por baixo da sacada. Além disso havia nos blocos de pedra ranhuras suficientes para apoiar os pés...
— Passarás para um quarto interior... E tu, Janet...
Mas a criada estava agora ao pé da cama, punha a almofada a um lado e apanhava um papel que apareceu debaixo. Com ele nas mãos, dirigiu--se para onde se encontravam pai e filha. Fadner arrebatou-lhe o papel e leu:

«Mataram a minha boa «squaw». Tu a substituirás...».

«O Jaguar»
Esta foi a primeira notícia que Hulda teve de ter morrido a jovem índia que um dia vira cavalgando ao lado de Lester.
No dia seguinte, Hulda começou a fazer averiguações. Até então, do que sucedera na noite em que os índios foram expulsas do pequeno vale, tinha uma ideia vaga.
Localizou por fim um dos que tomaram parte na refrega e, com ameaças e dádivas, teve uma versão, mais ou menos verídica dos factos. Embora o indivíduo tratasse de suavizar o acontecimento, o relato foi suficientemente forte para que Hulda, horrorizada,  exclamasse:
— Pobres de nós!... Esse homem nunca sentirá saciada a sua sede de vingança!...
Não disse nada ao pai, nem a ninguém, do que averiguava. Mas, a partir de então, de cada vez que na povoação se recebia a notícia de um novo ataque do «Jaguar», Hulda, longe de parecer atribulada como outras vezes se mostrara, permanecia tranquila, quase sorridente...
(Coleção Bisonte, nº 62)

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